Saint Seiya: New World escrita por Fernando


Capítulo 16
Hades




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A garota da carruagem deu alguns passos à frente, ficando frente a frente com Carmen e André.

– Atena. – A voz da garota era levemente estridente, mas firme. – Vejo que continua se escondendo atrás de humanos à beira da morte.

Carmen, de alguma forma, sentiu que já conhecia a garota. E todos seus instintos a diziam para tomar cuidado.

– E você continua a se esconder atrás de seus Deuses Gêmeos, Pandora. – O Grande Mestre se colocava, juntamente com os cavaleiros de ouro, ao lado de Atena.

– Lemurianos, vocês sempre são os mais problemáticos. – Comentou Pandora.

– Quem é ela, Grande Mestre? – André perguntou.

– É Pandora, general das forças de Hades.

– Essa garota é a general dos espectros de Hades? – Cário estava indignado.

– Não a subestime, Cário. – O Grande Mestre parecia extremamente desconfortável de ter Pandora e Os Deuses Gêmeos no mesmo lugar. – Ela é tão perigosa quanto aqueles dois.

Pandora estava olhando em volta, quando seus olhos caíram sobre a armadura de Gêmeos, que ainda pairava no local onde havia misteriosamente aparecido momentos atrás.

– Seus truques estão ficando cada vez mais baixos, Atena. – Pandora tinha a voz banhada em sarcasmo.

– Desculpe? – Carmen não entendeu.

– Como pode continuar ao lado dessa deusa, Pégaso? Depois do que ela fez a você e seu irmão. – Pandora se dirigia a André agora.

O cavaleiro se surpreendeu. Apenas Carmen sabia sobre seu irmão e, mesmo com ela, nunca foi um assunto que ele gostava de falar.

– Não tente usar mentiras comigo, Pandora. – O Pégaso não queria mais ouvi-la.

– Sua deusa não te contou, não foi? Ela não te contou sobre a maldição que você e seu irmão carregam? Não contou que ela, pessoalmente, incumbiu seu irmão desse fardo quando escolheu você como protetor? – Pandora continuava com as acusações.

– Cale a boca! – André estava perdendo a calma.

– É típico da “Deusa da Sabedoria” usar de suas “estratégias” para garantir a soberania nas guerras. Eu apenas não esperava que fosse fria a ponto de fazer isso com seu próprio protetor, Atena.

André estava farto da retorica de Pandora. Ela havia entrando em assuntos que jamais deveriam ter sidos trazidos de volta e ainda estava acusando Carmem de causar uma das piores tragédias de sua vida. Ele não permitira que ela continuasse.

O cavaleiro fez menção de se lançar contra Pandora, mas Cário o impediu.

– Não vamos começar uma nova batalha. – O cavaleiro de Sagitário estava tentando resolver a situação de forma diplomática. – Todos nós queremos acabar com eles, mas estamos cansados e no limite de nossos corpos. Principalmente você, André.

Cário estava certo, os cavaleiros de ouro lutaram bravamente e sem recuar uma única vez, mas eles ainda são humanos. Seus corpos estavam cansados, mesmo que a maioria deles não admitisse, lutar contra dois deuses em um curto espaço de tempo era demais até para eles.

André se conteve. Não desobedeceria a seu mestre, ainda mais em uma situação como essa.

– Esse Pégaso parece ser mais esperto que os dois últimos. – Provocou Pandora. – Mas isso apenas compensa a deslealdade dessa Atena, comparada a suas antecessoras.

– Se tem algum problema comigo, Pandora, chega de conversa e vamos resolver isso de uma vez. – Carmen se cansara dos insultos da garota.

– Uau! Essa é a primeira vez que a vejo tomar uma atitude, Deusa da Sabedoria. – Pandora continuava a tentar desestabilizar seus oponentes. – Parece que muitas coisas mudaram em sua nova encarnação, mas não o seu amor por insetos de barro, não é?

– Já basta. – O Grande Mestre interveio. – Diga logo oque quer Pandora, ou suma daqui.

A garota de cabelos negros apontou o tridente da direção de Atena. André se levantou e ficou a sua frente, entre o tridente e a deusa.

– Típico Pégaso. – Desdenhou a garota. – Oque eu quero é oque a sua deusa roubou de nós.

– Eu não roubei nada de Hades. – Respondeu Atena.

– Não se faça de dissimulada Atena! Você sabe que escolheu reencarnar próxima ao Imperador do Inferno, para que eu não pudesse o fazer e crescer ao seu lado. Você, Atena, usou de suas artimanhas para fazê-lo acreditar que era próximo a você, e, ainda pior, o fez pensar que era um cavaleiro!

As palavras da garota não faziam sentido para Carmen. Ela nunca havia conhecido o hospedeiro de Hades.

– Não sei do que está falando, Pandora. – A deusa falava a verdade.

– Mentira! – Esbravejou a garota. – Mas isso não importa, ele já está se dirigindo para cá.

Pandora tinha um grande sorriso de satisfação em seu rosto.

– Oque vamos fazer? – André perguntou a Cário.

– Vamos manter a posição. Os Deuses Gêmeos ainda são uma ameaçar, mas esse assunto com Pandora é um assunto que a senhorita Atena deve resolver. – Explicou Cário.

Nesse momento Lucas de Cisne, o primo de Carmen, aparece no Coliseu.

As expressões de André e Carmen são de pânico, eles se lembram do cosmo de Lucas quando lutaram contra os espectros no abrigo em Chicago e entendem as palavras de Pandora. O cosmo do garoto havia se elevado além dos cavaleiros de ouro e tinha tomado um tom acinzentado e sombrio.

– Lucas... – Carmen falou com certo pesar em sua voz.

– Oque está fazendo aqui?! – André gritou furioso.

O cavaleiro de Cisne parecia confuso e até um pouco atormentando.

– Eu... Eu não sei direito. – Ele levou às mãos a cabeça. – Algo me atraiu para cá.

Lucas estava péssimo, ele trajava sua armadura, mas seu corpo estava magro, a pele parecia ainda mais pálida e seu rosto estava marcado por grandes olheiras, como se o garoto não dormisse há dias.

– Vocês me deixaram. – Ele apontou para André e Carmen. – Seguiram seus caminhos e me abandonaram!

– Lucas, não é isso. – Carmen tentava explicar. – Você está sobre a influencia de Hades, por favor, nos escute.

Pandora disparou na direção do Cisne. Ela correu o máximo que pode para alcança-lo.

– Eu não vou deixar! – André se colocou entre Pandora e Lucas, momentos antes que a garota fosse alcança-lo.

O Pégaso sentiu algo transpassar, por trás, seu abdômen e atravessa-lo.

– André! – Carmen gritou ao ver a cena.

– Cavaleiros! Comigo, agora! – Cário decidiu atacar e os demais cavaleiros de ouro o seguiram.

Os Deuses Gêmeos, novamente, se chocaram com os cavaleiros de ouro.

André sentiu um frio entorpecente preencher seu corpo a partir da ferida em suas costas, ele parecia enxergar o mundo em câmera lenta. A risada de Pandora era tudo que ele conseguia ouvir em sua cabeça. Ele olhou para trás e viu oque havia lhe perfurado. Foi uma lâmina de gelo feita a partir do punho de Lucas.

– Por que... – André não acreditava naquilo. Lucas sempre fora mais fechado, mas eles sempre foram amigos próximos.

A frieza no olhar de Lucas era assustadora.

– Isso é culpa sua, André, e apenas sua. – O cavaleiro torceu a lâmina no corpo de André. – Você tirou a Carmen de mim, minha única família.

– Isso não é você falando! – André cuspia sangue entre as palavras. – É a influencia de Hades! Você não é assim Lucas!

– Como acha que sabe quem eu sou? Você nunca me conheceu de verdade, André. Está sentindo esse frio pelo seu corpo? Essa é a primeira vez que você está sentindo algo próximo ao oque eu sou de verdade, esse frio que vai mata-lo, é o mais próximo que você vai chegar de me entender algum dia, Pégaso.

André se recusava a aceitar aquilo, mas ele não conseguia reagir. Seu corpo estava sendo congelado de dentro para fora, ele podia até sentir seu cosmo enfraquecendo.

– Não! – Carmen bradou e, com um golpe de seu báculo, destruiu a lâmina de gelo de Lucas.

A deusa colou suas costas as de André, que tentava se manter de pé. Pandora encarava o cavaleiro e Lucas a Deusa da Sabedoria.

– Você levanta armas contra mim... Por ele?! – A voz de Lucas parecia começar a mudar, como houvesse outra pessoa dizendo aquelas palavras.

– Você está fora de si, Lucas! – Carmen tinha lágrimas nos olhos, mas não abaixava seu báculo contra o cavaleiro de Cisne.

– Deixa ele comigo. – André se levantou, ainda estava fraco, mas seu cosmo voltara a se acender.

– Dé...

– Acha que pode lutar contra mim? – O cosmo de Lucas alternava de branco para cinza.

– Eu prometo para você, Lucas. Eu vou te trazer de volta, nem que seja na porrada!

O cavaleiro de Pégaso saltou sobre Carmen e cruzou punhos com Lucas. Ambos começaram a trocar golpes a grande velocidade.

– Isso é culpa sua. – Atena se virou para Pandora, que se divertia ao assistir tudo aquilo.

– Não vai ajudar seu cavaleiro, Atena? Achei que sempre lutassem juntos. – Pandora continuava a provocar a deusa.

– Confio em André, ele é mais do que capaz de resolver isso. – Ela disse confiante. – Agora, meu assunto é com você!

Atena avançou com seu báculo a frente. Pandora a bloqueou com o tridente.

– Eu esperei muito por isso. – Pandora ansiava pelo embate com a deusa.

Lucas e André se enfrentavam de maneira feroz. Ambos desferiam golpes a grande velocidade, acertavam, defendiam e contra-atacavam como se aquela fosse a ultima batalha de suas vidas. Após desviar de uma cotovelada de André, Lucas saltou para trás, aumentando a distancia entre eles, e lançou sua técnica.

– Pó de Diamante! – Bradou o cavaleiro de Cisne.

Uma rajada de ar congelante se aproximava do Pégaso, mas o mesmo inflamou seu cosmo e respondeu a altura.

– Meteoro de Pégaso!

A chuva de meteoros azulados se chocou com a rajada de ar frio e ambas se equipararam. Lucas se lançou para frente, em meio a sua onda de ar congelante, e passou pelos meteoros do Pégaso. De frente para André, que não entendia como Lucas havia passado por sua técnica. O Cisne agarrou-o pela garganta.

André sentiu sua pele queimar com o frio que emanava das mãos de Lucas. Ele sentia uma fina camada de gelo cobrir seu pescoço e se expandir cada vez mais sobre sua pele.

– Você está fraco! Seus meteoros não me machucariam nem se eu estivesse sem armadura alguma. – Gritou Lucas de maneira ensandecida. – Não é um adversário para mim nesse estado, Pégaso.

André sabia que era verdade, seu corpo estava com dificuldades de fazer qualquer movimento e seu cosmo já havia se tornado escasso. Mas o cavaleiro ainda não havia desistido. Em um ultimo esforço, André, reuniu tudo que lhe restava de forças e desferiu um chute que acertou Lucas no queixo, fazendo o Cisne se afastar.

– Eu vou arrastar sua alma para o Tártaro. – Lucas limpava o sangue em sua boca.

O Pégaso não podia mais se mover, seus braços pareciam feitos chumbo e suas pernas se negavam a se flexionar. Ele só podia permanecer ali, imóvel e indefeso.

O punho direito de Lucas foi coberto por uma camada de gelo, que assumiu a forma de uma ponta de lança, a armadura de Cisne abandonou seu corpo, sinalizando sua transformação no Imperador do Inferno. Ele se lançou na direção de André, o punho pronto para atravessar o coração do Pégaso, mas foi impedido centímetros antes de atingir seu alvo.

– Oque pensa que está fazendo?! – Gritou Cauê.

O cavaleiro de Dragão havia se colocado entre Lucas e André, momentos antes que o Pégaso fosse morto. Ele bloqueou o punho, coberto de gelo, de Lucas com o escudo em seu braço esquerdo. O gelo se despedaçou ao se chocar com o metal do escudo.

– Não interfira, Cauê! – Lucas estava transtornado por não ter conseguido acertar o cavaleiro.

Cauê não respondeu, apenas socou o cavaleiro de Cisne no rosto.

– Você ia mesmo matar o André?! Ficou maluco de vez?

Lucas começou a gargalhar e sua aura se tornou negra.

Carmen e Pandora pareciam saber exatamente o próximo movimento uma da outra. Elas aparavam e bloqueavam as investidas uma após a outra como se soubessem exatamente quando viriam.

– Chega. – Carmen se cansara da disputa.

A deusa girou seu báculo e bateu sua base contra o solo. Uma poderosa onda de cosmo dourado rachou o solo ao redor, fazendo Pandora perder o equilíbrio e cair.

– Acabou. – Carmen colou o báculo à garganta de Pandora. – Largue o tridente.

Pandora rangeu os dentes.

– Se acha que vou me render para você é mais louca do que pensei.

– Como queira. – A deusa girou o corpo e acertou seu escudo contra a cabeça da garota, levando-a ao nocaute.

Os olhos Carmen caíram sobre Lucas, André e Cauê no exato momento em que o cosmo de seu primo se tornava negro como a noite.

– Acabou. – A voz de Lucas estava diferente, mais imponente. – Eu despertei.

– Oque está acontecendo? – Perguntou Cauê, ele não estava ciente da situação.

– Hades... – Foi tudo que André conseguiu dizer antes de desabar de joelhos.

– Thanatos e Hypnos. – Lucas chamou os Deuses Gêmeos. – Peguem Pandora e vamos embora, já cumpriram sua missão aqui.

Em um piscar de olhos os dois deuses se desmaterializaram, recolheram a garota inconsciente e reapareceram atrás do cavaleiro de Cisne.

– Hades... É você que está ai agora? – André perguntou.

– Sim, Pégaso, sou eu.

– Você tem duas escolhas: Saia do corpo do meu amigo e volte para o buraco no inferno de onde veio, ou continue ai e eu vou arrancar você com as minhas próprias mãos. – André deu o ultimato ao Deus do Submundo.

– Não, Pégaso, eu tenho uma terceira escolha. – O deus estendeu a mão direita na direção de Cauê e André. – Eu oblitero sua existência patética e arranco a cabeça de sua deusa, oque acha?

Uma esfera de cosmo negro se formou na palma de Hades, mas a armadura de Gêmeos se colocou atrás de André. A armadura possuía uma aura agressiva e poderosa, e parecia proteger o cavaleiro.

Hades riu em desdém e abaixou o braço.

– Ainda não é a hora. – Concluiu o deus. – Adeus, por ora, cavaleiros. Nos veremos em breve.

Um portal circular se abriu atrás de Hades, Hypnos e Thanatos. O interior do portal parecia o espaço sideral, repleto de estrelas e planetas. Os três deuses, junto de Pandora, que jazia nos braços de Thanatos, adentraram o portal e desapareceram. A carruagem em que Pandora havia chegado levantou voo e sumiu no horizonte.

Assim que os inimigos foram embora, a armadura de Gêmeos subiu aos céus como um raio dourado e voltou a desaparecer.

– Dé! – Carmen gritou quando o cavaleiro tombou.

Cauê o amparou antes que o Pégaso atingisse o chão.

Por ora, a batalha havia acabado.

...

Maya despertou assustada. Estava na Ala Médica do Santuário, deitada em uma das camas com os braços cobertos por gazes e uma tala no tornozelo esquerdo, provavelmente o havia fraturado na luta.

A amazona olhou para o lado e viu André. O cavaleiro estava dormindo, sentado em uma cadeira ao lado da cama onde a garota estava. Provavelmente estava ali há algum tempo esperando que a garota despertasse. Ao vê-lo a garota teve noção da quão violenta à batalha foi após ela desmaiar. O garoto tinha as mãos enroladas em bandagens ensanguentadas, diversos curativos para cortes no rosto, um par de muletas apoiados ao seu lado, na cadeira e uma grande macha de sangue brotava de seu abdômen. Algo grande e afiado o havia transpassado naquele local.

Ela sentiu um aperto no peito, teve vontade de se levantar e curar o garoto, ele devia estar sentido muita dor por aqueles ferimentos. Era por isso que ele deveria estar ali, esperando por ela, para que ela o curasse quando despertasse. Maya estendeu seu braço e encostou a mão no joelho de André. O mesmo despertou.

– Oi. – Ela disse.

O garoto parecia estranhamente triste.

– Oi. – Ele respondeu cabisbaixo.

Maya notou que algo havia acontecido, André não era assim, o garoto nunca ficava triste ou abatido daquela maneira.

– Oque aconteceu? – Estava curiosa.

– Nada. – Ele forçou um sorriso, não queria preocupa-la agora. – Como se sente? O corpo dói?

– Um pouco, mas eu não estou tão mau quanto você. Oque aconteceu Dé? – Maya insistiu.

André não queria preocupa-la, mas achou que seria melhor que ela ouvisse dele. Todos no Santuário estavam falando sobre a volta de Hades e seria apenas questão de tempo para que a notícia chegasse a ela.

– Hades... – Ele disse por fim. – Ele despertou. Era o Lucas, um dos meus amigos que vieram para cá comigo.

Maya se forçou a sentar na cama.

– Vocês lutaram? – Ela perguntou enquanto tentava, de alguma forma, liberar suas garras.

– Sim, - O cavaleiro tocou a ferida em seu abdômen. Ela ainda tinha aquele frio angustiante de quando Lucas o apunhalou pelas costas. - mas oque você está fazendo? Precisa descansar Maya.

– Eu vou curar você. – Ela continuava tentando reunir cosmo. – Você vai querer sair logo atrás de Hades, eu te conheço.

O garoto via o esforço de Maya para ajuda-lo. A garota mal havia despertado e já queria cura-lo para que ele fosse atrás de seu amigo. Mas ele sabia que Maya estava cansada, ele havia sentido o quanto de cosmo ela havia usado para cura-lo na ultima vez.

– Não, você não vai. – Ele segurou as mãos da amazona. – Você já fez muito Maya. Descanse, se recupere e depois você pode pensar em me ajudar, certo?

– Não foi pra isso que você estava aqui? – Ela perguntou. – Não estava esperando que eu te curasse para poder lutar novamente?

– Não, eu estava aqui por que fiquei preocupado com você e queria te agradecer.

– Me agradecer? Pelo oque? – Maya sentia seu rosto queimar e agradecia a Zeus por estar com sua máscara.

– Por me curar daquela vez, você precisou tirar a máscara e eu sei o quanto ela significa para você, mas, mesmo assim você fez para que eu continuasse lutando. Obrigado. – Ele a abraçou.

Em geral, Maya odiava contato físico. Ainda mais com homens, mas ela se sentia diferente a respeito de André. Os dois haviam passado por muita coisa nos últimos meses e ela o havia considerado um amigo, mas agora estava sentido algo mais. Ela reparou no calor do corpo do garoto e se amaldiçoou por isso. Era uma amazona, não era assim que devia agir ou pensar, ela escolheu por seguir as leis antigas e não as quebraria.

André se separou de Maya, momentos antes que a própria amazona o fizesse.

– Fique boa logo. – Ele disse sorrindo. – E não se preocupe comigo, eu não vou a lugar nenhum por enquanto.

...

– Você não vai! – Carmen estava furiosa.

– Eu preciso achar aquela armadura e você sabe disso! – André estava convencido e nada o faria mudar de ideia.

Ambos discutiam, aos berros, no templo da deusa.

– Você mal consegue andar! Como acha que eu vou deixar que vá atrás da armadura de Gêmeos?

André havia mentido para Maya, os planos dele eram sair do Santuário imediatamente, mas ele não queria preocupar à amiga antes que ela se recuperasse. Se ela estivesse em condições, certamente, ele a levaria com ele, mas ela não estava.

– Eu só preciso que consertem minha armadura. Garanto que posso me recuperar quando ela estiver pronta.

– Não! Eu não vou deixar você se matar André! – Carmen estava a ponto de começar a chorar.

– Por favor, Carmen. Eu preciso ir, aquela armadura salvou minha vida, eu preciso saber o por que.

Carmen entendia o ponto do amigo, mas não queria deixa-lo ir, ainda mais sozinho. Ele nem estava recuperado e sua armadura estava em frangalhos, como ele poderia sair assim?

– Acha que é fácil para mim? – A deusa perguntou. – Acha que é fácil, todos os dias, ter que mandar pessoas em missões que eu sei que não retornaram? Quando Cário me disse que levaria você para Jamiel, para buscar o Rosário de 108 contas de Asmita, meu coração quase veio à boca! Sabe como foi a aflição a cada dia que vocês atrasavam? Eu não fazia ideia se você estava vivo ou morto!

– Mas foi preciso! O Rosário está com Prabha agora, e isso impede que os espectros ressuscitem.

– Não venha me falar do que “foi preciso”. Você se jogou contra o ataque de Thanatos sem nem pensar no que ia fazer! Se não fosse pela armadura de Gêmeos e seu cosmo...

Carmen já estava em lágrimas.

– Oque você teria feito? – André perguntou. – Se você visse as pessoas mais importantes para você a beira da morte, não faria qualquer coisa que pudesse para tentar salva-las? Bem, eu fiz! E farei quantas vezes for necessárias, eu prometi isso a você.

Aquilo foi como um estalo na cabeça de Carmen. Ela se lembrou da promessa de André, quando eles ainda eram crianças, onde ele prometeu que sempre a protegeria.

A deusa se levantou de seu trono e abraçou o cavaleiro.

– Eles irão atrás de você, sabe disso. – Ela disse, já concordando com a ideia de André. – Os espectros estão mais agitados do que nunca, agora que Hades despertou.

– Cário me ensinou como se esconder deles, não se preocupe. – André falava sério.

Cário o havia ensinado a ocultar sua aura e ser furtivo, durante seu treinamento. Se quisesse, o cavaleiro não teria problemas com espectros durante a viagem.

– Vou falar com Kiki, ele pode restaurar sua armadura, mas precisaremos de sangue. – Carmen estava pensativa.

– O meu. – André respondeu prontamente.

– É preciso muito sangue para restaurar uma armadura, Dé. Se usarmos o seu, você ficara fraco e ai sim eu não deixarei que vá. – A deusa estalou os dedos, como se tivesse encontrado a solução. – Vamos usar o meu.

– Oque? Não. Sem chance.

– É o único jeito para eu deixar que você vá. Sua armadura ficara mais poderosa, e eu me sentirei melhor se ajuda-lo de algum jeito.

– Não, o Grande Mestre nunca permitiria. – André apelou não aceitaria aquela condição.

– É o meu sangue, a escolha é minha. – A palavra da deusa era a final.

– Ela está certa. – Uma voz disse atrás do cavaleiro e da deusa.

Era Kiki, trajando sua túnica e carregando seu elmo nos braços.

– Desculpe por escutar a conversa de vocês, mas era possível ouvi-los da Casa de Escorpião. – O Grande Mestre disse sorrindo.

– Não se preocupe Kiki, está tudo bem, e desculpe pelo barulho.

– Você não concorda mesmo com isso, não é Kiki? – André estava preocupado com a ideia de Carmen.

– Considerando o estado do seu corpo – Kiki mancava com a perna direita, à medida que se aproximava do Pégaso e de Atena. – é melhor que ouça as ideias de Atena. Ela não é a Deusa da Sabedoria à toa.

A garota ria. As palavras de Kiki apenas haviam confirmado que ela ganhara aquela discussão.

– Tudo bem. – O cavaleiro concordou mesmo contrariado. – Em quanto tempo minha armadura fica pronta?

– Dê-me dois dias – Kiki analisava os ferimentos do cavaleiro. -, mas antes que você decida, de fato, ir atrás da armadura de Gêmeos, você deve saber que ela está na Ilha Kanon.

– Ilha Kanon? – André, por algum motivo, não achava aquele nome estranho.

– Uma pequena ilha no mediterrâneo. Muitos dizem que, graças a fumaça expelida constantemente por um vulcão, o lugar é capaz de curar os ferimentos de cavaleiros.

O Pégaso sorriu.

–Acho que é o melhor lugar para eu ir agora, não acha? – André abriu os braços enquanto dizia aquilo para Carmen.

– O lugar “pode” te curar. – Ela retrucou. – Ainda não acho que seja uma boa ideia.

– A ilha se tornou deserta no final do século XX. – Emendou Kiki, tentando amenizar a preocupação da deusa. – As únicas coisas vivas lá são o vulcão, alguns animais e Marilli.

– Marilli? – André e Carmen perguntaram ao mesmo tempo.

– Ela é uma amazona, a de Andrômeda para ser mais exato. Ela ficou encarregada de proteger a armadura de Gêmeos até que o seu cavaleiro aparecesse.

– Vocês sabiam onde a armadura estava? – André questionou. – Achei que ela estava desaparecida.

Kiki se deteve por alguns instantes, aquele não era um assunto no qual queria tocar.

– Eu disse que o cavaleiro de Gêmeos estava desaparecido. – Ele respondeu, mas logo desconversou. – De qualquer modo, procure-a quando chegar. Ela saberá como ajuda-lo.

André olhou para Carmen, a garota tinha o mesmo olhar de desconfiança que o cavaleiro. Kiki estava escondendo algo, e tinha relação com aquela armadura, era mais um motivo para o cavaleiro ir até ela. Ele suspirou, ainda não queria aceitar receber o sangue de Carmen para que sua armadura fosse restaurada, mas pode ver nos olhos da garota que ela não voltaria atrás em sua decisão.

– Acho que não tenho muita escolha, vamos fazer isso então. – O cavaleiro concordou por fim.


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