Hurting for a Very Hurtful Pain escrita por Arisusagi


Capítulo 1
A pior dor.


Notas iniciais do capítulo

Li esse texto no sarau literário da minha escola ontem (15/08/2014), por isso ele é curto desse jeito. Quem quiser ouvir a música: http://www.youtube.com/watch?v=csxR8BvLqF8



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Os cadarços desamarrados batiam contra seus sapatos conforme ele andava. Era cedo e fazia frio, ele se perguntava por que estava na rua naquele momento, quase se convencendo a desistir e voltar para casa.

Prometera a si mesmo que a visitaria antes das férias da escola, mas ainda se sentia um pouco desconfortável com a ideia.

Ela já estava doente quando se conheceram e ele sabia do destino que a esperava. Mesmo assim, continuou ao seu lado, provavelmente porque era difícil ver todos os outros se afastarem.

Lembrava-se claramente da última vez que a vira.

“Você veio. Eu falei que não precisa me visitar.” Ela disse com um sorriso fraco. Ele não respondeu, era doloroso demais vê-la definhar naquela cama de hospital com todos aqueles aparelhos ligados ao seu corpo. E o fato de que ele escolhera viver essa dor deixava tudo ainda pior.

Por que ele ainda a visitava? Era por pena? Ou ele realmente gostava dela?

Por mais que ela pedisse, ele era covarde demais para deixar de vê-la. Era como se os últimos instantes de alegria dela dependessem única e exclusivamente dele, mesmo que não fizessem nada durante os curtos momentos que passavam juntos.

A pouca coragem que tinha sumia a cada esquina que virava. Engoliu seco, pensando no que faria quando chegasse lá. Primeiro se desculparia por não ter aparecido durante quase três meses, depois contaria as novidades da escola. Ela sempre perguntava sobre os amigos e professores, mesmo que parecesse triste ao ouvir sobre eles.

Estava quase chegando, sua força de vontade já estava praticamente esgotada e ele sentia o nervosismo tomar conta de seu corpo. Parou em uma floricultura e comprou um buquê de margaridas, na esperança de se acalmar. Seria muito grosseiro chegar de mãos abanando.

Aproximou-se dos portões de ferro, sentindo-se desconfortável com a atmosfera depressiva que envolvia o lugar. Entrou apertando as flores contra seu peito, sua respiração estava descompassada e suas mãos suavam.

Ele nunca gostou de cemitérios.

Caminhou por alguns minutos, quase tropeçando em seus próprios pés, antes de encontrar a lápide com o nome dela.

“Desculpa a demora” começou com a voz trêmula, colocando o buquê junto das outras flores murchas que lá estavam. “Quase desisti no meio do caminho, mas cheguei até aqui...” Ele abaixou a cabeça, tentando segurar as lágrimas.

Era inevitável, ele sabia que aquilo aconteceria cedo ou tarde, mas por que doía? Por que ainda chorava, mesmo depois de tanto tempo? Mesmo depois de todas as promessas feitas a ela e a si mesmo?

Não se lembrava de como recebera a notícia, só do alívio que sentiu ao ouvi-la. Estava tudo acabado, ele não teria que vê-la sofrer, não doeria mais. O remorso veio em seguida, trancando-o em seu quarto por alguns dias. Como ele podia se sentir bem com a morte dela?

“Ela está feliz agora”, ele repetia a si mesmo, tentando se esquecer da dor que o consumia a cada dia que se passava. O sofrimento não fora somente dela e, infelizmente ele não percebeu isso a tempo. Agora, ele entendia o motivo de ela não querê-lo por perto.

“Não sei se conseguirei falar muito” disse entre soluços, deixando as lágrimas mancharem seu rosto. “É mais difícil quando você não responde”.


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Notas finais do capítulo

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