A Garota do Cursinho escrita por SkyDragomir


Capítulo 2
Confortável


Notas iniciais do capítulo

Olá! Amei os comentários de vocês no capítulo anterior! ♥
Espero que gostem desse capítulo!



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O coração dela era tão grande e bondoso.

E eu me sentia um sortudo só pelo fato de eu estar nele.

Mas será que o coração dela aceitaria um condenado, como eu?

Só me restava ter fé.

Fui preso em uma cela temporária na delegacia, durante a noite. Uma cela fria com outros caras mal encarnados, que sentiriam o maior prazer em bater em meu rosto sem eu ter nem sequer lhes dirigido a palavra.

Em certo momento da fria noite, eu consegui explicar a situação que tinha ocorrido. Os policias ligaram a vários amigos meus, pelo menos aqueles que eu lembrei o nome, como o Neji, Shikamaru, Naruto, até mesmo Ino, Sai e acredite se quiser, Hinata. Os únicos que deixei fora da lista foram meus pais, meu irmão, e Sakura.

Concordaram em me liberar, mas como lição, só poderia sair da cadeia ás dez horas da manhã. Dez horas de um sábado que viria cheio de reclamações e sermões, a começar por meu amigo, Naruto, que me buscaria de manhã.

(...)

– Você está péssimo, amigão.

Faz muito tempo que não vejo Naruto. Desde seu aniversário no ano passado, no qual eu só fui porque Sakura me obrigou a ir. Ele estava do jeito que lembro-me. Cabelos loiros espetados e bagunçados, alto e com olhos sorridentes, se é que isso é possível.

– Sempre estive. – Respondi.

Tudo estava normal hoje de manhã, menos os fatos de que (1) eu tinha sido preso; (2) o sorriso de Naruto desapareceu, dando lugar a uma cara preocupada; (3) nós não estávamos indo para a minha casa.

– Sabe, Sasuke, tenho quase certeza de que a culpa é minha. Não importe quantas vezes Sakura diga que não é.

O som do nome de Sakura saindo de seus lábios era tão diferente. Transmitia preocupação e carinho, enquanto toda vez que eu dizia o nome dela parecia que eu impunha algo a sua pessoa. Confuso, perguntei o ‘por que’ da culpa e a resposta deixou-me atônito.

– Porque você está fodendo o psicológico dela.

Não ousei dizer uma palavra depois disso. A única coisa que eu ousei fazer, foi pensar.

Sakura e eu nos conhecemos quando tínhamos dezoito anos, agora nós nos encontrávamos com vinte, e a nossa mente, nosso jeito de pensar, não tinha mudado nesses anos que se passaram, na minha opinião, rápidos demais. Ela sempre esteve lá para mim, e seria mentira dizer que eu não precisei dela por um segundo sequer, porque eu precisei.

Lembro-me de que certas vezes ela chegava até mim, abraçava-me e chorava. Chorava como se não houvesse amanhã, como se o futuro dela fosse uma imensa nuvem preta. Nunca perguntei a causa do choro, e é provável que eu morra sem saber.

Não me importo em não saber várias coisas a respeito de Sakura. A única coisa com a qual me importava era saber que ela sempre estaria lá, a qualquer custo.

Percebi que o carro parou e quando olhei para fora, vi uma casa azul. Aquela casa era conhecida por mim, só esqueci o dono ou dona da mesma. Minha memória só guardada coisas importantes, como todos os momentos que eu passei com Sakura.

– Esta é a casa da Hinata. Entre, estão todos esperando você. – Informou Naruto.

– Eles quem? – Perguntei um pouco receoso, com medo de se tratar da minha família.

– Seus amigos, Sasuke.

Aos amigos, ele deve estar se referindo as pessoas que eu liguei noite passada, para confirmar que de fato, eu não era um drogado. Somente um fumante com uma vida para lá de acabada.

Passei pela porta e arrependia-me. Shikamaru estava esparramado no sofá com Temari ao seu lado. Neji tomava algo que parecia ser whisky e Tenten com outro copo, um pouco a sua frente. Ino e Sai que mantinham um romance avido, se encontravam de mãos dadas. Gaara, irmão de Temari, continuava do jeito de sempre.

E ela encarava-me, com aquelas esmeraldas nem tão brilhantes como no dia em que a conheci, a postura quase tão rígida como a de um rei, o sorriso tão morto como Leonardo da Vinci e tão bela quanto a cerejeira mais viva.

Sakura caminhou a passos curtos até a minha pessoa, esperava com toda a certeza, um abraço, palavras doces e milhões de desculpas, por ter me deixado sozinho, por ter me abandonado e por não ter respondido as minhas mensagens.

Mas o que saiu de sua boca foi totalmente diferente.

– Você me surpreendeu.

Amargas palavras em um sorriso amargo com uma postura amarga. Uma vida amargurada, diria eu.

– Não era a minha intenção. – Respondi, não me dando por vencido.

– Claro que não! Sua intenção era se meter com drogas, ser preso e acordar seus únicos amigos no meio da noite para testemunhar as suas atrocidades! Era essa a sua intenção?! – Gritou furiosa.

– Não grite! – Gritei de volta.

– Não grite? Não grite! Você é um idiota, Sasuke! – Ela abaixou o tom de voz, mas a raiva ainda estava lá – Acordar o Neji, Shikamaru, Naruto, Sai, até mesmo Ino e Hinata, isso é de longe o pior. Sabe o que é pior? Você prometeu para mim que nunca se meteria com coisas ilícitas, Sasuke!

– Você prometeu que nunca me deixaria, e me deixou!

Não fiquei surpreso com as palavras que da minha boca, saíram. Eu não ligava se estávamos sendo vistos por nossos únicos amigos, não ligava o fato de todos estarem olhando.

– Deixei-te, Sasuke?! Então me explique: o que eu estou fazendo aqui? – A raiva dela estava tão nítida, tão forte que chegou a assustar-me.

– Você gosta de me ver sofrer, gosta de me ver na pior!

– Como você...

As lágrimas que eu queria que viessem de conforto, vieram de tristeza. Sakura franziu as sobrancelhas e lágrimas começaram a cair de seus olhos. Desesperei-me. Nunca havia feito ela chorar em todos esses anos. Me arrependi de cada lágrima que caiu, até ela virar e correr para algum lugar.

Gaara fuzilou-me com o olhar, esbravejou algo e saiu em seu encalço. Estaria lunático se pensasse que os dois poderiam vir a ter algum tipo de relação. Sakura nunca deixaria nossa amizade árdua para viver um romance barato. Jamais.

– Sasuke-kun? – Hinata pronunciou e sua voz saiu no tom que eu me lembrava vagamente – Sakura-chan trouxe roupas para você. Estão no segundo quarto, a direita. Pode se banhar lá também.

Segui as instruções de Hinata e no caminho pensei no que eu havia dito.

Sakura estava aqui para ajudar.

Sakura trouxe roupas para mim.

Sakura está chorando por minha culpa.

Sakura não me ajudou o bastante, ainda.

Sakura P.O.V:

– Sakura, não de ouvidos a ele! Ele é um egoísta, só isso e nada mais.

Gaara olhou-me com carinho, pedindo para que eu o deixasse se aproximar. Deixei-o me envolver em seus braços e dar-me conforto. A tanto tempo que eu não tinha aquilo. Conforto.

– Gaara, ele nunca vai retribuir tudo o que eu faço, vai? Reconhecer, talvez? – Disse desesperada.

O ruivo apertou-me com mais força, colocando a ponta do queixo da minha cabeça, alisando com cuidado as minhas costas, dizendo palavras de calmaria. Gaara estava cuidando de mim como ninguém havia cuidado.

– Sakura, será que não está na hora da família dele interferir? – Meu choro cessou - Itachi deveria ficar sabendo. Talvez, eles consigam achar uma solução...

– Sasuke não tem um problema, Gaara! – Afirmei.

– Sakura, você não acha que ele esteja com depressão ou algo do tipo? – Pensei por um segundo quando sua nova colocação saiu – Ele está acabado.

Meu mundo se fechou e voltei a chorar. Passei minha vida inteira tentando ajuda-lo e agora, ele está acabado. Sempre achei irônico o fato de eu falar ‘minha vida inteira’, mas a minha vida começou aos dezoito anos, e aos dezoitos anos conheci Sasuke.

Antes ele era tão... Misterioso, sorrindo de lado, com seu jeito de conquistar as mulheres, até mesmo aquelas que tinham o dobro de sua idade. Dei espaço a ele, deixei que entrasse na minha vida, que tomasse meu tempo por completo, que me deixasse vê-lo sorrir todos os dias...

Ele arruinou a minha vida durante esses anos.

Ele arruinou sua própria vida.

– É tudo culpa minha! – Gritei.

Gaara desfez o abraço, pegou meu rosto em suas mãos, fazendo-me encarar seus olhos preocupantes. Ele era muito bonito, e mesmo eu quase não prestando atenção em nada naquela noite, há anos atrás, o conheci na noite que conheci Sasuke.

– Sua culpa, Sakura?! Desde o dia em que te conheci, você vive em função do Sasuke! – Abaixei os olhos antes de começar meu argumento.

– Se eu tivesse ficado longe dele, naquela noite, nada disso seria assim. Eu e ele viveríamos como completos desconhecidos, tendo alguns amigos em comum. Eu viveria na tranquilidade que sempre quis, e ele na vida independente que sempre teve, até me conhecer.

Desabei na cadeira da cozinha, minhas mãos pendendo em meu colo, a tristeza me dominando. Gaara se abaixou, pegou minhas mãos e entrelaçou nas suas. Sorri ao imaginar aquela cena com meu primeiro namorado, a primeira pessoa que eu fosse amar daquele jeito. Ficamos ali sem dizer nada, observando nossas mãos, até ele dizer alguma coisa.

– A culpa não é sua, Sakura, se o Sasuke vê você como um terapeuta não pago. A culpa não é sua que ele seja um idiota a ponto de não perceber que você também precisa de ajuda, de apoio.

Meus olhos se arregalaram. Gaara entendeu o que Sasuke provavelmente nunca entenderia. Entendeu que todo ser humano precisa de ajuda, mesmo não parecendo. Gaara me entendeu. E eu não vi outra forma de retribuir aquela compreensão, senão um abraço.

– Obrigado por tudo, Gaara. E desculpe... Por ter me afastado.

– A culpa não foi sua.

Mas eu sabia que a culpa não era também inteiramente de Sasuke, afinal, eu fazia suas vontades, seus caprichos. Eu era sua empregada 24h. Uma empregada terapêutica.

– Parece que foi ontem, eu tropeçando e derrubando vinho na sua camisa branquinha. – Ri quando terminei de falar.

– Sorte que Neji tinha outra camisa lá. Eu parecia um cara baleado. – Rimos mais um pouco e quando as risadas cessaram, eu me levantei. – O que vai fazer?

– Vou mudar essa história de uma vez por todas.

Sasuke P.O.V:

Estava sentado na minha cama, pensando.

Já tinha vestido a roupa que Sakura trouxe, e agora pensava no que fazer.

Me desculpar?

Me explicar?

Eu não tinha motivos para me desculpar. Sakura que vinha agindo estranhamente, e não eu. Ela que tinha, praticamente, me deixado de lado. Eu somente avistei uma verdade e disse. Para ela estar fazendo tudo isso comigo, é porque ela me gostava de ver assim.

– Sasuke?

Quando ouvi aquela voz tão familiar soar pelo quarto, meus olhos se gravaram na porta meio aberta e o rosto dela estava lá.

Ela estava aqui.

Ela iria pedir desculpas.

– Posso entrar? – Perguntou e eu acessei com a cabeça levemente.

Sakura caminhou graciosamente, de um jeito que só ela sabia fazer, e sentou-se ao meu lado, fazendo uma das coisas que eu mais gostava. Ela passava a mão por toda a planície das minhas costas, como se estivesse espantando todo o peso das mesmas. Ela tinha voltado ao normal.

Deitei minha cabeça em seu ombro fazendo ela passar os braços em volta de mim, deixando-me confortável, seguro.

– Você vai voltar? – Perguntei.

– Para onde?

– Para mim.

Nos encaramos e eu pensava que ela esboçaria um sorriso frágil e diria a minha frase favorita: “Sasuke-kun, sempre estarei aqui”. Mas ela não esboçou aquele sorriso frágil, e sim um sorriso triste, um sorriso que eu não queria ver.

– E você, Sasuke? Quando vai voltar para o mundo real, querido?

Ela me chamava de querido quando estava incerta da resposta.

– O mundo real me assusta, Sakura.

O meu medo era quase tão recente quanto a minha dependência. Quando Sakura apareceu eu comecei a temer tantas coisas, comecei até a temer a mim mesmo, bem lá no fundo, acho eu.

– Não assustava.

Ela estava certa. Antes dela chegar eu não tinha medo de nada. Vivia o mundo como se fosse outra pessoa, e eu realmente era. Agora, sou o ser humano mais frágil do mundo, controlado por uma dependência maníaca em uma garota e um medo irreal do mundo.

– Mas agora assusta. – Respondi simplesmente.

Ela suspirou pesadamente desfez a posição de segurança em que nos encontrávamos. Seu corpo foi indo em direção a porta, mas Sakura parou perto da mesma e se virou, olhando-me nos olhos.

– Quero que você saiba, Sasuke, que tudo que fiz, fiz por você. Não me condene por isso.

Levantei-me apressado, já ofegante e com o coração pesado de medo, perguntei:

– O que você fez, Sakura?

– Itachi está a caminho.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Eu gostei. Achei fofo e dramático.
Comentem, por favor!
Dessa vez, alcançarei minha meta de comentários em silêncio. Lumii me convenceu de que não preciso pedir comentários! heuhauheuhuaea
"Se você se afastar, eu estarei arruinado."
Ps.: Pelo amor, não se sintam obrigados a comentar! Beijos, sweets. ♥