Voce ainda vai me amar? escrita por Francielle Santana


Capítulo 15
Capítulo 15




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Parece que aquela semana foi um divisor de aguas na minha vida. André permaneceu presente, mas nao falamos muito sobre nós. Era algo muito recente e delicado. Finalmente chegou o dia da Gabrielle ir pra casa. Ela se recuperou bem, graças a Deus. Quando cheguei com minha mãe, encontrei o Sergio naquela varanda... A varanda que um dia foi cenario de birras de amor adolescente. Peguei o andador que tinhamos levado para o hospital e a coloquei. Era quase desnecessário. Sergio extremamente desajeitado desceu os degraus devagar. Gabrielle hesitou até que ele revelou as mãos que estavam escondidas, mostrando uma nova e linda boneca de pano. Ela olhava pra mim e pra ele, ambos de lados diferentes. Sorri pra ela e ela pareceu entender. Ela foi caminhando até ele e alcançou a boneca. Meses atras eu teria surtado em vê-los tão proximos. Mas não poderia privar minha filha de ter e conhecer o pai, independente de quem seja. Amei o meu, mesmo com o abandono. Sergio se aproximou de mim e pude entender o perdão que André havia me contado em uma conversa. Um perdão que nao poderia vim de mim. Eu aceitei o fato de ja ter errado inumeras vezes, e mais ainda, aceitei o perdão de Deus. Depois disso, as coisas ficam mais direcionadas. E é mais dificil julgar alguem. Erro por erro, cada um comete o seu. Sergio sempre foi um meninão. Sem maturidade, e uma filha nao mudou por completo a situação. Mas dava pra perceber que a revelação trouxe um abalo. Ele falava menos, e infelizmente riu pouco nos ultimos dias.
– Bom... nao sei por onde começar...
– Que tal pelo começo? - Indaguei
Ele ficou ao meu lado, de um jeito que poderiamos ambos ver a Gaby.
– O começo?! Ja nao sei onde é o começo. Acho que estamos numa roda gigante, sem começos. Circulo perfeito...
– Com altos e baixos...- completei.
– Marina, sinto falta de voce, mas nao como mulher, e sim como aquela menina fragil e doce...
– Ela morreu. - Afirmei com um misto de tristeza e orgulho.
– Eu a matei.
Ficamos em silencio, não sabia o que responder. Ele estava certo.
– Eu só queria dizer que me arrependo de ter sido um canalha, e quero saber se posso continuar vendo a Gabrielle.
Respirei fundo, aprendi sobre perdão, estava na hora de colocar em pratica... Aquele momento definiria o futuro da minha filha.
– Eu não vou priva-la de conhecer o progenitor dela. Mas pai... não sei se posso chama-lo assim. Voce pode sim ver ela.
Um sorriso bobo surgiu no rosto dele. Parecia fingir ser outro homem, mas preferi acreditar que ele tinha apenas amadurecido.
– Muito obrigado. As coisas vão mudar.
Ele disse pegando minha mão e lembrando uma intimidade esquecida. Fomos interrompidos por André abrindo a porta da frente, ele havia visto nossa conversa, só não sei o quanto ele ouviu. Ele se aproximou da Gabrielle, pegou-a no colo. E nos deu tempo de despedir. Quando o Sergio foi embora me aproximei do André.
– Oi - sorri sem jeito, e com medo, assumo.
– Voce esta bem? - Ele perguntou desviando os olhos de mim e olhando para a direção de onde o Sergio estava
– Acho que agora estou.
– Que bom. Vamos entrar...
***
–Preciso muito te fazer uma pergunta.
André me deu um certo susto.
– Do que voce esta falando?
– Voce pretendia me contar?
– É claro, André. Desde que te conheci eu me pergunto como te contar. Ja cheguei perto disso algumas vezes, mas Deus resolveu contar por Ele mesmo.
Lembrei-me do acidente e fechei os olhos. Aquela cena do fundo do carro esmagado com minha pequena la dentro me causava enjoou. André notou e me abraçou. Que saudade senti desse abraço que parecia me proteger de tudo.
– Mari, independente do que aconteceu eu preciso te perguntar algo. - Ele se afastou e pegou algo do bolso - Voce ainda gosta de mim? por que eu continuo gostando de voce.
Ele me mostrou um anel. Não era um pedido de casamento nem noivado, era a coisa mais fofa que vivi nos ultimos anos, era simplesmente um anel de compromisso. Na parte de dentro do anel tinha escrito: Relacionamento a três. Sorri sentindo finalmente a alegria que minha mãe esperava ver novamente em mim. Agora estaríamos em tres: Eu, ele e Deus. Claro que a pequena Gaby estava nessa conta. Abracei forte ele, até que fomos interrompidos por minha mãe. Seu rosto estava serio. Imaginei que fosse pelo cansaço. Ela teve que manter a força enquanto eu queria desmoronar. Me perguntei quantas vezes conseguirei fazer o mesmo para a minha filha.
– Oi André. Ja vi que cumpriu a missão do dia, não é?- Ela sorriu e.seus olhos se desviaram para mim - Filha, precisamos conversar.
André deu um beijo no anel que ja estava em meu dedo e se levantou.
– O que houve dessa vez?
– Ela esta tão linda...- ela desviou e comentou sobre a Gabrielle que estava saindo do quarto com o André.
– Verdade, se recuperou rapido. Parece que tudo desmoronou. Uma amostra gratis do inferno. Até que subitamente apareceu um anjo, e da mesma forma que veio, sumiu. Sem rastros.
– Filha, esse... - senti a voz dela falhar- anjo, deixou rastros sim.
A encarei incredula. Ela sabia e nao me contou? Queria tanto demonstrar minha gratidão.
– Mas a senhora não me contou...
– Os rastros podem sumir.
– Como assim, sumir?
– Preciso que voce me acompanhe, o doador precisa muito falar com voce.
Eu não tinha ideia que ainda faltava um capitulo da minha vida a ser resolvido. Nós pegamos um taxi e fomos a um outro hospital. Acompanhei minha mãe que ja parecia saber onde era o quarto. Quando chegamos a porta ela respirou fundo
– É aqui...
Entrei e não pude acreditar no que meus olhos estavam vendo.


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