Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 19
Capitulo 18 - Hinata


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo revisado em 24/02/2021.
Vai fazer um mês que a história está sendo atualizada quase todos os dias uhu! Outro capítulo que mudou totalmente em decorrência das mudanças nos capítulos anteriores heheh
Esse capítulo é dedicado à Kilze Joynelly Uchiha, belita uchicha, UchihaDannie e GLITCHLORDE, obrigada por todas as recomendações.
Espero que gostem,
Boa leitura!



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Hinata

Os olhos dela eram encantadores, mas a forma rígida com que Hinata movia-se ao meu redor me deixava tensa.

O cabelo negro caia por seus ombros expostos e a saia carmesim esvoaçava toda as vezes em que ela se afastava para buscar algo. Ela estava descalça e parecia completamente confortável no pequeno quarto de Tenten.

— Um feitiço do sono. – Ela murmurou enquanto buscava algo entre os vidros que ela havia espalhado sobre a escrivaninha da Mitsashi. – Do que se lembra? – Os olhos perolados me fixaram com curiosidade.

— Não sei como isso aconteceu. – Expliquei e a expressão da bruxa permaneceu ilegível. – Só me lembro de sonhar que havia alguém dentro do quatro todas as noites. – Franzi o cenho enquanto tentava acessar minhas memórias.

— Tem razão em pensar isso. – Hinata desviou os olhos para a escrivaninha novamente e puxou um frasco com líquido roxo. – Eles estavam lá, através dos seus sonhos. – Ela me estendeu o recipiente e eu o peguei. – Beba de uma única vez.

O gosto era horrível e a minha careta fez com que Hinata me lançasse um pequeno sorriso.

— Obrigada. – Estendi o vidro para ela e a morena balançou a cabeça negativamente. – O que é?

— Isso foi só para preparar o seu estomago. – Hinata explicou pacientemente. – A verdadeira poção ficará pronta daqui há alguns minutos. – E sem mover um único músculo, os ingredientes que ela havia trago consigo começaram a voar em direção à um pequeno caldeirão que despareceu diante dos nossos olhos.

— Uau. – Tenten murmurou atraindo minha atenção. – Como você consegue ser tão azarada? – O sarcasmo em sua voz me fez revirar os olhos.

Vai se foder, Tenten.

— Consegue saber quem fez isso, Hinata? – Ino que permanecia em silêncio até então levantou-se da cama. – Não é como se Sakura estivesse sozinha.

— O coração vulnerável e algumas gotas de sangue são uma boa porta de entrada. – Hinata disse com tranquilidade. – E você sabe quem fez isso. – Apesar de não proferir nenhuma palavra em voz alta, as duas mulheres entraram em um acordo. – Pressione sobre sua mão. – A Hyuga me entregou um lenço úmido que eu não vi de onde surgiu.

Hinata deixaria qualquer mágico de queixo caído com suas habilidades naturais. E ela parecia ciente da minha admiração em cada um de seus gestos, mas não parecia incomodada com isso.

— Então vocês pretendem ir até o Portal Celeste.

— Não queremos ir até o portal. – Ino a interrompeu. – Prédio C. É assim que elas o conhecem, precisamos ir até a sala dos espelhos.

— O nome daquele prédio é Portal Celeste? – Tenten revezou seu olhar entre Ino e Hinata em busca de respostas. – Uau. – Ela murmurou surpresa ao receber a confirmação da Hyuga.

— Fico impressionada com a capacidade de Tsunade de manter algo do tipo em segredo. – Hinata disse olhando diretamente para Ino. – Quanto poder aquela velha bruxa ainda tem?

— O suficiente para proteger esse lugar. – Ino ergueu os ombros como se aquele assunto não importasse. – Você descobrirá a senha?

— Meu irmão chegará daqui a dois dias. – Hinata explicou como se aquilo fizesse sentido. – Aparentemente, ele é atraído por situações em que ciganas são envolvidas mesmo que não perceba. – Os olhos dela pousaram sobre Tenten com interesse. – Ele saberá da senha e não precisarei de muito para convencê-lo a me contar.

— Como não percebi antes? – Ino olhou para Tenten com surpresa e cruzou os braços sob o peito. – Tem razão. Tem toda razão.

— Do que vocês estão falando?

— Me conte sobre sua mãe. – Hinata pediu com paciência. – O que sabe sobre ela?

— Não sei nada sobre ela. – Tenten, em um gesto nervoso, levou a mão até o pingente do colar e o apertou. – Fui criada pelos meus avós.

— Eu conheci a sua verdadeira mãe. – Hinata contou sem cerimônia alguma. – Mas acho que não está pronta para ouvir sobre isso agora. – Acrescentou ao ver que Tenten estava surpresa.

— O que aconteceu com ela? – A pergunta de Tenten não passava de um sussurro. Me surpreendi ao ver que os olhos dela estavam lacrimejando. – O que...

— Ela foi uma grande mulher. – Hinata interrompeu Tenten e ofereceu à ela um lenço azulado. – Um cigano é aquele que deserda do clã dos bruxos para encontrar a si mesmo através do mundo. Muitos perdem seus poderes quando rompem seus laços com o Coven, mas encontram uma enorme fonte de magia logo em seguida.

— Como isso é possível? – Dessa vez eu quem fiz a pergunta. As palavras de Hinata se contradiziam. – Não faz sentido.

— Nunca tive coragem de abandonar a minha família para descobrir. – Hinata me respondeu com melancolia. Havia algo em seus olhos que me causou uma estranha sensação de nostalgia. – Nunca prenderei uma única alma livre e nunca retrocederei um passo com arrependimento. Essas são as palavras que cravo em meu coração. — Ela recitou com uma expressão de quem fazia um esforço bom para recordar-se de tais lembranças. – Não é a primeira vez que ouvirá sobre isso.

Eu reprimi meus comentários, mas tinha a sensação de que conhecia aquelas palavras antes mesmo que Hinata as dissesse. Algo no olhar dela em minha direção indicou que ela sabia exatamente o que eu estava pensando.

— Beba isso de uma única vez. – A bruxa pareceu satisfeita ao me surpreender mais uma vez com os seus dons. – Isso irá garantir que nenhum demônio do destino cruze seu caminho novamente.

X-X-X

Quando Hinata me disse que eu não seria mais incomodada, ela fez questão de esconder o quanto seu remédio milagroso me faria mal.

Só quando eu fui forçada a montar acampamento sobre o vaso sanitário que percebi o quanto eu precisava de desintoxicação. Principalmente porque não conseguia comer nada sem correr para vomitar.

Tenten estava certa, eu era uma azarada de merda.

— O que está acontecendo? – A voz preocupada de Sasuke atravessava a porta do banheiro todas as vezes em que ele fazia menção de entrar. – Sakura?

— Eu estou bem. – Repeti pela terceira vez. – Hinata disse que isso poderia acontecer.

— Hinata Hyuga? – A surpresa na voz de Sasuke me fez erguer o rosto e observar a porta do banheiro com curiosidade. – Como isso aconteceu?

— Ino. – Resmunguei a resposta enquanto dava descarga. Agora eu tinha certeza de que estava melhor, pelo menos por enquanto. – Ela conversou com Hinata sobre os sonhos. – Esclareci antes de pegar minha escova de dentes.

O incomodo em Sasuke me deixou confusa. Pensei em questioná-lo sobre isso, mas optei por terminar de escovar os meus dentes para acabar com aquela conversa estranha.

— Qual o problema? – Perguntei quando saí do banheiro. O Uchiha estava sentado sobre a cama e mexia em seu celular com aparente concentração. – O que aconteceu com você? – Tenho certeza de que minha voz subiu algumas oitavas ao ver que Sasuke tinha o braço direito imobilizado por uma tipoia.

— Do que está falando? – A confusão nos olhos de Sasuke me fizeram ter certeza de que ele sequer lembrava daquele detalhe. – Eu caí. – Ele murmurou olhando para o próprio braço e em seguida me fitou com cuidado. – Como você está?

— O que aconteceu com o seu braço? – Ignorei a pergunta dele enquanto me aproximava da cama em passos lentos. Em meu rosto, havia a minha melhor expressão de irritação. – Por que está com ele imobilizado?

— Eu caí. – Sasuke respondeu-me novamente com uma pontada de cinismo. – Não precisa se preocupar, daqui há algumas horas não precisarei mais imobiliza-lo. – Cruzei meus braços e arqueei as sobrancelhas esperando que aquilo o intimidasse de alguma maneira. – Minha recuperação não foi tão rápida quanto pensei.

— Isso significa que o estrago foi maior do que você esperava. – Olhei para a tala mais uma vez e tentei imaginar o que havia acontecido. – Você acha que me engana dizendo que caiu?

— Não. – Sasuke não pareceu afetado com minhas acusações. – Mas não é mentira, eu realmente caí. – Ele indicou que eu deveria me sentar ao seu lado e continuou avaliando minhas expressões com cautela. – Ficará satisfeita se souber que algo me derrubou?

— O que exatamente fez isso?

Sasuke ponderou se deveria me responder ou não. Eu conseguia notar isso apenas pela forma com que seu maxilar parecia ficar tenso enquanto sua mente cogitava inúmeras possibilidades.

— Um lobo.

— UM LOBO? – O olhar de advertência de Sasuke fez com que eu me constrangesse. – Desculpe, mas... Um lobo?

— É, não sei porque eles estavam aqui. – Ele murmurou tal informação com resignação. – Foi uma surpresa.

— Achei que você estava em uma reunião. – Estreitei meus olhos e Sasuke balançou a cabeça negativamente. – Eu me lembro bem.

— Não, eu disse que tinha algo a resolver. – Sasuke me corrigiu delicadamente. – Não se preocupe, de qualquer maneira. A tala é apenas...precaução.

— Nunca imaginei que veria um vampiro machucado. – Brinquei me deitando na cama. Para a minha surpresa, Sasuke fez o mesmo, virando seu rosto na minha direção com proximidade. – Essa é novidade. – Murmurei.

— Não será a última vez. – Sasuke confessou sem qualquer receio. – O mundo do qual nós viemos é perigoso. Coisas como essas costumam acontecer.

Ergui minha mão esquerda e toquei o rosto de Sasuke delicadamente, apenas para afastar alguns fios de cabelo do seu rosto. Não deixei de acha-lo adorável ao fechar os olhos, mas mantive tal comentário para mim.

Agora as coisas estavam diferentes, mas eu não conseguia distinguir os novos limites.

— Tenho a sensação de que nunca vou aprender o suficiente. – Confessei com receio. Os olhos de Sasuke me fitaram com paciência. – Me sinto frustrada em metade do meu tempo livre.

— E na outra metade?

— Revezo entre não morrer e não saber o que fazer. – Saber que minhas frustrações podiam causar um pequeno sorriso em Sasuke me deixava aliviada. Ele constantemente sentia muito, embora sempre expressasse um semblante indiferente que não combinava com suas emoções. – Não há nenhuma maneira de recuperar as minhas lembranças? – Sussurrei enquanto ele enlaçava nossas mãos.

— Nenhuma que seja segura. – Sasuke demorou para me responder. – Ao menos, nenhuma que eu conheça.

— Você já tentou?

— Algumas vezes. – Ele confessou desviando o olhar para o teto do quarto. – Achei que enlouqueceria com todas aquelas vozes em minha cabeça. E todas as lembranças que recuperei não foram tão uteis como eu pensava ser. – Ali estava o sentimento de frustração e incapacidade que eu estava me acostumando a identificar em Sasuke. Ele não gostava disso.

— Todas as minhas lembranças são tão confusas. – Fechei meus olhos enquanto buscava em minhas memórias. – A memória mais clara é aquela sobre os sonhos com o orfanato.

— Não se lembra de nada relevante sobre sua infância? – Balancei a cabeça negativamente. – Eu não participei da sua vida humana até poucos anos atrás.  

— Eu realmente não me lembro de você. – Abri os olhos para encará-lo. – Eu não...Uma mulher, quem era? – Falar sobre tais memórias parecia capaz de trazê-las a tona.

— Minha mãe ficou com você até que precisou retornar para Konoha. – Sasuke contou-me com receio das minhas reações. – Nós achamos que modificar suas lembranças sobre ela seria menos traumático.

— Por que?

— Quando meu pai foi busca-la, ele não se preocupou em esconder que não estava insatisfeito com a sua existência. – Raiva. Aquele era outro assunto sensível para Sasuke. – Não foi agradável.

— Eu gostaria de lembrar da sua mãe com mais clareza. – Falei enquanto ainda tentava acessar as minhas memórias. – Prometa que nunca mais irá alterar minhas memórias, Sasuke. – A advertência em minhas palavras pareceu atingi-lo. – Me prometa que não fará isso nunca mais.

— Você está com raiva?

— Estou garantindo que vou me lembrar da minha vida. – A determinação em minhas palavras fez com que ele aquiescesse. – Se eu te perguntasse sobre isso, você mentiria?

— Se você me fizesse uma pergunta direta sobre isso não. – Sasuke me respondeu de imediato. – Nós não tínhamos uma boa convivência, Sakura. Posso contar quantas vezes conversamos, de fato, até chegarmos aqui.

— Não vou me desculpar por isso. – Afirmei. – Eu realmente te odiei.

— Ouvir isso não me deixa feliz. – A expressão serena de Sasuke não condizia com a apreensão que os sentimentos dele exalavam. – Me esforcei muito para não ser um empecilho em sua vida humana.

— Então por que me encontrou tão cedo? – Eu não sabia quantas vezes eu havia reencarnado, nem o porquê da escolha das minhas palavras, que surpreenderam Sasuke tanto quanto eu.

— Eu conheci sua mãe humana. – Sasuke me disse após um tempo em silencio. O leve aperto em minha mão me deixou tensa. – Ela me pediu para protege-la quando soube que estavam atrás dela.

— Quem estava atrás dela?

— Não sei. – Sasuke confessou em um fio de voz. A tensão agora não estava apenas em mim. – Tem sido assim desde então. Pensei que deixa-la no orfanato era uma boa escolha, ninguém conseguiria ligar você à mim dessa maneira.

— O incêndio. – Agora tudo fazia sentido. Todos os sonhos não passavam de lembranças. Eu estive lá. – Todos aqueles gritos...O fogo...Eu...

— Eu não sei se aquilo foi por sua causa. – Sasuke afirmou ao ver que meus olhos estavam enchendo-se de lagrimas. Ele estava preocupado. – Naruto estava lá, ele teria visto alguma coisa.

— Naruto?

— Não sinta culpa por aquele incidente. – Sasuke afirmou. – Depois disso, pedi para que minha mãe cuidasse de você.

— E o que você fez todos esses anos? – Murmurei a pergunta enquanto tentava controlar meus sentimentos. Eu queria chorar, mas sabia que se o fizesse Sasuke não me contaria mais nada. – Por onde esteve?

— Procurei por respostas.

Virei o rosto para outro lado ao notar que não conseguiria mais segurar as lágrimas. Eu me sentia ainda mais frustrada e culpada por não me lembrar de tudo.

Aqueles sonhos eram tão claros que eu não conseguia acreditar que eram fragmentos das minhas memórias que retornavam insistentemente e eram combatidas por Sasuke com a mesma intensidade.

Eu não conseguia acreditar em tudo o que havia perdido.

— Me desculpe, Sakura. – O aperto de Sasuke em minha mão e sua voz transtornada me fizeram olhar para Sasuke. – Não queria te fazer chorar.

— Eu... – As palavras ficaram sufocadas em minha garganta por um momento. – Eu só preciso ficar sozinha por algumas horas. – Declarei soltando minha mão da dele o mais delicadamente que consegui. – Só preciso de um tempo. – Enfatizei e ele aquiesceu concordando com o que eu disse.

— Me perdoe por isso. – Sasuke disse mais uma vez enquanto levantava da cama e rumava em direção à saída do quarto. – Eu...Estarei por perto, caso precise de mim.

Não tive coragem de responder Sasuke e nem fui capaz de encarar por muito tempo o olhar amargurado que ele tinha. Eu não podia suportar nem mesmo a confusão que habitava em meu próprio coração.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Recomendações? Xingamentos? Criticas construtivas?
Essa interação que eu tenho com vocês é o que me faz continuar a escrever. ♥