01

PILOT

– Que inferno! – Rose Weasley tirou a camiseta novamente, sentindo vontade de chorar. Nada parecia bom o suficiente. Sentia-se uma retardada por só ter camisetas de banda e até mesmo – Jesus Cristo!!! – um vestido com a porra do nome de uma banda! Devem pensar que ela tem um tumor cerebral e agora ela mesma estava desconfiando disso. Por que não ouve sua mãe e compra uma roupa descente? E nem podia pedir emprestado para suas primas pois acabaria rasgando a porcaria da blusa de tão obesa! – Puta que pariu!

– ROSE, VAMOS NOS ATRASAR!

– EU SEEEEEEEEEEEEEEEI! – urrou Rose, beirando à um AVC. Acabou desistindo de sua vida e colocou sua camiseta do Eels, sentindo-se uma palhaça enquanto tentava pentear o que ela fingia ser uma espécie de cabelo. Bufou para o espelho, querendo socar a bochechuda que a encarava mal humorada. Seu cabelo decidiu que acordaria emburrado também, por isso não conseguia desembaraçar o maldito nó. Vestiu o all-star vermelho e agarrou suas malas, ainda emburrada. Odiava essas crises que tinha sempre exatamente no dia que iria para Hogwarts. Ela conseguia passar todas as férias em paz, sentindo-se uma rainha da beleza, mas no dia em que ela definitivamente devia ser uma rainha, vira um sapo.

Um sapo gordo!!!

– Por que você demora tanto para sair exatamente como sai todos os dias? – debochou Hugo, levando um soco na cabeça, – AI! MÃE! MÃE, ROSE ME BATEU!

– E vou bater de novo! – ameaçou ela, sentando-se bruscamente. O irmão segurou-se na mesa assustado, simulando estar em um terremoto.

– Jesus, Rose, cuidado, vai derrubar a casa! – debochou novamente, gargalhando. Ela já estava acostumada com as brincadeiras sobre seu peso. Quando eram seus amigos e familiares, não machucava tanto como quando era de pessoas que sequer sabia o nome. Ela sabia que era gorda e que não podia mudar isso, muito menos a mente das pessoas, mas engolir aquelas brincadeiras estava se tornando algo cada vez mais complicado.

– Prontos para voltar para escola? – Agitou o pai de Rose, entrando na cozinha. Hermione continuou servindo Rose, sorrindo para a filha.

– Você está linda, amor. – disse carinhosa. Mas Rose sempre acha que dirigem aquelas palavras para ela em sentido de pena ou deboche. – Quer levar um lanche para...

– Mãe! – repreendeu Rose. – Eu estou de dieta!

– De novo? Por que você não emagrece então? – Ron deu um tapa na cabeça do filho antes de abrir seu jornal. – AI!

– Mais respeito com sua irmã, Hugo. – alertou ele. Hermione cruzou os braços, com a preocupação impressa em seu rosto.

– Rose, eu já falei sobre essas dietas...

– Mãe! – cortou Rose, irritada. Afastou seu prato. – Que seja, vou esperar no carro.

Os Weasley se fitaram, receosos. Todo 1 de Setembro Rose tinha uma crise de existência fortíssima e era um Deus Nos Acuda para segurá-la. Ela saiu da casa, colocando seus fones de ouvido, mas foi interrompida por Lorcan Scamander caminhando em sua direção.

– Seu pai pode me dar uma carona, feiosa? – sorriu ele, conseguindo arrancar o primeiro sorriso do dia de Rose. Os dois se abraçaram. Ele era o que podia se chamar de “melhor amigo” de Rose. Os dois não andavam sempre juntos, mas tinham uma intimidade necessária.

– Com certeza, podemos jogar Hugo pela janela. – brincou ela, e os dois sentaram-se na calçada. Ela guardou seus fones, esperando Lorcan começar a falar sobre seu agitado verão. – Vamos, Lorcan, começa.

– Começar o que?

– A falar sobre todos os garotos maravilhoooosos que você beijou esse verão. – riu ela, fazendo o mesmo rir. Lorcan eram gay, e provavelmente o único gay de Hogwarts. Apesar dele sempre falar que tem tanta gente no armário naquela escola que dá para montar uma Parada Gay lá mesmo.

– Eu não saí muito esse verão, acredita? Fiquei a maior parte do tempo em casa.

– Por que?

– Não sei... Acho que cansei dessa vida de Madonna. – Rose riu assim como Lorcan. – Deus, não acredito que eu disse isso! Estou virando uma mulher.

– Mesmo não conhecendo muitos gays, você definitivamente não se encaixa nos padrões.

– Que padrões? – indagou Lorcan. – Eu não preciso falar miando, falar gírias feito um descontrolado e sei lá o que mais. Sabe, eu não escolhi ser gay. Mas se eu pudesse bem que eu escolheria!

Os dois gargalharam tão alto que acabou atraindo os Weasley para fora da casa. Eles colocaram as malas de Lorcan no carro, assim como as de Rose e Hugo. Iriam encontrar os outros na Estação e mesmo longe como estavam, Rose estava temerosa pelo novo ano, por mais que não reservasse novidades.

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Você já teve a sensação de que sua vida está prestes a mudar drasticamente? Quando você acorda de manhã e há um nó animado na boca do estômago que não tem explicação, um formigamento na ponta dos dedos, uma leveza em seus passos? É difícil você criar falsas esperanças por dezesseis anos de vida, sabendo exatamente o que vem a seguir.

Scorpius Malfoy nunca tinha tido esse sentimento.

Primeiro que iria ter que voltar para a escola, e segundo porque não encontrou o CD de sua vida, já que Hogwarts era tão medieval que nenhum tipo de tecnologia pegava por lá. Estava a procura do CD de Eels há meses e não conseguiu achar em lugar nenhum. E em segundo lugar, sua adorada avó Narcisa iria lecionar em Hogwarts naquele ano. Na verdade, era só uma desculpa para a bruxa – LITERALMENTE – infernizar sua vida com a retardada história de “dar continuidade pura aos Malfoy”. Arghhhhh!

Ainda de mal humor, ele chegou na estação com sua melhor expressão de morte para qualquer estudante que quisesse olhá-lo. Quase vomitou com a roupa de Dominique Weasley e teve arrepios só de olhar o de Roxanne. Sentou-se no banco mais próximo e desejou morrer lentamente enquanto observava as pessoas que teria que conviver o resto do ano.

O breve esboço ruivo ao longe o agitou rapidamente. Ele ergueu o pescoço rapidamente para ter uma imagem melhor e sorriu pela primeira vez no dia. Era ela, Rose Weasley, mais bonita impossível. Ele pirava naquela garota. Gostava de seus all-stars de todas as cores e sempre de cano alto, de suas calças jeans largas e às vezes os macacões, eram tão anos noventa! Suas camisetas de banca e Jesus, onde ela comprou um vestido de banda?

Seu nome era Rose e ele não conseguia parar de cantar qualquer música do Guns ‘n Roses só de se lembrar dela.

Mas ele não tinha coragem de falar com ela, não... Não, de jeito nenhum. Nem aproximação claro, olhares discretos ao longe são o suficiente. Os dois se comunicavam apenas às segundas nas aulas de História da Magia e por conta de bilhetes. Deus, sua vida era tão previsível: Alvo sentou-se ao seu lado, mostrou seus CD’s novos, nos juntamos aos outros garotos do nosso ano e discutimos sobre como o Super Bruxo poderia sim ter salvado o mundo na edição 451 em vez de ter salvado só a patética Louis Tinderboult. Entraram no trem, conversaram sobre séries e filmes e Kieran disse algo como ‘Dominique Weasley é tão gostosa que eu passaria um dia inteiro transando com ela’.

Para onde foi o sentimento de mudança drástica que o despertou essa manhã?

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Alvo beijou Cher mais uma vez, mesmo não gostando de tocar sua vagina.

Por mais que ele não colocasse a mão por dentro de sua calcinha, ela acabava colocando. Ele sentia vontade de rir por conta de um comentário de Scorpius, algo como “Essa menina gosta de uma dedada, hein?”. Realmente. Ele estava considerando parar de ficar com ela, mas seria complicado ter que paquerar outras garotas. Ele não gostava de fazer isso, na verdade detestava. As achava burras e chatas pra caralho. Não via nada de bonita em nenhuma delas, por mais que estivesse com os dedos na vagina de uma das garotas mais bonitas de Hogwarts.

– Por que não foi me visitar durante o verão? – Alvo agradeceu à Deus mentalmente por finalmente ela ter desgrudado um pouco, abaixando sua saia. Ele olhou seus dedos melados por um segundo e limpou na calça, ainda com vontade de rir.

– Eu fui viajar. – replicou ele, com um sorrisinho mínimo.

– Ahhhh, os Potter foram viajar! – ironizou ela, girando os olhos. Ele odiava a forma como tudo ela fala “Ahhh os Potter” como se fossem a família Addams. Ele apenas assentiu em silêncio, não vendo a menor graça. – Você é tão quietinho, né amor?

– Aham... – Alvo levantou-se de supetão. – Nossa, eu esqueci completamente. Preciso resolver um negócio. Nos vemos em Hogwarts.

Ele saiu quase sufocado da cabine de Cher Grant, fechando em seguida. Estava tão distraído em pensamentos que mal notou quando bateu de frente com Lorcan Scamander. Alvo foi para trás quase às pessoas, assustado. Era patético, ele tinha até receio de encostar demais em garotos e eles simplesmente lerem sua mente e descobrirem coisas que nem ele mesmo sabe.

O ar no corredor tinha evaporado. Alvo não sabia onde estava, mas, obviamente, não estava mais lá. Parecia que alguém o chutou no peito. Ele não conseguia respirar. Ele não conseguia pensar. A única coisa que poderia dizer sobre o seu corpo era de que seu coração ainda estava batendo, e ele sabia disso porque ele estava batendo tão duro contra suas costelas que era possível romper.

– Desculpe. – pediu Lorcan, com um sorrisinho.

– Não foi nada. – retrucou Alvo bruscamente, quase grosseiramente. Saiu do caminho de Lorcan, ainda de cara fechada. Ele tinha vergonha do Scamander, pois ambos sabiam que Alvo fazia parte dos não raros ataques de bullys contra o mesmo por conta de sua sexualidade assumida. Alvo tinha uma raiva indescritível dele, tinha vontade de bater nele até fazê-lo sangrar e tinha medo dessa raiva. Não entendia o porquê. Lorcan era divertido, simpático, tinha vários núcleos de amizade. Então porque o fato dele beijar e transar com homens o incomodava tanto?

Alvo olhou para trás receoso, observando o garoto. Seu rosto, os olhos, a boca... Ele balançou a cabeça bruscamente, irritado por tais pensamentos. Ele enfiou as mãos no bolso, confuso e irritado.

Mais um terrível ano para Alvo Potter.

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