Astrid e Soluço: Desvendando o passado escrita por quase anonima


Capítulo 7
07: "Boa noite".


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas!
Aqui estou eu novamente, depois de algumas vidas e uma advertência aushauh
Merecida né galera? Mas sacomé né... Ano de vestibular, altos e baixos, muita pressão psicológica... Enfim, mil desculpas pela demora, mais uma vez. Não prometo nada novamente, porque além de preguiçosa e enrolada, o vestibular está me quebrando.
Boa leitura, espero que gostem!



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 Estávamos indo até o grande salão para jantar, Lagertha, Lili e Ragnar nos acompanhava. Começamos a desenvolver uma discussão sobre ilhas e tribos, o que era muito interessante já que Ragnar conhecia muito sobre o assunto. Ele realmente era muito legal quando não estava competindo.

Enquanto caminhávamos, notei Banguela em mais uma de suas tentativas frustradas de se aproximar de Lili: ele tentou cautelosamente caminhar ao lado dela.

― Como foi a sua tarde? É que você desapareceu durante as competições...

A dragoa apenas o olhou com o canto dos olhos e continuou caminhando sem lhe dar uma resposta. Banguela ficou um pouco sem graça, mas isso não o impediu de continuar tentando puxar conversa:

― Nossa eu estou faminto! ― tentou mais uma vez―  Tomara que tenha peixe. A comida aqui é boa?

Patético! Mal chegou e já quer exigir qual será a refeição. ―  ela respondeu com impaciência.

― Não eu não... Essa não foi a intenção...Eu só...  

Banguela foi cortado antes de se explicar, pois Lili já havia voado e pousado ao lado de Lagertha que estava mais a frente falando com Astrid. Ele olhou frustrado para baixo e sussurrou: "sou um idiota".

Na tentativa de animá-lo me aproximei e toquei em suas asas.

― Não desanima não, garoto, lembra como era a Astrid, né?

Banguela olhou para mim como se não estivesse entendendo. Okay, Lili é muito mais complicada, mas Astrid também já teve uma personalidade muito difícil.

― O que eu quero dizer é: continue tentando ―  expliquei. ―  Tenho certeza de que Lili deve ter um lado sensível e dócil que gosta de você, afinal, ela é amiga de Lagertha, e eu ainda não conheci nenhuma viking que seja mais dócil do que ela.

Ele pareceu se animar dessa vez, continuamos andando até chegarmos ao grande salão.

O salão deles era bem menor que o de Berk, não tinha o mesmo odor forte e haviam apenas quatro mesas compridas e três redondas espalhadas pelo lugar, a frente de todas as mesas. De maneira visível estava uma única cadeira com uma mesa comprida simples, porém se destacava por estar afastada e por ter um formato diferente. Provavelmente era onde Lagertha ficava.

Havia uma espécie de mesa um pouco mais alta, fiquei curioso ao notar que não tinha nenhuma cadeira ao redor, apenas bancos compridos e baixos.

― Pedi para que construíssem essas mesas especialmente para seus amigos dragões ―  comentou Lagertha, matando minha curiosidade. ― Geralmente Lili fica na mesma mesa que eu, mas acho que não caberiam todos comigo dessa vez.

― Você foi muito gentil, Lagertha, obrigada ― Tempestade agradeceu.

Lagertha pareceu ficar impressionada com os bons modos de Tempestade, talvez porque os Nadders Mortais costumam ser orgulhosos e esnobes.

― Imagina, é sempre um prazer poder servir convidados tão especiais.

―  E onde está Lili? ― Batatão perguntou.

― Ah ela não poderá jantar com vocês, é que ela está meio... cansada. Mas pediu que eu dissesse a vocês que ficou muito... Feliz com a visita.

Ragnar nos levou até uma das mesas compridas e nós sentamos à mesa com ele. Astrid ficou do meu lado e Lagertha ficou entre ela e Ragnar. Algumas pessoas começaram a chegar, mas eu ainda estava concentrado na conversa de Ragnar. Eret e Astrid faziam algumas perguntas sobre navegação, quando senti algo cutucando meu ombro me virei e me deparei com um garotinho magrelo de cabelos negros e olhos cinzentos. Atrás dele tinha outras duas crianças, um menino e uma menina que me olhavam com olhos arregalados.

― Olá, m-meu nome é Bjorn e esses são meus amigos: Valquíria e Eric.

O garoto de olhos cinzentos apontou para para a garotinha loira e o garoto de olhos e cabelos castanhos que agora aparentavam animação.

―  Nós somos grandes admiradores de vocês! ―  ele continuou falando sem parar atropelando algumas palavras. ―  Minha mãe me conta muitas histórias suas; é verdade você tem o dom de voar? E que você e os pilotos de Berk já foram até Valhala? Cara, isso deve ser incrível! Eu nem posso acreditar que estou diante do Encantador de dragões e os PILOTOS DE BERK! Vocês poderiam nos dar um autógrafo? Eu e…

― Vocês não deveriam estar aqui a essa hora ―  interrompeu Ragnar.―  As mães de vocês estão sabendo disso?

― Na verdade, elas não sabem… ―  respondeu Eric.

― E como vocês conseguiram sair? ― Ragnar questionou erguendo as sobrancelhas.   

― Pra sua informação, somos ótimos na arte da fuga, até parece que você não nos conhece! Por favor, não conta pra ela que estivemos aqui.

― Deixa a gente pegar só um autógrafo por favor? ―  Valkiria pediu usando a melhor carinha de filhote de dragão pedindo peixe que conseguiu.

― Tá bom, se isso não for incomodá-los.

― Ah tudo bem, já somos acostumados com essas coisas ―  Melequento se exibiu.

― Será uma honra ―  falou Astrid. ―  O único problema é que não temos tinta.

― Não tem problemas; nós temos ― Bjorn  imediatamente tirou um vidrinho do bolso, orgulhoso da atitude que ele e os amigos tiveram ― pensamos em tudo!

― É, eu percebi ― Astrid sorriu usando o tom brincalhão que ela sempre usa com crianças.

Não demorou muito até os três pegarem nossas assinaturas e saírem correndo de volta para suas casas.

Após conversarmos um pouco mais, começaram a colocar bebidas e comida em nossa mesa. Melequento e os gêmeos enfiavam tanta comida na boca que pareciam estar há meses sem comer. Eu teria ficado com vergonha se já não estivesse acostumado. Cabeça-Quente virava um copo de bebida atrás do outro.

― É melhor você pegar leve com a bebida, porque eu não vou carregar ninguém!―  Advertiu Cabeça-Dura, mas foi ignorado.   

Uma mulher veio nos servir, segurava uma bandeja com uma jarra em umas das mãos, ela era incrivelmente Bela, cabelos negros ondulados e grandes olhos cinzentos, Cabeça-Dura parou de se empanturrar imediatamente e ficou paralisado olhando para a moça enquanto a comida escorria pelo queixo. Lagertha levantou e olhou para a moça com entusiasmo.

― Pessoal, essa é Bertha, minha melhor amiga!

― É um prazer conhecê-los ― Bertha, timidamente, fez uma breve reverência.

― O prazer é inteiramente meu ― Cabeça-Dura falou sem pensar, percebi porque suas bochechas logo ficaram coradas, e, acredite, é muito raro vê-lo ficar com vergonha.

Os outros apenas olhavam-na boquiabertos.

― Ela é imã mais velha de Björn e esposa de Leif ―  Lagertha continou, fazendo o possível para não parecer triste ao mencionar o nome de seu irmão.―  Ela tem sido ótima para mim quando ele faleceu.

Bertha terminou de nos servir, fez outra reverência e saiu. Quando todos terminaram suas refeições uma música animada começou a tocar e mais bebidas foram servidas. Cabeça-Quente bebeu mais do que devia e saiu empolgada dançando pelo salão até se juntar a um grupo de pessoas que se divertiam mais à frente.  Não demorou cinco minutos até ela voltar pulando feito um dragão de jardim e arrastar Eret que fez de tudo para explicar que não sabia dançar.

Enquanto os garotos olhavam como se fossem cuspir fogo pelos olhos, Lagertha, Ragnar Astrid e eu estávamos tendo uma crise de risos.

Lagertha tentou nos convencer a dançar, mas etávamos cansados demais para isso, até porque estava sendo engraçado ver Eret tentando fugir de Cabeça-Quente que tentava agarrá-lo sempre que tinha oportunidade, em um momento de distração ela conseguiu tascar um beijo daqueles nele. Isso fez a cena ficar mais engraçada do que já estava. Perna-de-Peixe se engasgou com a comida e o queixo de Melequento quase caiu, ambos ficaram furiosos, mas talzvez não tanto quanto Cabeça-Dura.

― Eret seu traidor desgraçado! ―  ele murmurou.

― Hum, parece que nosso amiguinho está com ciúmes da irmãzinha ― Astrid provocou dando um tapinha nas costas dele.

― Claro que não! Eu não sinto isso!―  Cabeça-Dura protestou ― Eu só estou sentindo uma vontade muito grande de explodir a cabeça dele.

                                 

                                               ********

 

Quando a festa acabou, Ragnar e Lagertha nos levaram até o local onde iríamos dormir, Astrid e eu tivemos que apoiar Cabeça-Quente que mal podia andar. O acampamento era a céu aberto onde havia três tendas fechadas e montadas, e algumas tochas acesas para clarear o espaço.

― Lagertha pediu que fizéssemos tendas exclusivamente para vocês, é que ainda não temos tantas construções aqui em Vinland ― Ragnar explicou.

― Parecem ótimas, obrigado ―  agradeci.

― Só tem uma coisinha ―  interrompeu Lagertha. ―  Eu pedi que montassem apenas três  tendas com apenas duas camas em cada uma. Me desculpa, eu não sabia que Eret viria.

Ela pareceu decepcionada.

― Não tem problema eu posso dormir do lado de fora com meu dragão ― Eret propôs.    

― Nem pensar! Até porque também fizemos um local especialmente para os dragões dormirem, eu já pensei na solução: os Gêmeos ficam em uma tenda; Perna-de-Peixe e Melequento em outra; você e Soluço em outra e Astrid poderia ficar na minha casa, Bertha tem uma cama sobrando. Pode ser assim?

― Bom, por mim tudo bem ―  falou Astrid.

Eu poderia ficar chateado por ficarmos em tendas diferentes, mas não me importei, a maioria concordou exceto Melequento, para variar.

― Não dormiria no mesmo lugar que Perna-de-Peixe, nem se ele fosse uma mulher! ―  ele reclamou.

― Você fala como se eu quisesse dormir perto de você!

― Okay, então você pode dormir com Eret, Melequento. ― Lagertha pacientemente sugeriu outra solução.

Ele não precisou de pensar duas vezes para mudar de opinião.

―  Pensando bem, eu prefiro Perna-de-Peixe do que com esse traidor.

― Ótimo! Então boa noite, espero que durmam bem, porque amanhã será um grande dia!

Lagertha e Ragnar se despediram e eu dei um beijo de boa noite em Astrid. Os dragões foram para uma espécie de celeiro construído especialmente para eles; demorou um pouco até que todos se aconchegassem em suas camas caíssem no sono. Perna-de-Peixe e Melequento foram os primeiros a dormir, dava para ouvir o ronco dos dois perfeitamente enem parecia que estavam brigando, mas eu demorei adormecer, só conseguia pensar no que estaria acontecendo em Berk.

E quando finalmente peguei no sono, ouvi um barulho de passos e gritos agudos de guerra que conseguiu acordar quase todos, exceto Melequento, é claro.

Levantei assustado, saí depressa da tenda e me deparei com os rostos sonolentos dos meus amigos, que também pareciam estar curiosos com o que viam, à nossa frente, do outro lado do campo, estava um grupo de uns dez nativos com peles bronzeadas roupas estranhas. Todos possuíam cabelos lisos e escuros; seguravam tochas nas mãos. Lagertha estava com eles, ela parecia tentar explicar algo. Ragnar, Bertha e Astrid também estavam ao lado dela.

Corri a tempo de terminar de ouvir a conversa:

― Por favor, tenho certeza de que não foi intencional ― Lagertha falava calmamente para que fosse entendida. ― Eu posso lhe garantir que ela jamais chegará perto da sua tribo novamente.

O nativo a quem ela pedia desculpas, tinha uma postura séria e usava um conjunto de penas na cabeça. Provavelmente era o líder deles.

― Tudo bem dessa vez, mas se houver mais algum dano qualquer  em nossa aldeia, receio que terei de declarar GUERRA. ― Ele deu as costas e foi embora com seu grupo e suas tochas foram desaparecendo aos poucos no meio da floresta.

Olhei para Lagertha e pela primeira vez ela pareceu estar zangada, antes que eu pudesse perguntar a ela o que estava acontecendo ela saiu andando com passos largos e rápidos na direção oposta. Astrid, eu e os outros fomos seguindo-a  tentando acompanhá-la.

―  O que houve, Ragnar? ― perguntei em voz baixa.

―  Parece que Lili começou um incêndio na tribo dos nativos.

Lagertha foi imediatamente encontrar Lili, que estava andando de um lado para o outro dentro de um dos cercados de madeira, ela parou quando viu a amiga e mais que depressa começou a se explicar:

Lagertha, eu não entendo o que aconteceu, eu estava com raiva por seus amigos estarem aqui, não pensei antes de atirar aquela chama, eu…

Qual a sua desculpa dessa vez, Lili? ― ela falou em um tom severo mas mesmo assim suave ― Já está na hora de você parar de ser tão egoísta. Eu os trouxe aqui pensando em te  agradar também! Eles vieram de muito longe só para te conhecer. Você poderia ter matado várias pessoas, sabia? E por acaso você pensou em quantas famílias e crianças existem lá?

Lili, pareceu tentar falar alguma coisa, mas não conseguiu pensar em nada, ficou calada olhando para o chão.

―  Não, você não pensou Lili, porque só pensa em si mesma.

― Me desculpa, por favor.

Lagertha respirou fundo e relaxou os ombros.

― Tudo bem, mas você precisa mudar isso. Não existem mais motivos para ser assim.

Lagertha voltou para sua casa junto de Astrid e Bertha, alguns dos nossos dragões estavam observando e voltaram a dormir, Banguela continuou olhando como se quisesse saber se estava tudo bem, assenti com a cabeça para indicar que sim, não era nada demais.

Todos já estavam dispostos a voltar a dormir, menos Tempestade, que parecia não estar com sono.

Estou preocupada com Banguela ― ela falou olhando para o céu que estava limpo e cheio de estrelas.― Como assim? Ele está ótimo!Ah sei lá, é que ela não esta facilitando nem um pouco, fiquei com pena dele hoje. O que custava ser mais gentil? Poxa, ele viajou por dias e…

Tempestade parou de falar e olhou para mim, que estava rindo, quando notei o seu olhar reprendedor sobre mim, tentei mudar rapidamente a expressão.

Qual é a graça? ― Ela mesma já estava sorrindo ao perguntar. ― Soluço, é sério.

― Nada. É que caso você não tenha percebido ela é uma dragoa, e pelo que eu me lembre você não era muito diferente. O Banguela ainda está no primeiro dia, eu tentei me aproximar de Astrid por anos e só levava foras. Na verdade Lili está sendo esnobe como um Nadder Mortal...

Tempestade me deu um belo empurrão com as costas no meu ombro.

― Hei! ― ela gritou como se estivesse brava, porém ainda estava rindo. ― Não gostei da comparação! Eu não sou assim!

― Não ― respondi esfregando o meu ombro dolorido. ― O que eu quis dizer é que não deve ser fácil para Lili. Antes era só ela e as pessoas da vila e de repente um monte de estranhos aparecem. Ela só não está acostumada. Tenho certeza que quando ela perceber que todos somos legais ela vai dar uma chance pra ele.  

                  

                                              *******

 

Após a conversa acabar, assim que voltei para a minha tenda, caí no sono. Mas, naquela noite eu tive um sonho: eu estava em Berk. Havia muito fogo, a vila estava toda devastada, corpos de amigos estavam debruçados no chão. Eu estava ajoelhado e Astrid estava nos meus braços exatamente como da última vez, sem vida. O desespero começou a tomar conta de mim ao ver aquela cena se repetindo, uma risada inconfundível ecoava em minha cabeça e ficava cada vez mais alta: Freya.

― Soluço? ― Eret estava de pé ao meu lado com uma voz sonolenta. ― Tá tudo bem, cara?

Minha respiração estava pesada, e suor escorria na minha testa, mas me senti aliviado em saber que eu ainda estava em Viland.

― Sim, foi só um sonho ― respondi.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo!
Até a próxima! Bjs!