Voce ainda vai me amar? escrita por Francielle Santana


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/536515/chapter/5

Algumas semanas ja haviam se passado, como Eva havia dito, foi só questão de adaptação a mudança climatica. Gabrielle ja estava otima. Brincava como se nada tivesse acontecido. Era uma quinta feira a noite e eu estava na sala, me divertindo com as gargalhadas tão expontaneas da filha. O celular sobre a bancada da cozinha tocou, olhei quem era e deixei chamar. Quando finalmente desistiram, o fixo começou a tocar. Olhei na direção da cozinha e vi minha mãe com aquele olhar de mãe coruja pidona.

– O que foi mãe? - Falei enquanto carregava a filha no colo, sentia falta dessa liberdade la fora. Queria assumir que era mãe da menina mais linda do mundo. Queria poder pega-la no colo e passear anunciando: “Ela é minha filha. Minha garotinha linda.” Voltei a realidade que era bem pior. - Não atenda, eu sei quem é.

– Tudo bem, sabe filha… estava pensando.

– Hum, não gosto quando a senhora pensa muito, sempre sobro. - Sorri.

– Ah filha, é para o seu bem.

Nos olhamos e para falar a verdade ja estava começando a ficar impaciente

– Mari, é o André. Ele liga e voce da desculpas, raramente atende. A ultima vez que o vi foi no hospital. Voce ja parou pra pensar que ele interrompeu o que estava fazendo para te levar la? E ele nem sequer sabe que ela é sua filha. Ja parou pra pensar que ele não tem culpa de absolutamente nada? E que é injusto parar de se relacionar com ele por que voce não sabe lidar com uma situação. Não adianta voce dizer que não vai mais se apaixonar porque no final é pior, voce guarda e simplesmente implode com os sentimentos. André gosta de voce, e quando voce contar a verdade ele não pode ter raiva por voce ter se enganado. Voce também não é culpada por isso. Sabe filha, quando nos perdoamos, temos uma facilidade maior para perdoar os outros. A pior culpa que existe é aquela da qual não queremos nos livrar.

Pensei sobre o que a mãe dissera. Não queria assumir, mas a mãe estava certa. André havia sido gentil e companheiro até aquele momento. Sentia falta dele. Uma falta estranha, ja que nos viamos mais no colegio. Eu havia passado toda a semana me perguntando se André descobrisse a sua filha. Ja havia o perdido em grande parte, era o que sentia. Mas grande parte foi minha culpa, ja que não sabia como suportar estar perto de André e de Sergio ao mesmo tempo. O momento onde André descobrisse poderia acabar com a amizade dele com o Sergio e qualquer chance com ela. Destruiria a felicidade dele, pelo menos a parte no que se dizia ser amigo de Sergio. Era uma atitude muito arriscada a tomar. A mãe beijou minha testa e voltou para os seus afazeres.

***

Fim de semana. Kamila tinha marcado de ir na minha casa. Ja era 19:00 horas ela ainda não havia chegado. Minha mãe decidiu sair e deixou Gabrielle em casa. Estavamos na sala, assistindo a um canal de desenho, quando alguem bateu à porta. Me levantei com Gabriele no colo e nenhuma outra pessoa poderia ter me surpreendido mais e de forma tão boa. Mas ainda estava entre a surpresa e a tensão.

– Oi Mari. Posso entrar?

– Claro André.

Ele entrou se sentou em um dos sofás.

– Sei que voce esta surpresa, mas eu não tenho culpa sozinho. Preciso falar que sua mãe resolveu sair - isso explicava muita coisa dela ter deixado Gabrielle em casa - , a Kamila marcou com voce justamente pra voce não sair de casa, e eu estou aqui.

– É, notavel - Eu com certeza mataria as duas- .

Deixei Gabrielle brincando e chamei André pra cozinha, de onde poderia ver cada passo da filha.

– Confesso que estou surpresa - muito mais do que isso -. O que voce esta fazendo aqui?

– Voce ainda pergunta? Quero saber o que eu te fiz. O que aconteceu, Mari. Desde o seu aniversario a gente mal se fala. Voce rejeita as ligações, isso quando não deixa chamar até cair na caixa. Não responde meus e-mails, sms. Absolutamente nada. Voce pode parar de falar comigo, não posso te forçar a nada. Mas antes de me esquecer de vez, me diz o que fiz.

Senti as lagrimas infelizes se acumularem, abaixei a cabeça e tentando conte-las. De fato, eu agora entendia o que se passava na cabeça dele. Calada ou não, ele não estava em bons lençois.

– André, voce não fez absolutamente nada - sua voz falhou.

Ele me abraçou, mas de inicio tentei me desvincilhar dele. Ele não podia ser gentil comigo, que me sentia uma egoista. Aos poucos cedi e ficamos assim, abraçados, enquanto eu chorava em silencio.

– Mari, estou preocupado com voce. Se eu não fiz nada, o que esta te fazendo se afastar de mim?! Esta ficando tudo cada vez mais confuso… Mas - ele a afastou e ergueu o meu rosto na direção do seu - se voce não quiser falar agora, tudo bem. Contanto que fale em breve.

Já tinha visto ele como um garoto, mas naquele momento o vi como um homem pela primeira vez. A aproximação era grande demais, e eu estava emocionalmente fraca.

– André, eu…

– Shii… - Ele beijou minha testa.

Fazia tanto tempo que não me sentia assim.

Um choramingo ecoou lembrando-a que precisava despertar. Mas não era nada demais, apenas sono. Sentia os olhos de André me observar pegar Gabrielle no colo. Tentei faze-la dormir, e como dentro de casa não estava dando certo, levei a pequena para o lado de fora. Era incrível como aquela varanda fazia minha filha dormir. Algum tempo depois André viu que eu estava cansada, mas não necessariamente um cansaço fisico, eu estava com um olhar longe, cantarolava alguma musica mesmo depois que Gaby ja tinha dormido. Ele a pegou no colo, enquanto isso eu ia atrás dele, mostrando o caminho até o quarto dela. Ele seria um ótimo pai. “Pare de pensar nisso, Marina.”

Descemos e sentamos no sofá, me ajeitei até que pudessem ficar frente a frente, fui a primeira a falar.

– André, eu não posso te dizer muita coisa. Sei que errei, talvez por esse mesmo motivo. Eu quero te contar, mas… sou uma covarde. Voce nao me fez nada. Me perdoe por ter sido tão egoista.

– Marina - seu nome completo dito por ele soava muito estranho -, podemos voltar a ser como antes?

– Acho que sim, eu só não sei por quanto tempo

– Depois resolvemos essa parte. Voce diz que eu não te fiz nada, então eu vou acreditar em voce. Porque eu preciso que haja confiança entre nós. Nós precisamos ser fieis... - Comecei a sentir medo, mas o mesmo passou quando minha mãe chegou.

***

– Ola meninos! André, que surpresa!

– Ele ja me contou, mãe.

– Tudo beeem. Culpada. - Ela passou em direção ao andar de cima, com algumas poucas sacolas nas mãos.

Nos olhamos e rimos, ela nem disfarçou.

– André, acho melhor voce ir.

– Tudo bem, mas ainda tenho uma conversa pendente com voce.

Ele me abraçou mais uma vez e foi embora. Senti um grande alivio, mas não estava tudo completo. Eu sabia bem disso.

***

– E ai, como foi?! Me conta tuuudo.

Tomei um susto da forma que fui abordada por Kamila.

– Bom dia também, voce esta bem? Deve estar né? Mentiu pra mim, me deu um bolo.

– Não necessariamente te dei um bolo, se eu menti logo não teria compromisso com voce. Ou seja, eu não te dei um “bolo”. E sim, estou otima, mas quero saber o que rolou. Contou? Ele ja assumiu a paternidade?

– Que ideia louca Kamila. Claro que não. Eu até senti vontade de contar, mas ele começou outro assunto e eu acabei deixando pra la.

Kamila fez aquela tipica cara de entediada. Ela no fundo se deu conta de que André me fazia bem. Claro que ela nunca aceitaria ficar com aquele cara “insuportavel” - segundo ela. Mas para o bem da nação “Marinatica” ela aceitava o relacionamento.

*** ***

“Passo em sua casa daqui a 30 minutos. Esteja pronta, vamos sair.”

“Como assim? De novo?”

Marina se perguntava enquanto lia a mensagem de André. Será igreja de novo?

“Ah, só pra avisar: hoje não tem culto.”

Otimo, Nem precisei ligar. Ele havia mandado outra mensagem de texto.

“Vamos la Mari, hoje voce pode usar um vestido solto de alcinha.” Eu dizia a mim mesma.

20 minutos depois, André ja estava me esperando na sala. Ele ficou sem reação ao me ver. “Tudo só parece deixa-la ainda mais linda, isso é possivel?”

– Aonde vamos?

– Voce vai ver quando chegar la.

*** ***

– Nossa, a vista é maravilhosa André.

– Eu sabia que voce ia gostar. -

Eles estavam em uma pizzaria de bairro nobre, a mesa deles era só pra dois, o que dava um clima muito mais pessoal. De onde estavamos dava para ver o mar, que a noite ficava ainda mais incrivel. Ao longe alguns casais caminhava de mãos dadas pela areia. André não olhava a paisagem, a não ser que ela fosse linda e tivesse os cabelos escuros que o vento fazia dançar. Ele sorriu disfarçando quando me virei para observa-lo.

– Obrigada André… Não sei porque voce me trouxe aqui - .

– Eu não preciso explicar muito, não agora.

– Eu preciso. Preciso abrir o jogo pra voce… Tem algumas coisas que voce precisa saber.

Fui interrompida pelo garçom. Pedimos uma pizza, coca-cola e ficamos discutindo, afinal eu não entendia como André poderia gostar de pizza de chocolate. Sou mulher, e uma mulher chocolatra. Mas aquilo estava alem do meu limite.

– Pense que é uma panqueca doce aberta.

Essa era a unica explicação dele.

Terminamos e depois descemos em direção a praia. Em uma área havia um banquinho, bem proximo da areia, mas nao o suficiente para serem submersos por alguma onda forte.

– Mari

– André

Falamos juntos. No entanto André não sabia que o que eu tinha pra falar era bem diferente.

– Vou deixar o cavalheirismo de lado por hoje… Eu estava te vendo no restaurante, voce sempre tão linda. E meu desejo era te beijar, sem enrolação… só ter voce nos meus braços. E assumo que o desejo não passou…

Abaixei a cabeça envergonhada, e se ele soubesse que eu senti o mesmo quando olhou nos seus olhos?

– André, eu prec…

– Não mais que eu.

Ele pegou meu rosto entre as mãos e trilhou um caminho de beijos até a ponta do nariz.

Me perguntava porque estava deixando aquilo acontecer. Eu estava assustadoramente feliz. Borboletas que haviam morrido, naquele momento pareciam dançar “Cisne negro” na minha barriga. Meus olhos estavam fechados, minhas mãos em cima das dele.

– Mas eu não posso fazer isso, - André falava enquanto tentava se controlar - não posso te beijar até que voce me responda…. Quer passar o resto da sua vida ao meu lado? Por favor, me faça o garoto mais feliz do mundo…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Voce ainda vai me amar?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.