Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 2
Capitulo 1 - Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Como avisei no comecinho da história e na sinopse, esse capítulo foi revisado em 28/01/2021.
Peço que a partir daqui, caso seja um novo leitor, verifique se os capítulos publicados estão em revisão. Existem mudanças sutis e outras nem tanto na história.
Enfim,
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/536806/chapter/2

Mudanças

Eu me lembrava de poucas coisas da última vez em que estava consciente. A última delas e talvez a mais presente em minha mente, tinham sido os olhos de Sasuke.

Vermelhos como o sangue.

Sasuke Uchiha era um homem que não aparentava ter mais idade do que eu, embora eu soubesse que há muitos anos seu rosto permanecia o mesmo. Ele era uma figura presente em minha vida desde a minha infância e confesso que nunca compreendi quais eram as suas verdadeiras pretensões ao me escolher, mas entendia que aquilo que nos unia não podia ser facilmente quebrado.

Ainda de olhos fechados, me recordei de algumas das coisas que haviam acontecido. Uma leve ardência em dois pontos do meu pescoço indicava que Sasuke havia me mordido, provado do meu sangue como seres da espécie dele costumavam fazer.

Dessa vez, ele havia sido motivado pelo meu envenenamento misterioso, mas nem sempre era assim.

Como pactos, nossa ligação exigia uma certa dependência que para outros não existia.

Sasuke precisava de sangue, mas apenas o meu lhe daria toda a força que ele precisava, mesmo que isso não o limitasse apenas à mim. E eu, em contrapartida, não dependia dele para sobreviver, mas quando nossa ligação estava forte, eu me sentia mais forte dentro dos limites humanos.

Nós compartilhávamos emoções, mesmo que Sasuke fosse bom em escondê-las. Eu preferia que ele o fizesse. Os sentimentos do Uchiha eram como uma nuvem negra que me subjugava todas as vezes em que eu os sentia, eles eram pesados, raivosos e repletos de culpa das quais eu não conseguia compreender.

Falar sobre vampiros em voz alta era soava insano, mas aceitar a existência deles era ainda mais problemático.

Eles não eram como nos livros, mas também não eram tão diferentes do que as imaginações humanas costumavam retratar.

Ao abrir os olhos e me deparar com a um lugar novo, me deu a certeza de que alguma coisa havia mudado enquanto eu estava desacordada.

A iluminação do quarto provinha de uma janela grande, da qual as cortinas escuras tinham sido afastadas. Uma prateleira que tomava parte de uma das paredes, abarrotada de livros e algumas caixinhas pequenas.

A escrivaninha estava posicionada próxima da janela, sobre ela, haviam algumas pastas, cadernos e um notebook que aparentemente estava desligado; junto deles uma cadeira que parecia confortável.

Um guarda roupa tomava quase toda a parede e não me surpreendi que ele fosse preto como quase toda a decoração do quarto. Era minimalista.

O quarto amplo possuía um sofá de couro, próximo de uma porta que eu supus ser o banheiro.

A cama em que eu estava era ampla e tinha lençóis macios como seda e tão escuros quanto carvão. Era confortável, mas eu não conseguia reconhecer aquele lugar mesmo que eu me esforçasse ao máximo.

Apoiei meu corpo nos cotovelos para sentar na cama, no mesmo instante em que uma das portas foi aberta.

Sasuke caminhou tranquilamente pelo quarto, usando suas típicas roupas escuras que entravam em contraste com sua pele alva. Os olhos negros me fitaram por um instante e ele depositou uma bandeja que carregava sobre a cama antes de seguir em direção ao computador que estava sobre a escrivaninha.

Olhei para o que ele havia trazido, algumas frutas em um potinho, torradas e chá. Eu não era muito fã de chá, mas eu e Sasuke não convivíamos com frequência para que ele atesse aos detalhes.

A verdade era que eu estava surpresa por vê-lo de novo e por isso me peguei o observando por mais tempo do que o necessário.

— Que lugar é esse? – Minha voz cortou o silêncio que estava estabelecido entre nós. – Sasuke?

O Uchiha permaneceu em silêncio, desbloqueou o computador e começou a digitar algo que eu não pude ver. Ele era fácil de ignorar, bem como era fácil ser ignorada por ele.

Suspirei e passei meus olhos pelo quarto em busca de algo que indicasse onde eu estava.

— Que dia é hoje?

— Você dormiu por três noites. – Sasuke me respondeu e por continuar de costas para mim, ele não pôde ver a minha expressão de surpresa. – Melhor comer algo, Sakura.

Ignorei seu último comentário enquanto fazia uma conta mental para descobrir em qual dia estávamos. Pelas minhas contas, eu havia perdido uma prova importante no colégio.

— Mas que droga. – Praguejei baixo enquanto passava a mão pelo cabelo. – Perdi uma prova no colégio, Sasuke. Onde está meu celular? Preciso falar com a Ayumi. – Perguntei enquanto jogava os lençóis para o lado e me levantava.

Estava trajando um pijama lilás, composto por calça e blusa de manga comprida, do qual eu não me recordava de ter, mas decidi que não era uma informação importante no momento.

— As anotações das últimas matérias estão na cômoda ao lado da cama. – Sasuke informou com seu típico tom apático, mas dessa vez, ao menos, ele havia voltado seus olhos na minha direção. – Termine o que precisar, mas não deveria perder seu tempo com isso.

— O que quer dizer com isso? – Perguntei desviando minha atenção das anotações que tinham sido feitas com uma letra caprichosa e inclinada. – Por que perderei o meu tempo?

Sasuke me fitou seriamente e eu devolvi seu olhar sem hesitação. Apesar de intimidador, eu havia aprendido a lidar com ele com o passar dos anos.

— Solicitei sua transferência, Sakura.

— Transferência? – Questionei começando a me irritar e ele permaneceu em silêncio. – Sasuke, estamos no meio do ano letivo! Não posso trocar de colégio, é um absurdo!

— Você já mudou de escola antes.

— Não pode decidir o rumo que a minha vida vai tomar! – A irritação em meu rosto não foi capaz de fazê-lo esboçar nenhuma reação. – É a porra da MINHA vida, Sasuke! Eu não tenho todo o tempo do mundo à minha disposição!

— Se você se importasse com a sua vida, teria obedecido ao que eu disse. – O maxilar de Sasuke estava rígido e ele parecia usar todas as suas forças para reprimir a raiva. Ao menos, era o que eu sentia dos filetes de emoções que ele deixava escapar. – Me agradeça por ter salvo a sua vida para que você possa desperdiça-la da maneira que quer. – Ele rebateu com sarcasmo.

— Não pedi por sua ajuda. – Cuspi as palavras com toda a raiva que consegui. – Só assim que eu ficaria livre desse pacto estúpido e de você também!

A emoção que me atingiu foi arrematadora. A culpa que emanava de Sasuke era atemporal, maior do que qualquer emoção que eu já tinha sentido dele.

Ao notar minha expressão, o sentimento logo foi substituído por uma ira que me fez recuar. Os olhos de Sasuke tornaram-se carmesins e ele deixou o computador sobre a escrivaninha antes de virar na minha direção.

— Daqui há algumas horas, eu posso te levar a dois lugares, Sakura. – O tom que Sasuke usou era furioso e me assustou, mesmo que ele estivesse do outro lado do quarto. – Um deles é o seu colégio e o outro pode ser o túmulo do rapaz que você esteve saindo nos últimos meses. – A ameaça em suas palavras era real e a impotência que me assolou naquele momento era desesperadora. – Tenho meus motivos para acreditar que ele quem te envenenou...Foi um momento agradável, não foi? Sentir que seu coração estava a ponto de explodir em seu peito, do gosto de sangue em sua boca e do desespero que estava correndo cada centímetro da sua alma.

— Como você sabe sobre isso? – Rosnei colocando uma das mãos sobre o meu peito. Sasuke não escondia a irritação em seu rosto e ainda parecia ameaçador mesmo que não estivéssemos mais falando sobre Sai. – Você também sentiu?

— Não peça para morrer se não estiver pronta para isso. – Sasuke refutou e eu me assustei com a intensidade de suas palavras. – Não fale sobre isso quando não sabe das consequências.

— Fique longe do Sai. – Foi o que pedi ignorando o seu último aviso. No fundo, eu sabia que não abriria mão da minha vida tão facilmente, embora Sasuke não fosse capaz de perceber isso. – Prometa que não tocará nele.

— Eu não tenho que te prometer nada.

— Prometa ou vou dar um jeito de sair daqui. – Avisei com sinceridade. Sasuke sabia do meu histórico de fugas perfeitamente bem. – Prometa, Sasuke.

Sasuke aquiesceu levemente, mesmo que estivesse resignado e seus olhos escureceram antes que ele começasse a rumar para a saída do quarto, ignorando a minha presença como o de costume.

— Como sabe que não foi algum de seus inimigos?

— Eu não sei. – Sasuke me respondeu baixo. Ele estava resignado por desconhecer aquela informação. – Por isso ficaremos aqui de agora em diante. – O Uchiha fez menção de abrir a porta, mas olhou sobre o ombro ao sentir que eu queria dizer algo.

— Onde estamos?

— No colégio Senju...É um lugar seguro.

Foi tudo o que ele disse antes de me deixar sozinha.

X-X-X

Conviver com Sasuke não era tão difícil quanto o que eu esperava.

Ele nunca estava no quarto e quando aparecia, ia de um lado para outro em completo silêncio. Todos os dias ele me trazia comida e me fazia um questionário rápido sobre como eu me sentia, apenas para confirmar que todo o veneno havia saído do meu organismo.

— O que você faz lá fora? – Perguntei certa vez desviando os olhos dos livros que ele tinha deixado na cabeceira da cama. – Me sinto bem para sair. – Avisei esperando que Sasuke dissesse algo.

— Isso é bom.

— Quando vai me deixar sair?

— Você não é uma prisioneira, Sakura. – O Uchiha respondeu com tranquilidade enquanto abria uma das portas do extenso guarda-roupa. – Voltarei em duas horas, caso queira me acompanhar mais tarde.

— Então eu posso sair do quarto?

— Prefiro que não vá desacompanhada. – Sasuke foi enfático em suas palavras, mesmo que estivesse usando um tom de voz morno. – Não é seguro andar pelos corredores para uma humana.

— Achei que esse fosse um lugar seguro. – Alfinetei com ironia enquanto tentava descobrir o que Sasuke estava carregando na caixa preta que ele pegou no guarda-roupa. – O que tem aí?

— Nada. – Sasuke fechou as portas do guarda roupa e virou na minha direção. – Duas horas, Sakura. Não se atrase.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews??