Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 3
Capitulo 2 - Karin


Notas iniciais do capítulo

Olaar!
Mais um capítulo reescrito ♥ 29/01/2021.
Boa leitura!



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Karin

 

Encontrar algo para vestir tinha sido mais fácil do que eu imaginava, mas não deixou de me surpreender que metade das roupas que estavam no guarda-roupa eram minhas, mesmo que o bilhete de Ino deixasse aquilo bem claro.

“Fiz todas as compras com muito carinho, espero que goste!”

Nenhuma das minhas roupas antigas estavam ali. Nem mesmo minhas camisetas de banda ou as peças que eu tinha comprado há pouco tempo.

Optei por uma camiseta azul e jeans pretos com rasgos nos joelhos, por sorte, Ino havia sido compreensiva e comprado all stars brancos idênticos aos que eu tinha (com exceção dos buracos).

Ainda falta quase uma hora para que Sasuke retornasse. Isso me deu tempo para desembaraçar meu cabelo e tentar dar um jeito na minha cara de quem havia passado quase uma semana de cama.

Eu não me lembrava há quanto tempo tinha ficado assim. De acordo com as palavras de Sasuke, apesar do veneno ter sido extraído do meu sangue, os resquícios podiam causar tontura e enjoos que me deixariam incomodada.

Não saber sobre quem havia tentado me matar me deixava confusa. Sempre soube que eu não era a pessoa mais agradável de todos os tempos, mas não conseguia pensar em alguém que me odiasse até aquele ponto.

A única alternativa era algum inimigo de Sasuke e eu não tinha teorias sobre. Eu não o conhecia bem o suficiente para saber sobre isso.

Coloquei algumas mechas de cabelo atrás da orelha e me deitei na cama com os olhos fixos no teto. Todas as vezes em que eu ficava sozinha o assunto retomava minha cabeça lembrando-me que aquilo poderia acontecer mais uma vez.

— Eu vou parar de pensar sobre isso. – Murmurei pra mim mesma antes de fechar os olhos. – Vou esquecer tudo.

Para o meu azar, algumas lembranças são impossíveis de serem esquecidas. Eu tinha uma coleção delas.

Os anos em que passei no orfanato marcavam boa parte da minha vida, eles haviam me ensinado a não esperar nada das pessoas, mesmo diante de seus sorrisos brilhantes e promessas vazias de que iriam retornar.

Apesar de todos os meus amigos serem adotados e de todas as rejeições que sofri, eu me apegava na esperança de que aquilo mudaria em algum momento.

Até o dia em que Sasuke apareceu.

Ele não conversou muito comigo, apenas me escolheu para tirar daquele lugar que semanas depois pegou fogo. A tristeza por todos os meus amigos não era superada pela sensação de alívio que senti por não estar entre eles naquela noite.

Eu era egoísta e por isso, tive pesadelos por semanas. Sonhos tão reais que eu sentia o cheiro da fumaça, sentia o calor das chamas e conseguia ouvir os gritos de desespero.

Em todos eles Sasuke me salvava.

O Uchiha ouvia cada relato com atenção, questionando-me sobre os detalhes todas as vezes em que o sonho se repetia.

Todos os detalhes que eu contava para Sasuke desapareciam das novas versões do sonho, até que um dia todo o pesadelo desapareceu por completo.

Odiar Sasuke naquela época me parecia impossível, mesmo que minhas lembranças tenham ficado embaralhadas em certo momento.

Eu não conseguia me lembrar sobre como havia descoberto que ele era um vampiro, nem me lembro de sentir medo. A noite de nosso pacto, no entanto, não passavam de imagens borradas das quais eu não conseguia visualizar.

Havia uma tempestade torrencial, uma floresta escura e sangue por todos os lados, além da dor alucinante em meu corpo.

Nunca consegui me lembrar do que aconteceu aquela noite, nem do motivo pelo qual Sasuke se recusava a comentar sobre isso mesmo que eu insistisse.

Eram apenas segredos que eu talvez nunca fosse capaz de descobrir.

X-X-X

O colégio Senju, para a minha surpresa, realmente era um colégio. Os alunos conversavam entre si com animação enquanto saiam de suas aulas, sequer pareciam capazes de reparar em qualquer um que estivesse fora de suas esferas sociais.

— São alunos diurnos. – Sasuke me disse ao notar meu olhar confuso. – Eles não sabem sobre nós.

— Sobre nós?

Os monstros. – Sasuke sorriu de canto com sua própria piada e indicou que eu devia virar à esquerda. – Com o tempo você entenderá. – Acrescentou ao ver que eu tinha aberto a boca para perguntar mais uma vez.

Estar em um colégio com Sasuke transformava toda aquela situação em algo embaraçoso, mas encontrar Ino e Gaara dentro da sala de aula automaticamente mudou o status de tudo para esquisito.

— O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntei ao sentar na mesa atrás de Ino. – O que está acontecendo?

— Olá Sakura, é muito bom te ver depois de tanto tempo. – Ino segurou minhas mãos e sorriu mesmo diante da minha falta de tato. – Estou aqui como uma aluna noturna, é claro.

— Você tem mais de quatrocentos anos. – Murmurei para que apenas ela escutasse. – É mais que isso?

— Você me ofende. – Ino afastou suas mãos das minhas e revirou os olhos. – Sasuke, você não contou nada à ela? Nenhuma explicação básica sobre o que acontece aqui?

Olhei para Sasuke, mas sua atenção estava focada no professor que adentrava a sala com algumas pastas em mãos. Como sempre, Sasuke não tinha feito questão de responder as nossas perguntas.

— É melhor deixar a conversa para depois. – Gaara avisou atraindo o olhar irritado de Ino para si. – Olá, Sakura. – Ele me cumprimentou brevemente antes de virar para frente.

— Use o que precisar. – Sasuke me passou a mochila que ele havia carregado por todo o caminho.

Ao notar a matéria que a professora lecionava foi impossível não me distrair. Nunca fui boa em história, principalmente quando os professores começavam a traçar uma linha cronológica com todos os acontecimentos e encher a lousa com tópicos e mais tópicos.

— Não preciso prestar atenção nisso. – Ino ralhou ao ter sua atenção chamada por Gaara. – Eu estava lá.

Suspirei e me encostei na parede, deixando meu olhar vagar para a única pessoa que eu não havia encarado... Sasuke.

— É isso que você faz na escola? - perguntou curioso. - Presta atenção em qualquer coisa, menos na aula?

— História é entediante. – Murmurei.

— Se prestar atenção, vai perceber que ela está contando sobre como as bruxas verdadeiras fugiram de Salém. - Voltei a prestar atenção e vi que a professora havia desenhado uma linha de tempo que era contornada por círculos e formas abstratas que iam criando pareciam ter sentido todas as vezes em que ela retomava a explicação.

— O que é aquilo? - perguntei franzindo o cenho.

— História.

Desviei o olhar dele, mas senti que Sasuke continuava me observando para entender minhas reações sobre o "seu mundo".

— Isso não faz as coisas serem mais interessantes. – Resmunguei e Sasuke riu baixo, me surpreendendo. Aquele, definitivamente, era um momento raro. – Está rindo de mim?

Ele não me respondeu, mas notou que daquele momento em diante eu comecei a prestar atenção no que os professores diziam...Movida unicamente por minha curiosidade insaciável.

X-X-X

— Ela inverteu aquela história. – Ino contou enlaçando um de seus braços sobre os meus ombros. – Nós não incendiamos aquele armazém na noite da fuga. Nós fugimos porque decidimos incendiar aquele armazém. – Para a Yamanaka, suas frases deviam fazer toda a diferença do mundo, mas apenas me confundiram.

— Você estava lá naquela noite?

— Estive em muitas noites, minha querida Sakura. – Ino disse com convencimento. – Minha vida como bruxa foi movimentada, mas não trocaria minha imortalidade por nada nesse mundo. – O olhar cumplice dela com Gaara me fez sorrir.

Sasuke caminhava ao nosso lado em silencio. Quis perguntar o que ele sabia sobre aquela época e todas as outras histórias que ele tinha presenciado com o passar dos anos.

— Sasuke...

— Preciso falar com você. – A voz séria era da garota de cabelos ruivos que eu tinha visto na sala de aula. Os olhos dela eram vermelhos e sua blusa tinha um decote generoso. – Agora, Sasuke.

— Estou ocupado, Karin. – Sasuke respondeu com a voz entediada que havia usado comigo tantas vezes antes. – Nos falamos depois.

— Não, nós vamos conversar agora. – Os olhos de Karin se fixaram em mim e ela não esboçava nada além de enjoo. – Vejo que trouxe sua humana até aqui...Isso é tão...Inexplicável. – As palavras saiam pela boca de Karin como veneno.

Quis rebater o que ela disse de alguma forma, mas não encontrei palavras pra me defender. Ino observava a mulher com seriedade, assim como Gaara que até pouco tempo não parecia interessado na conversa.

— Vamos logo, Karin. – Sasuke sequer olhou em minha direção quando rumou para longe com a mulher ao seu lado. Tentei ignorar a sensação de traição que tinha tomado meu peito, mas não deixei de ficar irritada com aquele gesto do Uchiha.

— Não deixe que isso estrague o seu primeiro dia. – Ino murmurou para mim enquanto os dois se afastavam. – Karin é só um antigo problema que nós ainda não sabemos como resolver.

— Eu não me importo. – Resmunguei desviando os olhos deles para a minha amiga loira. – Eu não me importo com o que Sasuke faz há muito tempo.

Os olhos de Ino se arregalaram por um instante e então ela sorriu compreensiva, antes de me puxar em direção a lanchonete enquanto proferia um de seus muitos discursos.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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