Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 27
Capitulo 26 - Corpo, alma e coração


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 30/03/2021.
Dedicado à Riko-nee, obrigada pela recomendação!
Boa leitura,



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Corpo, alma e coração

Eu senti a confusão de Sasuke em cada milímetro de seu corpo. Os ombros dele estavam tensos, os braços rígidos ao lado de seu corpo e sua respiração havia congelado.

O nosso beijo não havia passado de um leve encostar de lábios. Ele não tinha me dado brecha para algo mais profundo e nem parecia capaz disso.

— O que você fez? – A pergunta baixa não demonstrava emoção alguma. – Sakura, o que... Eu perdi?

Recuei um passo, tentando esconder toda a decepção que havia me tomado. Uma parte minha esperava por algo mais...Explosivo, como aquele Sasuke que habitava as minhas lembranças recém-adquiridas. Ainda assim, pareciam dois homens completamente diferentes.

O Sasuke em minha frente era apenas uma lembrança do que ele realmente foi?

— Disse que me lembrei de tudo. – Repeti sem a firmeza da primeira vez. – Pelo menos tudo o que aconteceu entre a minha chegada ao castelo até o dia do receptáculo de purificação. – Eu sabia que aquele era um ponto delicado e minhas teorias apenas se concretizaram ao ver o maxilar de Sasuke se tensionar.

— Por que?

A pergunta exasperada de Sasuke me pegou desprevenida. Eu não consegui esconder o choque em meu rosto e isso pareceu assustá-lo, embora ele não tenha dito nada mais.

— Não queria que eu me lembrasse?

— Por que lembrar de algo tão triste? – A frustração em suas palavras me atingiu.

— Sasuke...

— Aquele foi o pior dia de toda a minha existência. – Sasuke interrompeu-me e se afastou, passando a mão pelo cabelo em um gesto exasperado. – Eu não...

— Não consegui protege-la. – Sasuke me interrompeu mais uma vez. – Não cumpri minha promessa...Eu falhei.

— A culpa não foi sua.

— Eu demorei muito para conversar com meu pai. – Sasuke murmurou com os olhos distantes de mim. – E quando estávamos alinhando como seria a troca em relação ao noivado, tudo aquilo aconteceu. Regicídio, Sakura.

— O que?

— Haviam indícios de que você estava conspirando para assassinar meu pai através de mim. – Sasuke explicou ainda com as mãos em seus cabelos. – Eram tantas provas que minha palavra não foi o suficiente, eles não podiam acreditar em mim porque eu estava ligado à você.

— Sasuke...Eu não sabia.

— Eu sei. – Ele suspirou e sentou a beirada da cama, ainda mantendo os olhos distantes de mim. – Em todas as vezes que você voltou...Nós nunca falamos sobre isso.

Eu não sabia o que dizer. Era tolice dizer para ele que eu sabia de tudo. Eu não sabia. Todas as vezes em que entrávamos nesse assunto era impossível ignorar toda a amargura que exalava de Sasuke.

Ele já não era mais o homem feliz das minhas antigas memórias. Há muito que não podia permitir-se à isso.

— Quantas vezes? – A minha pergunta não passava de um múrmurio, mas ele a ouviu. – Quantas vezes eu...Voltei. – Era mais difícil do que parecia falar sobre as minhas reencarnações.

— Três vezes, contando com essa. – Sasuke ergueu os olhos para avaliar minha expressão. – Uma delas foi alguns anos depois de você... Ela era uma camponesa que vivia na parte humana de Konoha. Tinha acabado de atingir a maioridade quando eu a encontrei.

Caminhei até a cama e me sentei ao lado dele. Por mais que eu tentasse, era impossível me lembrar do que ele dizia.

— Como você a encontrou?

— Vaguei por quase vinte anos tentando encontrar uma solução. – Sasuke me contou com nostalgia. – Parecia impossível que eu ainda te sentisse, mesmo tendo visto você morrer diante dos meus olhos. - Ele acrescentou tão baixo que mal o escutei. – Um dia, estava andando por esse vilarejo e soube de uma garota com cabelos róseos que estava morrendo.

— O que?

— É. – Ele sorriu fracamente. – Alguma doença infecciosa e aparentemente, incurável. Chamei Hinata na esperança de que ela pudesse resolver o problema, mas ela chegou tarde demais.

— E Midori?

— Desapareceu meses depois da última vez em que você a viu. – Sasuke explicou e parecia forçar suas memórias mais uma vez. – Não sei o porquê.

— E a outra?

— Alguma coisa estava me atraindo para o mundo humano. – Sasuke contou e sua voz enrijeceu, assim como seus ombros. – Viajei pela europa com meu irmão, Naruto e minha mãe, para encontrá-la na Itália. Dessa vez nós estávamos preparados, com um feitiço de rastreamento poderoso o suficiente para encontrá-la quando você atingisse a maioridade.

— Qual o problema com a idade?

— Você ficaria mais parecida com a sua primeira encarnação. – Sasuke explicou-me com paciência. – O seu espírito. Buscar uma alma imatura é difícil, porque ela muda a todo o instante.

Aquiesci e esperei até que ele continuasse.

Você fica bem com sotaque italiano. – Sasuke sorriu de canto para mim e eu desejei saber uma única frase em tal idioma para dizer algo. – Havia algo em uma das mechas do seu cabelo. – Ele ergueu uma das mãos e tocou uma madeixa na lateral de meu rosto, os olhos escuros estavam fitando, mas pareciam viajar no tempo. – Você a enrolava com a ponta dos dedos e é claro que eu precisei conquista-la, porque você era noiva.

— Noiva?

— Eu não me lembro o nome do sujeito, mas ele não era bom o suficiente para você.

— Modesto. – Sasuke continuava sorrindo. – O que aconteceu?

— Você morreu. – O sorriso desapareceu e sua mão fez menção de afastar-se do meu rosto, mas eu o impedi. – Eu não sei o que aconteceu, mas a encontrei em seus minutos finais dentro da casa que iríamos dividir. Havia tanto sangue que eu não sei como não senti nada antes...

— Agora eu estou aqui. – Afirmei com convicção. – Ainda sou eu, mesmo que sem as memórias. – Eu não sabia de onde havia surgido tanta determinação, mas eu acreditava em tudo o que dizia. – Nada mais vai acontecer.

— Eu não me perdoarei se falhar novamente.

— Não vai. – Sasuke me observou em silêncio e por fim aquiesceu. Ainda existia dúvida em seus olhos. – Esse é o momento perfeito para que você me beije.

— O que deu em você? – A nevoa que habitava o semblante de Sasuke desapareceu. – Recupera um fragmento de memória e...

— Eu faço o que eu quero. – Sorri para ele. – E no momento, ficar com você é o que eu quero. De corpo, alma e coração.

Dizer aquilo foi o suficiente para que Sasuke me beijasse, tão intensamente que eu senti que nós havíamos entrado em um túnel do tempo e parado em uma época onde existia apenas nós dois.

X-X-X

— Karin é uma traidora. – Murmurei enquanto sentia os dedos de Sasuke acariciando meu cabelo. – Por que a manteve por perto tanto tempo?

— Porque ela não sabe que eu sei. – Sasuke me contou. – E há algo na maneira com que Karin me dá suas sinceras opiniões que me incomodava. Como se estivesse tentando me manipular para algo...

— Não deve confiar nela.

— Ela fugiu. – Sasuke confessou e eu ergui meu rosto para encará-lo. – Nós a emboscamos, mas não contávamos com a ajuda extra que ela recebeu.

— Você não me contou sobre isso.

— Era uma operação secreta. – Sasuke desviou os olhos e fitou a janela por muito tempo. – Ela estava relacionada ao Sai.

— E ele...

— Ainda está vivo. – Sasuke antecipou minha pergunta. – Estamos extraindo o máximo de informações que conseguimos, mas ele não está mais aqui nessa dimensão.

— Konoha. – O Uchiha aquiesceu e eu me sentei por um momento. – Acha que poderá me levar para lá algum dia?

— É claro. Também é o seu lar.

X-X-X

Tenten estava deitada em sua cama, de barriga para cima. Os dedos apertavam nervosamente o pingente, arrastando-o por toda a extensão do colar repetidamente.

A morena usava meias diferentes, o cabelo que antes estava preso em um coque estava solto e completamente ondulado. A camiseta subia até a altura dos seios, deixando sua barriga exposta, enquanto os botões do jeans estavam abertos. Estava exausta.

As luzes do quarto estavam apagadas e a janela estava trancada, isso daria algum tempo para ela escapar caso tentassem invadir seu quarto pela janela.

Ao menos, foi isso o que ela pensou.

Tenten cogitou a ideia de estar sonhando ao ver um corpo masculino atravessar sua parede sutilmente, como se ela não estivesse ali. Uma das mãos da garota foi até o travesseiro e o objeto foi arremessado furtivamente contra o invasor, acertando-o em cheio no rosto.

— O que diabos você está fazendo aqui? – Ela bradou com irritação. – Quem te deu o direito?

Os olhos perolados a encaravam com confusão e em seguida o lugar em que estavam.

— Onde estou?

— No meu quarto. – Tenten ergueu-se da cama e fechou o zíper de sua calça. – Quem te deu o direito de entrar aqui?

— Não estava te procurando. – Neji parecia sincero em sua fala. – Estava atrás de Naruto.

— O dormitório dele fica longe daqui. – Tenten franziu o cenho e cruzou os braços. – Pode ir agora.

— É claro que alguma coisa me atraiu até aqui. – Neji não parecia incomodado com as respostas abruptas de Tenten, mas limitava-se a observar todo o cômodo que ela habitava com atenção. – Por que as emoções que partem de você ainda são tão perturbadoras?

— Vai dizer isso todas as vezes em que nos encontrarmos?

— Me desculpe, você deve encarar isso como uma ofensa.

— Parece uma ofensa.

Neji aquiesceu e caminhou até uma cadeira vaga ao lado da porta. Ele vestia roupas escuras que pareciam elegantes e apesar de muito bonito, o Hyuga aparentava desconforto onde passava.

— Não é uma ofensa, Tenten. – Ele disse em voz baixa. – Mas nós somos sensíveis a esse tipo de energia. Pense em uma dor de cabeça incomoda, é quase o que sinto todas as vezes em que preciso lidar com algo assim.

— Não estou pedindo para que você lide com isso.

— Mas deveria. – Neji ainda parecia sereno. – Se não controlar suas emoções, não poderá cumprir o destino que te aguarda. O poder escorrerá entre os seus dedos e você não poderá fazer nada.

— Por que fala como se quisesse me ajudar?

— Não posso fugir do meu próprio destino também.

— Eu não acredito tanto em destino. – Tenten passou a mão pelo cabelo para ajeitá-los. Era tão estranho ter Neji dentro de seu quarto, eles mal se conheciam e ele já a tinha visto daquela forma. – Nós tomamos as nossas próprias escolhas.

— Você deseja ajuda-la. – Neji disse. – A garota que esqueceu do passado.

— Sakura. Esse é o nome dela.

— Eu sei, mas os nomes são irrelevantes no momento.

Tenten não sabia o que pensar. O fato de que Neji não havia partido ao notar o engano, só significava que dizer que estava atrás de Naruto era apenas uma desculpa. Ela não entendia qual era o problema dos irmãos Hyuga.

— Qual o seu real propósito aqui?

— Vim proteger a minha irmã. – Neji respondeu com sinceridade. – E ajuda-la em sua tutela.

— Então quer dizer que...

— Estamos aqui para ensiná-la a usar seus poderes, Mitsashi Tenten.

X-X-X

O barulho dos saltos ecoaram pelo salão mal iluminado, as cabeças cobertas por capuzes viraram-se gradativamente para encarar a mulher que seguia até o trono. A calça de couro delineava as pernas grossas, o corset realçava o busto e um sobretudo vermelho arrastava-se no chão. Ela se sentou e observou os rostos das pessoas presentes de forma imponente; os olhos azuis quase brancos faiscavam.

— Mandem-no entrar. – Declarou friamente. O cabelo negro moldava o rosto pálido e caía como uma cascata ondulada por seus ombros.

As portas do salão foram abertas e um homem encapuzado surgiu, sendo acompanhado por dois soldados.

— Diga porque veio, bruxo. – Ordenou antes mesmo que ele chegasse próximo à ela. – Não temos tempo para seus jogos.

Dois lobos, um preto e um cinzento maiores do que o comum, estavam rodeando-a.

— Minha querida Cassandra. – A voz dele soava como um sibilo. O capuz foi retirado, indicando um homem com cabelos lisos e negros, de pupilas amareladas, como as de um réptil. Este, possuía a pele branca, quase acinzentada e riscas arroxeadas que contornavam os olhos e iam até as extremidades do nariz. – Sinto muito ter vindo até a vossa realeza sem um intermediário, mas acredito que notícias tão exuberantes devem ser declaradas pessoalmente.

— Diga o que quer, antes que eu o expulse Orochimaru. – Cassandra repetiu sem alterar suas feições. - Não quero que você fique mais do que o extremo necessário dentro da minha alcateia.

— Sua posição como alfa, não deixa de me encantar. – Orochimaru esboçou um sorriso. – Cassandra, serei direto. Talvez devamos agir mais rápido do que o esperado. – Disse Orochimaru indo de um lado ao outro no salão como se estivesse pensativo. – Devemos nos preparar para a guerra que irá acontecer.

— Não participarei de guerras.

— Será necessário.

— Quer que eu envolva a minha família nesse seu joguinho por poder, bastardo? – Cassandra soou irritada. – Minha família. – Repetiu irritada. – Não irei sacrifica-los! – Orochimaru ouviu alguns rosnados ecoarem pela sala, manteve-se impassível.

— Eu temia que você dissesse isso. – Orochimaru sorriu deliberadamente. – Mas ainda acredito que o poder que o seu clã de Licantropes adquiriu ao passar desses anos é extremamente necessário. – Ele inclinou a cabeça para a esquerda.

Um dos lobisomens deu um passo a frente, as garras expostas assim como os caninos. O outro repetiu o gesto, ambos rosnando perigosamente. A alfa manteve suas costas encostadas no trono, mas seus olhos estavam fixos em algo no bolso da capa de Orochimaru. Conhecia o bruxo bem o suficiente para saber que sua reação não era uma das melhores.

— Nossa aliança teve fim quando dois dos meus foram mortos pelo Uchiha. – Cassandra anunciou firmemente. – Você havia dito que eles apenas protegeriam aquela garota. – O tom de voz da mulher aumentou gradativamente. – Você mentiu e será dilacerado, caso continue aqui, bruxo.

— Sinto muito, sinto muito. – O bruxo repetiu consigo mesmo.

Tudo aconteceu muito rápido. O lobo negro pegara impulso para pular sobre o bruxo, mas o grito de Cassandra fez com que ele se retesasse e encarasse a alfa confuso.

— A pedra da lua. – Foi o que a mulher disse estupefata. Os olhos azulados fixos em uma pedra acinzentada que brilhava gradativamente nas mãos de Orochimaru.

Cassandra sentia uma espécie de calor emanando da pedra, um calor que se assemelhava ao aconchego de um colo materno. O calor que se assemelhava ao que ela sentia quando a lua estava em seu auge.

— Onde conseguiu? Bastardo, maldito... Irei acabar com você. Vou dilacerar a sua carne com os meus dentes. - A Alfa se levantou, as pupilas dos olhos estavam se dilatando e as garras estavam crescendo, assim como os caninos pontiagudos.

— Você me deve respeito enquanto eu possuir isso. – Orochimaru respondeu pacientemente. – Seu clã está conhecendo uma autoridade maior do que a da Alfa. – Repetiu voltando-se para as figuras encapuzadas que mal pareciam respirar. – Eu ordeno que vocês se preparem para a guerra. – Os olhos amarelados se voltaram para Cassandra, que parecia lutar contra si mesma. – Melhor me obedecer, é uma dica que lhe dou enquanto ainda respeito sua posição.

— Vá para o inferno. – Rosnou a loba irritada. – SAIA DAQUI! – Gritou apontando para a saída. – SAIA! - Observou Orochimaru balançar a cabeça negativamente e viu a pedra emitir um brilho azulado.

Cassandra sentiu a visão ficar turva e caiu nos degraus que levavam até o trono, sentindo seu corpo queimar enquanto gritava desesperadamente. Tinha a sensação de que cada parte do seu corpo era arrancada, de que os ossos estavam se quebrando e de que seu pulmão havia sido perfurado impedindo que ela respirasse. Quando recuperou a visão, sentia a própria garganta rasgada, enquanto o sangue jorrava pela mesma.

— Obedeça-me. – Orochimaru disse passando por ela, que permaneceu caída no chão. Sentou-se no trono que há pouco ela ocupara. – A próxima sentença será a de morte.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?
As reviews do capitulo anterior serão respondidas hoje.. Eu espero haha, mas terão respostas sim!!!!!
Até ♥



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