Um simples comunicado ao coração: não se apaixone por alguém que esteja tão perto de você, e mesmo assim, você não pode alcançá-la. É algo incrivelmente injusto.

O primeiro sinal havia tocado. Eles tinham meia hora para se reunirem no auditório. A sala de Jon Woo era pequena e cuidadosamente arrumada. Havia algumas fotos nas paredes, vários certificados, uma foto de Jon Woo no dia de sua formatura. Ninally não conseguiu parar de olhar aquela foto. Na verdade, ela nem mesmo tentou de parar de olhar.

Jon percebeu. E sorriu. Pegou as fotos, balançou o corpo enquanto falava.

– Eu não estou parecendo legal nesta foto? – A pergunta veio de surpresa. Ninally apenas sorriu timidamente e balançou a cabeça. – Bem, você já sabe o que falar na cerimonia de abertura?

– Eu posso apenas improvisar na hora. Na verdade, fiquei pensando no que falar e decidi apenas falar o que vier na cabeça.

Ninally ainda sentia algo quente o olhar nos olhos castanhos escuros de Jon. E pelo fato de ela não saber o porquê disso, conseguia agir normalmente. Como se não fosse nada demais. Ah, pobre menina ingênua que não consegue compreender os sinais do primeiro amor. Com certeza, será bem mais divertido quando ela souber que sentimento é esse, ainda mais pelo seu professor.

A expressão de Jon se tornou muito mais divertida quando Ninally terminou de falar.

– Oh, vejo que estou presente de uma gênia jamais vista! – E novamente aquele sorriso reconfortante. – Você é realmente incrível.

– Muito obrigada – respondeu, lembrando-se de algo logo em seguida. – Ah, sim. Professor Woo, por que me mandaram até o senhor? Eu achei que fosse pra pegar os horários, mas lembrei que eles enviam por e-mail. Então...

– Oh, eles não avisaram você? Existe um sistema de integração ao novo aluno. Pra que ele não se sinta deslocado e com dificuldades pra se enturmar, é selecionado um veterano pra ficar ao lado dele por um ano. Ajudam nas interações, atividades, apresentar a escola, aos clubes e essas coisas. O aluno com a nota mais alta no teste de admissão vem diretamente pra mim. Então estarei pegando no seu pé por um ano. Ei, você é uma garota de sorte.

Jon deu a volta na mesa e sentou-se na cadeira ao lado da morena. Ela o acompanhou pelo olhar. Ele logo percebeu. Ele ficou serio por um momento. Não demonstrou nenhuma reação. Piscou algumas vezes e perguntou:

– O que foi? Tem algo de errado no meu rosto?

– Por que tem chamam de Jon-ah?

Jon, dessa vez, teve uma reação um tanto inesperada. Os olhos inchados arregalaram-se um pouco, enquanto ele ajeitava a coluna. Olhou bem rápido para baixo, desviou o olhar e depois sorriu.

– Ah! – Ele sorriu novamente. Quantas vezes ele sorriu durante esse tempo? Ninally já havia perdido a conta. – Eu sou descendente de coreanos. Mas nunca tive a oportunidade de visitar o país. O ‘-ah’ no fim é apenas um sufixo. O pessoal faz isso pra que eu me sinta num lugar onde eu nunca estive, já que eu também considero minha casa. Além disso, se as pessoas me chamarem de ‘professor Woo’, me sentirei velho. E eu tenho apenas 23 anos.

Não havia mais nada que pudesse ser dito. O longe, o segundo sinal tocava. A cerimonia já estava começando. Jon se assustou, haviam passado um tempo a mais do que eles haviam entrado na sala. Ninally tinha um breve discurso de começo de ano.

– Temos que ir, você vai se atrasar!

Eles estavam atrasados sim. Mas isso não deixava que a personalidade extrovertida de Jon fosse reprimida. Ele segurou na mão da morena e a puxou.

– Espera, a minha bolsa, eu tenho que deixar na sala.

– Ah, garota, sua sala fica do outro lado da escola, apenas a deixe ai e vamos pra cerimonia, se você não chegar na hora pro discurso, isso não será bom pra sua imagem. Rápido, rápido!

– Espera aí!

Que tipo de cena seria essa? Seria, definitivamente, o destino. Poucos alunos nos corredores, alguns poucos funcionários. Mas Ninally teria que estar logo no auditório. E Jon não poderia negar, estava curioso sobre o que a jovem iria falar. Afinal, ela não iria no improviso? Quão incrível ela poderia ser?

As portas do auditório estavam bem a frente, estavam abertas.

– Ninally Chase Mc’Bleiy?

– Rápido,vá!

– Ninally Chase Mc’Bleiy está presente? – Ninally se perguntava quantas vezes teriam chamado seu nome.

– Você não vem?

– Estou bem atrás de você. Rápido, vai.

– Ninally?

– Aqui!

Os estudantes se viraram para observar a jovem que corria pelo corredor entre as cadeiras. Ela deu a volta no palco e logo estava na frente de todos eles. Observava Jon que dava a volta e juntava-se aos outros professores. Ele mandava um encorajamento discreto. Ninally ainda não tinha ideia do que deveria falar.

– Olá. Meu nome é Ninally Chase Mc’Bleiy – sua voz doce escoou pelo auditório, e bem na primeira fileira percebeu Hillary com suas amigas. Ela sorria, parecia feliz com a situação da meia irmã. Era uma pena que Hillary não conhecia suas habilidades, aquilo encorajou Ninally. – Desde pequena eu ouvia falar desde lugar. Eu sempre quis saber o que tinha de tão especial aqui. Mesmo eu estando lá fora, sabia que este era um lugar diferente. A oportunidade veio esse ano. Eu resolvi tentar a prova. Eu achava que não fosse possível cruzar estes portões. Até o dia de hoje. Eu fiquei com muito medo ao ver o número de estudantes que estavam no pátio. Eu me senti perdida. Mas em pouco tempo, eu já pude experimentar um pouco da magia deste lugar. É apenas mais um ano pra alguns de vocês. Mas pra outros, assim como eu, é o começo de algo diferente. Eu quero continuar provando desta sensação. E poder criar boas lembranças com todos vocês. Obrigada.