Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 21
Capitulo 20 - Gárgulas


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 03/03/2021.
A reescrita atrasou por uns dias porque precisei descansar. Mas enfim, gostei muito desse capítulo. Finalmente estamos indo para as minhas partes favoritas da história uhu!
Enfim, espero que gostem.
Boa leitura! ♥



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 Gárgulas

Ficar sozinha não tinha me trazido a luz que eu precisava. E confesso que nunca fui muito boa em montar quebra-cabeças tão complicados, principalmente quando eles eram compostos pela minha própria vida.

Tentar conectar todos as pontas soltas estava me dando uma das piores dores de cabeça de toda a minha vida.

O meu passado não era confiável e meu futuro incerto.

E não havia ninguém que eu pudesse culpar.

— Me sinto impotente. – Ino disse certa vez ao invadir meu quarto. – Não gosto de não poder ajuda-la.

Observei a loira que estava deitada no espaço vago em minha cama e ponderei sobre suas palavras. Ela parecia ainda mais frustrada do que eu, se isso era possível.

— Você não me conheceu? – A pergunta escapou por meus lábios sem que eu pudesse refreá-la. – Quando...Eu ainda era eu.

—Não. – Ino negou com pesar. – Não sou tão velha como você acha. – Ela cobriu os olhos com o antebraço. – Nasci quase cem anos depois.

— Até que foi transformada. – Murmurei e Ino resmungou algo em resposta. Eu sabia que ela não gostava muito desse assunto. – Você sente falta da sua vida humana?

— Não mudou muita coisa. – Ino confessou após um tempo em silêncio. – Encontrar Gaara foi o que eu precisava. Ele me tirou de um caminho de ódio onde eu não me reconhecia.

— Não foi ele quem te transformou? – Ino balançou a cabeça negativamente como resposta. Ela parecia tensa ao lembrar de tais coisas. – Nem todos os vampiros são como nós.

Apesar de nunca ter encontrado nenhum vampiro ruim, com exceção de Sai, me perguntei em quantos estavam escondidos esperando por uma oportunidade.

Inevitavelmente, pensei em Sasuke. Aparentemente, toda a evolução em nossa convivência tinha regredido desde as últimas revelações. Eu não sabia o que dizer, nem como me comportar diante dele, mesmo que não precisasse de muito, já que Sasuke não parecia ter interesse em ficar mais do que poucos minutos em minha presença.

Ainda assim, eu sabia que ele continuava me protegendo, como tinha feito em todos aqueles anos.

— Nos beijamos.

O braço que cobria os olhos de Ino afastou-se bruscamente e ela ergueu a cabeça para que pudesse me observar com mais clareza. A Descrença em seus orbes azuis me deixou envergonhada.

Não era um grande acontecimento.

— E como foi?

— Um beijo. – Desviei os olhos de Ino por um instante. – Como qualquer outro.

Deixei de fora a sensação eletrizante em meu corpo e de como me sentia completa ao lado de Sasuke. Eu não conseguia entender porque eu continuava reagindo à ele de maneiras tão diferentes.

— Não foi o seu primeiro beijo, foi? – A Yamanaka arqueou as sobrancelhas e sentou-se na cama para que eu não pudesse escapar de seu olhar. – Sakura?

— Eu já beijei outros. – Resmunguei constrangida. Falar sobre esse tipo de coisa nunca tinha me deixado confortável. – De qualquer forma, não estamos conversando.

— Não vejo errados nessa história. – Ino disse-me após refletir. – Vocês só precisam de tempo para entrar em sintonia novamente.

— Acha que um dia isso acontecerá? – Perguntei tentando esconder a ansiedade em minha voz. – Acha que seremos como...Como antes?

— Você se lembra de antes? – Era óbvio que não sabia, mas Ino esperou que eu negasse para continuar. – Então não pense nisso. Em todos os casos, você é Sakura Haruno. Isso é o que importa.

— Eu não me daria tantos créditos assim. – Brinquei antes de puxar um travesseiro para o meu colo. – Sinto como se as expectativas em cima de mim fossem gigantescas.

— Não importa. – Ino segurou em minha mão e seus olhos ficaram vermelhos como sangue. – Jurei minha lealdade à Sasuke há muitos anos. E não me importo em quebrar esse juramento para proteger uma amiga.

Sorri para Ino e aquiesci. Eu não queria que ela precisasse quebrar juramento algum, mas suas palavras me reconfortaram.

— Amanhã iremos ao prédio C.

— Não esqueça de colocar os amuletos antes de dormir. – Ino alertou-me indicando o saquinho marrom que ela havia trazido. – Você precisa usá-los por pelo menos doze horas para que façam efeito.

Aquiesci e baixei os olhos para as minhas próprias mãos pensando, inevitavelmente, sobre o quanto o que nós faríamos seria perigoso.

Não me importei.

Sasuke teria que me perdoar por isso.

X-X-X

A ansiedade estava me consumindo. Eu sentia que todos sabiam o que eu estava prestes a fazer, principalmente Sasuke.

Ele permaneceu em silêncio por boa parte da manhã, com um livro em mãos para tentar disfarçar que seus olhos estavam sobre mim à todo o momento.

Eu, como a boa atriz que sou, fingi que não notei a sua súbita curiosidade.

— O que vai fazer hoje? – Sasuke perguntou-me para romper o silêncio.

— Por que? – Desviei os olhos do celular e olhei para o Uchiha com cuidado. Eu estava deitada e ele sentado de costas para a janela, ainda com o livro próximo dos olhos. – Tem algum plano especial para hoje?

— Você não me respondeu.

— Eu e Tenten vamos assistir alguns filmes. – Menti descaradamente e Sasuke pareceu perceber. – Faz tempo que não faço uma coisa...Normal.

— Não quer sair? – Ele franziu o cenho e fechou o livro, deixando-o sobre a escrivaninha. – Vou até a mansão. Quer ir comigo?

— Um convite formal em pleno sábado? – Brinquei enquanto tentava encontrar alguma justificativa convincente. – Isso é uma surpresa.

— Qual a sua resposta? – Ele murmurou apreensivo. – Sei que você ainda precisa de tempo para...Colocar a cabeça no lugar. – Os olhos escuros dele vacilaram por um momento.

Sasuke temia que eu o afastasse mais uma vez.

— Sei que não tenho sido justa com você. – Confessei sentando-me na cama. Eu não queria ser grossa com o Uchiha, mas também não podia aceitar seu convite. – Mas preciso apenas de mais um dia. – “Para descobrir o que preciso”. – Podemos fazer alguma coisa amanhã? O que acha?

— O que você quer fazer?

— Não sei, você pode ser criativo. – Eu tinha esperanças de que até o dia seguinte todas as coisas fossem resolvidas entre nós. – O que foi? – Me senti como uma criança que teve sua mentira descoberta, mesmo que o olhar de Sasuke fosse tranquilo e um sorriso brincasse em seus lábios.

— Me prometa que não fará nada perigoso.

Minha expressão deve ter congelado por um momento e isso, com absoluta certeza, entregou tudo o que se passava em minha mente. Sasuke era melhor do que eu em adivinhar o que estava acontecendo.

— Não vou me colocar em perigo. – Sei que podia ter reforçado a mentira sobre os filmes, mas Sasuke não aceitaria com tanta tranquilidade. – Eu prometo.

Sasuke aquiesceu e o brilho de confiança em seus olhos me fez ter vontade de contar o que eu havia decidido, mas mesmo que as palavras tentassem escapar dos meus lábios, apenas sorri para ele em algo parecido com “Obrigado por confiar em mim”.

X-X-X

Caminhar pelo campus do colégio Senju não era menos intimidante, mesmo que estivéssemos com Ino e Hinata nos flanqueando. A presença delas era tão imponente que os outros não conseguiam conter sua curiosidade.

— Não acha que estamos chamando muita atenção? – Murmurei para a Yamanaka que ergueu os ombros com pouco caso.

— Tem sido assim desde que vim para esse mundo. – Ino respondeu-me com tranquilidade. – Além do mais, a única pessoa que não pode nos ver está bem longe daqui nesse momento.

Não comentei nada. Próximo do caminho que nos levaria até o Prédio C, estava Sasori. Os olhos cinzentos brilharam em minha direção e ele acenou com uma das mãos, mantendo um sorriso gentil em seus lábios até que nós não estivéssemos mais em seu campo de visão.

Achei que haveriam murmúrios por nossa entrada no meio da tarde dentro do bosque que separava o Prédio C dos demais, mas Ino me explicou que humanos comuns não podiam vê-lo. Feitiços de proteção, esse era um dos pilares do colégio Senju.

O prédio, à primeira vista, era semelhante aos outros. Construído com os mesmos tijolos vermelhos que ficavam evidentes por partes desgastadas da pintura.

Grandes portas de carvalho davam acesso ao lugar e entre elas, uma escadaria que era ladeada por duas gárgulas feitas com uma pedra escura que não brilhava nem mesmo em contato com o sol. As asas estavam abertas, os dentes pontiagudos expostos e em suas mãos tridentes ameaçadores.

Os olhos adquiririam um brilho vermelho quando nos aproximamos...Elas estavam vivas.

— Senhores gárgulas, solicito entrada ao Portal Celeste.

Quem solicita?

— Hinata Hyuga. – Hinata endireitou a postura e cruzou suas mãos sob os seios. – Já devem saber quem sou.

Sabemos quem é, filha da lua.— A voz da gárgula era gutural. – No entanto, não têm autorização para passar pelos portões.

Todos os que passam são submetidos à um teste.— A outra falou. O tom usado era feminino, mas não passava nenhuma sombra de delicadeza. – Um segredo do seu coração, para que encontre o segredo entre os mundos.

Para mim, ambas as gárgulas estavam se contradizendo, mas preferi ficar em silêncio e deixar Hinata dominar a situação. Ela parecia esperar por aquilo.

— Deixarei que vejam o meu segredo.

As gárgulas permaneceram em silêncio pelo que pareceu uma eternidade. Os olhos brilharam como duas pedras prateadas e por fim, apagaram-se como se a vida que habitava nelas deixasse de existir.

Já conhecemos o seu segredo. – A primeira gárgula disse.

Queremos a garota.— A outra acrescentou. – Aquela que mente para estar aqui.

O coração dela é repleto de segredos.— As vozes guturais eram direcionadas à mim, eu sabia. – De magia antiga. – Suas palavras não passavam de grunhidos. Eu tive a impressão de que ela ansiavam minha aproximação.

— Permita, se quiser entrar. – Hinata avisou olhando em minha direção. Ela parecia contrariada. – Os guardiões do Portal Celeste só querem saber das intenções do seu coração.

— Nós queremos segredos...

— Aqueles que não são revelados à ninguém...

— Aqueles que envergonham...

— Que mancham o nome de quem os leva...

Aquelas palavras fizeram com que toda a minha pele se arrepiasse. Eu sabia que era o primeiro passo para descobrir sobre tudo e mesmo que todo o meu corpo estivesse tenso, me mantive firme ao me aproximar das gárgulas.

Os olhos escureceram e adquiriam um brilho esmeraldino semelhante a cor dos meus olhos. E então entendi, aquilo era parte da alma que guardava os segredos.

... Me prometa que não falará sobre isso com mais ninguém. É o segredo que levaremos por toda a eternidade, é o segredo que...

.... É o segredo, queremos o segredo...

Eu senti como se meu corpo houvesse entrado em um buraco negro. A minha pele estava fria, minha respiração entrecortada e meus olhos arregalados com o que eu presenciava.

Havia um corredor escuro e uma goteira insistente em um dos cantos, uma porta de madeira podre estava ao fim. Era até ela que eu devia chegar, então corri.

Minha respiração tornou-se ainda mais difícil, eu sentia que havia algo sobre os meus ombros com garras afiadas fincadas em minha pele. As vozes insistiam para que eu corresse, ainda mais rápido e as correntes em meus pés tentavam me impedir.

Eram as gárgulas sobre os meus ombros. Elas ansiavam tanto pela minha chegada à porta que saltaram para o chão, com seus corpos retorcidos e correram para a porta que abriu-se ao seu toque.

A mulher que apareceu trajava vermelho e tinha olhos tão intensos quanto. Ela parecia aguarda-los, mas não estava disposta a deixa-las entrar. O cabelo rosado caia em cascatas por seus ombros e a chave dourada em sua mão queimou antes que a porta tornasse a fechar atrás de si.

As gárgulas gritaram e choraram, feridas pelo que aconteceu. As correntes em meus braços e pernas me impediam de me aproximar.

Elas só queriam o segredo, mas o que a mulher lhes reservara era perigoso. Eu conseguia sentir a curiosidade mesclada com a insegurança quando ela agachou para olha-los nos olhos.

Pensei que ela estava lhes contando o segredo que eles tanto procuravam. No entanto, as gárgulas nada disseram.

Era um aviso de que elas deviam partir.

Quando recobrei minha consciência, os olhos das gárgulas brilhavam como rubis, embora elas nada dissessem. E assim permaneceram, em silêncio, lutando para retomar o controle de seus próprios corpos.

 Os ruídos das portas que se abriam para nossa passagem foi a resposta que precisávamos. Estávamos livres para ir até o Portal Celeste.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Criticas? Recomendações?
Até os comentáriooooooooooos! *-* ♥