A Garota do Cursinho escrita por SkyDragomir


Capítulo 1
Noite decente


Notas iniciais do capítulo

Olá! Só gostaria de dizer que nessa fanfic, Sasuke não é aquele cara que não aceita ajuda e que vive por si só. Aqui ele precisa mais do que ninguém de ajuda, de atenção. E Sakura? Ela sim é independente, mas será que viver para agradar outra pessoa não é dependência?



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A minha dependência em você era incrível.

Dependia de você para me sentir bem.

Dependia de você para sorrir e para chorar.

Dependia de você para tudo.

Dependia de você porque você era o meu autocontrole.

“Acho que quero ir para a Romênia. O que você acha?”

“Que você tem muitos planos.”

Ri daquela vaga lembrança e aproveitei para olhar o visor do meu celular. Ela ainda não havia respondido, já estava cansado de tanto mandar mensagens.

Olhei para o céu da janela do apartamento e me veio à mente outra lembrança, desta vez mais recente.

“Posso até estar nas nuvens, mas ainda estou aqui...”

“O que está cantando?”

“Não faço a mínima ideia.”

Meu celular vibrou. Ela havia respondido uma das minhas trilhões de mensagens. “Já estou a caminho. Vinho? É, acho que sim.”. Sorri com a resposta breve, pelo menos ela estava vindo enterrar meus sofrimentos por algumas horas.

(...)

– Eles formam um belo casal.

Os orbes verdes vasculharam cada canto da foto nova, recém tirada. Os lábios finos encostaram na taça e se mancharam de vermelho vivo. A língua limpou o resquício do liquido.

– É, formam sim! Quem iria imaginar que Naruto pediria a Hyuuga em namoro. Fiquei tão feliz com a notícia.

O sorriso dela iluminou meu apartamento velho e empoeirado, amarrotado de discos antigos e outras coisas dispensáveis.

– Já havia passado da hora do Naruto desencalhar. – Comentei e dei uma tragada no cigarro.

– Oras, você também já passou da data de vencimento, não é? – Ela se ajeitou na poltrona e olhou firmemente para mim – Não acha que deve procurar uma namorada?

– Não estou com cabeça para relacionamentos. Ultimamente, não estou com cabeça para nada, Sakura.

– Ultimamente? Sasuke, você nunca está com cabeça para nada. – Sakura riu de forma meio amarga e eu olhei-a.

– Isso é mentira. Quando estou com você minha cabeça volta ao normal. – Sorri com minha própria resposta, mas ela não retribuiu meu sorriso.

– Não pode ser para sempre assim, Sasuke.

Meu sorriso saiu dos lábios. Meu coração perdeu uma batida. Meu corpo ficou frio.

– O que está dizendo?! – Levantei-me e apontei para ela – É por isso que demora para responder minhas mensagens, meus e-mails?! É por isso que não vem me visitar como antes?!

Sakura me encarou e eu senti o cansaço de uma vida inteira naquele olhar. Ela não podia me abandonar! Eu dependia, exclusivamente e unicamente, dela. Em quem eu me apoiaria? Em quem eu choraria lágrimas de pedra? Em quem eu me esconderia?

– Estou dizendo, Sasuke, é que eu não vou ficar ao seu lado para sempre. Você precisa aprender a se virar! – Sakura deu um tapa de leve em meu dedo apontado e se levantou encarando a janela, ainda com a taça em mãos.

– Mas, Sakura, eu preciso de você!

–Sasuke, estou cansada. Já vou indo.

Antes, ela me abraçaria e diria algo relacionado a sempre estar aqui para mim e por mim. Algo está errado. Ela não está me dando atenção, não está retribuindo meus sorrisos. Ela ainda não fez menção de me atolar em seus braços e dizer coisas reconfortantes.

– Vai sair sem dar explicações? Vai mesmo me deixar sozinho?

Eu já estava começando a fazer uma cena digna daquelas que eu sempre faço, dignas de atenção. Sakura olhou para mim e se dirigiu a cadeira onde sua bolsa estava.

– Conversamos outra hora. Estou cansada. – Ela não sorriu, ela tinha que sorrir!

– Não! Eu quero uma resposta! – Gritei e segurei seu pulso esquerdo.

– Você quer mais do que pode ter, Sasuke! – Gritou ela em resposta e o choque foi tanto que afrouxei meus dedos em seu pulso.

Sakura esfregou o pulso vermelho, olhou para minha cara chocada e continuou a franzir o cenho. Isso não está certo. Ela deveria notar a minha tristeza, desfazer a raiva do seu olhar e dar-me todo o carinho que mereço.

Ela não fez nada disso.

Ela pegou a bolsa, pendurou em um de seus ombros e saiu pela porta do apartamento. E eu fiquei lá, desesperado nos meus próprios pensamentos, morrendo por dentro em ver a figura dela passar pela porta com uma expressão tão diferente das expressões rotineiras.

– Sakura? – Sussurrei.

Sakura P.O.V:

Quando sai pela porta daquele apartamento conhecido fiquei um tempo do lado de fora, certificando-me de que ele não me seguiria para qualquer lugar que eu fosse.

Apertei o botão do elevador e foi só as portas do mesmo se fecharem, me desembrulhei em lágrimas grossas que chegavam a ficar penduradas na ponta do meu queixo. Que droga, Sasuke!

Eu estava esgotada.

Carreguei pela maior parte da minha vida as aflições de Sasuke, entretanto em todos esses anos ele nunca havia feito a menção de retribuir minhas noites em claro, procurando-o pela cidade após uma recaída, todas as vezes que tive que me sufocar até a alma com seus problemas.

Sasuke Uchiha era o maior egoísta que eu já havia conhecido!

Meu melhor amigo. A questão é que quando você quer se apoiar em uma pessoa, você também tem que dar um pouco do seu apoio para ela. Eu dei a minha vida a Sasuke, para que ele não caísse, mas a única coisa que recebi em troca foram indiretas e uma dependência digna de um filho rebelde.

Entrei em meu carro e o liguei, acelerando bastante, afinal, o quanto mais rápido eu saísse daqui, melhor.

Faz tanto tempo que não viajo para fora, que não vou viver minhas aventuras. Tanto tempo que não durmo tranquilamente, sem mensagens tardias de Sasuke, sem telefonemas, sem interrupções baratas.

Quanto tempo faz que não saio para dançar? Muito tempo.

Quanto tempo faz que não como batatas fritas? Mais tempo ainda.

Quanto tempo faz que não falo com Itachi? Nem da aparência dele eu lembro.

Sasuke não curte dançar. Sasuke odeia batata frita. Sasuke não gosta do Itachi.

Sasuke quer me levar pro fundo do poço, para uma depressão eterna.

Assim que estacionei o carro e tirei a chave da ignição um pensamento em especial veio-me a mente.

Eu tenho a minha própria vida.

Eu faço as minhas próprias escolhas.

Eu não sou dependente de um Uchiha.

Essa noite eu dormiria como uma pessoa decente.

Depois de colocar o pijama e pegar um cobertor no armário, deitei-me no sofá para assistir algum filme, de preferência um filme bom.

Peguei meu celular e lá estavam elas, mensagens seguidas de mensagens, todas de Sasuke.

“Você vai mesmo me abandonar?”

“Não pode fazer isso!”

“Temos que conversar!”

“Sakura, eu preciso de você...”

E entre todas aquelas mensagens fajutas e irritantes, que desencadeavam uma onda de raiva incompreensível em mim, vi uma mensagem de Gaara.

“Você sumiu. Quer marcar de ir tomar um vinho e ver um filme qualquer dia desses?”

Sorri para aquele sinal. Sinal de que meus amigos ainda estavam comigo, e que eles sim mereciam a minha atenção e não um garoto mimado que não sabe retribuir seus sacrifícios

Respondi a mensagem positivamente e desliguei meu celular. Se eu queria uma noite bem dormida, essa noite teria que ficar livre de Sasuke Uchiha.

Sasuke P.O.V:

Sakura desligou o celular.

Eu estava bebendo vinho da garrafa que ela havia deixado ali e olhando da janela extensa da sala. Através do vidro via os carros na avenida principal, as pequenas cabeças circulando lá embaixo, observava a vida movimentada de todos. Uma vida perfeita que eu não tinha a decência e ter.

Peguei o casaco e tranquei a porta. Sai do edifício, e dei-me de cara com o mundo real, o mundo que me assusta.

– Olá garotão. – Acenou uma mulher da vida assim que passei por ela.

Andei um pouco mais e sentei-me junto de outros fumantes em uma praça estranha. Fumar com desconhecidos era melhor do que ficar em casa revendo e revendo minha dependência na Haruno. Acendi meu cigarro e dei uma tragada longa, soltando a fumaça tranquilamente.

– Hey, quer provar algo diferente?

Há tempos eu vinha até aqui e fumava com pessoas que eu não tinha nem ideia do nome, porém em todo esse tempo eles não tinham dito nada mais do que comentários como: “Dia ruim?” e soltado uma risada amargurada.

O cigarro pendurado na mão do jovem era diferente do meu. Assim que bati o olho, percebi que aquele cigarro acabaria com a minha vida.

E minha vida já estava, pateticamente, acabada.

“Faça o que quiser, Sasuke, só prometa para mim que nunca vai se meter com algo ilícito!”

Quando a voz dela me veio à mente a única coisa de que lembrei foi que ela também havia prometido sempre cuidar de mim, nunca me abandonar, mas ela tinha quebrado a promessa.

– Não vai fazer mal cara! Só te deixa mais... Leve. – Explicou um viciado.

Relutante sobre destruir minha vida por completo ou esperar Sakura voltar e pedir desculpas pela forma que me tratou, rejeitei o cigarro. Ela jamais olharia na minha cara novamente se me visse drogado. Via a cara de decepção dela daqui.

Após rejeitar o cigarro, continuei lá, fumando o que eu estava acostumado a fumar.

– Ouviram isso? – Perguntou uma garota, comecei a prestar atenção.

– Caramba! Barulho de carro de ‘tira’! Vamos, corre!

Eles se levantaram apressados e eu acompanhei a ação por impulso, a menina que ouviu o barulho se virou para mim.

– Corre bonitinho.

Começamos a correr, eu e mais quatro desconhecidos, pelas ruas desertas da cidade. Já deveria ser por volta de 2 horas da manhã. O interessante é que eu não fazia a mínima ideia do que estava fazendo. Eu não fumei coisas proibidas, não me envolvi com drogas, então por que correr como se fosse um drogado?

Enquanto eu pensava que estava correndo sem sentido algum, os barulhos de sirenes ficaram mais auditivos, mais próximos de meus ouvidos. Desesperei-me. Havia rejeitado a droga, mas se eu fosse preso, ela desistira de mim de vez.

– Parem! – Gritou uma voz atrás de nós.

Em um deslize para ver o dono da voz escorreguei e cai sobre meus braços que ficaram dormentes pelo impacto. Meus olhos vagaram para figura da garota com quem eu estava a minutos atrás, ela deu de ombros e sussurrou um: Antes você do que eu.

Então percebi que ela não era Sakura.

Ela não daria atenção a mim.

Ela não me ajudaria.

Ela não se importava comigo.

– Mãos aonde eu possa ver! – Gritou a mesma voz.

A roupa de policial me assustou, porém o que me assustou muito mais foi ter meus braços postos para trás e sendo presos por algemas. Fui jogado dentro de um carro duro, enquanto o motorista, que também era um policial, bufou irritado.

– Essas crianças, tanta coisa para fazer e se meter com drogas.

– Encontrei um pacote inteiro no bolso da jaqueta dele. Deve ser o traficante do bando. – Respondeu o policial que tinha me algemado.

Como pude ser tão ingênuo e despercebido a ponto de não perceber quando os drogados retardados colocaram a droga no bolso da minha jaqueta?

“Antes você do que eu.”

É claro que a desconhecida sabia o que tinha feito. Deve ter feito na hora do “Corre bonitinho”. Argh! Que raiva! Preso e sem culpa. Pensei em discutir com os policias mas deixei quieto, resolveria o que fazer no caminho.

Se Sakura não tivesse feito o que fez.

Se Sakura tivesse ficado comigo e me ajudado.

Se Sakura não tivesse me abandonado!

Se Sakura não tivesse me feito dependente dela.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Amaram? Odiaram? Comentem, por favor!
Beijos, sweets! ♥
"Você se esqueceu de algo. Eu não preciso de você."