Voce ainda vai me amar? escrita por Francielle Santana


Capítulo 3
Capítulo 3




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Só naquele instante percebemos um ao outro. Ele era um pouco mais alto do que eu. Ombros largos. Será que ele faz natação? Ele era simpático. Cabelos pretos. Passava longe de ser o garoto mais bonito e desejado da escola. Sobre o caráter dele? Não dava pra dizer muita coisa no 1° dia. Principalmente quando o primeiro encontro era naquelas circunstancias. E não era correto eu nem estar assim, analisando ele. Não quero relacionamento agora.

André:

Cheguei atrasado. E justamente na aula do professor Oscar. Comecei o ano muito bem, ele ja não ia com minha cara faz tempo. E a garota de mais cedo bem ali, cabelos castanho escuro. E conhece a Kamila. Acho que isso é bom. Kamila tem o dom de conhecer todos os novatos. E o Oscar ainda esta me olhando, é melhor eu sentar.

Alguns minutos depois, quando a aula terminou, Kamila me puxou pelo braço e foi na direção do André.

– André, essa é a...

– Marina. Não precisa fazer essa cara Kamila, ja nos conhecemos.

André me encarava de uma forma curiosa, tentei disfarçar e me despedi dele.

***

A semana estava extremamente chata. Kamila decidiu viajar, quem faz isso em pleno inicio de ano letivo? As aulas não tinham nada de interessante sem ela por perto, fosse pra falar de uma roupa estranha, uma palavra errada, ou sobre os casos extraconjugais dos professores. Tédio, tédio. O sinal tocou, e eu não entendi nada das ultimas palavras da professora. Atividade, revisão...

– Marina, posso falar com voce?!

– Ja esta falando né André?! Ai desculpa, é porque as vezes voce me faz cada pergunta.

Ja tínhamos nos tornado conhecidos. Tinha um pouco mais de liberdade pra falar assim com ele.

– Ta bom… Vou direto ao assunto, vai fazer o que nesse próximo sábado? Como a Kamila viajou, imaginei que estivesse sem programa.

“Ai meu Pai. Um encontro?”

– Não tenho compromisso não, tem o que pra fazer?

– É segredo. Passo na sua casa às 18:00.

– Eu não disse que aceitaria sair com você...

– Também não disse que não, então ou você fica em casa ou você vai comigo. Agora preciso ir.

Ele saiu e me deixou naquele vácuo insuportável. Decidi não ir. Que ousadia a dele.

***

Que saco! Ele não me disse o que era, não sei com que roupa eu vou.

–Filha? - Eva estava olhando por uma brecha na porta. - Precisa de ajuda?

–Ah mãe, é o André. Ele me chamou pra sair mais não me disse pra onde. Não sei com que roupa eu vou. Eu não quero ficar em casa. Nunca senti tanta falta da louca da Kamila.

Sentei na cama, chateada. Minha mãe foi no meu guarda-roupa, e sem demorar pegou uma calça jeans e uma bata que ja estava jogada na cama. Tirou uma jaqueta do cabideiro e colocou tudo no meu colo.

–Pronto. Você esta quase pronta. E não reclame, só falta uma coisinha. Vou ali no quarto e volto.

Olhei para o look que a minha mãe tinha acabado de criar. De fato, não era algo exagerado e nada tão simples. Vesti a roupa e me olhei no espelho.

– Pronto, você esta linda. Agora venha aqui.

Eva tinha pego um cachecol e envolveu no meu pescoço. - Agora esta perfeito.

Por que mãe tem esse dom de nos mostrar o que ja estava tão nítido? Sempre faz a gente parecer um pouco idiota por não ter visto antes.

– Mãe, muito obrigada, o que seria de mim sem a senhora?!

– Nada filha. Voce não seria nada sem mim. - Ela disse com toda aquela tipica humildade. - Agora é melhor você descer, o André ja esta la em baixo.

*** ***

Não lembrava daquela rua. Mas também, né?! Era no centro da cidade. Ouvi um som alto, parecia um show. Será que André tinha bom gosto?

Ele parou o carro, desceu e abriu a porta para mim. Ponto pra ele. Fui recebida por pessoas na porta que entregavam panfletos, dentre inúmeros avisos, eu li o nome Igreja… Olhei para André.

– Calma, você não vai se arrepender.

Entrei sem ter muita certeza disso.

Três horas depois, ja no carro ela decidiu falar.

– Tudo bem, não foi tão chato quanto eu julgava ser. Gostei do cara que estava falando, ele é muito divertido.

– O cara? Ah, o pastor Samuel. Sim, ele é muito legal. E sobre o tema, o que achou?

Voltei a ministração. Lembrei que ele falou sobre fazer a diferença e sobre.. relacionamentos. Segundo ele, os jovens tinham que esperar até o casamento para ter relações. Sinceramente não sabia que ainda existia isso. Era bonito sim, mas eu não podia me encaixar naquele perfil.

– Mari?!

– Oi… sim, foi legal.

Aquele olhar de quando nos conhecemos apareceu de novo. Acho que deixei transparecer demais.

– Desculpe André.. Eu viajei né?! Me diz sobre voce. Faz tempo que é dessa igreja? Eu gostei sim do tema, mas não imaginei que houvesse aquilo sobre esperar até o casamento, sabe? Nem sabia que existia casamento ainda.

André riu.

– Que horror, Mari. Cresci na Igreja, praticamente. E sim existe isso tudo. E eu sou prova viva que isso existe. Afinal é o que procuro e espero.


*** ***


André olhava em seus olhos, as mãos estavam entrelaçadas. Com a mão que estava vaga eu segurei os pequenos dedos da Gabrielle. E enquanto aquela mãozinha me segurava com sua pequena força, a mão macia de André ia escorregando da minha. Senti meu coração apertar, é claro que escolheria Gaby, mesmo que isso doesse. André foi sumindo aos poucos. Eu sentia frio, era Kamila puxando meu cobertor.

– Vamos garota. Se prepara que o dia vai ser cheio.

Era só um sonho, pensei. Mas a chata da Kamila era bem real. Me virei e coloquei o travesseiro sobre a cabeça.

– Hoje é sabado, Kamila. Me deixa em paz. Porque minha mãe deixou voce subir, hein?

Kamila abriu as cortinas e a claridade me fez desistir de dormir. Arremessei o travesseiro, mas Kamila se desviou.

– Querida Marina de Albuquerque Menezes - esse não era meu nome verdadeiro - . Hoje voce esta ficando oficialmente um ano mais velha. Como sua mãe foi inventar de parir no começo do ano, voce ainda não tem muitos best friends. Por isso só o André esta la embaixo te esperando pra tomar café. Será que só eu acho esse garoto chato?!

Tentei absorver tudo aquilo. Ponto 1: Estou fazendo aniversario hoje. Ok?! Ficar velha não é a pior coisa do mundo. Ponto 2: o André esta la embaixo, e eu estou aqui descabelada e … preocupada com o que ele vai achar? Ouxe, porque estaria?! Ele é só um carinha simpático e chato.

Levantei, e pra (me) provar que não me preocupava com nada daquilo, tomei uma ducha e fiz um rabo de cavalo. Vesti uma blusa de time comprida. E desci as escadas descalça. Kamila não protestou, era a receita ideal para o André nao dar em cima de mim.

“Parabéns pra voce…” Fui recebida pelo coro composto pela minha mãe, pelo André, e pela Kamila. Gaby tentava balbuciar algumas palavras e batia as mãozinhas. Olhei para a mesa redonda. Havia um pequeno bolo com a palavra “Felicidade”. Será mesmo que ela seria feliz por completo? Me lembrei de uma musica que havia tocado em algum lugar “Por um momento assim não há grande risco para mim. Não tenho andado vazio a chorar, mas não caminho sobre as aguas.” (Fernanda Brum - Por um momento assim)

Mas algo parecia mudar aos poucos. Estava me sentindo bem. Com medo as vezes, mas estava sorrindo escancaradamente enquanto o tradicional parabens era cantado. Soprei a vela unica que estava sobre o bolo e foi aquela festa que ja conhecemos. Tomamos café da manhã ao som das musicas que a Kamila tinha levado num pendrive. Nada ambientes, diga-se de passagem. Depois disso fomos na minha livraria preferida. Me senti no céu. A livraria estava com muito mais livros, claro, não é? Alguns eu não resisti e comprei. André me deu mais dois e a Kamila se recusou me dar livros. “Mas tarde a gente vai comprar umas t-shirts bacanas.” Dizia ela.

Estava olhando algumas vitrines, quando André precisou atender um telefonema, foi o momento propicio para Kamila entrar numa loja de roupas. Quando ele voltou ja tínhamos rodado a loja toda. O que pra ele era uma espera a menos.

– Demorou hein?! Muito obrigada, de verdade.

– Só fui atender um telefonema, Kamila. Mas pelo jeito voces se viraram muito bem sem mim.

– Pelo seu sorriso foi uma garota. Ainda bem, minha Marina merece coisa melhor.

– Kamilaa. - Falei enquanto dava um beliscão nela, menina gaiata.

– Foi um amigo, ele estudou comigo no ano passado,ele está voltando de viagem. Voce vai gostar dele Marina. Mais um presente de aniversario.

Almoçamos no Shopping mesmo. André nos levou em casa, só para dar tempo de nos arrumar pra noite. O plano era ir no aeroporto buscar o amigo do André, e depois irmos no cinema.


***


A buzina era do carro do Andre. Pelo menos ja estava pronta, passei um gloss e pronto, estava linda. Desci as escadas, dei um beijo na mãe e na Gaby.

– Nossa filha, voce esta linda. Pra quem é isso tudo?

– Pra mim mãe. Hoje é o MEU dia.

Me senti radiante. Escolhi um vestido longo que sempre rendia bons elogios. Cacheei um pouco o cabelo, e deixei solto. Como eram grandes chegava quase na cintura. Fora isso escolhi uma bolsa simples, só pra guardar o que uma mulher necessita - de verdade -. Praticidade, eu amava aquilo. Fiquei esperando o André falar alguma coisa.

– É… voce esta linda.

– Obrigada André, voce poderia disfarçar mais, só acho.

Entrei no carro satisfeita. Passamos na casa da Kamila e fomos até o aeroporto.

– André, vamos ficar aqui e esperar.

– Tudo bem meninas. Ele já deve estar aqui.

Ele saiu e ficamos conversando. Kamila me contou tudo que tinha acontecido na viagem, todos os meninos que deram em cima dela e os que não deram também - coisa que ela achava um absurdo. Ri de tudo aquilo. A confiança de Kamila era impressionante.

– Você esta interessada nele, não é?!

Fui pega de surpresa.

– Não Kamila. Ele é só um bom amigo, e outra, ele não serve pra mim, você sabe. Ele tem princípios que você nem imagina…

Estava falando até que André chegou com o “amigo”.

– Que foi Mari?! Voce esta pálida.

– Bom meninas, aqui esta O cara. (Kamila virou pra tras e entendeu tudo) - o Sergio.


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