Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 28
Capitulo 27 - Confiança


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 20/04/2021.
Tive um pouco de dificuldade em reformular esse, porque foi quase do zero haha
Dedicado à Small Zoombie, obrigada pela recomendação! ♥
Espero que gostem,
Boa leitura!



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Confiança

— Precisa confiar em mim.

Olhei para Sasuke em silencio e estreitei os olhos ao constatar que ele não diria nada além daquilo.

Estávamos na mansão Uchiha, mais uma vez. E pelo que eu tinha entendido, nossa permanência seria duradoura (por isso, tive que trazer duas mochilas com roupas e tudo o que eu precisaria para os próximos dias).

— Por que não quer me contar?

— Você tem a opção de desistir. – Sasuke cruzou os braços e apoiou-se contra a porta. – Mas se aceitar, terá que confiar em mim. – Ele sorriu de canto diante de toda a minha desconfiança e tornou a me estender a bolsa que estava em suas mãos.

— E o que tem aí nessa bolsa?

— Roupas.

Puxei a bolsa das mãos dele e a abri. Tinha um vestido longo e verde, sem muitos adereços além de alguns detalhes dourados em suas mangas.

— Um vestido?

— Apenas se troque. – Sasuke abriu a porta para sair do quarto e me olhou uma última vez. – Mas não demore, é sério.

Eu não entendi o que estava acontecendo, mas fiz o que ele pediu.

O vestido ficou bonito em meu corpo, ressaltava a minha cintura e meu busto estava levemente exposto por um decote em U. Era muito parecido com as roupas que eu tinha visto em minhas lembranças e por sorte, era longo o suficiente para cobrir os meus sapatos.

— Onde vamos? – Perguntei ao sair do quarto. – Uma capa?

— É. – Sasuke disse enquanto colocava a capa sobre meus ombros. – Será necessário por um tempo.

— Não vai me contar mesmo? – Questionei sentindo seus dedos entrelaçarem aos meus. Sasuke apenas balançou a cabeça negativamente. – Ok, então vou confiar em você.

— Achei que já estivesse fazendo isso. – O Uchiha me alfinetou enquanto descíamos as escadas. – Você vai usar uma venda também.

— Não estou gostando disso.

— Apenas confie em mim, Sakura.

X-X-X

Confiar em Sasuke tinha sido uma das coisas mais loucas que eu tinha feito.

Nós atravessamos um portal e eu só percebi quando notei o espaço verdejante que estava ao nosso redor. Estávamos no meio de uma floresta após passar por uma porta dentro da mansão Uchiha.

— Uau. – Murmurei olhando ao meu redor com espanto. Eu nunca estive em uma verdadeira floresta. – Eu não sei nem o que pensar. – Olhei para Sasuke e ele parecia concentrado em avaliar cada uma das minhas reações.

— Estamos em Konoha.

Deixei meus ombros caírem e continuei analisando cada detalhe como se estivesse em um...Não, eu estava em um mundo diferente do que eu tinha conhecido.

O céu era mais azul, as folhas ainda mais verdes, o canto dos pássaros ainda mais alto. A brisa fria não era capaz de afastar o calor do sol, mas trazia consigo um cheiro gostoso que eu não sabia diferenciar.

— Aqui não existe a poluição que habita o seu mundo. – Sasuke explicou-me como se pudesse ler meus pensamentos. – O ar é completamente puro.

A surpresa em meu rosto também não passou despercebida para Sasuke. O castelo Uchiha era ainda mais imponente do que nas minhas memórias ou nos retratos que Sasuke havia me mostrado dias antes.

As torres negras eram tão grandes que ameaçavam tocar os céus com suas pontas afiadas e tinha uma atmosfera de que derrubaria qualquer um que ousasse enfrenta-lo.

— Por que estamos aqui? – Perguntei em um murmúrio. Eu senti vontade de me dirigir até o castelo, mas meu corpo não se movia. Medo. – Por que estamos em Konoha?

— Quero que conheça o meu mundo. – Sasuke estendeu a mão esquerda em minha direção. – Mas também podemos voltar para a mansão, se preferir. Só achei que...

Olhei em direção à pequena cabana de onde havíamos saído. Aquela porta de madeira velha e caindo aos pedaços nos levaria de volta para o mundo que sempre achei pertencer.

— Não, eu não quero voltar. – Afirmei estendendo minha mão para Sasuke. O toque dele em contato com a minha pele era quente. – Apenas me mostre o que nos trouxe até aqui.

Sasuke sorriu minimamente antes de aquiescer. Com um leve puxão, ele indicou para onde devíamos caminhar e para meu estranho alívio, estávamos indo para longe do castelo Uchiha.

Deixei com que Sasuke me guiasse enquanto apreciava a sensação de nossas mãos unidas. Eu me sentia como em um sonho fantasioso que tornava-se cada vez mais brilhante a cada passo que dávamos em direção ao vilarejo.

Um vilarejo que surgiu depois de muitos minutos dentro da mata, em uma caminhada que não cansou meus pés, por mais longa que fosse. Haviam tantos animais escondidos entre as copas das árvores, outros agachados na relva da mata com seus olhos brilhantes e curiosos que eu passei metade do caminho apontando para eles e avisando a Sasuke, que ria de mim como se eu fosse uma criança curiosa.

Era claro que ele não se surpreenderia com aquilo, era o mundo de onde ele sentia falta, mesmo que não deixasse isso explícito.

E eu não precisei de mais nenhuma explicação ao ver onde estávamos. Um festival tão barulhento e feliz que era impossível não observar cada detalhe com um sorriso no rosto.

Sasuke havia puxado o próprio capuz e indicou que eu devia permanecer com o meu sob meus cabelos apenas por precaução.

As barracas cheiravam a comida, as crianças e mulheres dançavam com as mãos dadas e os homens tocavam canções sobre batalhas que eles nunca presenciaram. Havia muita bebida, muitos tecidos coloridos pendurados que balançavam conforme o vento.

Nós andamos entre os aldeões e paramos em todas as barracas que eu pedi. Haviam cartomantes, inventores e cozinheiros com guloseimas que eu jamais encontraria em minha dimensão. Um doce de morango com um creme açucarado me chamou a atenção, mas Sasuke não quis prova-lo.

Ele preferiu tortas de tomate, mesmo que eu nunca tivesse pensado que Sasuke pudesse gostar de algo assim.

— Torta de tomate?

— São boas. – Ele piscou tranquilamente e estendeu o pequeno embrulho marrom na minha direção. – Você devia provar também.

— Nunca te vi comendo nada por livre e espontânea vontade.

— Você não provou isto. – Sasuke enfatizou. – É feito com os melhores tomates que existem em todas as dimensões.

— Produzidos especialmente em Konoha. – Ele aquiesceu em concordância. – Por que demorou tanto para vir até aqui? - Perguntei enquanto recomeçávamos a andar. – Você tem... O que estão comemorando?

Fomos envolvidos pela atmosfera festiva de tal maneira que foi impossível prosseguir por nosso passeio. 

— É o aniversário deste vilarejo. – Sasuke explicou enquanto eu batia palmas no ritmo da canção e apreciava a dança dos aldeões. – Nosso povo é...Muito festivo. – Ele concluiu em um tom orgulhoso.

Por um momento me perguntei se aquele era o tipo de governante que Sasuke seria. Um líder que tinha orgulho de cada pessoa que estivesse sob sua responsabilidade.

E para mim fazia sentido que fosse desta forma. Eu conseguia vê-lo assim.

— Você não sente falta desse lugar? – Perguntei ainda com os olhos fixos nas pessoas que dançavam. O castelo era um destaque que não combinava com toda aquela animação, mas parecia estar no lugar certo. – Digo...De todas essas coisas. Aqui é o seu lar.

— Eu sinto. – Sasuke respondeu-me após um tempo. – Mas não posso ficar aqui sem você.

Um sorriso fraco surgiu em meus lábios e eu aquiesci. O quanto nós tínhamos perdido por tudo o que aconteceu durante todos esses anos?

— Sinto muito.

— A culpa não é sua.

— Mas você está lá por minha causa.

— Estarei em qualquer lugar por sua causa, Sakura. – A voz de Sasuke era serena e me trazia uma sensação de certeza que ninguém mais conseguia passar. – Lembre-se disso.

Aquiesci em resposta. Momentos como esse estavam se tornando cada vez mais comuns entre nós. Eu já conseguia compreender parte da intensidade das emoções de Sasuke, mesmo que tivesse certeza de que ele ainda escondia algo de mim.

— Fique aqui. – Ele disse repentinamente. – Não saia até eu voltar.

— Onde vai?

— Há algo que eu quero comprar.

Deixei com que Sasuke se afastasse de mim e continuei admirando a comemoração, tendo uma vontade repentina de me juntar a aquelas pessoas. Eu queria dançar como elas, rir como elas e...

— Sente saudades deste lugar, senhorita? – Uma voz baixa atraiu a minha atenção. – Há anos que não a vejo por aqui.

Olhei para a minha direita e sentada sob a proteção de uma barraca púrpura, estava uma mulher de cabelos brancos e olhos amarelados que sorria para mim mesmo que não tivesse um dos dentes da frente. Em suas mãos havia um lenço vermelho o qual ela usava para limpar o balcão desprentensiosamente.

— Acho que está me confundindo com alguém, senhora. – Respondi da maneira mais educada que consegui, mas algo nos olhos dela me diziam que ela não estava enganada.

— Há mais de cinquenta anos que não vejo o príncipe por aqui – Ela continuou ignorando minhas desculpas. – Eu era apenas uma jovem garota quando ele cavalgou em direção ao castelo com a expressão de que poderia incendiar o mundo a qualquer momento.

Fiquei em silêncio, mas não desviei meus olhos dela.

— Foi a última vez em que o vi. – Ela baixou os olhos por um momento e deixou o tecido de lado após dobrá-lo cuidadosamente. – Até hoje.

Eu sabia que meu silêncio era suspeito, mas não havia nada que eu pudesse dizer para ela.

— Minha avó me contou uma história sobre uma mulher de cabelos róseos que tomou o coração do príncipe há muitos anos. – Ela contou no mesmo tom morno de quando havia iniciado a conversa. – E veja bem senhorita, nós não vivemos em um mundo onde a coincidência é um fator que possa ser desconsiderado. – Eu tinha certeza de que meu coração estava mais acelerado do que o recomendado, mas não consegui me forçar a sair dali. – Então tome cuidado ao andar por aqui sozinha. Há muitos que dariam a própria vida para protege-la, mas outros garantiriam o próprio futuro com a sua morte.

— Obrigada pelo aviso.

— Não há de que. – Ela fez uma leve reverência e sorriu para mim ao erguer o rosto. – Majestade.

X-X-X

— Está quieta demais. – Sasuke disse enquanto adentrávamos a mansão Uchiha novamente. – Aconteceu alguma coisa?

— Não. – Respondi sem muita certeza. – Acho que alguém te reconheceu, mesmo com as capas.

— Era uma possibilidade. – Sasuke murmurou. – Fizeram algo a você?

— Não. – Repeti puxando o capuz que ainda cobria a minha cabeça. – Mas me disseram para não ficar sozinha, porque nem todos são confiáveis.

— É um bom conselho. – Como Sasuke não parecia preocupado, acreditei que eu também não devia me preocupar com o que aconteceu. – Não se preocupe com isso. – Ele enfatizou como se pudesse ler meus pensamentos.

— Você ainda não me disse o que comprou. – Troquei o assunto olhando diretamente para o bolso onde ele havia guardado um saquinho. – Não vai me contar?

— É um segredo. – Sasuke concluiu por fim, indicando que eu devia ser a primeira a subir as escadas. – Terá que confiar em mim.

Antes que eu pudesse responder, Naruto surgiu de uma das antessalas e parecia aliviado em nos ver, embora sua expressão de alívio tivesse sido substituída por uma de urgência que deixou Sasuke em alerta.

— Eles estão aqui, Sasuke. – O loiro avisou com seriedade. – Chegaram há poucas horas.

— Quem está aqui? – Perguntei confusa. Nenhum deles olhou para mim.

— Achei que a reunião fosse amanhã. – Sasuke tinha um tom parecido com o de Naruto e no fundo de suas emoções, eu conseguia sentir a preocupação. – Por que chegaram antes?

— Eu não sei. – Naruto suspirou e olhou para mim pela primeira vez desde que tinha feito o anúncio. – É melhor que fique no seu quarto por enquanto, Sakura.

— O que está acontecendo?

— Naruto tem razão, é melhor que você fique no quarto por enquanto. – Sasuke ignorou minha pergunta mais uma vez e meu grunhido de protesto chamou sua atenção. – Sakura...

— Por que está me deixando de fora, Sasuke?! – Desci alguns dos degraus e tentei conter a raiva que começava a crescer em mim. – O que está...

— O reino entrará em guerra.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Recomendações? Críticas?
Vejo voces na próxima semana,
Beijão.