Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 32
Capitulo 31 - Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 20/05/2021.
Nesse eu tive um pouco de problema pra encaixar as mudanças, mas faz parte ahaha entrando na melhor parte da história sim senhor!
Espero que gostem,
Boa leitura.



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Escuridão

 

O corredor mal iluminado era fantasmagórico. Com suas longas e deformadas sombras, os perseguidores lhe caçavam como um animal coagido.

Os barulhos do aço colidindo e o cheiro de sangue impregnavam o lugar de tal maneira que tornava-se impossível pensar em algo que fosse diferente do que estavam vivenciando.

A água escura inundava o chão, cobrindo-lhe até os joelhos, gosmenta como sangue fresco. O vestido vermelho estava em frangalhos, um dos braços pendia sem força alguma, machucado demais para qualquer movimento brusco, mesmo que ele fosse importante para sua defesa.

Ela sabia que eles estavam chegando. Conseguia sentir seus cheiros pútridos, conseguia ver seus olhos amarelados brilhando em meio a escuridão. E ainda assim, não conseguiu evitar que as presas sedentas lhe acertassem a pele, que lhe machucassem e a perseguissem por todos aqueles lugares obscuros.

O braço que ainda era bom empunhava uma espada cravejada por rubis e sangue. Faltava muito pouco para que todos ocupassem seus devidos lugares...Mesmo que o único som fosse o de seu coração acelerado e que seus olhos apenas vissem mais e mais da escuridão.

X-X-X

A fala de Sasuke foi interrompida no instante em que ele sentiu o cheiro de sangue. Um instante depois e ele já havia desaparecido da sala de reuniões, com Itachi ao seu lado.

O cheiro espalhava-se pela sala de estar e impregnava todos os cômodos da mansão, tão intensamente que era quase impossível rastreá-lo com clareza.

— O jardim. – Itachi alertou já desparecendo do campo de visão do irmão.

Os primeiros socorros prestados à Naruto foram extremamente rápidos. O loiro estava ferido à um ponto que nenhum humano comum seria capaz de sobreviver. Os cortes em sua pele eram profundos e seus hematomas cobriam todo seu corpo.

— Onde está Sakura? – O desespero na voz de Sasuke não pôde ser disfarçado e nem a apreensão que o consumiu cada instante desde que pronunciara aquela pergunta.

O Uchiha percorreu cada canto da mansão, mesmo que o cheiro dela estivesse presente no jardim, próximo de onde o corpo inconsciente de Naruto havia estado pouco antes.

Sasuke a procurou por todos os cantos, mesmo sabendo que Sakura estava longe demais para que ele pudesse encontrá-la.

Sasuke já não era capaz de senti-la.

— Ele a levou – Naruto murmurou com dificuldade. – Orochimaru. Ele esteve aqui. – O Uzumaki não conseguiu manter os olhos abertos, então não pôde ver como suas palavras afetaram as pessoas que estavam ao seu redor.

X-X-X

A expressão ilegível de Sasuke era o que mais atormentava Itachi. Ele sabia que o irmão sentia algo pior do que desespero, mas estava tão afundado em suas próprias emoções que não era capaz de esboçar nada. Sakura tinha sido tomada dele mais uma vez.

Sasuke participava de todas as conversas sobre a estratégia de buscas e era o primeiro a percorrer cada canto da cidade em busca de qualquer cheiro que pudesse leva-lo a Sakura.

Ele não poupava esforços para interrogar possíveis capangas de Orochimaru, nem permitia que eles permanecessem vivos depois de notar que não havia nada de útil em suas informações.

Ao retornar para casa, ele permanecia ao lado de Naruto, aguardando pelo instante em que o presságio acordaria.

A mansão Uchiha constantemente cheirava a ervas medicinais e todos os seus convidados tinham sido dispensados, bem como o conselho de guerra cessado. Os outros líderes já tinham tido provas o suficiente para que tomassem suas decisões.

Mikoto e Hinata haviam cuidado dos ferimentos de Naruto e agora, repousavam em silencio ao redor do Uzumaki, com os olhos o observando de forma preocupada.

Ino e Gaara estavam mais afastados. A loira que retornara há poucos dias de uma missão que quase lhe custara um dos braços estava completamente recuperada.

A recuperação sempre seria a pior parte, pois era nela que a adrenalina sumia de seu organismo, dando espaço para as dores infernais de seus ossos crescendo e se posicionando em seus devidos lugares novamente.

— Se encontrarmos Karin, chegaremos até Orochimaru – Shikamaru disse após ouvir o relato da missão. – Mas ela está desaparecendo diante dos nossos olhos todas as vezes em que colocamos as mãos sobre ela.

— Precisamos proteger a garota Mitsashi – Hinata disse erguendo-se da cadeira por um instante. – Pedi que Neji a trouxesse até aqui. Ainda é um dos locais mais seguros que conhecemos. – A pausa em suas palavras apenas lembrou aos presentes que Sakura havia sido sequestrada dentro das proteções da mansão.

— O que ela sabe sobre a família? – Shikamaru questionou. – Sei que ela tem a relíquia.

— Não sabe de muito, mas estamos ensinando alguns truques à ela. – Hinata respondeu sem quaisquer cerimonias. – Tenten é inteligente. Saberá desvendar o que Midori escondeu.

— Espero que esteja certa, Hinata.

A guerra era um fato do qual ninguém poderia fingir não enxergar; ela aconteceria. E como consequência inevitável haveriam muitas mortes e Ino, por um momento, temeu pelos seus. Sasuke manteve-se em silencio, os olhos fixos em um canto qualquer do quarto. Ino já havia visto aquela expressão do Uchiha mais vezes do que podia realmente contar.

— Ele... Ele a pegou. – Sasuke desviou os olhos da janela no mesmo instante em que ouviu a voz rouca de Naruto. Ele estava repleto de bandagens, que estavam ficando manchadas mais rápido do que o normal. – Orochimaru. – Disse o nome com dificuldade. – Eu.. Eu não consegui protege-la, Sasuke. – Sasuke manteve-se inexpressível, mas seus olhos estavam fixos em Naruto. – Eu falhei.

—Naruto... – Ino murmurou preparando-se para dizer algo. – Precisa descansar.

— Não consegui protege-la – O Uzumaki afirmou mais uma vez. – Me desculpe por isso, eu...

— Nós vamos traze-la de volta. – O tom de voz de Sasuke não dava brechas para contestação. – Recupere-se logo, precisaremos da sua ajuda, Naruto.

— Orochimaru usou um feitiço temporal – Naruto explicou com esforço. – Tudo congelou por um instante, mas eu...

— Você foi rápido em perceber o que estava acontecendo – Hinata completou. Os olhos perolados estavam fixos em Naruto, procurando qualquer indício de que aquela conversa era demais para ele. – Não é fácil fugir de um feitiço como esse...Nós não fugimos. – Todos que estavam dentro da mansão, com exceção de Naruto, haviam caído no feitiço sem sequer perceber.

— O amuleto que você me deu ajudou. – Naruto confessou e fez uma careta ao tentar mover-se. – Mas receio que ele não possa ser usado uma segunda vez.

— Farei outro – Hinata declarou com convicção.

Enquanto Naruto relatava cada acontecimento com longas pausas que apenas exibiam o conflito de sua própria mente, os vampiros presentes na sala presenciaram uma cena incomum.

Os olhos de Sasuke se arregalaram e ele ergueu uma das mãos até o peito, apertando o local com força.

— Sasuke? – Itachi fez menção de se aproximar, mas foi interrompido pelo olhar do irmão. – O que está acontecendo?! – Os olhos do Uchiha mais novo eram semelhantes ao do dia do Receptáculo de Purificação.

A respiração de Sasuke era alta e seu corpo parecia prestes a desmoronar. A mão ainda permanecia pressionada contra seu peito, os olhos carmins estavam arregalados e continham um desespero que não era dele.

De seus lábios corriam sangue, como se as presas houvessem cortado-lhe o interior da boca.

Mikoto que até então apenas observava a conversa, amparou o filho antes mesmo que Sasuke caísse ao chão. O corpo dele tremia e sua respiração era sufocada, mas o temor nos olhos dele foram o que apavoraram a rainha.

— Sakura. – Foi tudo o que conseguiu murmurar antes de sentir as chamas consumirem seu corpo.

X-X-X

Uma vez, há muito tempo, a pequena Sakura sentia medo do escuro. Ela dormia com todas as luzes acesas e pedia para que Mikoto lhe fizesse companhia até que o sono a guiasse para a terra dos sonhos.

Uma vez, há muito tempo, em uma noite de tempestades ela havia dito a Sasuke sobre o medo de monstros. Sobre como eles espreitavam-se e aguardavam a escuridão para ataca-la.

E então ele disse algo que estava adormecido em suas memórias...

Histórias sobre monstros noturnos eram apenas histórias sobre homens que pensavam ter alguma chance para escapar. Era apenas um resquício de esperança que eles tentavam ter em meio ao medo.

— Por isso não acredite em histórias sobre monstros noturnos, pequena Sakura – Sasuke disse em voz baixa. – Os monstros virão a qualquer momento. Apenas algo pior do que eles será capaz de pará-los. – As palavras dele eram sérias. - Nós somos piores. Somos os verdadeiros monstros – A forma com que ele sorrira era assustadora. — E a luz do sol não é capaz de nos parar.

No início, tudo parecia queimar.

Sentiu como se o corpo estivesse em carne viva e depois estivesse se recompondo aos poucos e dolorosamente.

O corredor, o liquido escuro, a porta brilhante, os urros de dor...A própria dor que parecia nunca ter fim. O cheiro de sangue.

Sentia suas unhas cravadas num piso marmóreo, o corpo tinha contato direto com a espessura dura e fria do chão.

Orochimaru observou com satisfação o brilho esverdeado que o círculo de magia estava emitindo. Havia feito uma pesquisa longa e árdua para encontrar cada um dos encantamentos que estavam gravados no chão por uma tinta preta e oleosa. Não podia esperar momento mais propicio para que pudesse testar o poder do encantamento que havia concluído.

Somente precisava de sua peça chave.

Sakura Haruno havia sido feita e moldada pelo destino para que estivesse ali, no centro de toda aquela magia. Ela estava despida e todo o corpo estava pintado com símbolos semelhantes aos que estavam no chão; de encontro com a pele dela, eles emitiam uma luz vermelha e dourada que ofuscava qualquer um que ousasse encara-los por muito tempo. Ela estava com os olhos fechados e o cabelo rosado caia como cascatas bagunçadas por seus ombros, enquanto abraçava os joelhos num gesto inconsciente.

— Você se pergunta porque você – O bruxo murmurou com lentidão. – Por que alguém como você chamou tanta atenção? Por que? Por que? — Cada palavra era sussurrada como um sibilo. – Mas não tenho interesse em falar com você. A sua alma humana não me interessa. Quero a outra. Aquela que fugiu de mim por tantos anos.

A vampira transcendental cavalgaria em um cavalo negro ao seu lado, assentaria o trono à sua esquerda e seria a sua principal arma para incendiar o mundo.

Orochimaru ouviu o relógio soar doze vezes.

O coração dela parara e recomeçara a bater com mais vigor. Os símbolos emitiram uma luz dourada e em seguida esbranquiçada; um cheiro de enxofre começara a emanar no mesmo instante em que a tinta passou a desbotar.

Quando os olhos de Orochimaru pousaram sobre a mulher novamente, ela o encarava com tamanha fúria que por um instante, ele achou que as memórias haviam retornado.

O cabelo rosado caia em cascatas e cobriu seus seios enquanto ela erguia-se do chão, lentamente, como se estivesse confusa com o próprio corpo. Os olhos, no entanto, ainda emitiam uma áurea assassina que não desgrudavam dele um instante sequer.

— Você será a minha flecha no coração dos Uchihas.

Os olhos dela brilharam por um instante e logo o esmeralda foi substituído por duas manchas vermelhas e escarlates. Olhos de quem buscava por vingança.


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Notas finais do capítulo

XOXO. ♥