Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Essa é a nova versão do prólogo! Como brinde, deixo com vocês a versão nova do capítulo 1 também!
Espero que gostem, aos novos e antigos leitores ♥
Boa leitura!



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Prólogo

 

Nós sempre tentamos nos adaptar a situações das quais não fazemos parte. Precisar me adaptar ao comum era a resposta que bastava para que eu soubesse exatamente sobre onde eu não deveria estar.

O desconforto em meu peito não era natural. A dor incessante que parecia expandir meu coração a cada lufada de ar que eu puxava por entre os meus lábios era uma consequência, um castigo que meu próprio corpo causava a mim.

Ouvir histórias sobre como os homens gananciosos faziam pactos com demônios para conseguir riquezas imensuráveis não me assustava. Eu não me assustava com monstros, nem com a possibilidade de ir para o inferno de uma única vez.

Eu já estou presa à um destino que não será alterado até a minha morte.

Não preciso temer o inferno...Porque já conheço Sasuke Uchiha.

X-X-X

O gosto metálico era do meu próprio sangue. O corte que fiz em meu lábio na tentativa de conter toda a sensação de raiva que me preenchia tinha causado aquilo. Eu sabia que a raiva não era minha.

Puxei a gola da minha blusa e me abanei com a mão esquerda para tentar aplacar o calor, atraindo o olhar curioso do garoto ao meu lado. Seus olhos escuros me observavam com atenção, deixando de lado o filme ridículo que havíamos escolhido para aquele dia.

— Está tudo bem? – Ele questionou franzindo o cenho. – Quer ir pra fora tomar um ar?

— Estou bem. – Respondi endireitando minha postura contra a poltrona. Eu estava suando como se tivesse corrido uma maratona por muito tempo. – Vou ao banheiro. – Quando fiz menção de me levantar, o toque firme dele me conteve. Os dedos gelados causaram arrepio em minha pele, mas não passavam do resultado inevitável do choque térmico.

— Você está queimando, Sakura. – O rapaz fez menção de levantar, mas eu o contive com o olhar. – Vamos embora.

— Não, não vamos. – A minha voz falhou e eu senti um incomodo em minha garganta como uma inflamação que crescia conforme os segundos passavam. – Eu estou bem, Sai. – Algo em minha expressão o deixava em dúvida, mas não me esforcei para descobrir o que era.

— Não estou confortável com isso. – Sai disse resignado. Seu cabelo escuro estava perfeitamente alinhado e contrastava com sua pele alva. Às vezes eu tinha a sensação de que ele nunca havia passado mais do que meia hora de um dia sob o sol. – Você está com cara de quem vai sair correndo a qualquer momento.

— Acho que é seu lado artístico falando mais alto. – Falei desvencilhando minha mão do enlace dele com gentileza. Eu sentia o suor escorrendo pela minha nuca e o aperto em minha garganta dificultava minha capacidade de formular algo melhor do que aquilo. – Volto logo. Eu prometo.

Eu não acreditaria nas minhas palavras, mas pareceu o suficiente para Sai e foi a minha deixa para sair da sala o mais rápido que consegui.

— Senhorita, está tudo bem? – Uma moça me perguntou ao cruzar seu olhar com o meu. Ela deu um passo em minha direção e parecia preocupada. – Precisa de ajuda?

— Onde é o banheiro mais próximo? – Minhas cordas vocais tinham sido transformadas em pequenas laminas de vidro. Falar estava se tornando cada vez mais difícil. – Obrigada. – Agradeci antes de sair em disparada para o final do corredor.

Pensar sobre Sai me deixava com a sensação de culpa. Eu sabia dos sentimentos dele por mim, muito antes dele deixar suas intenções claras.

Ignora-los, no entanto, sempre foi a melhor opção.

Sai e eu nos conhecemos logo quando troquei de colégio. Ele tinha sido meu primeiro amigo, embora houvéssemos nos separado anos depois. Nossos destinos iam em direções opostas até nesses pontos comuns.

Sai se juntou aos artistas e eu a turma daqueles que iam parar na diretoria por qualquer motivo. Na maioria das vezes, eu e Ayumi éramos flagradas pulando os muros do colégio para cabular aula ou em conflitos com outros alunos.

A bagunça em minha vida não tinha espaço para ele, principalmente a parte em que ele não sabia.

Entrei no banheiro e meus olhos estavam marejados. Joguei minha bolsa na pia e liguei a torneira, jogando água contra o meu rosto. A água não parecia suficiente para amenizar o que eu estava sentido.

Ergui o rosto constatei que ele estava vermelho, meus olhos verdes estavam opacos e meu cabelo rosado desprendia-se do meu rabo de cavalo toda as vezes em que eu me mexia. Baixei o rosto e puxei o ar pelos lábios, eu já havia passado por isso antes e não havia nenhuma solução a não ser esperar que tudo passasse.

— Sakura. – A voz melodiosa chamou minha atenção, no mesmo instante em que uma mão repousou sobre o meu ombro. – Vai ficar tudo bem. – Ela murmurou tentando me reconfortar.

— Preciso ir embora. – Falei enquanto jogava mais um punhado de água em meu rosto. – Consegue me ajudar com isso, Ino?

Ino tinha o cabelo loiro e olhos tão azuis quando o céu. Normalmente ela exibia um sorriso travesso, que era ressaltado pelas maquiagens excelentes que ela costumava usar –principalmente pelo inseparável batom vermelho – mas hoje seu rosto estava lívido, embora ela continuasse com a sua aparência elegante utilizando um sobretudo preto, calças jeans e uma bota preta com salto.

— Como me encontrou? – A pergunta escapou antes que eu pudesse refreá-la. – Como sabia que eu estava aqui?

— Tem sorte de ter sido eu. – Havia advertência nas palavras de Ino e eu desviei os olhos, pois sabia exatamente do que ela estava falando. – Sabe que tudo isso que você sente é consequência do pacto, não é?

Aquiesci. Eu sabia de algumas das premissas que aquela pequena particularidade trazia para a minha vida.

O pacto de sangue era um dos juramentos inquebráveis que existiam no mundo. Uma magia antiga que unia duas almas por toda a eternidade.

— Eu o odeio, Ino. – Murmurei sentindo meus olhos lacrimejarem. – A minha vida seria normal se eu não o conhecesse.

— Você também não me conheceria. – Ino disse agarrando a minha mochila pela alça. – Sou um incomodo na sua vida, Sakura?

— Ino, não é disso que eu estou falando. – Tentei me justificar e ela apenas balançou a cabeça, um leve sorriso brincava em seus lábios. – Do que está rindo? – Foi inevitável que minha voz saísse semelhante à um grunhido.

— O destino é um só. – Ela me disse e estendeu a mão para tirar uma mecha de cabelo do meu rosto. – A vida vai tomar o curso que precisar, mas é você quem decide como as coisas vão acontecer.

— Não gosto da forma que você sempre parece saber mais do que me conta. – Murmurei começando a segui-la para fora do banheiro. – Por que não me conta?

— E eu sei mais do que você imagina. – Ino confirmou com tranquilidade antes de sorrir para a mesma funcionária que havia se preocupado comigo. Os olhos da moça brilhavam na direção da Yamanaka, esperando qualquer outro sinal de que receberia sua atenção novamente.  – E você pode saber também, se perguntar para a pessoa certa. – Ino puxou a porta que dava acesso a saída em um gesto cavalheiresco.

Molhei meus lábios com a ponta da língua e baixei os olhos pelo restante do caminho. Eu sabia sobre quem ela falava, mas me recusei a dar continuidade para a conversa pelo restante do caminho.

Sentada no banco do carona de um carro vermelho e chamativo, senti que meu corpo estava quase sem energia. Com o passar dos anos, eu aprendi que me concentrar em qualquer outra banalidade me ajudaria a desviar meu foco do que acontecia, mesmo que eu não fosse capaz de sentir as pontas dos meus dedos e nem de apaziguar a dor que crescia em meu coração a cada instante.

Ino me olhava de esguelha, preocupada e irritada com o trânsito que ela não estava acostumada a enfrentar.

— Eu odeio carros. – Ouvi o resmungo certa vez e em seguida, ela buzinou desenfreadamente. –Se ao menos Gaara tivesse me emprestado a chave de portal... Argh.

— Você não é uma boa motorista, Ino. – Murmurei pouco antes de fechar os olhos. – Você realmente vem do mundo certo.

— Continue fazendo piadas, Sakura. – Ino disse ao virar em uma esquina com brusquidão. Alguém a xingou alto, mas sua voz foi abafada pelo barulho da buzina de outro motorista. – Continue acordada.

Abri os olhos como ela tinha dito e me surpreendi ao notar a tempestade que estava se formando por toda a cidade. As nuvens escuras davam um aspecto sombrio, os raios cortavam o céu silenciosamente, preparando-se para assustar a todos no momento certo.

Alguns minutos se passaram até que os trovões finalmente começassem a ressoar, ensurdecedores e violentos, antes que a chuva finalmente desabasse sobre nós.

— Porra. – Ino rosnou batendo contra o volante. – Estamos chegando, Sakura. – Ela desviou o olhar irritado da pista para mim. – Não vamos demorar muito.

A dor em meu coração me impediu de dizer qualquer coisa. Embora Ino estivesse empenhada em atravessar o transito com unhas e dentes, eu temia que aquela tortura continuaria por muito mais tempo.

Fechei os olhos quando um novo raivo partiu os céus, tendo a impressão de que parte dele havia me atingido. Aquela era uma sensação nova e me fez arfar em meu lugar mesmo que eu tentasse a todo o custo reprimir minha voz.

— Fique acordada. – Ino pediu com preocupação. – Sakura, mantenha os olhos abertos.

Por mais que me esforçasse, não consegui abrir meus olhos. Minhas pálpebras estavam pesadas, meu corpo não parecia ter energia alguma e eu senti que a qualquer momento seria consumida pela inconsciência.

— Gaara, me ajude a leva-la para dentro.

A voz de Ino estava abafada pelo barulho da tempestade, mas logo senti as mãos de Gaara me desvencilhando do cinto de segurança e me puxando para fora do carro com agilidade.

Os pingos de chuva que me atingiram pareciam cubos de gelo em contato com a minha pele. Eu não conseguia compreender o que eles falavam entre si, mas me assustei ao ouvir a voz de Sasuke tão alta como se estivesse dentro da minha mente.

— Ela foi envenenada. – As palavras do Uchiha não passavam de um rosnado e senti que ele estava se aproximando de onde eu estava. – Coloque-a no sofá, Gaara, precisamos extrair o veneno.

— Não senti cheiro de veneno nela. – Consegui ouvir a voz de Ino bem ao fundo, ela parecia preocupada. – Achei que fosse coisa do pacto.

— O pacto não faz isso. – Sasuke rebateu com a voz inexpressiva. – Vá até o deposito. – Não consegui entender o porquê daquelas ordens, nem o que deviam buscar.

O depósito da casa era uma área restrita para mim, mesmo que eu fosse a única que morasse ali a maior parte do tempo. A movimentação na casa não passava de ruídos, o aperto em meu peito aumentava e quando arfei mais uma vez, meus lábios foram tomados por um gosto metálico que deixou Sasuke preocupado.

Eu conseguia senti-lo em meio a todo aquele conflito de sensações, ele sobrepunha a dor, o sangue, a raiva e qualquer preocupação. Mesmo diante de todo o ódio que sentia por ele e do medo da morte que parecia aproximar-se a cada instante perdido, eu conseguia senti-lo.

— Abra os olhos, Sakura.

Quis gritar que não conseguia, mas o sangue tomou meus lábios mais uma vez e precisei lutar para não sufocar em minha própria agonia. Sasuke repetiu suas palavras mais uma vez e aos poucos, me forcei a abrir meus olhos para encará-lo.

Os olhos de Sasuke não passavam de um mar de sangue que me fitavam com raiva e preocupação.

— Disse para ficar longe do garoto.

— Você diz muitas coisas, Sasuke. – Minha voz falhou, mas foi o suficiente para estressá-lo. – Isso tudo é culpa sua. – As acusações em minhas palavras não passaram despercebidas por ele. – Se não tivesse me escolhido... – Meus olhos lacrimejaram e me contive para não derramar tais lágrimas diante dele. – Eu te odeio, Sasuke.

— Em todas as suas vidas, foi você quem eu escolhi, Sakura. – Sasuke murmurou e eu senti que o brilho de seus olhos tornou-se mais intenso. – Eu também me odiaria se fosse você.

 


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Notas finais do capítulo

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