Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 30
Capitulo 29 - Súplica


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 30/04/2021.
Dedicado à Animes e Livros, obrigada pela recomendação.
Espero que gostem,
Boa leitura!



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Súplica

A mata não passava de um borrão verde e desconexo.

Desviara de uma adaga que por pouco não tinha a atingido no meio da testa.

Equilibrou-se em um dos galhos no mesmo instante em que viu Gaara desviar do ataque de um lobo preto. Com a espada empunhada, ele rolara pelo chão com a criatura que tentava a todo o custo morde-lo na garganta.

Não hesitou, embora sua ligação com Gaara quisesse obriga-la a parar e ajudar o ruivo. O alvo estava bem à frente. Ino saltou e como um gato pousou sob um galho, com a visão vampiresca podia ver a mancha vermelha no emaranhado de folhas verdes. Puxou a adaga de cabo prateado da coxa e jogou, tendo certeza de que a acertara na omoplata. Ao contrário do que achava, ela não parou.

Descera dos galhos, mas agora estava correndo pelo labirinto de arvores, marcando o ar com o cheiro de seu sangue. Ino agradeceu mentalmente por estar com suas roupas de caça, as botas e as roupas permitiam que ela se movimentasse com agilidade.

Pendurou-se em um dos galhos e saltou, caindo sobre a mulher que tentou lhe atacar com a adaga que Ino tinha arremessado há pouco.

Karin gritou, as garras indo em direção da garganta da Yamanaka, enquanto tentava a todo o custo tira-la de cima de si. Tinha perdido os óculos, o rosto estava sujo e das maças do rosto até o queixo estendia-se um corte irregular, o sangue manchando a camisa - outrora branca.

Ino não soube o que, mas sentiu algo a cortando um pouco abaixo da clavícula.

Ela e Karin rolaram no chão, ambas rosnavam, os caninos expostos e os olhos brilhando furiosamente. Em algum momento, Karin conseguiu se levantar. Chutou o rosto de Ino que arfou e cuspiu sangue. Quando preparou-se para um segundo golpe, Ino esfaqueou-lhe na panturrilha, torcendo a lamina antes de puxa-la.

Karin gritou e Ino em um movimento rápido a derrubou; os cabelos loiros estavam manchados com sangue, assim como o nariz. Karin gritara novamente enquanto Ino enfiava a adaga em um ponto próximo ao coração, contorcia-se, as garras fincadas nos braços de Ino tentando em vão dissuadi-la do ataque.

— Não vai fugir dessa vez – Ino alertou em um rosnado. – Sasuke vai queimá-la.

— Eu não teria tanta certeza. – Karin sorriu com escarnio mesmo após ser atingida por um soco. – Não estou disposta a voltar. Não agora.

— O que quer dizer com isso? – Ino a segurou pelo pescoço com força. – Por que está sorrindo desse jeito?

— Diga a minha querida irmã que eu voltarei por ela. Para o nosso acerto de contas.

Um grito, um rosnado e Ino estava rolando no chão com um lobo cor de areia, que arranhara-lhe a face. Ele mordeu o braço da Yamanaka que gritou pela dor.

Ino procurou pela adaga que havia escapado de suas mãos, mas não a encontrou. Gritou, sentindo os ossos do ombro esquerdo romperem-se pela força da mordida. Sentiu que a qualquer momento o braço descolaria de seu corpo.

Com as garras da mão direita, ela perfurou um dos olhos do lobo que ganiu. Chutou as patas dianteiras do mesmo, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e fosse de encontro ao chão. Ino sentia o cheiro do próprio sangue espalhando-se pelo ar, enquanto ela recomeçava a correr entre as arvores tentando escapar do ataque mortal do lobo.

As próprias mãos não a ajudariam muito, principalmente agora que estava com os movimentos limitados. Praguejou pressionando ainda mais o ferimento.

Havia um rio há poucos quilômetros, se ele ao menos conseguisse alcança-lo conseguiria tempo o suficiente para se esconder. Em vão, Ino tentou encontrar algum vestígio do rastro de Karin, que parecia ter desaparecido como em um passe de mágica.

O corpo de Ino fora jogado violentamente no chão novamente; as costas indo de encontro a uma pedra pontiaguda que a acertou entre os ombros. O sangue manchava todo os lábios, o rosto e deixava o uniforme preto úmido e pegajoso. O lobo estava há poucos metros, uma das patas retesadas e o olho ferido escorria sangue. Ele rosnou enquanto as patas traseiras preparavam-no para um salto; os caninos estavam expostos e sujos de sangue, assim como o pelo. Ele saltou, tendo como alvo a cabeça da Yamanaka.

Ele saltou.

Ino rosnou, mas manteve-se imóvel até o momento certo. Um único erro e ela morreria. Um único erro a faria alcançar o tão desejado descanso eterno.

Descanso que ela nunca quis.

O braço direito havia atravessado o peito do lobo e ela sentia os músculos dele contraindo-se contra os seus. Sentiu o sangue quente escorrendo por toda a extensão do braço e podia sentir o hálito fedorento do lobo contra o seu rosto; as garras fecharam-se ao redor do coração imenso, rompendo o contato do coração com as veias e artérias. Ino puxou o braço e empurrou o corpo do lobo com a ajuda dos pés, fazendo com que ele caísse em um baque surdo à sua frente.

Sentiu a visão escurecer e o próprio corpo caiu próximo à poça de sangue que estava sendo formada ao redor do lobo. Ino manteve os olhos fechados, enquanto a dor consumia-lhe o corpo. Tudo o que queria era gritar, mas tinha certeza de que esse gesto iria atrair a atenção de possíveis inimigos.

— Ino – A voz de Gaara era preocupada. – O que houve aqui? – Os olhos verdes esquadrinhavam a floresta em busca de um novo perigo, passaram sobre o lobo ensanguentado e por fim, miraram a Yamanka deitada ao chão.

— Onde ela está?

— Fugiu. – Ino sentiu os dedos frios de Gaara contra sua pele e logo seu corpo estava acomodado nos braços dele. – Tudo isso para matar um lobo?

— Você sabe que eu sempre fui dramática. – Mesmo com os dentes manchados de sangue, Ino sorriu. – Sasuke não vai gostar de saber que ela fugiu. – Comentou fechando os olhos brevemente.

— A mataremos da próxima vez.

X-X-X

Todos estavam tensos.

Fugaku manteve-se calado por todo o decorrer da reunião; os olhos analisavam Sasuke enquanto o filho mais novo redigia o curso dos acontecimentos detalhadamente. Sasuke era autoritário e o tom que utilizava durante o seu discurso não deixava aberturas para que outros pudessem contestar os fatos.

A rainha das fadas tamborilava os dedos contra a madeira da mesa, os olhos violetas estreitos.

— Quer dizer que Orochimaru planeja um ataque direto ao reino dos vampiros? – Perguntara Konan pretensiosa. – Não vejo de que forma isso afeta o meu reino.

— Em guerra ou quando existem pretensões de conquistas territoriais, não é segredo algum de que sempre deveremos atacar a parte mais fraca. – Shimakau explicou atraindo a atenção para si novamente. – Orochimaru é um bruxo velho e astuto, alguém como ele não faz planos pela metade. – Ele continuou. – E ter seus poderes lacrados por uma cigana foi o estopim para toda a sua raiva.

Apesar do silêncio que se seguiu, todos esperavam o comentário de quem havia visto as demonstrações de poder de Orochimaru desde o início. O clã de Bruxos acompanhava a reunião com atenção, embora seus olhos prateados demonstrassem indiferença as situações mais enérgicas que seus companheiros levantavam.

— Orochimaru era uma ameaça. – Neji pronunciou-se apoiando uma das mãos no encosto da cadeira em que o líder do clã estava sentado. – Foi decidido em uma votação de que os poderes dele seriam selados.

— E por que Midori? – Konan questionou endireitando a postura. – Por que não você, Hiashi?— Ela direcionou a pergunta para o homem que mantinha-se em silêncio.

O Hyuga mais velho apenas ergueu a mão para os filhos que fizeram menção de responder a mulher. Hiashi tinha os mesmos cabelos castanhos de Neji, os mesmos olhos severos de Hinata e uma baixa, mas imponente.

— Midori sabia como lidar com a situação. – Ele respondeu calmamente. – Ela estudou cada movimento de Orochimaru por anos antes de sair do nosso clã. O feitiço usado não é simples.

— E você não sabe de nada? – Konan olhou para Shimakaru. – Ela te criou como um filho.

— Não, ela não me disse nada além do que sei – Shikamaru respondeu. – Midori sabia que Orochimaru tinha métodos para descobrir os segredos mais íntimos de alguém, então manteve isso o mais sigilosamente possível.

— A filha dela?

— Tenten não sabe de nada. – Hinata interviu pela primeira vez. – Sequer sabia que era uma cigana até poucos dias. – Ela olhou para Sasuke. – Sakura também estava lá.

— Não envolverei Sakura nisso.

— Por que está protegendo tanto essa garota? – Lucian esbravejou. – Ela pode saber de algo.

— Sakura sequer lembra da vida passada. – Sasuke rebateu com o tom de voz inalterado. – Está fora de cogitação envolve-la nisso.

— Se ela for a solução para os nossos problemas, terei prazer em envolve-la nisso, majestade. – As presas de Lucian ficaram evidentes ao ouvir o rosnado que partia de Sasuke.

Todos os olhares da sala estavam atentos aos próximos movimentos. Um conflito como aqueles não seria bom para nenhum deles.

— Sakura não é a questão. – Itachi disse e Fugaku observou o filho mais velho curiosamente. Eram raras as vezes em que ele tomava a frente em alguma situação. – Como Shikamaru disse, um estrategista atacaria um reino que carece de proteções primeiro.

— Está insinuando que esse é o meu reino? – Konan questionou.

— Vocês são espertos, mas não são guerreiros. – Itachi explicou com calma. – É apenas uma questão de tempo.

— Eu vejo que o clã Uchiha está tentando nos colocar em seus próprios problemas. – Konan retrucou com irritação. – Já vimos muito disso com o passar dos anos.

— Não precisamos de vocês para lutar. – Sasuke disse com seriedade. – E sabem disso. – Ele aguardou que algum de seus convidados se manifestasse. – Temos alianças fortes, guerreiros treinados por centenas de anos e nosso histórico em batalhas é dos melhores.

— Então por que precisa de nós? – Lucian rosnou.

— Porque eu não sei o que Orochimaru está tramando para cada um de nós. – Sasuke inclinou-se sobre a mesa e aparentava a mesma fúria do lobo. – Cada clã tem uma habilidade única e se não nos unirmos, ele derrubará cada um de nós.

— Ainda não sei se está nos insultando ou implorando por ajuda. – Lucian alfinetou.

— Jamais imploraremos por ajuda, Lucian. – Fugaku que até então mantinha-se em silêncio, pronunciou-se pela primeira vez. O cabelo negro estava preso em um rabo de cavalo baixo e os olhos vermelhos eram escuros e sérios. – Façam suas escolhas, já perdemos muito tempo com essa deliberação.

X-X-X

Fazia pelo menos dez minutos que eu observava meu reflexo e ficava atenta a qualquer movimento suspeito que pudesse acontecer. Tudo o que eu vi, foi a minha expressão de cansaço e a frustração que consumia meu peito a cada segundo.

O espelho não me responderia nada, mesmo que Sakura (a minha versão antiga) tivesse dito que eu encontraria todas as respostas ali quando precisasse.

Lavei meu rosto e após uma última olhada, saí do banheiro e me joguei na cama.

O dia havia passado rápido, principalmente na companhia da senhora Uchiha e agora, sem ter nenhum sinal de meus amigos por quase duas noites, eu sequer tinha forças para pensar em bisbilhotar pela mansão atrás de respostas.

Com a minha sorte, provavelmente alguém me descobriria antes que eu pudesse me esconder.

O barulho da porta me fez erguer o rosto e tenho certeza de que minha expressão de surpresa foi cômica, mesmo que Sasuke não parecesse alguém com humor o suficiente para rir de mim.

Ele tinha uma expressão pesada, seus olhos estavam fundos e seus ombros caídos, como se tivesse travado uma longa batalha. As roupas da noite anterior estavam amassadas, principalmente nas mangas de sua camisa, como se ele as houvesse dobrado e desfeito isso diversas vezes.

— Sasuke – Me levantei e fiz menção de caminhar em sua direção. – Está tudo bem?

Ele me encarou e notei um brilho de preocupação em seus orbes que não consegui compreender. Sasuke caminhou em minha direção e tocou meu rosto, seu toque frio fez com que minha pele se arrepiasse, mas não me movi.

— O que aconteceu?

— Você está bem? – Ele murmurou e acariciou meu rosto delicadamente, contornando minha bochecha com o seu polegar. – Sakura...

— É claro que estou – Respondi confusa. – Por que está me perguntando isso?

Sasuke apenas balançou a cabeça negativamente e antes que eu pudesse questioná-lo, ele me beijou. Havia começado delicadamente, com um toque suave sobre meus lábios que me fizeram ceder aos poucos, ao mesmo tempo em que seus braços enlaçaram minha cintura, levando-me contra ele com força, como se Sasuke pudesse unir nossos corpos para toda a eternidade apenas com aquele toque.

Meu corpo foi pressionado contra a parede ao lado da porta, com tamanha firmeza que arfei. Os lábios de Sasuke não deixavam minha pele momento algum, ele me beijava como se fosse a última vez em que faríamos isso, como se ele pudesse me perder a qualquer instante.

E eu senti cada gota de desespero em meu corpo quando pensei que o mesmo podia acontecer comigo. Aquela podia ser a última vez? Por que tais pensamentos estavam me rodeando daquela forma?

— Sasuke... – Murmurei fechando os meus olhos ao sentir as presas dele arranharem meu pescoço levemente. – Você não vai me perder. – Afirmei externando o sentimento que passava por nós.

— Eu quero você. – Abri os olhos e encarei Sasuke que me observava luxuriosamente. Os olhos estavam escuros e sedentos, o cabelo estava desgrenhado. – Preciso de você, Sakura. – Algo nos olhos dele me lembrou do homem das minhas lembranças de tantos anos atrás.

Ainda havia uma mistura de dor, medo e apreensão, mas era ele. Eu conseguia senti-lo em cada toque, em cada onda de excitação que corria meu corpo enquanto ele me conduzia em direção a cama.

— Eu também preciso de você. – Murmurei atraindo a atenção dele para meu rosto.

Enquanto nós entregávamos a algo que eu jamais conseguiria descrever, eu tive certeza de algumas coisas: Sasuke era tão meu, quanto eu era dele. E mesmo que jamais expressássemos isso em voz alta, eu podia senti-lo.

— Sempre fui seu. – Sasuke disse-me como se pudesse ler meus pensamentos. – Desde o momento em que te vi, sempre fui seu.

Eu tinha certeza de que ele conseguia sentir meu coração acelerado, que conseguia sentir cada onda de calor que percorria meu corpo, que ele conseguia me ver por inteira e não apenas porque estávamos despidos e unidos por um instante de prazer que seria capaz de durar por décadas.

Depois de horas, os dedos dele ainda contornavam o meu corpo, seus lábios ainda beijavam minha pele e mesmo quando ele me mordeu, eu ainda podia sentir a tranquilidade que habitava em nós dois.

Nossa ligação havia ultrapassado os limites do pacto. Era prazeroso sentir Sasuke daquela maneira.

— Vai me contar o que aconteceu?

— Sobre o que exatamente você está falando? – Ele perguntou com os lábios colados no meu ombro. – Sobre o que acabamos de fazer ou...

— É claro que estou falando sobre a reunião – Resmunguei. – Por que estava tão preocupado quando chegou?

Sasuke ficou em silêncio e eu estreitei na direção dele, esperando que aquele gesto o intimidasse de alguma forma.

— Não quero que se envolva nisso.

— Quais são as chances disso acontecer? – Arqueei as sobrancelhas e ele suspirou, deixando de me abraçar para sentar na cama. – Estou falando sério dessa vez.

— Eu sei. – Sasuke desviou o olhar para a janela. – E sendo sincero, além do meu senso de proteção, não encontrei nenhuma justificativa para que você fique fora dessa confusão.

— Agora estou preocupada.

— Não fique, não vou deixar com que nada aconteça.

— É, eu sei. – Suspirei e desviei meus olhos para o teto. – Não é como se eu fosse morrer, de qualquer jeito.

— Não morra, Sakura – O pedido de Sasuke era quase uma súplica. – Não sei o que faria se...

— Eu não vou morrer – Afirmei mesmo sem ter certeza do que dizia. – Não se preocupe comigo, Sasuke. Tudo vai ficar bem.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Recomendações? Críticas?

Vamos conversar de novo, gente, eu amei!

Uma pequena curiosidade para vocês: Quando eu vislumbrei Chains, a única cena que eu tinha em mente era a do pacto do Sasuke e da Sakura, e quando ela foi queimada na fogueira por traição. As únicas coisas que eu sabia da fanfic. No começo, eu não tinha ideia da dimensão que a fic iria tomar e a pretensão inicial era que acabasse quando a Sakura descobrisse sobre o passado. E ai fim, finito. Mas ai as ideias foram surgindo e surgindo e eu me vi dando personalidade à personagens que eu nunca sequer imaginei que daria algum destaque em alguma fanfic (vulgo Tenten, Shikamaru), é. Posso afirmar que cada um dos personagens tem uma participação necessária e eles não são... Como posso dizer, uma espécime de personagens que tanto faz aparecerem ou não haha Estou satisfeita com o rumo que a fic tomou e devo isso à voces.
Uma pergunta:
Qual personagem faria realmente falta caso morresse? Por que? Com exceção da Sakura, claro e do Sasuke também u-u
Enfim, essa é a pequena coisa que eu queria compartilhar com vocês na atualização de hoje.
COMPARTILHEM COMIGO TAMBÉM! haha
Até a próxima semana ♥