The day I met you escrita por Julika Nesser


Capítulo 1
First Day




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Minha vida não estava muito boa, devo confessar. Era como se um furacão tivesse atravessado minha vida e deixado tudo bagunçado. E o pior é que eu não sabia o que fazer com o que restou. Amy me convenceu a ir nessa estúpida festa 'afogar as mágoas'. Afogar as mágoas? Eu não estava magoada, eu estava furiosa. Afogar a fúria seria o certo. Mas na verdade eu nem sabia se era fúria que eu sentia. Acho que o furacão passou em meus sentimentos também.

Dei uma volta nesse lugar estúpido, abarrotado de gente e olhei o relógio. Ah que ótimo. Já são duas da manhã. Amy está agarrada com um cara do 4º semestre. Super legal. Agora tenho que ficar aqui, esperando se ela irá pra casa e me dará uma carona. Pensando bem, meu apartamento não é tão longe daqui. Se não fosse esses malditos saltos eu arriscaria. O que seria? 3 ou 4 quadras? Não é tão longe. Mas são duas da manhã. Deve ser perigoso. Mas se eu for cautelosa ... e ahhhhh... agora ficou perfeito. Preston está agarrado com alguém também. Idiota. Ele olhou de relance pra mim, com aqueles olhos castanhos profundos que sempre me faziam suspirar, e se agarrou ainda mais naquela loira aguada. URG. Me deixar depois de 3 anos de namoro e me humilhar em frente a quase toda a faculdade não era suficiente. Ele tinha que esfregar na minha cara sua aparente felicidade. Idiota.
"Uma cerveja, por favor." Me enrosquei no bar, o que eu podia fazer? Estava numa festa, sem carona, vendo meu ex enfiar a língua na garganta de outra. Iria beber. Vou beber. O garçom me entrega a bebida me olhando desconfiado. Bufo. Ele era um aluno da universidade. Agora todo mundo me olha assim. Sou a mais mal falada, não só do curso de Direito mas da Universidade inteira. Preston fez o enorme favor de me difamar publicamente, eu já disse isso certo? O mais intrigante era que, apesar de Preston também ter saído com sua parcela de culpa, a fofoca a meu respeito se espalhou de forma violenta. E cada vez inventavam mais coisas. Era horrorizante. Eu não ligava, sabia que 90% era mentira. Mas todos se afastaram de mim. Tirando Amy, minha colega de quarto, mas ela era meio louca, então não contava. Eu só queria terminar meu curso o mais rápido possível. Graças a Deus só faltavam 2 semestres.

Depois de 3 cervejas – ou seria 6? – resolvi ir embora sozinha mesmo. Amy já tinha sumido. Eu não ia ficar aqui pra sempre. O relógio já marcava 3:30 da manhã. Levantei cambaleando, minha cabeça girava, nunca poderia imaginar que ficar bêbada era tão ruim. Mas eu não estava bêbada, Tinha que me manter coerente. Sai da boate cambaleando. Malditos saltos, tenho que me lembrar disso mais vezes. Como alguém consegue ficar mais que 20 minutos em cima deles? Parei pra tirar meus sapatos absurdamente altos, e parei para analisa-los. Eram bonitos, pretos com a sola dourada. Como brilhava. Ah meu Deus, acho que estou mesmo bêbada. Estou reparando em solas de sapatos. Não, não estou bêbada. Li em um artigo que se você negar sua condição por mais tempo possível, seu cérebro se acostuma com a idéia e seu corpo reage a favor. Estava me agarrando a essa teoria. Mas meu corpo não parecia cooperar.

Dei uma olhada pra trás quando ouvi dois gritinhos absurdos, era um casal saindo da boate agarrados, com certeza não iriam conseguir chegar a casa de algum deles.
Como eu tinha parado naquele lugar? Era horrendo. Quase caindo aos pedaços, todo preto, com luzes de LED piscando na entrada. Com certeza não era meu lugar. Continuei caminhando pelo estacionamento quando senti uma pontada no estomago. Ah não. Não, não não. Sai correndo até um arbusto ali perto e ... lá se vai meu lanche da tarde. Que horror, nunca mais vou beber na vida. Encostei na parede ali perto, a pontada no estomago ainda não tinha passado, acho que minha janta também iria embora dentro de segundos. E eu estava suando. Segurei em meus joelhos e comecei a respirar fundo. Eu só queria ir pra casa, tomar um banho e dormir.

Mais uma pontada no estomago e lá sei vai minha janta. Argh. Respirei fundo de novo e me apoiei na parede. Tudo bem, foco, fique bem e você irá embora. Pensei em sentar no chão, mas era nojento, em eu estava de saia, não queria pegar nenhuma doença. E o cheiro que saia dali, aaargh, fazia eu ficar mais enjoada. Acho que não tinha sido a única a usar aquele arbusto como privada.
"Hey, você está bem?" Disse uma voz perto de mim. Era só o que me faltava, um tarado. Comecei a entrar em pânico.

"Sim, to bem." Sai andando em direção contrária dele. Mal conseguindo caminhar, com a pontada no estomago e a tontura.

"Eu só quero te ajudar, espera." A voz dele estava perto demais. Apertei o passo, mas tive que parar pra dispensar mais liquido. " É, você não está nada bem." Ele disse mais perto, segurando meus ombros, na verdade, ele estava me mantendo de pé, porque eu já não sentia minhas pernas.
"Não estou no meu melhor dia, confesso." Falei limpando minha boca. Precisava escovar os dentes. Imediatamente.
"Você quer que eu te ajude a chegar em casa?"
"Não, obrigada, eu moro aqui ... perto." Eu disse respirando fundo, e me virei pra olhar meu ajudador. OH MEU DEUS. Era Matt Crew. O melhor aluno da turma de direito que a universidade já viu. Notas perfeitas, histórico perfeito, olhos perfeitos... Mas o que ele estaria fazendo aqui? Sua reputação era perfeita. Nada de festas, nada de bebidas, nada de drogas. Iria formar com honras. "Desculpa mas... o que você está fazendo aqui? Não te vi lá dentro."
Ele deu um meio sorriso, e oh, seu sorriso era perfeito também. Pelo menos meio dele. "Estava voltando de um grupo de estudos" Ah, tá explicado. "Vi você passando mal e resolvi ajudar."
"E é costume seu salvar donzelas passando mal?" Eu disse arqueando a sobrancelha. Eu ainda estava sem seus braços - que eram fortes e firmes – só esperava que não vomitasse em cima dele.

Ele sorriu outra vez, dessa vez mais aberto. Eu conhecia ele, bom de vista pelo menos, a 4 anos e nunca tinha visto ele sorrir tanto. Foco, você não está bêbada, pare de reparar nele.

"Na verdade, só parei porque conheço você. Bom da aula né." Ele disse me levantando mais, soltei um braço dele – relutantemente- e sai caminhando. Ainda me restava um pouco de dignidade.

"Bom, eu agradeço ... a ajuda ... mas já estou ... melhor." E lá se vai mais liquido. Como alguém podia vomitar tanto?

Seus braços já estavam me segurando."Bom, eu acho que não." Ele sorriu de novo e foi a ultima coisa que eu vi antes de tudo se apagar.

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Abri os olhos aturdida e me remexi na cama. Ok, essa não era minha cama, era macia demais.
Tentei levantar a cabeça mais ela latejava terrivelmente. Olhei ao redor tentando entender onde eu estava. O teto era preto, com um ventilador de teto, que estava ligado. Olhei pro lado, uma escrivaninha, com uma pilha de livros, um abajur, a janela estava fechada, mas entrava alguns raios de sol no quarto iluminando aparentemente. Era um quarto simples, mas sofisticado. Levantei em meus cotovelos e olhei o criado mudo do lado oposto, um porta retrato estava nele. Um homem de meia idade, uma mulher bonita também de meia idade e Matt no meio. Ele parecia um pouco mais novo. Mas era uma linda foto.
"Hey, acordou." Matt estava parado na porta do quarto, com um meio sorriso, vestindo uma camisa azul clara e calças de pijama, ele segurava uma xícara na mão.

"Érr..." Me sentei na cama, com muito esforço, minha cabeça latejava.
"Se sente melhor?''
"Sim, só com um pouco de dor de cabeça." Levei a mão na cabeça por reflexo.
"Se eu bem conheço os sinais, isso é uma ressaca." Ele disse com um sorriso de deboche.

"Eu não estava bêbada, então não posso estar de ressaca." Eu não estava bêbada. Não mesmo.

"Ah não?" Ele disse se aproximando da cama "Você vomitou, desmaiou, e estava bem incoerente ontem a noite, e agora está com dor de cabeça."
"E o que você sabe sobre ressaca sr. Perfeito?" Agora eu estava ofendida. Só queria ir pra casa.

"Uma vez eu já fiquei bêbado. Não tenho orgulho disso, mas fiquei." Ele sentou na beirada da cama. "Mas pelo seu jeito, deve ter sido a primeira vez que ficou bêbada." Assenti "O que me faz perguntar... porque?
"Porque o que?"
"Porque bebeu? Deve ter um motivo." Ele disse me analisando. E eu comecei a analisa-lo também. Seus olhos eram de um azul profundo, daria pra mergulhar dentro deles, sua pele era clara, e seus cabelos castanho claro cortados muito bem, com um pequeno topete, todas as suas feições combinavam, era como um anjo. "Então.." Ele me irou dos meus devaneios.

"Como se todo mundo não soubesse da minha vida miserável." Comecei a mexer nas bordas da coberta.

"É, mas eu queria saber a verdade."
"O que te faz pensar que não é a verdade?" Olhei pra ele sem querer acreditar no que ele disse, ninguém duvidava da história, ela foi muito bem inventada.
"Porque eu te conheço, pelo menos de vista, você não parece nada do que dizem, suas notas são boas também, os professores gostam de você, você tem caráter, você é sincera, verdadeira, por isso é difícil acreditar."
"Bom, você é o único." Eu estava surpresa com toda aquela confissão. Nunca tinha reparado muito e m Matt, só sabia o que todo mundo sabia: que ele era o melhor aluno de direito, que os professores o adoravam. Só. Dele realmente eu não sabia nada. "Olha, toda essa conversa tá deixando minha cabeça pior..."
"Ah, claro, desculpe não queria invadir sua vida." Ele parecia mesmo arrependido "Toma" Ele me ofereceu a xícara, eu peguei por reflexo. "É café, bem forte, vai ajudar na sua ressaca, e aqui tem um comprimido pra sua dor de cabeça." Ele deixou o comprimido no criado mudo que tinha a foto.

"Obrigada" eu disse dando um gole no café. "Obrigada pelo café, pelo comprimido, pela ajuda, mas eu realmente preciso ir agora." Me levantei da cama, graças a Deus eu estava vestida, ainda com minha blusa preta e minha saia amarela da noite passada.
Ele pareceu surpreso com minha súbita vontade de ir embora "Você não precisa ir agora se quiser, é domingo, espere ficar melhor e eu mesmo te levo."
"Não, desculpe ... eu realmente preciso ir embora, preciso tomar um banho e ... tenho trabalho de penal pra fazer, pra amanhã..."
"Hmm tudo bem então." Ele parecia desapontado "Me deixe te levar então"
Não era uma má idéia, eu não sabia onde eu estava, se estava longe do meu apartamento ou não. Passei a mão no meu cabelo, como eu queria dar uma olhada no espelho, mas eu queria mais era ir embora. Com certeza eu estava em uma situação deplorável. Quantos mais tempo eu ficasse ali mais aumentaria minha vergonha;

"Tudo bem eu acho que aceito a carona."
"Ok" ele saiu do quarto e eu o acompanhei, a sala e a cozinha eram quase juntas, separadas apenas por um balcão. Era tudo muito arrumado e limpo. Ele abriu a porta "Tem certeza que não quer esperar ficar melhor" Ele parecia preocupado.
"Tenho sim, quero a minha casa." Eu disse fazendo um beicinho e entreguei a xícara de café a ele, que colocou no balcão. Ele assentiu e saímos do apartamento. Dois lances de escada e estávamos no estacionamento. O carro dele não era um super carro, mas mesmo assim era um carro legal. Ele abriu a porta para eu entrar. Incrivel. Nem Preston em nossos três anos tinha feito isso.

Fui direcionando ele no caminho para meu prédio, que não era muito longe dali, só umas 5 quadras. E essa foi a única conversa que tivemos. Quando paramos em frente ao portão eu suspirei.
"Me desculpe por tudo isso."
"Não tem o que se desculpar Maddie." Oh ele sabia meu nome. "Eu fiz o que achei que era certo. Não ia deixar você morrer ao relento."
Eu ri e ele se juntou a mim, era um riso lindo.

"Olha" eu disse quando paramos de rir "Muito obrigada mesmo, por tudo."

"Ok, só me prometa que não vai mais beber e sair por ai de madrugada, eu posso não estar por perto da próxima vez."
"Ok, eu prometo." Abri a porta do carro e sai, ele me olhava segurando o volante. "Tchau Matt."

"Tchau Maddie, se cuida viu, e fica boa pra aula amanhã. Qualquer coisa sabe onde me achar, e agora, eu sei onde te achar." Ele sorriu e eu sorri de volta. Acenei e entrei no prédio. Ele ainda estava parado lá quando entrei.

Abri a porta do meu aparamento, não havia sinal de Amy ali ainda, o que era bom, me poupava muitas perguntas que não estava afim de responder agora. Me joguei na minha cama e comecei a pensar em tudo.

O que tinha acabado de acontecer? Eu tinha ficado bêbada e salva pelo lindo e maravilhoso Matt Crew. Como eu ia encarar ele amanhã?
Quando eu pensava que tinha acontecido de tudo na minha vida...


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