Astrid e Soluço: Desvendando o passado escrita por quase anonima


Capítulo 5
05: A jornada parte 2


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoinhas!
Aqui estou eu novamente (depois de uma vida, mas okay) dessa vez eu demorei por que sou demorada mesmo ahsuahusa Sorry :/
Espero que gostem do capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/536442/chapter/5

A reunião no dia anterior foi um pouco mais fácil do que pensei. Não houve muitas discussões, a não ser algumas questões sobre a nova parte da vila e o drama que Gustav fez por não poder ir na viagem. Banguela também obteve sucesso em sua reunião, afinal ele é o líder de seu clã ou "alfa", como alguns falam.

Eram seis horas da manhã em ponto, o horário que ontem combinamos de partir. Todos nós já estávamos no topo do penhasco ― em Berk ― prontos para sair com todos os suprimentos e tralhas que seriam necessárias. Já teríamos saído se não fosse pelos gêmeos que estavam demorando muito para chegar.

Valka, Bocão, alguns dragões e moradores vieram se despedir de nós.

― Aí vem eles! ― disse Perna-de-Peixe apontando o dedo para os dois cabeças-ocas que vinham voando em nossa direção montados no dragão de duas cabeças: Bafo e Arroto.

― Nem vou perguntar o que vocês estavam fazendo ― falei encarando a dupla de trapalhões. ― Mas que bom que vocês chegaram, agora podemos sair.

Nos despedimos primeiro de Bocão. Como nem ele e nem os outros são acostumados com qualquer tipo de afeto então eles se limitam a apenas alguns tapinhas nas costas um do outro ou um abraço meio desajeitado.

Quando chegou minha vez Bocão me abraçou forte, por mais tempo que o normal, fazendo meus ossos estralarem. Bocão falou baixo para mim:

― Olha só para você, fazendo sua primeira viagem longa como um adulto. Parece que ontem você sonhava em conhecer o mundo desenhando seus mapas. ― Eu poderia jurar que vi uma lágrima em seu olho, mas ele provavelmente deu um jeito de se livrar dela.

― Estou muito orgulhoso de você Soluço e seu pai também deve estar. ― Ele bagunçou meu cabelo com uma das mãos para descontrair. ― Sentirei sua falta. Vê se não demora, seu espinha de peixe falante!

― Também sentirei sua falta, grandalhão! ― respondi sorrindo.

Valka veio calmamente e colocou uma de suas mãos em meu rosto, me fazendo inclinar sobre sua mão para sentir seu doce toque materno. Não sabia quando a veria novamente e não queria imaginar o que a aconteceria com ela se eu nunca mais voltasse.

― Ainda acha que isso não é loura? ― perguntei.

― Sempre foi, mas valerá a pena. Eu confio em você e sei que vai conseguir encontrar Vinland e voltar para nós.

― Eu sei que Berk estará em boas mãos. ― Eu a abracei com força.

― Boa sorte, querido. Eu te amo.

Ficamos abraçados por alguns segundos e depois nos soltamos. Astrid veio se despedir dela e depois foi falar um garoto mal-humorado que estava de braços cruzados e sobrancelhas franzidas: Gustav.

― Até quando você vai me ignorar hein, garoto? ― Astrid perguntou fazendo uma careta.

― Até o dia em que vocês pararem de me tratar como uma criança! De todo jeito, eu não posso ir!

Astrid sorriu diante do mal humor do garoto rabugento mas depois ela olhou para ele de uma forma compreensiva.

― Não fique assim, Gustav. Você é o melhor aluno que eu tenho. Aprendeu muito mais rápido do que qualquer um aqui e eu tenho a certeza de que, um dia, você será o melhor aventureiro de todos os tempos.

― Eu não estou nem aí pra isso.

― Tudo bem. Sabe, eu estava pensando em deixar você cuidar da academia para mim... É uma posição importante e muitas garotas ficariam interessadas na pessoa que a ocupa, mas já que você não liga...

Astrid usou esse mesmo Jogo Esperto com muitos de nós ― várias vezes ― e sempre funcionou. Quando ela já estava de costas para o garoto fez aquele meio sorriso e nem precisou esperar muito para fazer o Gustav voltar atrás na decisão dele.

― Espera! ― ele falou imediatamente. ― Você acha mesmo que eu consigo?

― Sim, eu tenho certeza. Agora me dá um abraço logo antes que eu vá embora, moleque!

Ele a abraçou e mais uma vez eu pude notar o grande carinho que ela tem com seus aprendizes.

― Bom, então é isso ― falei em voz alta enquanto todos se posicionavam sobre os seus dragões. ― Partiremos agora.

Bocão assoprou um chifre velho de dragão fazendo um barulho alto e grave. Levantamos voo ainda acenando para as pessoas que ficavam cada vez menores, sentiria falta de tudo e independente da beleza de seja lá qual for o lugar para onde estávamos indo, eu sabia que nunca encontraria nada melhor do que Berk. Quando ficamos sobre as nuvens eu apenas olhei para frente tentando imaginar o que estaria me esperando em Vinland.

*******

Já estávamos viajando há três dias e meio, paramos apenas duas vezes e dormimos por poucas horas. Estávamos exaustos e entediados. Todos já estavam cansados de ouvir Perna-de-Peixe cantar. A música era "A dança dos vikings". Pensei seriamente em acertar alguma coisa nele.

― Será que dá pra você calar essa maldita boca?! ― ouvi Melequento gritar.

― Ah, vê se não enche! ― retrucou Perna-de-Peixe dando início a uma discussão boba. ― Eu só estou tentando me distrair um pouco

Já era para estarmos em Vinland ou pelo menos próximos, mas tudo que eu conseguia ver era mar e uma ilha que parecia ser inóspita. Tentei abrir uma das bolsas da sela de Banguela para pegar o mapa e mais uma vez analisá-lo, mas olhei para baixo de mim. Banguela estava péssimo pois descansou menos do que qualquer um de nós.

Está tudo bem? ― perguntei para ele em dragonês. Ainda ouvia as vozes da discussão que agora incluía as de Astrid e de Eret tentando fazer os outros pararem.

― Sim, eu estou bem. Só um pouco cansado, mas b…

Ele não conseguiu terminar a frase. Imediatamente eu percebi que estávamos perdendo a altitude; estávamos caindo. Tentei gritar seu nome mas ele não estava mais me ouvindo.

Eret foi o primeiro a notar o que estava acontecendo.

― Será que dá pra vocês pararem?! ― ele gritou. ― Soluço e Banguela estão caindo!

Astrid e Tempestade mergulharam rapidamente até ficarmos lado a lado, o chão ficava cada vez maior, estávamos quase desabando em uma ilha abaixo de nós. Tentei pensar em qualquer coisa mas só uma ideia passou pela minha cabeça: abri uma das bolsas e retirei uma agulha um pouco mais grossa, que eu usava para tratar de ferimentos em dragões.

"Me perdoe, amigo", eu pensei.

Em seguida espetei o pescoço dele com força. Ele despertou com um rugido de dor e percebeu a situação em que estávamos. O chão estava muito próximo, eu fechei os olhos imaginando o momento em que nos chocaríamos contra ele.

Banguela tentava controlar a velocidade freando com toda força, fazendo com que suas patas empurrassem a terra desenhando um caminho enquanto a poeira levantava.

Quando abri os olhos já estávamos na ilha. Tempestade aterrissou atrás de nós e pouco depois os outros também. Eu pulei das costas de Banguela. Olhei ao redor e vi que estávamos em uma floresta muito bonita. Era cheia de árvores altas mas de troncos finos e copas robustas, o que dificultava para nós vermos mais além do verde.

― Tudo bem com vocês? ― Astrid perguntou.

― Acho que sim ― respondi. ― Mas Banguela está muito cansado. Você tem que descansar, garoto ― disse acariciando as costas dele.

― Eu estou ótimo!

― Não você não está. Você quase se matou agora! ― vociferou Tempestade atrás de nós. ― E é melhor você descansar se não quiser que eu te faça dormir com meus espinhos.

― Se eu fosse você não desacatava, meu amigo ― aconselhou Dente-de-Anzol. ― Mas eu até que gostaria de ver você tentar isso.

Banguela resolveu ouvir a amiga e não protestar, pois se calou. Ele procurou uma posição confortável e fechou os olhos.

― Eu também vou é dormir ― Melequento se escorou preguiçosamente em uma árvore.

Peguei o mapa e o observei cautelosamente.

― Não entendo, já era pra termos chegado ― falei. ― O mapa provavelmente está errado, mas o clima está quente o que significa que não devemos estar longe, daqui a pouco o céu vai estar escuro. Então partiremos amanhã.

― Tem razão ― concordou Eret. ― Precisamos de uma fogueira. Vou buscar lenha.

― Eu vou com você! ― gritou Cabeça-Quente correndo atrás dele.

Perna-de-Peixe se apressou em seguir Cabeça-Quente e Eret. Isso chamou a atenção de Melequento que se levantou imediatamente.

― Espera aí lindinha, eu não vou te deixar com esses dois!

Quando as várias árvores já tinham coberto o rastro dos quatro, ainda pudemos ouvir Cabeça-Quente reclamar: "Por que vocês dois não largam do meu pé?!". Eu e Astrid olhamos um para o outro e demos risada da situação.

― Acho que nunca vou saber o que eles vêem nela ― Cabeça-Dura reclamou olhando para a direção em que a irmã sumira com os outros e isso nos fez rir mais ainda.

Esperamos por aproximadamente meia hora até eles voltarem. O céu já estava quase totalmente escuro e eu começava a ficar preocupado quando avistei Cabeça-Quente de mãos vazias. Perna-de-Peixe e Melequento estavam brigando como sempre. Os dois pareciam idiotas com as mãos cheias de toras de madeira como se tentassem competir entre si para ver quem tinha a maior quantidade de lenha.

― Olha só para você! Mal consegue carregar isso ― Melequento provocava com um sorriso maldoso. ― É óbvio que ela iria preferir um cara forte como eu!

― Você fala isso mas perdeu a briga poucos minutos atrás ― Perna-de-Peixe retrucava.

Eret surgiu logo atrás com uma expressão cansada, com lama no corpo inteiro e parecendo estar muito zangado. Eu olhei para ele tentando imaginar o que teria acontecido com eles.

― Eu tentei separá-los de uma guerra infantil com lama e fui o único atingido! E depois, graças as discussões, ficamos perdidos! ― ele reclamou com mais raiva. ― Da próxima vez usarei minhas roupas para fazer uma fogueira, mas eu não saio de novo com esses três!

Quando ele terminou ouvi Cabeça-Quente murmurar "eu gostaria que ele fizesse isso agora", mas resolvi deixar passar e ignorar a vontade de rir.

Fizemos a fogueira com a ajuda de Bafo e Arroto. Nos deitamos em volta do fogo. Astrid quis ficar de vigia e pediu para nós descansarmos e Eret se ofereceu para ficar com ela.

Aquela altura já estava completamente escuro. Tudo que se podia ouvir era o silêncio selvagem da floresta e a respiração pesada dos meus amigos depois de um dia cansativo.

Alguns estavam dormindo, menos eu. Estava desperto. Melequento roncava como uma forrageira, mas não era por isso que eu não conseguia dormir. Ansiedade, talvez. Astrid e Eret estavam sentados à minha frente mas eu só via as costas dos dois.

― O céu fica muito bonito aqui ― ouvi Astrid comentar.

― É, ele fica... Assim como você... ― ele respondeu um pouco sem jeito.

Não entendi o que ele quis dizer com aquele comentário, mas para mim pareceu uma cantada. Infelizmente eu descobri o que era sentir ciúmes e tive que me controlar para não fazer alguma coisa. E eu pensava que Eret era um amigo legal. Aliás, por que Astrid não o mandou ficar quieto como ela geralmente fazia com o Melequento?! Pensei no que eu poderia estar "perdendo" enquanto não estava na academia com eles. Ela não respondeu e talvez tenha ficado meio sem graça, pude imaginar o quanto suas bochechas deveriam estar coradas.

― Sabe, Astrid, desde quando eu a conheci, no dia em que você fez Tempestade me carregar a força eu adquiri uma certa... admiração por você. Eu não sei o que é, mas está parecendo que eu comecei a gostar de você... de um jeito diferente, entende…?

Tentei não me mover para não perceberem que eu ainda estava acordado. Astrid continuou em um silêncio que era constrangedor até para mim que estava só ouvindo a conversa. Conhecendo Astrid, parecia que ela tentava encontrar as palavras certas para responder.

― Nossa... confesso que fiquei um pouco assustada agora...

― Desculpa! Não era a minha intenção.... ― ele interrompeu tentando falar o mais rápido possível. ― O que eu estava pensando?! ...Você namora meu amigo. Eu não devia ter falado isso me desculpa. Eu só pensei que...

― Tudo bem, eu é que não devo ter me expressado bem. Você tem sido tão gentil e amigável comigo e eu nunca pensei no que poderia acontecer. Mas fico... Fico feliz por uma pessoa como você gostar de mim. Você é muito especial, Eret. Com certeza há muitas mulheres interessadas em você. Mas me desculpe. Eu não conseguiria gostar de outro que não fosse o Soluço.

Senti uma pontada de alegria muito forte no peito, nem sei o que eu faria se ela tivesse aceitado, mas fiquei com pena de Eret ao mesmo tempo. Okay, agora eu admito que ele realmente é um amigo legal. Pelo menos Astrid foi gentil com ele.

― E eu não sei se você percebeu ― ela continuou com um tom de voz animado. ―, mas a Cabeça-Quente está muito interessada em você.

― Ah ela é até legal, mas é um pouco... estranha.

Os dois riram por um tempo e depois começaram a falar sobre coisas menos interessantes ou constrangedoras, então eu ignorei o resto da conversa e adormeci pensando no quanto eu tinha sorte.

De todos, Astrid foi a única que conseguiu enxergar em mim o que nem mesmo eu via. Ela me escolheu mesmo eu sendo a mais improvável das suas opções. Eu, quase que no mesmo momento que a conheci, sabia que ela seria sempre minha escolhida, mesmo que houvesse milhares de outras alternativas.

Dormi por muito tempo, mas fui obrigado a acordar pois Astrid estava me sacudindo pelos ombros dizendo que tinha ouvido algo. E realmente tinha alguma coisa porque eu também ouvi. Me levantei o mais rápido que pude.

― Formem um círculo agora! ― gritei.

Fizemos um círculo com dragões e pessoas armadas lado a lado da maneira que cada um possa impedir um ataque em qualquer direção. O barulho ficou mais próximo. Vi grandes olhos cintilantes acinzentados, parecidos com olhos de dragão entre as árvores. Os galhos começarem a se mexer até uma pequena sombra humana e volumosa ficar um mais pouco visível e se aproximar junto com o par de olhos. De repente a forma saiu entre os arbustos revelando assim uma bela moça de cabelos longos vermelhos e cacheados.

― Lagertha?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Dessa vez não vou dizer que vou tentar ser mais rápido. No fim eu sempre acabo postando um mês depois (ou mais) ahsahusu
Eu agradeço a Theury diva pela betagem.
Obrigada a você que continua lendo! Comentem o que acharam please.
Bjs e até a próxima! ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Astrid e Soluço: Desvendando o passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.