The day I met you escrita por Julika Nesser


Capítulo 3
Walk the Line




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/535816/chapter/3

Respirei fundo. Uma, duas, três vezes. Nada. Meu coração palpitava no meu peito feito uma britadeira. Me amaldiçoei por dentro por estar tão nervosa. Aliás, porque eu estava tão nervosa assim? Isso era irracional.

Puxei meus cabelos em um rabo de cavalo e me olhei no espelho uma ultima vez antes de descer. Assim que fechei a porta senti o vento gelado do fim da primavera bater em meu corpo. Eu estava apenas com um short jeans na altura dos joelhos e uma regata azul. Me abracei por instinto quando cheguei ao estacionamento. Olhei ao redor e vi primeiro Amy dentro do carro com o tal James – que de relance parecia realmente muito bonito – e Matt, um pouco afastado, encostado no carro, com os braços cruzados no peito, revelando braços musculosos. Amy me olhou preocupada e eu acenei com a cabeça, dizendo com os olhos que ela podia ir que eu me virava. Ela fuzilou com o olhar antes de James ligar o carro e eles partirem. Aquilo ainda ia dar uma longa conversa.

Fui ao em direção de Matt, que levantou os olhos azuis pra mim quando cheguei perto.

"Hey." Eu disse parecendo indiferente.

"Hey" ele respondeu colocando as mãos nos bolsos da calça "desculpe vir sem avisar, é que eu estava passando por aqui, e resolvi checar se você estava bem."

"Você sempre está passando por ai né?" eu disse me abraçando mais uma vez quando uma brisa gelada me atingiu. Eu não sei se tremia mais pelo frio do que por estar com Matt.

"Acho que não devia ter vindo né." Ele parecia aborrecido, eu não tinha percebido que minha frase que eu planejei que saísse irônica saiu na verdade com tom de aborrecimento.

"Não... é só que...você me pegou de surpresa." Mais uma brisa, só queria sair correndo dali e entrar no meu quarto e esquecer esse fim de semana. Mas ele estava parado bem na minha frente.

"Bom, e só queria saber se você estava bem." Ele passou a mão em seus cabelos castanhos "ér ... conseguiu fazer seu trabalho?"

Ele queria falar sobre meu trabalho? "Sim, consegui, era sobre crime, pode parecer clichê, mas é a área que eu mais gosto." Eu disse sorrindo.

Ele sorriu de volta "Realmente, e uma área intrigante" tremi com outra brisa, ele percebeu e já ia tirando sua jaqueta preta pra colocar em meus ombros quando eu recuei.

"Não, não precisa, eu vou entrar lá dentro pra pegar uma camisa, você vai ficar com frio."
"Não, não vou não, pode ficar." Ele insistiu.

"Não, olha, eu vo lá pegar, só me espera aqui, ou ... você pode vir comigo, se quiser." O QUE? EU TINHA ACABADO DE CONVIDAR MATT CREW PRA VIR PRO MEU QUARTO? NO QUE DIABOS EU ESTOU PENSANDO?

"Tá, olha, na verdade eu acabei de pensar em algo." Uow "Pelo que parece, sua colega de quarto acabou de sair pra jantar, e você está sozinha ai, e eu também não comi ainda, se você quiser sei lá, ir comer uma pizza, a gente podia conversar um pouco sobre seu ... trabalho?" Havia súplica no seu olhar? Era tão profundo e tão intenso o azul dos olhos dele que eu simplesmente perdi o ar.

"Tá" eu disse sem sequer pensar "eu vou lá dentro trocar de roupa"
"Vou te esperar aqui então." Ele sorriu.

Eu acenei e subi as escadas correndo. Quando cheguei a porta do meu quarto não conseguia colocar a chave na fechadura de tanto que eu tremia. Respirei fundo. Pare de ser Idiota Maddison Connely, é só um encontro com um garoto. Um garoto lindo, maravilhoso, prestativo, educado, preocupado. Oh meu Deus. Eu estava indo a um encontro. Um encontro com Matt Crew. Espera, não era um encontro, era só uma pizza entre ... amigos? A gente era amigo agora? Ah finalmente consegui abrir a porta. Troquei meu short por calça jeans, e vesti uma jaqueta por cima da minha regata, e coloquei uma sapatilha preta. Dei uma olhada rápida no espelho e desfiz meu rabo de cavalo. Ok. Chega de se arrumar. Você não quer impressionar ninguém.

Desci as escadas e encontrei Matt na mesma posição que da primeira vez, só que dessa vez ele me olhou assim que eu surgi, arregalou os olhos por um segundo e eu instantaneamente me senti desconfortável, fiz questão de me olhar, vai ver eu tinha esquecido de colocar os sapatos ou as calças. Ele rodeou o carro e abriu a porta do passageiro. Cavalheirismo ainda existe. Eu entrei em seu carro normal. Eu digo normal porque o carro de Preston era todo decorado. Banco de couro, dados no retrovisor. Parecia um carro de gangster. O carro de Matt era de um verdadeiro advogado. Ele entrou logo em seguida.

"Algum lugar em especial?" Ele disse enquanto ligava o carro, me olhou arqueando as sobrancelhas.

"Surpreenda-me." Eu disse sorrindo. Ele sorriu de volta. E saiu com o carro pela estrada.

Fomos a uma pizzaria perto do campus da faculdade. Era domingo, então estava meio que cheio de gente, mas era um lugar agradável. Ele me dirigiu até uma mesa perto de uma janela, afastada do burburinho do local. O garçom entregou o cardápio.

"Bom a minha preferida é napolitana, podemos pedir meia napolitana e a outra metade como você quiser." Ele disse olhando pra mim por cima do cardápio.

"A minha preferida é napolitana!" Eu disse colocando o cardápio em cima da mesa. Nós dois começamos a rir por uns segundos.

"Então vai ser uma média de napolitana e uma coca pra acompanhar?" ele olhou pra mim, pedindo minha opinião? Preston nunca ligava pra minha opnião. Tive que comer comida chinesa por dois meses porque ele não queria comer outra coisa e não deixava eu comer também. Eu tinha que parar de comparar Matt com Preton. Era obvio que eles vieram de mundos completamente diferentes. Talvez até planetas.

"Então você é fã da napolitana." Ele perguntou assim que o garçom saiu com nossos pedidos.

"É, tem presunto e queijo, tudo o que uma pizza precisa, nada mais." Eu disse convicta na minha teoria idiota.

"É disso que eu to falando!" Ele disse batendo com o punho na mesa como se concordasse. Eu não pude deixar de rir, e ele se juntou a mim. Era tão natural. Eu não ria assim a meses. A anos.

Um silêncio desagradável surgiu de repente e eu analisei ao redor, mexi no meu cabelo, olhei para minhas mãos na mesa. Prestei atenção em tudo pra não ter que olhar dentro daqueles olhos azuis.

"Quantos anos você tem?" Ele de repente perguntou.

"22" eu disse o olhando de relance quando ele ergueu as sobrancelhas.

"Vai se formar nova." Ele parecia realmente impressionado.

"Nem tanto" de repente algo me intrigou "você fala como se fosse muito velho." Oh, e se ele tivesse 35 com cara de 25 ? Eu estava saindo com um homem, tipo, HOMEM, com idade pra já estar casado e ter 5 filhos.

Ele deu um meio sorriso "Tenho 24" ele disse, ah, respirei fundo de alivio. Mas certeza mesmo só depois que visse a identidade dele.

''É novo também"

O que estava acontecendo comigo? Eu nem conhecia ele, nunca tinha aceitado o convite de alguém sem antes conhecer primeiro. Na verdade nunca tinha aceitado.

Começamos a conversar sobre o curso, sobre os professores, sobre o clima, sobre o lugar, a faculdade. Nunca de nós mesmo. Ele não perguntou nada sobre mim, e eu agradeci por isso. Foi um jantar agradável, sem pressão, sem tensão.

Ele ligou o radio do carro quando estava me levando pra casa e começou a tocar Johnny Cash, ele começou a tamborilar os dedos no volante ao som da musica country. Eu conhecia aquela musica, meu pai escutava, ele adorava cantores country.

"I find it very, very easy to be true / I find myself alone when each day is through''Cantei com a voz que saia do radio. Matt me olhou espantado.

"Você conhece essa música?"
"Claro, meu pai era um grande fã de Johnny Cash, acabei gostando também."

Ele sorriu e murmurou algo como "ela não é real" mas e cantei a outra parte.

''As sure as night is dark and day is light / I keep you on my mind both day and night''

''And happiness I've known proves that it's right / Because you're mine '' ele cantou

'' I walk the line'' cantamos juntos. Eu sorri pra ele que sorriu de volta.

"E você, qual a sua história com Johnny Cash?" Eu disse no momento em que a música parou.

"Bom," Ele desligou o carro, não tinha percebido que já tínhamos chegado na minha casa "digamos que eu tenha crescido em uma fazenda, e meu pai seja texano. Ouvir Johnny Cash fazia ele se sentir e casa."

"Uau." Eu disse surpresa

"É. Parece que nossos pais tinham algo em comum." Ele sorriu, eu soube que não era dos nossos pais que ele estava falando.

"Bom, eu .. foi muito legal, eu gostei da pizza, mas eu preciso entrar agora, tenho aula cedo e acho que você também."

"Ah sim claro, tenho sim." Ele abaixou os olhos pro relógio no pulso e depois olhou em meus olhos. Aqueles olhos azuis me fitando, me analisando. Me senti nua com a intensidade com que ele me olhava. Foi ai que senti o clima ao redor de nós, se eu não saísse dali naquele momento algo ia acontecer, algo que estava fora do meu controle, algo que eu ia me arrepender. Ele aproximou o rosto de mim por alguns centímetros e então recuou, respirando fundo. Eu tinha que sair dali. Agora

"Obrigada Matt ... Tchau." Eu disse enquanto saia e fechava a porta do carro sem olhar pra trás ou ouvir sua resposta.

Quando entrei no meu quarto percebi que Amy ainda não havia chegado. Então pude pensar com clareza no que tinha acontecido.

Ow Matt.

Só pude pensar em uma frase da música de Johnny Cash.

'I keep a close watch on this heart of mine / I keep my eyes wide open all the time''

( Fico de olho neste meu coração / Mantenho os olhos bem abertos o tempo todo )

Foco Maddie, foco. Que seu coração não escolha por você. Por favor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A: Pra quem quiser ouvir a msica do Johnny Cash aqui vai o link. Eu particularmente amo ele. hehe ( watch?v=k7K4jH7NqUw )



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The day I met you" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.