Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 17
Capitulo 16 - Sangue Seco


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 19/02/2021.
A última versão desse capítulo foi queimada. hahah sério, construí tudo do zero.
Dedicado à Daanys, obrigada pela recomendação.
Espero que gostem,
Boa leitura!



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Sangue Seco

Olhar aquele semblante assustador tinha me feito recuar como nunca antes. O medo consumia meu corpo, aqueles olhos vermelhos me perseguiam e as presas ameaçavam rasgar a minha carne.

— Vá embora.

— Não vou. – A resposta ríspida me fez recuar. – Da próxima vez que nos encontrarmos, vou garantir que você não volte nunca mais. – A ameaça em suas palavras me fez temer. - Vou garantir que queime no inferno para sempre.

— Por que não me mata agora? – Apesar do medo, as minhas palavras soaram firmes. De alguma forma, eu sempre soube que ela não poderia me ferir. – É melhor aproveitar a oportunidade antes que Sasuke retorne. Vou contar à ele tudo o que sei.

— E você não vai se lembrar de nada disso. – A voz me disse melodiosamente. – Não vai se lembrar porquê eu não quero que se lembre. – Eu sentia a presença se aproximando de mim, mas algo em minha boca me impedia de gritar. – Vampiros como eu não podem usar magia facilmente. E é por isso que nós temos aliados.

Olhos brilhantes surgiram no escuro. Eram como pupilas amarelas de cobras que me fitavam com interesse. Ele havia me assustado mais do que a outra. Muito mais.

— Olá Sakura. – Ouvi o estalar de dedos e no mesmo instante tudo começou a desaparecer. – Nos veremos em breve.

Gritei como nunca havia feito antes. Minha voz parecia cortar minha garganta enquanto meu corpo se debatia sobre a cama descontroladamente.

Abri meus olhos e tateei a cômoda ao lado da minha cama para acender a luz do abajur.

Eu já sabia da ausência de Sasuke. Sabia que ele tinha voltado para a mansão e que era perigoso me ter por lá naquele dia, embora ele não tivesse me dito o porquê.

Como água entre meus dedos o sonho havia desaparecido, mesmo que o corte em minha mão dissesse o contrário. O sangue escorria por toda a palma, manchando o lençol e tudo o que eu tocava. Onde fiz aquilo?

Franzi o cenho enquanto encarava o ferimento e cheguei à conclusão de que provavelmente tinha me cortado antes de dormir.

Minha cabeça doía e eu não conseguia me lembrar do porquê tinha gritado tanto antes de acordar, então me limitei a encarar o teto do quarto enquanto tentava acalmar a mim mesma.

Tudo estava bem.

Eu estou segura.

X-X-X

— Ok, ok. – Tenten estava sentada sobre a minha cama e depois de ficar abismada com o tamanho do quarto, parecia disposta em me escutar. – Isso explica sobre aquela alma velha que eu senti em você.

— Ei!

— Não quis te ofender. – A Mitsashi ergueu as mãos em sua própria defesa. – Mas uma garota de dezenove anos não devia ter um espírito ancião dentro de si.

— Se você me chamar de velha mais uma vez vou chutar a sua bunda. – Ameacei antes de bater em Tenten com uma das almofadas. – Agora me diz qual é a desse colar.

— Eu não sei. – Tenten parecia exasperada e com medo ao lembrar sobre as palavras de Ino. – Acha que ela virá atrás de mim? A Ino?

— Não é como se ela fosse te perseguir. – Avisei levantando-me da cama. – Mas acho que você vai precisar ser mais convincente do que “eu cresci com ele”.

— Que ótimo. – Ela deitou em minha cama e balançou seus pés com nervosismo. – A porra da verdade não nos leva a lugar algum.

— Bem vinda ao meu mundo.

— Que merda de mundo, hein. – Tenten ergueu o rosto para me encarar e nós duas rimos com frustração. – Como está sua cabeça com tudo isso?

— Eu só aceitei. – Murmurei em resposta antes de me deitar na cama também. – Já vi tanta coisa que acreditar em algo a mais ou a menos não fará diferença.

— As pessoas costumam reencarnar quando tem alguma pendência aqui.

— Ai, cala a boca. – A empurrei sutilmente e soltei um suspiro. – Se nós teorizarmos sobre isso apenas ficará pior.

— O que quer dizer com isso?

— Uma coisa é ter água até os tornozelos. – Murmurei encarando Tenten com seriedade. – A outra é correr até ficar com ela no pescoço e continuar andando.

— Sabe que isso uma hora vai acontecer, não é?

— Eu sei. – Suspirei e fechei os olhos. – Mas não sei se estou pronta pra isso.

— Está com medo?

— Estou com medo de não ter as respostas que Sasuke precisa. – Confessei após um tempo. – Ele parece contar com isso. De alguma forma ele acredita mesmo que eu sou a solução dos problemas dele.

Além do motivo pelo qual ele vive. – A voz debochada de Tenten me fez rir. – Quem diria que o vampirão sexy teria coração?

— Você é ridícula. – Devolvi a alfinetada em minha amiga que riu. Era bom conversar com alguém que sabia tanto quanto eu sobre tudo. – E eu sou tão ridícula quanto você por achar que nossa conversa renderia alguma coisa.

— Ok, eu tenho uma novidade. – Tenten interrompeu minhas reclamações e sentou-se na cama. – Uma garota falou comigo essa semana.

— E?

— Hinata Hyuga. – Foi a minha vez de sentar na cama para observar Tenten. – Você a conhece?

— Não é a primeira vez que escuto sobre. – Confessei com o cenho franzido. – O que ela quer com você?

— Eu nunca tinha visto ela por aqui. – Tenten disse enquanto soltava o cabelo do coque que o prendia. O cabelo castanho caiu em cascadas por seus ombros e ela se prontificou a desembaraça-los com as pontas dos dedos enquanto nós conversávamos. – Ela é uma bruxa. – Murmurou tal informação com espanto.

— Uma bruxa? – Tenten aquiesceu e eu continuei com a minha careta. – O que uma bruxa quer com você?

— Por que uma bruxa não iria querer nada comigo? – Ergui os ombros em resposta e Tenten suspirou. – Ela disse que foi designada pela diretora Tsunade a me ensinar.

— Você é o pacto dela?

— Não, é claro que não. – Tenten revirou os olhos diante da minha ignorância. – Bruxos não podem ter esse tipo de vínculo com ninguém. Ao menos não entre eles.

— Você não é bruxa.

— Está me ofendendo. – A careta dela me fez rir. – Ok, eu sei que não sou. Não me sinto como uma bruxa de qualquer forma, mas...E se for?

— Uma bruxa? Você?

— Você me disse que Ino sentiu alguma coisa vindo desse colar. – Ela segurou o pingente em seu pescoço para enfatizar o que dizia. – E se meus poderes estiverem adormecidos aqui? Como um selo?

— Nessa coisa pequena? – Olhei para o colar e balancei a cabeça negativamente. – Acho pouco provável.

Tenten fez um bico e continuou a pentear o cabelo enquanto refletia sobre o que nós tínhamos conversado.

— Ela esteve na mansão Uchiha. – Contei atraindo a atenção de minha amiga mais uma vez. – Naruto e Ino a encontraram para uma reunião.

— É mesmo?

— É. – Afirmei balançando minha cabeça algumas vezes. – E na biblioteca, quando eu encontrei o Sasori.

— Acha que ela é problema?

— Não sei se estou disposta a descobrir. – Confessei a Tenten que concordou comigo no mesmo instante. – Acho que nós duas estamos bem do jeito que estamos.

— É, eu também acho. – A Mitsashi concordou comigo mais uma vez. – Mas não vamos conseguir fugir dela, você sabe, não é? Principalmente se for problema.

— Por que está dizendo isso?

— Nós somos duas fodidas. É só por isso.

X-X-X

— Está me dizendo que sua reunião foi um fracasso? – Perguntei enquanto olhava para o celular em minha mão. – Ficaria frustrada se fosse você.

— Não é como se estivesse fechando negócios. – A voz de Sasuke soara alta pelo telefone. – Nós apenas precisamos de provas mais concretas.

— Tudo bem, não precisa me contar sobre isso. – Adiantei-me para que ele não me dissesse algo que poderia instigar minha curiosidade. – Eu estou bem, não precisa se preocupar.

— Tem certeza?

— Absoluta.

— Por que tem acordado toda madrugada? – Direto como era, Sasuke me encurralou. Mais uma vez fazendo perguntas das quais ele sabia as respostas. – Não quer me contar sobre isso?

— Está me vigiando?

— Às vezes sinto medo. – O Uchiha confessou com naturalidade. – Não é meu.

Prendi minha respiração e me sentei na cama com esforço, peguei o celular que estava apoiado contra os travesseiros e agradeci mentalmente por Sasuke não ser apto a fazer vídeo-chamadas.

— Não me lembro. – Murmurei a resposta tendo ciência de que ele me ouviu. – Não me lembro de nada do que sonhei.

— Como pode ter medo de algo que não lembra?

— É uma boa pergunta. – Mordi o lábio inferior e fiquei em silêncio. – Ei Sasuke...

— Sim?

— Você tem visto a Karin? – A pergunta saiu antes que eu pudesse refreá-la. – Eu...

— Eu e Karin nunca tivemos nada. – Sasuke interrompeu minha frase. – Nós nunca tivemos nada que não fosse por causa do plano.

— Plano?

— Não posso te explicar isso por telefone, mas logo você saberá. – Sasuke me disse com convicção. –E respondendo sua pergunta, não a vejo há muitos dias. Por quê?

— Acho que sonhei com ela. – Confessei com confusão. – Eu não tenho certeza, mas a voz em meu sonho me lembra a dela.

— Não consegue mesmo lembrar o que ela diz? – A apreensão na voz de Sasuke também tomava conta de seus sentimentos. – Nenhuma palavra?

— Só consigo me lembrar de olhos amarelos. – Murmurei forçando minha memória ao máximo. A dor em minha cabeça tornou-se insuportável. – Mais do que isso me dá uma dor de cabeça terrível. – Contei a ele enquanto esfregava meus olhos.

— Vou pedir para que Naruto vá até ai agora. – As palavras de Sasuke eram sérias e me assustaram por um momento. – Não deixe que ninguém entre além dele, está me ouvindo?

— Tudo isso por causa de um pesadelo? – Olhei para o celular com surpresa, mas o nervosismo nas emoções de Sasuke me deixou alerta. – O que está acontecendo?

— Eu não sei. – O Uchiha me confessou com pesar. – Não posso ir até ai hoje. Mas Naruto garantirá sua segurança até o meu retorno amanhã.

— Não acha que está exagerando? – Passei a mão pelo meu rosto e me lembrei do corte. Um balde de água fria havia caído sobre mim. – A minha mão...

— O que aconteceu?

— Quando tive o primeiro sonho... – Olhei para o corte vermelho em minha mão e as coisas pareciam encaixar-se como um grande quebra cabeça. – Um corte. Na minha mão direita.

— É o suficiente para que eu volte agora.

— Não. – Interrompi Sasuke de imediato. – Você precisa resolver o que está fazendo aí. Naruto vai ficar comigo hoje.

O barulho de batidas na porta me assustou. Olhei para ela em silêncio enquanto esperava que a pessoa se apresentasse.

— Sou eu. – A voz de Naruto me fez suspirar. – Tenho pizza e uma caixa de filmes, acha que vamos nos divertir hoje?

Caminhei até a porta com o celular em minhas mãos e deixei que Naruto entrasse. Ele parecia pronto para dormir a qualquer momento.

— Me avisem se algo acontecer. – Sasuke pediu antes de encerrar a ligação. – Boa noite, Sakura.

Naruto deixou a pizza sobre a mesa que Sasuke usava e os filmes no chão próximo da tevê. Ele me encheu de assuntos aleatórios durante a noite e chorou como uma criança ao ver Titanic, em sua opinião, o melhor.

Quando já passava das três da manhã, ele deitou no sofá e cobriu-se com um cobertor, me desejando boa noite como se estivéssemos mesmo em uma festa do pijama. Naruto não agia como meu segurança particular e eu me sentia aliviada por isso.

Não tive nenhum pesadelo.


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Notas finais do capítulo

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