A Garota do Cursinho escrita por SkyDragomir


Capítulo 3
Bem-vindo


Notas iniciais do capítulo

Demorei um 'pouco' né? Desculpem, é que não conseguia fazer esse capítulo ficar razoavelmente apresentável. Mas acho que consegui agora.
Obrigado pelos comentários no capítulo passado, me fizeram sorrir por dias. Podem desabafar nos comentários viu gente? Fico tão feliz quando vocês se identificam com a história.
Beijos, espero que gostem do capítulo ♥



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Faz tanto tempo que eu não trocava nem se quer um ‘Olá’ com ela, acabei por estranhar a voz do telefone, mas continua como me lembro, suave, firme, esperançosa.

Ela pediu para eu atravessar a cidade, pegar ele e ‘convence-lo’ a se tratar, nem que fosse a força, e pela voz dela, a situação estava séria. Nunca tinha visto ela falando totalmente séria, as falas dela sempre esconderam um misto de diversão.

Apertei minhas mãos sobre a capa do volante.

Quando meu celular vibrou, apressei-me em pega-lo, como pressenti, a mensagem estampada tinha como assunto bem grande: Sasuke, urgente.

“Itachi-san, se apresse! Ocorreu um problema! – Hinata Hyuuga”

A mensagem era da proprietária da casa para onde eu estava me dirigindo. Acelerei o carro, em cerca de 15 minutos eu chegaria e veria o que acontecia dentro daquele local.

(...)

A campainha ecoou por apenas um segundo, e vi uma cabeleira loira abrir a porta e puxar-me para dentro. Os amigos de Sasuke estavam em volta de um sofá branco, mais precisamente, em volta de uma Sakura ensanguentada.

– O que aconteceu aqui? – Perguntei, já imaginando o motivo do sangue.

– Sasuke perdeu o controle, Itachi! Bateu na Sakura-chan! – Gritou, o que eu suponho ser Naruto.

– Naruto, ele não...

Embora tenha começado, Sakura não conseguiu terminar, interrompida mais uma vez, por uma garota loira, exalando raiva.

– Não?! Olha o seu pescoço! Ele poderia ter te matado! – Gritou a loira, quase arrancando o cabelo - Sorte que os garotos estavam aqui! Imagina se só estivéssemos nós, garotas?! Nem Temari daria conta!

– Ino-chan, se acalme, vai deixar a Sakura-chan ainda mais desesperada. – Pediu Hinata tentando manter a situação que a muitos já havia saído do controle.

– Como ele está? Onde ele está? – Perguntei novamente, aguardando a resposta do bando de pessoas raivosas.

– Não seriamos capazes de bater no Sasuke, Itachi, mas Gaara e admito, eu, ficamos desesperados com o sangue da Sakura-chan. Neji conseguiu segurar o Gaara, e eu me controlei. – Suspirou Naruto, dando a entender que Sasuke não estava ferido.

– Ele está trancado no segundo quarto, a direita. Cuidado, Itachi, ele está descontrolado! – Os olhos esmeraldas de Sakura eram suplicantes, não entendo como meu irmão a machucou. Sua melhor amiga.

Assenti vagorosamente, porém antes que pudesse seguir caminho até Sasuke, um ruivo, pelo jeito que Naruto apontou deve ser Gaara, parou em minha frente e trincando o maxilar, despejou palavras de ódio.

– Diga ao seu querido irmãozinho para ficar longe dela. Entendeu?! Bater em uma mulher, sendo tudo o que ela fez por ele, passou de todos os limites! Se ele chegar perto dela de novo, não vou me importar com o passado, Itachi, e seu irmão vai sofrer!

– E, Itachi-san... – Hinata pensou um pouco, e com coragem terminou a frase – Tire o Sasuke-kun da minha casa, por favor. Ele já não é mais bem-vindo aqui.

Sasuke P.O.V:

O sangue dela tinha deixado resquícios no piso branco, e aquilo estava me matando. Coloquei um dedo sobre uma gota de seu sangue, verificando se era real, se eu tinha mesmo feito o que fiz.

Desesperei-me.

Eu machuquei ela.

Eu a fiz sangrar.

Eu a coloquei em perigo.

Eu poderia tê-la matado.

Peguei um vaso de vidro e o joguei contra a parede, que se estatelou em milhões de pedaços. Os cacos agora se misturavam com as pequenas gotas de sangue espalhadas pelo chão.

Não me lembro o ‘por que’ de tê-la atacado, só recordo que quando o nome Itachi saiu de seus lábios, perdi o controle das minhas ações. Minhas unhas cravaram na macia carne do seu pescoço e sangue escorreu pelos meus dedos.

Tudo aconteceu rápido demais. Naruto empurrando-me como forma de proteger a minha pessoa de Gaara. Neji segurando Gaara. Hinata apavorada. Tenten e Temari gritando instruções. Ino levando Sakura.

Sakura chorando.

O tempo passou como um furação diante dos meus olhos. Depois que eles trancaram a porta, só recordo de um grito feminino e uma frase, que eu sabia muito bem da boca de quem tinha saído.

“Eu não quero mais essa vida!”

Antes que eu pudesse quebrar outra coisa do quarto, a porta foi destrancada, e um homem entrou por ela, olhando-me atentamente.

– Olá, irmão.

Ele continuava igual a dois anos atrás. Olhos falsamente preocupados com alguma coisa, quando todos sabiam que ele só se preocupava com si mesmo. A boca reta, sem sorrir, sem demonstrar emoções importantes.

Eu via aqueles olhos e aquele sorriso todos os dias, quando postava-me em frente ao espelho. Itachi era uma parte mim, sempre foi. Ele era uma parte que eu não queria ter.

– Veio trazer o cartão do natal passado? Porque, sabe, não recebi o meu. – Nunca que eu trataria aquele homem com algo como o amor.

– Seu cartão foi queimado na lareira, como todos os anos. Um ritual, para nos mostrar que você é patético. – Itachi passou o longo dedo pela prateleira, verificando a poeira.

– Patético? Eu? – Ri sem emoção – Não fui eu quem traí minha família.

– Não coloque a culpa em mim. Não tenho nada a ver com assuntos seus e do pai.

– Eu não colocaria a culpa em você, se você não estivesse metido no meio.

– Você tem que parar de ser mimado, Sasuke. Já disse que não fiz nada.

– Isso, esse é o problema. – Apontei para ele com raiva – Você não fez nada!

– Não aponte o dedo para mim, menino insolente! Sou seu irmão mais velho! Respeito! – Gritou injuriado.

– Você e respeito na mesma frase? Desconheço! – Zombei.

– Você sempre foi e sempre vai ser o menino ‘merda’ que nossa mãe disse que era.

Por aquela eu não esperava. Ninguém esperava.

– Minha mãe nunca diria isso. – Respondi vacilante.

– Ela disse, quando queimamos o cartão. – Ele riu – Amo nosso ritual.

– Vai para o inferno!

– Eu vou mesmo, porém vou te levar comigo. Vamos – Itachi se virou, esperando que eu o seguisse.

– Não vou a lugar nenhum com você. Vá embora, deixe-me em paz.

Ele suspirou cansado, a mão pegou algo do bolso interno do terno. Assustei-me com a ideia de que poderia ser uma arma, e ele cometesse uma atrocidade.

Mas não, era uma seringa.

Quando ele chegou mais perto, desviei. Começamos uma luta corporal irrelevante, porque embora eu resistisse firme, ele sempre seria mais forte, mais treinado, mais esperto. E então, com todos esses mais, ele injetou o conteúdo da seringa em mim.

Meus sentidos falharam, porém escutei sua voz antes de fechar definitivamente os olhos.

“Sempre do jeito difícil, Sasuke”.

(...)

“Não pode fazer isso, Fugaku!”

“Posso, e vou, Mikoto!”

“Ele não é só seu filho!”

“A situação fugiu do controle.”

As vozes que eu não gostava de ouvir, gritavam. Meus olhos não se abriram calmamente, se abriram como se fossem saltar do lugar onde estavam. Eu conhecia aquele quarto, aquela cama, aquele cheiro. Tudo ali era meu. O computador que nunca funcionou, as cadeiras com o estofado ruim, a cama barulhenta, o teto cinza, a janela clara demais.

– Sasuke, querido, você despertou!

Ela tinha uma voz tão gostosa de ouvir, um abraço tão bom de receber, uma olhar tão suave de fitar. A única pessoa em toda a minha vida que foi capaz de substituir todas as sensações de conforto que minha mãe causava em mim, foi Sakura.

Mas agora ela já não estava mais aqui, comigo.

“Merda...”

– Não seja falsa comigo, Mikoto! – Eu nunca havia falado o nome de minha mãe em voz alta, estranhei muito mais do que deveria.

– Ora, Sasuke! Como ousa dizer isso de nossa mãe? – Repreendeu-me Itachi.

– Ela disse que eu sou um merda! Você mesmo disse isso! – Gritei enfurecido.

– Itachi! Mentiu a seu irmão?! – Perguntou minha mãe, incrédula.

– Foi preciso, mãe. Precisava fragilizar Sasuke, ele se fragiliza com muito pouco. – Itachi deu de ombros e encarou a janela.

– Seu mentiroso! Eu vou... – Tentei me levantar e gritei ainda mais quando vi o que fizeram comigo – O que significa isso? Que amarras são essas? Me solte, já! Mãe, faça alguma coisa!

– Não posso, querido. Isso é para o seu bem. – Ela passou a mão fina e macia pelo meu rosto – O que aconteceu com você, filho? O que aconteceu com o meu Sasuke-kun?

Ela estava falando de tanta coisa, que foi difícil escolher uma resposta. Ela falava do menino prodígio, com notas excelentes. Do menino carinhoso, com abraços e sorrisos para a família. Do homem maravilhoso que eu teria me tornado.

– O Sasuke-kun, mãe, se perdeu em uma moça com o melhor dos abraços que alguém pode ter. – Quando os olhos dela pararam nos meus, concluí – O Sasuke-kun se perdeu no maior coração que já existiu.

Mikoto começou a chorar. Sua cabeça deitou-se no meu ombro, e suas lágrimas mancharam minha camisa. Seus soluços ecoaram no quarto.

– Mãe, acalme-se... – Começou Itachi.

– Como posso me acalmar, Itachi, quando a razão do meu filho ter se perdido, foi uma mulher?!

Ela chorava de desgosto. Acho que ela esperava muita coisa de mim, todas as mães esperam, porém o fato de eu ter me perdido no mundo devido a uma dependência totalmente irracional em uma garota, destruiu minha mãe.

– O nome dela é Sakura, mãe. Você adoraria conhece-la.

Meu rosto esquentou. Tinha levado um tapa da mulher que me colocou no mundo.

– Eu não quero e nem vou conhecer a mulher que deixou meu filho nesse estado! Não fale dela como se fosse uma boa pessoa! – Gritou enfurecida.

– Não fale você dela! Ela é a pessoa mais incrível que já conheci! A culpa não é dela! – Meu sangue ferveu. Sakura não estava aqui para se proteger.

– Então, de quem é? – Questionou minha mãe, calma.

– A culpa é minha, mãe! Por ter sido fraco e me perdido numa coisa tão ridiculamente maravilhosa como Sakura! A culpa é minha por depender mais de Sakura do que de qualquer outro remédio.

Então meu mundo caiu. A culpa sempre havia sido minha, e não dela.

Ela nunca se jogou em cima de mim, e pediu toda a atenção do mundo.

Ela nunca chorou por tempo demais.

Ela nunca mandou trilhões de mensagens insuportáveis no meio da noite.

Ela nunca fez ninguém não dormir, para procura-la na madrugada da noite.

Ela nunca fez nada a não ser servir a mim.

Desde o dia em que eu me aproximei dela com uma abordagem barata, ela não havia parado de sorrir para mim, não importa o tanto de burradas que eu insistia em fazer.

“É tudo por você”.

“Estou aqui”.

“Eu e você, juntos, para sempre.”

Tantas coisas boas a apreciar, coisas que ela insistia em me dar de bom grado, e nunca cobrou um sequer segundo da minha atenção. Sentia-me um lixo nesse exato momento, no fundo, eu ainda a culpava por algo que eu não sabia.

Então, depois de tanto tempo irritado, nervoso, incompreendido e louco, comecei a chorar. Chorar de frustração. Chorar de angústia. Chorar porque o mundo não era o que eu esperava que fosse. O mundo era uma droga.

– Não acredito que um filho meu está chorando.

Aquela voz. Fria e calculista. Inabalável.

Parei de chorar, meus olhos se arregalaram levemente, minha cabeça se virou para onde o som daquela voz havia saído. Ele olhava-me com olhos, irritantemente, sem vida, sem brilho, sem manifestação de que uma alma existisse ali. Sua boca curvou-se para baixo, como ele costumava fazer anos e anos atrás, em sinal de desgosto e reprovação.

– Pois é. Que decepção. – Respondi a sua provocação ridícula.

– Mikoto, saia de perto dele. – Minha mãe obedeceu – Ele não vale a pena.

– Eu não valho a pena? – Ri com escárnio – Tem certeza?

– Daqui a pouco você vai estar no seu lugar, Sasuke. – As mãos dele estavam nas costas, como se estivessem atadas.

– Antes de ir para o meu lugar, pai, deixe-me perguntar algo. – Esperei um tempo e soltei a raiva contida – Já contou para a sua esposa, minha mãe, que você não é fiel?

Fugaku riu, Mikoto abaixou a cabeça e Itachi saiu do quarto. O olhar da minha mãe vagou pelo quarto até encontrar com o meu, ela parecia querer dizer um “deixe para lá, Sasuke”. Não podia deixar para lá o fato dela ter se tornado uma mulher não respeitada dentro do limite da própria casa.

– Eu não devo-lhe satisfações, filho.

‘Filho’. Odiei quando aquela palavra saiu de seus lábios de pedra. Estava pronto para proferir inúmeras palavras do mais baixo calão possível, mas Itachi entrou no quarto acompanhado de dois homens vestidos de branco. Aquilo atrapalhou minha linha de raciocínio.

– Pai, está na hora.

Era a segunda vez naquele dia que as coisas passavam como borrão diante de meus olhos. Os dois homens colocaram-me em outra maca, amarrado, do mesmo jeito que estava antes. Ofendido, comecei a gritar.

– Solte-me, agora! Mãe, não deixe ele fazer isso!

Ela nada disse, somente saiu do quarto.

– Itachi, você não fez nada anos atrás, mas faça agora!

Ele foi para o lado de meu pai, dando a entender sua posição.

– Então é isso, vai desistir de mim?

Eu não sei para quem perguntei isso, porém Fugaku respondeu.

– Eu já desisti de você a muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Ficou faltando algo nesse capítulo, não sei o que, mas gostei dele.
Sasuke mesmo caindo na real, não 'cai' na real.
Gostaram? Comentem, por favor!
Beijos, sweets! ♥