Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 31
Capitulo 30 - Sonho


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 09/05/2021.
Espero que gostem,
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/536806/chapter/31

Sonho

 

Corri por um imenso corredor de pedra que era iluminado apenas por candelabros.

A barra de meu vestido enroscava nos meus pés e me fazia perder o ritmo da corrida desenfreada que eu não deveria cessar de jeito algum, mesmo que não soubesse o porquê.

Acompanhada da urgência, havia a sensação de desespero. Havia pouco tempo e eu precisava ir cada vez mais rápido.

Continuei a correr mesmo ouvindo o urru gutural. Cada vez mais perto, cada vez mais barulhento, como se a fera estivesse a poucos metros do meu pescoço.

Ousei olhar para trás e apenas vi a escuridão. Nem mesmo as luzes que iluminavam meu caminho anteriormente estavam ali.

A rosa cravada em meu peito me incomodava. As pétalas anteriormente brancas estavam manchando-se de sangue, do meu sangue. Uma parte minha sabia que era arriscado puxá-la e então eu corri. Muito mais do que antes.

Havia uma única porta ao final do corredor e por mais que eu me apressasse, a cada novo passo tive a sensação de que ainda demoraria muito para alcança-la.

A madeira branca reluzia em contraste com a maçaneta lamacenta. O líquido viscoso escorria pela madeira e manchava o piso como gotas de sangue. Ao tocá-la, senti como se houvesse um coração pulsando entre meus dedos.

Era o meu quarto.

As paredes brancas com desenhos dourados, as cortinas beges, o dossel sob a cama, sendo que esta possuía a cabeceira repleta de metais dourados que haviam sido retorcidos até que formassem rosas. A penteadeira continuava no mesmo canto, próxima a porta e repleta de utensílios de maquiagem.

— Sakura. – Ao fitar o espelho, vi que ela estava ao meu lado.

Trajava um vestido vinho, rodado que marcava sua cintura e acentuava seu busto. Os cabelos tão rosados quanto os meus, estavam soltos em uma cascata de cachos que iam até um palmo acima da cintura. Os lábios estavam tingidos por uma coloração vermelha e me assustei ao constar que essa coloração estava manchando o rosto dela e escorria pelo pescoço lentamente.

— O que aconteceu com você? – Perguntei virando-me e ela manteve os lábios entreabertos.

— Precisamos nos proteger. – Disse ela erguendo a mão ensanguentada na minha direção. – Ele está vindo.

— Quem?

— Eu preciso que você beba meu sangue. – Ela não me respondeu. Ergueu o pulso na altura dos lábios e eu vi quando os caninos tocaram a pele fina, fazendo com que o sangue escorresse pelo pulso. – Em breve eu... Eu não vou estar aqui. – Acrescentou desesperada. – Precisamos nos proteger. – Reafirmou ela. – Precisa confiar em mim.

— É melhor você estar certa – Foi tudo o que disse antes de um barulho forte interromper nossa conversa.

A madeira branca da porta começava a manchar-se de vermelho conforme as batidas continuavam, cada vez mais forte, como se a qualquer momento pudesse arrancar a porta de suas dobradiças.

— Não temos tempo.

Me sentei na cama em um rompante com um grito estrangulado que morreu em minha garganta. O meu coração estava acelerado e meu pulso sangrava.

Notei que Sasuke estava dormindo. Uma das poucas vezes que eu havia visto sua expressão tranquila durante a noite. Nem mesmo toda perturbação em meus sentimentos foi capaz de acordá-lo, muito menos quando me levantei da cama e me arrastei em direção ao banheiro.

Ao acender as luzes e trancar a porta, dirigi meu olhar para o espelho. Diferente dos outros dias, definitivamente havia alguém lá.

A minha versão adormecida tinha os lábios manchados de sangue e seus olhos estavam lacrimejando, embora ela mantivesse o restante do rosto completamente inexpressivo.

— Não conte a ele o que aconteceu –Ela disse baixo. – Sasuke não pode saber sobre isso.

— Por quê?

— Ele vai tentar nos impedir. – Mesmo contra minha vontade, concordei com um aceno de cabeça. – Seu cheiro ficará diferente por algumas horas, ele vai perceber.

— E o que eu faço?

— Use algum perfume. Tem um em especial na penteadeira, uma embalagem dourada.

— Provavelmente está vencido. – Resmunguei e ela pareceu confusa com o que eu havia dito. – Ok, por que esse?

— Foi um presente de Sasori Akasuna – Sakura sorriu para mim e eu tinha certeza de que aquele plano podia me causar problemas. – Fique atenta Sakura, o destino depende disso.

X-X-X

O sol já iluminava boa parte do quarto quando eu me sentei de frente para a penteadeira. O frasco do perfume estava entre os meus dedos e mesmo achando que não faria efeito, o apliquei em minha pele antes que Sasuke acordasse.

O cheiro era bom, muito mais doce do que qualquer um que eu havia usado em toda a minha vida.

— Por que passou isso? – A pergunta de Sasuke fora feito em um resmungo. – Esse perfume... – Ele colocou a mão sobre o nariz e fez uma careta.

— Qual o problema? – Olhei para ele através do espelho e me fiz de desentendida. – Achei que a minha memória poderia voltar se eu usasse algum desses perfumes. – Acrescentei inocentemente.

Sasuke tinha uma expressão contrariada que tornou-se pior ao ouvir sobre a minha súbita vontade de lembrar sobre o passado.

— Por que esse perfume? – Ele levantou da cama e caminhou até o meu lado. – Esse é o que você mais usava. – Indicou um frasco azulado que estava pela metade.

— Não sei, o amarelo chamou mais a minha atenção.

— Sabe quem te deu esse perfume? – Ele questionou com um vinco entre as sobrancelhas. – Lembrou de algo quando o usou?

— Acho que não, já que não entendi porque você está tão intrigado com um perfume. – Me virei na direção dele e contive a vontade de rir da expressão contrariada de Sasuke. – Quer me contar o porquê?

— Eu... – Ele passou a mão pelo cabelo e abaixou até ficar na minha altura. – Não, não quero. Foi só um presente de um idiota.

— Naruto?

— Não, Naruto nunca soube lhe dar presentes. – Sasuke resmungou e seus olhos estreitaram-se por um momento. – Aconteceu alguma coisa, Sakura?

— Por que está perguntando isso? – Tentei manter a expressão serena, mas a aproximação de Sasuke me deixou hesitante. – Tem alguma coisa que eu não percebi? – Olhei para o espelho, mexi no cabelo e em seguida voltei a olha-lo.

— Parece ter. – A expressão desconfiada de Sasuke não me deixava tranquila. – Por que está nervosa?

— Não gosto quando você me assusta assim – Disse a primeira coisa que veio em minha mente. – Normalmente eu sempre me dou mal no final das contas.

— Tem alguma coisa nos seus olhos...

— Eu passei rímel hoje.

— Sakura...

— E acho que está na hora de ter aulas de luta. – Falei e a surpresa dele me deu certeza de que eu tinha ido pelo caminho certo. – Pelo menos defesa pessoal básica.

— Por quê?

— Porque você, nem Naruto ou seja lá quem for pode estar por perto sempre para me proteger.

— É um bom ponto.

— Então você vai me ensinar?

Eu devia ter previsto que aquela não era um bom pedido no instante em que as palavras saíram da minha boca. Como eu já devia saber, Sasuke não era do tipo que costumava pegar leve em seus treinos, nem mesmo comigo.

Patética.

Meu corpo também não era muito resistente e quase uma hora depois de correr em círculos pelo jardim da mansão, eu estava exausta. Aquela era apenas a primeira etapa do treinamento e eu mal conseguia respirar.

— Só preciso de alguns minutos – Minha voz falhou e eu me joguei na grama sentindo que meu coração pularia para fora do meu peito a qualquer instante. – Eu estou bem. – Afirmei para mim, já que Sasuke parecia achar graça da minha situação.

— Você já foi mais resistente.

— Ah, cale a boca.— Resmunguei cobrindo meus olhos com o meu braço. – É praticamente impossível acompanhar o seu ritmo.

— Nós só estávamos correndo. – Sasuke sentou-se ao meu lado, mas não me virei para encará-lo. – Você precisa aumentar a sua resistência física, Sakura.

— É mesmo? – A ironia em minha voz não foi capaz de dissuadi-lo de seu bom humor. – Vou ficar aqui só por mais alguns minutos e recomeçaremos.

— Certo.

Eu menti, é claro. Meu corpo sedentário mal aguentava se mover depois de alguns instantes e quando Naruto se juntou a nós no gramado, eu desisti completamente de retomar qualquer coisa.

— Devia ter me chamado para treina-la, Sakura – Naruto me cutucou com o indicador, mas ainda mantive meus olhos fechados. – Sasuke pega muito leve com você.

— Ah é? – A revolta em minha voz fez com que o loiro risse. – E onde você estava esse tempo todo?

— Conversando com o Shikamaru.

— Shikamaru? – Abri meus olhos e me sentei para encarar o Uzumaki. – Aquele pirralho das minhas lembranças?

— Eu não sou pirralho. – A voz grave atrás de nós me assustou. Apenas a mim, claro, a humana distraída. – Atualmente sou bem mais velho que você.

A surpresa em minhas feições fez com que ele sorrisse. Shikamaru continuava o mesmo, principalmente com seu rabo de cavalo pouco convencional e a expressão de quem sabia muito mais do que as pessoas que o observavam.

Um pirralho inteligente.

— É bom te ver depois de tanto tempo – Murmurei sem saber o que fazer. Eu deveria me levantar e abraça-lo?

— É bom saber que você está bem – Shikamaru disse. – E estou surpreso por lembrar de mim também.

— Descobri algumas coisas nos últimos dias – Confessei passando a mão pelo meu cabelo. – Mas acho que não é o suficiente para ir te abraçar... Você quer um abraço, moleque?— Eu não sabia de onde havia surgido aquela provocação, mas Shikamaru riu como se compreendesse tudo o que eu dizia.

— Você lembra – Ele constatou. – Temos muito o que conversar, Sakura.

X-X-X

O jardim tinha se transformado no meu lugar favorito. Eu costumava me sentar embaixo de uma das árvores e quando menos esperava, estava dormindo enquanto apreciava o sol da manhã.

Era a minha forma de fugir.

Dos treinos e da confusão que habitava minha mente.

Shikamaru havia me dito que eu era a única que tinha a resposta para a pergunta que eles tinham. A chave para derrotar alguém poderoso...Orochimaru.

Aquele nome não me trazia nenhuma recordação, embora meu corpo e minha mente tivessem me remetido ao sonho que tive poucos dias atrás.

Algo me dizia que era sobre ele que a minha outra eu havia falado. Sobre um monstro capaz de invadir a parte mais íntima do meu ser a ponto de me forçar a me proteger contra ele.

Outra reunião tão longa quanto a primeira havia começado na noite anterior. Pela forma com que Sasuke estava tenso, eu apostaria facilmente que poderia durar mais um ou dois dias. As negociações não estavam fáceis.

— Por que está com essa cara? – Naruto me perguntou quebrando o silêncio. – Está pensando em aprontar alguma coisa?

— Não – Resmunguei antes de abrir os olhos. – Estou pensando no conselho de guerra.

— Não devia pensar nisso – Naruto disse e logo em seguida consegui ouvir o barulho do pacote de salgadinhos sendo aberto. – Não há nada que nós possamos fazer.

— Você participou do último, não foi? – Como Naruto estava ocupado mastigando, considerei seu silencio como algo positivo. – Por que não foi dessa vez?

— Porque não há nada que eu possa fazer. – Naruto ergueu os ombros com pouco caso. – E eu devia te proteger, de qualquer forma.

— Me proteger? – Sentei-me sobre a grama e antes de ajeitar o meu cabelo, olhei para Naruto com desconfiança. – Essa casa tem uma proteção maior do que a de um banco.

— É – Naruto concordou dando ombros. – Mas tivemos que baixar as barreiras por alguns minutos, para que os outros membros do conselho entrassem na mansão através do portal.

— É pedir demais que eles usem a porta da frente? – Questionei com graça e Naruto riu.

— Você não ia gostar de vê-los no jardim – Naruto me contou em um sussurro. – Há um deles que é um lobisomem.

— Um lobisomem? Como nas aulas do professor Kakashi?

— Bem pior. – Naruto enfiou mais um punhado de salgadinho na boca. – Você provavelmente faltou nas aulas sobre alfas. Eles não são confiáveis e não têm muita paciência, então é quase impossível discutir sobre algo sem que tenha alguma confusão.

— Sasuke vai ficar bem?

— Ah, vai sim – Naruto definitivamente não parecia preocupado. – Itachi está com ele, além de que, o alvo de Lucian no momento é a Konan.

— Por que?

— Porque as fadas são bem espertinhas e a Konan deixa claro que Lucian não tem tanta inteligência. – Naruto murmurava como se pudessem nos escutar. E por isso, mantive meu tom de voz baixo como o dele.

— E você concorda com isso?

— É claro, o cara é uma porta.

Eu tive a sensação de que Naruto já tinha tido algum tipo de conflito com Lucian, mas considerando que nossa conversa poderia ser ouvida, apenas teorizei sobre o que podia ter acontecido enquanto o loiro mastigava.

— Ei, por que você não me deu um pouco disso? – Perguntei repentinamente.

— Você quer? – Naruto olhou para a embalagem do salgadinho e sorriu amarelo. – Ok, vou buscar mais.

— E uma coca gelada.

— E uma coca gelada. – Ele repetiu levantando-se de imediato. – Você podia vir comigo né Sakura?

— Estou me alimentando do sol por enquanto. – Sorri para ele. Era uma desculpa ridícula. – Fotossíntese.

— Você tem nome de flor, mas não significa que seja uma – Naruto me alfinetou antes de sair correndo em direção à casa. Ele tinha sorte por ser tão rápido, senão eu o alcançaria.

Não sei por quanto tempo fiquei observando a entrada da casa na esperança de que Naruto reaparecesse. Quando achei que ele estava demorando demais, levantei do chão e ao me espreguiçar, pude ver dos pássaros pretos no céu.

Parados, como se estivessem congelados no tempo.

Eu não precisava de muito mais do que isso para entender que as coisas estavam erradas, mesmo que tudo estivesse em um silêncio absoluto.

Comecei a caminhar em direção a casa, sentindo que cada movimento do meu corpo demorava mais do que o normal. A sensação era de que eu estava caminhando dentro d’agua, mesmo que o esforço para o movimento fosse ainda maior.

E então eu o vi.

Caminhando na minha direção, apoiado em uma bengala com o punho prateado com formato de uma serpente, como se a atmosfera macabra não o atormentasse. Como se seus ossos não doessem como os meus, sorrindo como se pudesse ouvir o ritmo desenfreado do meu coração.

Ele vestia um terno preto que não combinava com o jardim florido dos Uchihas. Seu cabelo cumprido era escuro, além de que seus olhos eram amarelados como os olhos de uma cobra. E aquele sorriso...Era aterrorizante, como se ele pudesse arrancar um pedaço de mim quando quisesse.

— Merda – Esbravejei tentando me movimentar ainda mais rápido. Tinha sido um esforço infernal para dizer aquela única palavra, eu não conseguiria gritar por Sasuke. Não podia pedir ajuda.

— Você me reconheceu mais rápido dessa vez – A voz arrastada me causou calafrios e então eu compreendi o que ele dizia. Aquele homem havia aparecido em meus sonhos junto de Karin, eu o tinha visto antes que ele apagasse minhas memórias. – Acho que meu feitiço foi fraco.

O meu olhar de desespero o fez rir alto, totalmente despreocupado que pudesse chamar a atenção. Em teoria, ele nunca esteve ali. As pessoas que estavam dentro da casa sequer podiam imaginar que nós estávamos presos naquele milésimo de segundo.

— Um feitiço temporal, ainda é um feitiço temporal – Orochimaru sibilou baixo chegando cada vez mais perto. – Mesmo que eu precise parar um único segundo, é tudo o que eu preciso. – Do nariz dele escorreu apenas uma gota de sangue. Aquele era o preço. — É um prazer finalmente conhece-la, Sakura Haruno. Meu nome é Orochimaru.

A confirmação de que aquele era mesmo seu nome ainda assim me causou arrepios. Eu não podia acreditar que estava vendo Orochimaru com meus próprios olhos e sequer poderia correr.

O perigo era real.

— O que quer comigo? – Minha voz soava arrastada.

— O que todos querem com uma garota como você? – Orochimaru apoiou-se na bengala e manteve os olhos em mim. – O que uma humana desprezível tem de tão especial? O que torna você única? – Ele ergueu uma das mãos e tocou meu rosto com força. – Eu tenho apenas uma resposta para todas essas perguntas, senhorita Haruno. – Ele sorriu e seus dentes assemelhavam-se a presas. – Mas não é a você que devo respostas.

Meus olhos se arregalaram no momento em que vi Naruto. Ele era como um raio dourado que afastou Orochimaru de mim com um golpe certeiro, empunhando uma espada que eu nunca havia visto.

Orochimaru desviou do ataque e pareceu surpreso por breves momentos, antes que usar uma espécie de bengala preta para interceptar o segundo ataque de Naruto. Ele desviou no mesmo instante em que a espada de Naruto cortaria seu pescoço.

— Uma surpresa agradável, por sinal. – Dissera o homem num falso lisonjeio. – Você é um presságio mais forte do que eu imaginei. – Vi o exato momento em que a ponta da bengala perfurou o antebraço esquerdo de Naruto.

O loiro sorrira de forma nada amistosa e aproveitou a deixa para investir a espada em um ponto que eu não pude distinguir. Gritei e coloquei ambas as mãos sobre a minha boca ao ver a mão de Orochimaru caindo no chão em um baque silencioso.

Como meu corpo havia se movimentado, eu não soube, mas não podia correr mesmo que Naruto me pedisse por isso. Não podia deixa-lo sozinho.

Orochimaru movia-se era esguio e seus movimentos não eram tão rápidos quanto os de Naruto, que facilmente podia ser comparado a um felino. Meus olhos não acompanhavam os dois, eu nem ao menos conseguia identificar o que estava acontecendo e por que, do nada, Naruto estava sangrando, enquanto Orochimaru possuía apenas alguns cortes no rosto e no terno caro.

Quando a espada de Naruto colidiu com a de Orochimaru, o barulho do metal se chocando fez com que meus tímpanos doessem. Ambas as espadas voaram por cantos opostos do jardim e por um momento, implorei para que Sasuke fosse acordado do feitiço por causa do barulho.

Voltei a prestar atenção na luta, no exato momento em que Naruto desferiu um golpe no rosto de Orochimaru que certamente teria quebrado o pescoço dele. Em condições normais, claro.

Para o meu espanto, a cabeça de Orochimaru havia virado em um ângulo estranho, totalmente oposto à direção em que seu corpo estava e como borracha, voltou a posição normal de forma lenta, enquanto os olhos amarelados faiscaram perigosamente.

— NARUTO! – Gritei no exato instante em que o corpo do Uzumaki foi erguido e ele parecia estar se asfixiando. As mãos procuravam algo em seu pescoço e eu vi manchas, muitas manchas e buracos sendo abertos na pele dele. – PARE, PARE AGORA! – Ordenei autoritária, esperando que surtisse algum efeito. – POR FAVOR, NÃO O MATE! – Minha voz estava estilhaçada e eu estava chorando desesperada.

Naruto não podia morrer, não por minha causa.

Orochimaru me lançou um olhar curioso, a mão que restava ainda estava erguida e ele parecia realmente tentado em continuar a torturar Naruto.

— O que quer dizer com isso? – Orochimaru perguntou-me e eu engoli em seco. – Matar esse presságio e drenar os poderes dele me parece bastante tentador. – Acrescentou voltando a encarar Naruto que, aos poucos, estava perdendo o brilho dos olhos azuis e estava se transformando em uma massa de sangue e carne viva.

— Eu faço o que você quiser. – Disse impulsivamente. – Mas não faça nada com ele. – Propus e Orochimaru sorriu.

Por um momento, achei que ele estava debochando da minha proposta.

— Não, Sakura... – Naruto disse com dificuldade. – Você tem que sair daqui.

— Eu aceito sua proposta. – Orochimaru disse-me repentinamente e eu senti meu coração partir-se em pedacinhos ao ver o corpo de Naruto caindo sem cuidado algum no chão. – Preciso que venha comigo. – Ele caminhou até onde eu estava e estendeu-me a mão que restara, não parecendo se importar com a ausência da outra.

O terno dele estava repleto de sangue e destroçado, mas como eu havia concluído, ele não se importava.

— Eu vou com você. – Falei firmemente, erguendo-me do chão sem o auxilio dele. – Mas prometa-me que Naruto irá viver. – Disse firmemente e ele lançou um breve olhar por cima dos ombros.

— Ele irá sobreviver. É o suficiente, não é?

— Só vou com você se tiver certeza de que Naruto vai ficar bem.

— Você irá comigo mesmo que a morte o leve, Sakura.

Tocar a mão de Orochimaru foi como cair de um penhasco em direção a morte.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Críticas? Recomendações? hahaha parei/
Eu sei que as respostas estão levemente atrasadas, mas eu to correndo atrás, juro juradinho!
Hoje eu estou um pouquinho sem criatividade para perguntas, mas lá vamos nós:
Qual foi a parte preferida do capitulo para vocês? Por quê? E a pergunta mais importante... O que o Orochimaru quer com a pobre Sakura?
Até a próxima semana!
Beijão ♥