Royal Hearts escrita por Cams, Tamires, nat


Capítulo 25
Julian - Efeito dominó Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!!!! Não me matem, por favor :3 Eu sei que demorei a postar, mas por motivos complexos acabei "enrolando" na postagem, além da já batida explicação de falta de tempo. Explicando: eu queria escrever o capítulo inteiro, dividi-lo e depois postar; como podem ver eu realmente fiz isso. Mas acabei me enrolando na hora de cortar a história para que o próximo não ficasse desconexo. kkkkk Eu sei, para quê tanto rolo?! Nem eu sei kkkkkkkk Enfim, essa semana ainda tentarei postar a parte dois, que terá tretas e encontros. Ou seja, estará do jeito que gostam. o/o/o/

Últimas considerações: eu pedi músicas para esse capítulo, e pretendia fazer uma trilha sonora para ele, só que quando fui fazer, estava me distraindo muito com as músicas e não prestava atenção na história. Dessa forma acabei desistindo, mas coloquei a playlist no youtube, nesse link aqui: https://www.youtube.com/playlist?list=PLj_vWWEOuK8LCNs4ytzZBbovPShfdMNvW

Espero que gostem, pois ele foi feito com muito carinho ♥

P.s.: Para as pessoas que não entendem nada de carro, já coloco o que é um Jeep SUV, para que tenham uma noção ou que não conseguem imaginar. http://www.fassinoimmobiliare.com/noleggio%20auto%20lungo%20termine/noleggio%20auto%20lungo%20termine/auto%20noleggio%20lungo%20termine%20(142).jpg

P.s.s.: O capítulo está cheio de referências, de outros livros, de coisas que ainda vão acontecer... Será que vocês são capazes de reconhecer todas? Eu aposto que sim kkkkkk



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Existem momentos em nossas vidas que simplesmente gostaríamos de esquecer, mas, às vezes, um momento não é o suficiente. No meu caso, seria o fim de semana inteiro, começando pela discussão na frente do palácio inteiro.

Tudo aconteceu como se existisse uma força maior brincando com os dominós do desastre; após o primeiro derrubado, vários cairiam em seguida. Queria que minha vergonhosa briga com o Shay, o flagra de Lorenzo e Caroline e os acordos de confidencialidade que redigi e direcionei para todos do palácio sumissem da minha mente. E foi justamente o que fiz. Até que mais uma peça foi derrubada.

Enquanto trocava de roupa Daniel entrou no meu quarto alarmado e sem seus trajes de guarda, então por um segundo imaginei que havia uma invasão. Contudo, quem invade algum lugar numa segunda de manhã?

– Olhe para isso. Apenas leia. – Daniel me estendia uma revista de fofocas, com uma foto do Shalom, Caroline e Lorenzo, com o palácio em ruínas no fundo. Estampava a manchete “Tudo o que você sempre quis saber sobre a nobreza do país”, e onde deveria estar o N, este encontrava-se caído e substituído por um P”.

– Quando isso sairá? – pergunto preocupado enquanto abro nas páginas centrais. O conteúdo era pior que meu mais temido pesadelo.

Ele me espancou!” Era o título.

“O palácio sempre foi o sonho da maioria dos cidadãos de Illéa, com toda a sua grandiosidade, imponência e poder. Porém todos mudarão suas opiniões depois de ler essa entrevista.

Caroline Diane Rouff era o nome de uma das queridinhas para conquistar o coração de Shalom Screave, e doou toda a sua atenção àquele que apenas a menosprezou e maltratou. Depois de sua saída na sexta feira, a contatamos para um relato sobre sua estadia no palácio, no que respondeu ‘eu ficarei imensamente feliz, pois todos precisam conhecer a verdade por detrás daqueles portões’”

– Eu não acredito que ela fez isso! Mesmo depois de todo o trabalho que tive para mantê-la calada, ela dá uma entrevista?!- estava enojado com as poucas frases que li, e não conseguia pensar no restante da matéria. Era um completo desastre, e não teria um belo final. – E você não me respondeu.

Daniel estava ainda mais desconfortável do que eu, mudando de posição várias vezes antes de dar sua resposta.

– Hoje. Todas as bancas de revista já possuem esse lixo e o palácio também. –minha vontade era socar a cara do meu amigo, mas sabia que ele não era o culpado, e sim quem repousava no quarto ao lado e do outro lado do oceano. O primeiro por ter realmente batido na garota, e o segundo por dissuadir e dissimular toda a situação a seu favor.

– Alguma medida foi tomada? – questiono enquanto bato repetidamente na porta que divido com meu irmão. Daniel mantinha uma distância considerável de mim, pois sabia que a qualquer palavra indesejável eu poderia explodir.

Enquanto Shay não abriu a porta não parei de incomodá-lo, quase acertando-o no rosto quando o fez. Apenas passei a revista para ele enquanto Daniel voltava a falar.

– Meu pai avisou a todos, e Silvia recolheu revista por revista, para que nenhuma das selecionadas, guardas ou criados lesse.

Viro-me para meu irmão para pegar a revista de volta e quase não consigo. Seu rosto estava vermelho de raiva, e iria rasgá-la se não a agarrasse de volta.

– Como eles têm coragem de publicar isso?! É tudo mentira daquela vagabunda mentirosa que não sabe lidar com a vida pública! Não acredito que ela fez isso. – Shay estava cada vez mais furioso, e com razão: a matéria continuava com mentiras e mais mentiras.

“Caroline, diga para a One Click como foi sua experiência no palácio. – pede a entrevistadora

– Foram os piores momentos da minha vida. Nunca fui tão maltratada e abandonada em um lugar. A família real age como se não estivéssemos lá a maior parte do tempo, principalmente os príncipes. – Neste momento Caroline começou a chorar, e perguntamos se gostaria de parar a entrevista, mas recusou.

– Você parece muito abalada ao falar sobre os príncipes. Aconteceu alguma coisa grave?

– Não gosto de falar sobre isso, por mim e por minha família, mas Illéa precisa saber a verdade. Na semana passada o príncipe Shalom teve um surto doentio e destruiu metade do palácio, ficando claro que possui sérios problemas mentais e com controle de agressividade. Quando fui confrontá-lo sobre o assunto, ele me bateu tão forte que caí no chão, e teria feito mais se Lorenzo não tivesse chegado.

–Então você não estava sozinha?

– Agradeço aos céus que não. Lorenzo foi um anjo em meio a tanta tristeza e desgosto, e sempre serei grata por ter me salvado de um verdadeiro monstro.

– Vejo que trata o príncipe com bastante intimidade. Vocês são amigos?

(Risos) – Nos divertimos muito em todos os momentos que passamos juntos, e ele agradece por ter saído rápido daquele lugar também.

– Vamos senhorita, conte-nos mais.

– Ele me disse que todas as vezes que conversou com a princesa Celeste ficou entediado. Disse que ela era indiferente a ele, e vamos combinar, com tanta beleza, há como não se apaixonar? Eu tenho minhas dúvidas...

– É o que eu estou pensando?

– Bem, toda vez que ela conversava com algum príncipe parecia ser por obrigação. Além de se aproximar muito mais das outras selecionadas. Não estou fazendo nenhuma afirmação, só dizendo minhas suspeitas.

E com essas declarações surpreendentes encerramos a entrevista. Continuando a conversa descontraidamente, Caroline ainda afirmou que tem pena das escolhidas e do futuro marido de Celeste.

Precisamos agora esperar os próximos acontecimentos dentro e fora do palácio. O que será que aguarda as pobres garotas que continuam? Então fiquem atentos, pois apenas com One Click vocês saberão todas as respostas!”

– Não acredito que ela teve coragem de falar tantas mentiras. Ela poderia ser julgada por traição, presa ou chicoteada em praça pública por difamação. – termino de falar, e todos no quarto ficam em silêncio com a dura verdade. Os castigos físicos foram praticamente abolidos durante o governo de meu pai, exceto em casos de traição a família real, como havia acabado de acontecer.

– O que vamos fazer agora? A Celeste precisa sabe disso. – Shay caminha em direção a saída, prestes a contar tudo para nossa irmã. Antes que o faça, entro em sua frente e barro seu caminho.

– Ela não pode saber sobre isso, não agora. – meu irmão e Daniel me olham confusos, encarando-me como se estivesse falando alguma loucura. – Hoje iremos à praia com o Gabriel, e se ela souber não irá querer sair de casa.

– Eu não vou mais. Não posso sair daqui como se nada tivesse acontecido e fingir que está tudo bem ser chamado de monstro e minha irmã de ! – eu via em seu rosto o julgamento por concordar com isso. Depois de tanto tempo tratando com a construtora para revitalizar a casa e conversando com o Gabriel, estava ansioso por esse dia, provavelmente não sendo o único, principalmente após um final de semana agitado como esse.

– Eu entendo que você não queira ir, e concordo que devemos contar para a Celeste, porque ela merece isso, bem como um dia de descanso longe de todos aqui. Não foi exatamente isso que você fez? Fugiu de todos, incluindo a mim, para poder refletir sobre o que fez? – termino de falar e percebo que tive o efeito desejado. Nenhum dos dois estava satisfeito com a situação, mas deixariam o encontro sair da forma planejada.

Daniel saiu sem dizer mais nada, e Shay voltou ao seu quarto para se arrumar e descer para o café, deixando-me sozinho com meus conflitos internos sobre o modo como estou tratando minha família, especialmente minha irmã.

****

Enquanto espero no saguão os guardas organizarem-se nos carros e os outros aparecerem, Vick surge no topo da escada, incrivelmente bonita num conjunto preto e branco, cuja blusa possuía um decote bem acentuado. Não resisto e tiro várias fotos dela descendo as escadas, sendo que na última parou e fez uma pose, levando nós dois às risadas.

Com um assovio a princesa aproxima-se de mim, ao mesmo tempo que pega a câmera para olhar as fotos.

– Olha Jules, até que você tem talento...- elogia Vick, realmente admirada por minhas fotos. Por um momento fico constrangido pelo reconhecimento, uma vez que é a primeira pessoa fora da minha família a ver minhas fotos. Vejo então que ela não se conteve apenas em suas fotos, passeando por todo o cartão de memória. Desesperado, retiro bruscamente a câmera de suas mãos, recebendo grunhidos de reprovação por meu ato. – Você não deveria se envergonhar por admirar toda a beleza que tem em suas mãos. As garotas são meninas de sorte.

Ela para de falar e não possui nenhuma descrição em me encarar dos pés à cabeça, dando mais atenção aos músculos realçados pela camisa justa e a gola ligeiramente aberta. Sem escrúpulos nenhum, aperta meus braços e passa a mão no meu peito coberto.

Wow, et quelle chance! Si je savais que ce serait ressembler à quelques années en arrière, je lui aurait permis de me baiser, et vous ne jamais oublier moi. (Nossa, e como têm sorte! Se eu soubesse que ficaria assim uns anos atrás teria permitido que me beijasse, e você nunca mais se esqueceria de mim) – Vick fala em francês. Fico completamente envergonhado com seu comentário, e minha vontade é sair do seu lado e deixá-la falando sozinha.

Vicktoria, ce ne sont pas des commentaires appropriés de votre part, et je pense que Silvia serait horrifié d'entendre. Voilà pourquoi nous parlons en français? (Vicktoria, esses não são comentários adequados de sua parte, e creio que Silvia ficaria horrorizada se ouvisse. É por isso que estamos falando em francês?) – Ela apenas ri e sai andando de costas, terminando as suas polêmicas indiscrições.

Vous ne voudriez pas tout le monde de savoir que vous jamais eu quelqu'un vous faire? Aussi voulons pas être assassiné dans la nuit par un de ses sélectionné, comme celui-ci. (Você não gostaria que todos soubessem que você nunca teve ninguém não é? Além disso não quero ser assassinada no meio da noite por uma de suas selecionadas, como por essa aqui.) ela se refere a Sarah, que lança um sorriso forçado à princesa, pensando que eu não tinha visto nada.

– Bom dia Jules. Ansioso para o passeio na praia? – Sarah é gentil em perguntar, mesmo que eu tenha notado um certo ciúme em seu tom de voz.

– Bom dia senhorita. Estou contente pela oportunidade de voltarmos à casa da praia. A última vez que fomos lá, foi no meu aniversário de três anos de idade, quando ganhei minha primeira câmera e Celeste estava quase nascendo. Ainda guardamos algumas fotos desse dia. – sou tomado por uma alegria por ainda conseguir lembrar desse momento, um dos poucos de minha infância.

– Espero que me mostre essas fotos no nosso próximo encontro. – a garota abre o seu maior sorriso e faz uma reverência, piscando para mim ao encaminhar-se para o salão das mulheres. Antes de entrar falou alto o suficiente para todos num raio de um quilômetro escutar: - Ah, e não fique tanto tempo longe de mim, podemos fazer coisas bem divertidas juntos.

Minha vontade é me enfiar dentro do chão e sumir durante um século, tudo para evitar as risadas discretas de todas os guardas que estavam no salão de entrada. Por sorte, Daniel e seu pai, o general Leager, surgiram de um corredor lateral, fazendo todos os soldados ficarem tensos esperando alguma reclamação.

– Acho que o Major Cohen não está treinando os guardas adequadamente. – Aspen diz quando está próximo de mim. -Esses jovens não respeitam uma autoridade que poderia pedir as suas expulsões do país. Deveriam prezar pelo uniforme e pela honra de servir ao palácio – a frase foi dita com tanto comando que fiquei com pena dos jovens, mas não o suficiente para impedir que o major cobrasse um pouco mais deles. Afinal de contas, devem ser treinados para observar, não para reagir.

– Pode apostar que depois do próximo treinamento nunca mais falarão ou reagirão sobre os acontecimentos no palácio. Da última vez que levei uma punição, fiquei uma semana cortando árvores porque o major quis. – Daniel lamenta pelas lembranças, fazendo seu pai sorrir satisfeito.

– E tenho certeza que aprendeu a ficar quieto quando deve. Certo? – pergunta Aspen.

Meu amigo afirma que sim convincentemente para seu pai, mas para mim deu uma piscadinha negando tudo que confirmava.

Somos interrompidos quando Celeste desce conversando animadamente com Luna, que ri e gesticula bastante para minha irmã. Celle fecha a cara para mim, voltando ao normal para cumprimentar Daniel e seu pai. Luna se aproxima de mim tímida, meio perdida no outro grupo que se formou.

– Animada para o passeio? – pergunto curioso.

– Você não faz ideia. Será a primeira vez que irei a praia, pois vim de uma província que não possui praias, e minha família nunca teve dinheiro para viajar. Então sempre tive esse sonho de sentir a areia sob meus pés e os raios de sol sobre minha pele. – Luna fala com tanta adoração e alegria sobre seu sonho que só confirma que ela foi a pessoa certa para viajar conosco. – Foi por isso que me escolheu hoje, por imaginar que nunca fui a praia?

– Em partes. Queria levar alguém que valorizasse o passeio e se desse bem com minha irmã, porquê queria que fosse um dia especial, e agora tenho certeza que fiz a escolha certa. – Dou um sorriso galanteador para disfarçar meu desconforto. Sinto-me um pouco mal por mentir para uma pessoa tão adorável quanto a senhorita Luna, mas estragaria tudo se contasse que ela era minha segunda opção, já que Shay recusava-se a sair de casa.

– Eu me sinto honrada por ter me escolhido. – ri um pouco envergonhada. – Você deve me achar uma boba, por ter um sonho como esse sendo que já deve ter visitado praias em todos os países do mundo.

Gabriel aparece com estardalhaço do corredor secundário que acaba na cozinha, quase derrubando as cinco caixas que carregava. Porém, seus guardas e alguns que estavam parados por perto correram para ajudá-lo. Celeste assistia tudo com graça, segurando uma risada por educação. Provavelmente estava imaginando como seria bom que ele tivesse caído e magicamente desistisse do encontro. Quando o príncipe se reajustou com as caixas e estava com um sorriso enorme no rosto, minha irmã pareceu um pouco triste. Seus planos maquiavélicos foram por água à baixo.

– Bom dia, bom dia, quem está animado por um dia na praia com a minha ilustre presença? – Gabriel pergunta brincando. Estranhamente as cinco caixas ainda estavam em suas mãos, e questionei com um olhar os guardas que estavam com ele por que não faziam nada, no qual deram de ombros esperando ordens. – Ninguém quer ir? Então levarei esses presentes diretos do Brasil embora.

Comicamente, eu, Celeste e Luna levantamos os braços, juntos, entusiasmados com a ideia de presentes vindos de fora de Illéa. Rindo, ele distribuiu uma caixa para mim, uma para Luna, duas para Celle e a última para um surpreso Daniel, que não esperava uma consideração dessas.

Abri a caixa com cuidado, pois vindo de Gabriel, o presente poderia ser qualquer coisa, até um pássaro que sairia voando. Espio por cima do ombro de Luna e vejo que era a mesma coisa, mudando a cor, que era vermelha, estranhamente combinando com seu vestido.

– Espero que tenham gostado dos seus presentes. Eu mesmo fiz a encomenda das estampas customizadas. Mesmo sendo uma marca vendida no mundo todo, só nós do palácio teremos esses desenhos. – nunca tinha visto alguém tão feliz por presentar alguém, e se não tivesse gostado, ficaria feliz com a sua empolgação. Celeste não parecia tão agradecida assim, olhando desconfiadamente para seus dois pares. O príncipe, percebendo sua reação, ficou desconfortável, pois a opinião da minha irmã era a que mais importava. – Você não gostou Celeste? Eu posso trocar as cores para você. Já trouxe as duas para deixar que escolhesse.

– Não é isso, Gabriel. Eu adorei as estampas e as cores, e sempre quis ter um par desses, só que nunca deixaram. O problema é que eu usei um par desses o dia todo, com o Woo Bin, e quando as retirei, meus pés ficaram machucados. – Celeste fala tristemente, de forma que acredito que não queria desagradar o príncipe. Espantosamente Gabriel começa a rir descontroladamente, demorando um bom tempo para recuperar o fôlego e conseguir falar novamente.

– Aqueles tamancos são pedaços de madeira com pregos comparados com isso aqui. – o príncipe então se ajoelha em frente a Celle e pega um dos pares em suas mãos. Com um pedido silencioso, o garoto retira com gentileza as sapatilhas que minha irmã usava, revelando dois pés machucados por causa dos sapatos desconfortáveis que era obrigada a usar. Rapidamente, Gabriel a calçou com os presentes e levantou, esperando pela reação de Celeste. Ela estava ruborizada por ser alvo das atenções de todos enquanto Gabriel agia de maneira atípica, mudando completamente quando ele acabou o seu serviço. Com um sorriso encantador, não conseguia falar nada, então abraçou o príncipe eufórica, fazendo surgir no rosto do outro um ar de satisfação e dever cumprido.

Quem não estava muito confortável diante da cena era Daniel, que se afastou abruptamente de nós e se dirigiu à direção do que nos levaria a praia. Vou atrás dele, para saber o que meu amigo pretendia, pois, de forma alguma, perderia a chance de poder dirigir um carro com a permissão do meu pai.

– Olá! O que você pensa que está fazendo? - pergunto rindo para não enfurecê-lo pela autoridade da frase.

– Eu estou sentado no banco do carro que irá conduzi-los a praia. – Daniel responde no mesmo tom.

– E você sabe onde a casa fica? – questiono com a minha maior cartada contra ele.

– E você sabe? – Daniel me conhece muito bem para saber quando estou mentindo, de forma que gaguejo um pouco para falar a verdade

– Sei mais do que você. – depois de falar quase dou a língua para ele, como se fôssemos crianças, mas resisto ao impulso e faço somente uma careta. – Vai Daniel, eu nunca dirijo. Faz esse favor para mim?

– Tudo bem, só que colocarei este favor no baú “favores que o Julian me deve”, que esperarei encher até a borda para pedir a você. – Daniel deu sua risada maquiavélica, fazendo com que eu risse junto. Olhando ao redor, vejo que todos estão nos encarando, imaginando de que hospício viemos. Não me importando com a opinião alheia, me viro para meu amigo e inicio nosso toque “secreto” em forma de agradecimento.

– Cara, muito obrigado. No final das contas pode cobrar o que você quiser, porque faria qualquer coisa para você e creio que é recíproco. – digo com sinceridade. Daniel é como um irmão para mim, alguns dias até mais do que Shay, pois posso contar coisas para ele que sei que nunca debocharia das minhas dúvidas e conflitos internos, ao contrário do meu irmão consanguíneo.

– Então galera, tudo pronto? – Gabriel pergunta para mim e para Daniel. Acenamos em concordância, um dos guardas abre a porta para Celeste e Gabriel entrarem. Quando Luna se aproxima para entrar no banco de trás, puxo-a pelo cotovelo, sem querer quase a jogando em cima de mim.

– Me desculpe por isso senhorita, não foi a minha intenção. – murmuro envergonhado.

– Tudo bem Julian. Imagino que gostaria de falar algo importante, certo? – arrisca a garota com um sorriso. Será que ela é sempre compreensiva assim?

– Sim. Eu gostaria que você se sentasse ao meu lado. Desse jeito dá para conversarmos um pouco chegarmos a praia.

Seria uma honra Jules. – Com uma reverência Luna se afasta, lançando sobre mim um aroma de café da manhã e cookies. Corro para abrir a porta do passageiro para que ela entre, mas não rápido o bastante para não escutar o "príncipes" debochado de Gabriel.

Subo no carro e espero o outro Jeep entrar em formação. Um pouco tarde demais percebi que é a primeira vez que dirijo com mais alguém além de Daniel. Começo a suar sentindo a pressão de ter quatro vidas em minhas mãos, podendo ser o causador de uma tragédia e acabar com as relações de Illéa e Brasil, além de conquistar o ódio da população do país por matar a famí...

– Julian, está tudo bem? – Celeste pergunta preocupada. Eu devo ter ficado um bom tempo fora do ar, apenas prestando atenção na estrada, pois era a primeira vez em uma semana que minha irmã se dirigia diretamente à mim. – Você parece nervoso...

– Não se preocupe Celle, está tudo bem. – minto para não preocupar ninguém do carro. Através do retrovisor encaro Daniel, que move seus lábios formando “você que escolheu” e dando um sorriso logo em seguida.

– Eu já ia me esquecendo. Eu preparei uma de músicas brasileiras que gosto para ouvirmos hoje. – Gabriel oferece um para mim, que tento pegar sem desviar os olhos da estrada. Infelizmente com minha destreza, bato a mão no objeto que voa em direção ao colo de Luna.

– Pode deixar Jules, eu coloco. – oferece Luna. Com um pouco de dificuldade, ela liga o som e encaixa o CD no aparelho. Instantaneamente uma música animada começa a tocar, me fazendo esquecer de todas as bobagens sobre morte que pensava antes.

Andamos por um tempo apenas escutando as músicas, que intercalavam entre algumas animadas e outras lentas, mais depressivas. . De repente começa uma melodia muito diferente das outras que estavam tocando, cheia de gírias e com uma letra que cabia muito bem no dia que iríamos passar.

Celeste e eu começamos a rir. Olho para trás para um Gabriel um pouco ruborizado. Luna olha sem entender para mim e para Celeste, tendo repetida a mesma feição no rosto de Daniel.

– É esse tipo de música que você gosta Gabriel? – Pergunta minha irmã brincando com os gostos do príncipe. – Tem interesses bem peculiares...

– Primeiramente, eu não fiz esse CD sozinho. Meus guardas insistiram que eu colocasse essa música dizendo que era para entrar no clima. E segundo, você não faz ideia do quão peculiares meus interesses são. – Terminada a frase olho para o retrovisor e vejo Gabriel sussurrando mais alguma coisa no ouvido de Celle. Inicialmente ela vira um tomate, para logo em seguida explodir numa gargalhada. Relaxo um pouco, pois pensava que estava presenciando um flerte descarado no carro. Quem estava desconfortável por toda a situação era Daniel, que ficava contorcendo-se ao lado de Celeste.

– E você Luna, gosta de que tipo de música? – interesso-me. Ela parecia alguém que gostava de músicas mais tranquilas, como descobri no dia da festa, mas sempre podemos nos surpreender.

E eu estava certo. Ela me surpreendeu.

Luna não gostava apenas de músicas calmas, e sim de todos os estilos possíveis, desde um rock mais pesado, passando por músicas agitadas e chegando ao estilo mais romântico, que afirmou ser seu favorito. Conversando com ela tive uma ideia, que precisaria da opinião do Shay para colocar em prática. Uma vez que tínhamos pouco tempo para encontros e conhecer bem as pessoas, faria uma pequena disputa para decidirmos a ordem dos encontros. Cada selecionada enviaria uma música e pela letra tentaríamos descobrir quem a enviou. Esperava que fosse divertido e um modo de as conhecermos melhor; duvidava que meu irmão iria se opor, já que não precisaria de muito esforço e nos pouparia muito trabalho.

Esperaria ansioso por isso.

***

Após uma hora e meia de viagem, muita música e piadas, finalmente chegamos. A paisagem era deslumbrante. A casa fora completamente restaurada: as madeiras polidas e pintadas de um azul céu, que combinava com a cor do mar; um novo deque foi construído, ligando a grande construção ao mar. Estava deslumbrado por tudo o que Marcos, o empreiteiro, conseguiu fazer em uma semana. Esperava que o outro projeto ficasse tão bom quanto a reforma da casa.

Os guardas rapidamente saíram dos outros dois carros que nos acompanhavam e foram vistoriar a área. Outros ficaram para trás para ajudar Gabriel a descarregar todas as surpresas que nos aguardavam para o almoço. Eu mal podia esperar, pois estava sentindo o cheiro de algo muito bom desde que saímos do palácio.

– É lindo Julian! – Luna sorria maravilhada ao observar a praia e a casa depois de sair do carro.

– Devo concordar com você. Aqui é muito mais bonito que pelas fotos. – Celle concorda. Espantada com a beleza do lugar. Olha agradecida para mim. Fiquei genuinamente feliz pela sua expressão, significando que ela não estava mais com tanta raiva de mim; consegui agradar as pessoas que mais importavam.

– Essa praia é realmente muito bonita, as ondas quebram na areia muito bem. – Gabriel comenta admirado. – Mas se vocês pudessem visitar o Brasil.... As praias de lá são fantásticas, com a areia mais clara que essa daqui, e dependendo da região, podemos nadar com peixes e mergulhar entre os corais. É simplesmente maravilhoso!

– Quem saiba um dia eu não irei para lá? – Celeste diz um pouco evasiva. – Só que por enquanto tenho apenas essa praia aqui para me contentar com uma primeira vez.

– Você nunca veio aqui antes senhorita? – a selecionada pergunta surpresa.

– Se você considerar que eu estive aqui quando minha mãe estava grávida, então sim, já estive. – respondeu rindo. Não parecia a primeira vez que vinha, pois parecia muito confortável caminhando na areia e sentindo a brisa nos cabelos. Gabriel era o mais tranquilo de todos, se sentindo em casa. Mal mal colocou os pés na areia, tirou a camisa e tentava tirar a prancha de cima do carro.

– Quer dizer que você nunca foi a praia? – perguntou assustado. – Isso não faz o menor sentido. Você é quase uma nadadora profissional, mas nunca sentiu as ondas do mar?

Com uma negativa, um sorriso diabólico se formou no rosto do príncipe; eu já sabia o que ele iria fazer. Lentamente começou a se aproximar de Celeste, assim como nos aproximamos de uma animal desconfiado.

– Não! Você não vai fazer isso! Não ouse se aproximar de mim senhor Matarazzo! – na mesma velocidade Celeste se afastava de Gabriel, até que trombou em Daniel, ficando sem saída. Com um giro rápido, o príncipe a pegou pelas pernas e a jogou pelos ombros tão facilmente como um saco de arroz. Não esperou que ela reagisse e saiu correndo para a água, ouvindo os gritos de protesto.

Ao meu lado Luna ria entusiasmada, achando graça de toda a situação. Com pensamentos tão perversos quanto os do meu amigo, entreguei o chapéu de Celeste que tinha caído no chão, retirei das mãos de Luna uma cesta que ela havia pegado no carro, e entreguei tudo para Daniel. Sabendo o que iria fazer, o garoto trocou o mal humor de antes para suas risadas escandalosas.

– Luna, se eu fosse você, segurava seu vestido. – Daniel instrui para a garota, que infelizmente não teve nem tempo de reagir e já estava dependurada por cima dos meus ombros. Com um pesar corro com um pouco de dificuldade os cem metros que nos separavam da praia. Estava perdendo meus músculos por causa das comidas deliciosas que estava ingerindo ultimamente.

– Julian, por favor, não faz isso! Me solta, me larga, eu quero descer! – Luna grita desesperada. Noto que realmente estava aflita por segurá-la daquele jeito. Paro por um momento para escutá-la. – Julian, eu não sei nadar! Pronto, agora me deixa no chão.

Suspirando, coloco uma Luna mal humorada em pé em minha frente, que não espera nem minhas explicações e sai andando para a casa. Respirando com dificuldade tento alcançá-la novamente. Luna me olha somente quando estou em sua frente.

– Me desculpe, ok? Eu não queria te assustar. Eu jamais faria uma coisa dessas se eu soubesse que não sabia nadar. – explico meio desesperado para nos conciliarmos. Resolvo fazer uma piada, para melhorar a situação. – Não é como se eu fosse te jogar no mar e gritar “nada peixinho”!

Antes que ela ria eu não resisto e já estou perdendo mais ar de tanto rir. Aos poucos a cara amarrada de Luna vai se desfazendo, mesmo ela tentando ficar com cara de brava. No fim, ficamos os dois bobos rindo da piada mais idiota possível.

– Vocês vieram para a praia namorar ou para entrar na água? A não ser que a mocinha Screave esteja nos seus dias, se é que me entende. – Gabriel grita antes de Celeste pular em cima dele e afundá-lo na água.

– Ele é um príncipe mesmo? – pergunto para Luna.

– Você que me diga, já que está hospedando-o para talvez tê-lo como cunhado o resto da vida. – Finalmente paro para pensar por esse lado. Era um cara como Gabriel que eu quero na vida da minha irmã? Eu sabia que a resposta era não.

– Mas Luna, voltando ao assunto, porque você aceitou o meu convite? – A garota faz uma cara engraçada, do tipo, “você é idiota?”, e me responde rindo.

– Eu não sei nadar, mas acho que um encontro com você e entrar na água até o meu pescoço estava bom, não acha?

– Isso quer dizer que ainda quer entrar na água? – pergunto elaborando outro plano. Luna acena positivamente receosa. Com um grito, a pego pelas pernas e a coloco na mesma posição de antes da discussão. Dessa vez ela não esperneia ou grita, e sim ri o caminho todo até a água. Com um baque caímos com roupas e tudo na água gelada. Não demora muito para querermos sair.

Na areia, Daniel tentava montar um guarda-sol gigante ao lado de algumas cadeiras, esperando que algum dos outros guardas o ajudasse. Todos eles estavam parados na sacada da casa, olhando num ponto fixo na areia; sem surpresa percebo que é Celeste, que sai da água com o vestido todo colado ao corpo. Mesmo sendo minha irmã, eu sabia admitir que Celeste era uma garota linda, o sonho de qualquer cara de Illéa, com todas as suas curvas e pernas longas. Obviamente não era o único. Por causa de ciúmes fraternos, posicionei meus dedos na boca para um assovio ensurdecedor, porém o que eu escuto não vem dos meus lábios e sim dos de Daniel, chamando a atenção de seus amigos para circularem pela área. O agradeci com uma continência, satisfeito com sua velocidade.

As roupas coladas e pesadas na água passam a me incomodar, então chamo Luna para sair da água junto comigo e mostrar-lhe a casa. Para que a mesma cena não se repetisse com a garota, a abracei de forma possessiva, pegando-a pela cintura e a puxando para perto de mim.

– Gostaram da água, garotas? – Daniel pergunta quando nós quatro estávamos sentados perto dele.

– É ótima! Bem gelada, o que é bom nesse calor. Sentir as ondas nos balançando também é agradável. – responde Luna

– Só não gostei do fato de não poder nadar longas distâncias sem quase me afogar – minha irmã comenta rindo. – Nunca bebi tanta água salgada assim na minha vida.

– Deve ser porque o mar não é a piscina da sua casa Celle. – Daniel argumenta. Ele iria continuar falando alguma coisa, só que Gabriel fala mais rápido do que ele.

– Mas não é porque você não pode nadar do jeito que está acostumada que irá ficar sem nada para fazer. Por isso trouxe minha prancha. Vou te ensinar a surfar! O que acha da proposta? – Gabriel indaga animado, já se levantando para pegar a prancha.

– Acho ótimo! Sempre achei muito interessante esse esporte, mesmo preferindo a beleza da natação. Porém, primeiro temos que tirar essas roupas e passar protetor solar. Você me ajuda com isso Luna? – minha irmã oferece a para Luna, que não é rápida o suficiente para impedir Gabriel de voluntariar-se. Em seu rosto está claro que quer se aproveitar para passar a mão no corpo de Celeste, me dando vontade de socá-lo até nunca mais enxergar ou querer se aproximar dela. Viro-me para Daniel para pedir uma ajuda com o infeliz do brasileiro, mas o guarda andava a passos largos para longe de nós. Eles estava agindo muito estranho, provavelmente o seu cérebro estava fritando com o calor. Voltando para meus companheiros, empurro Gabriel, tomando o protetor de suas mãos e ajudo minha irmã em todo processo.

– Sua vez Luna? – pergunto brincando para a garota.

– Claro. Pode começar pela parte debaixo das minhas costas. – responde já se virando. Agradeço aos céus por ela estar de costas, porque sentia muito mais calor do que estava fazendo, imaginando que mudara a cor do meu rosto para o mesmo tom dos meus cabelos. Gabriel ao meu lado sorri, piscando e fazendo um sinal de positivo para mim. Graças a uma brincadeira minha, provavelmente a garota teria um câncer de pele, pois eu passava o creme de forma quase bruta, tentando ao mesmo tempo passar e não encostar em sua pele. Que seja o suficiente!

– Obrigada Jules. Sua vez? – Luna me pergunta quando acabo de passar o protetor solar nela. Como Gabriel já estava ensinando Celle alguns movimentos na areia não quis os interromper por uma trivialidade, de modo que aceitei a proposta. Ia retirar a camisa quando Daniel me grita.

–Jules, não! – tanto eu quanto Luna olhamos para o meu amigo com desconfiança, pensando que ele realmente estava ficando louco. – Não me olhe assim! Eu estou bem. É que um cano estourou aqui na cozinha e já que você ainda está molhado, poderia vir aqui olhar.

Daniel e eu somos amigos desde que nascemos, praticamente criados juntos, assim como Isaac e Shay. Nós quatro formávamos um grupo inseparável, mesmo com todas as brigas e disputas românticas entre meu melhor amigo e o filho de Marlee. Só que neste momento Daniel estava ultrapassando alguns limites, principalmente na frente de alguns outros guardas e de uma selecionada.

– Alguém morreu? Porque só assim para você ter o direito de chamar-me para um serviço de encanador sendo que temos outras pessoas aqui para isso. – pergunto mal-humorado depois de correr para a casa. Ele não fala nada e me arrasta para a cozinha, que estava impecável. A única água aparente era a de um copo em cima da mesa. Ia começar a falar quando Daniel dá um tapa em minha cabeça.

– Você é burro ou o quê?! – Grita comigo. – Seu idiota! Esqueceu que tem uma certa tatuagem no meio do seu peito???

Minha vontade era a de morrer ali mesmo, ser sepultado e criar um canteiro de flores por cima. Como pude esquecer algo tão básico como a marca recente que Sam havia criado?

– Acho que sou burro mesmo, mas você é mais! Como pode deixar que eu marcasse um encontro na praia?

– E você me perguntou?

–Não, mas..

–Então não me xingue por decidir coisas românticas sem nem me falar, caramba! – Daniel estressa-se.

– O que eu irei fazer agora? Não posso simplesmente falar que não gosto de água, porque já entrei...

– Muito menos contar que você tem uma tatuagem.

– E por que não?

– Você conhece essa menina a quanto tempo? Duas, três semanas? – meu amigo pergunta. – Além do mais, quer que a família real entre em outro escândalo depois de hoje? – eu tinha certeza que não queria e como não confiava totalmente em Luna não poderia me arriscar no momento.

– Você tem alguma ideia então? – pergunto preocupado. Em seguida Daniel abre um sorriso que sabia que resultaria em mais um favor para a lista. Eu estava cavando a minha própria cova.

Por fim vamos para a lavanderia da casa para colocar minha calça e camiseta na secadora. Nós retiramos nossas roupas para uma troca: colocaria sua calça e sua camisa, enquanto minhas roupas secavam e Daniel ficaria preso na lavanderia até meus trajes secarem para ele as usar. Tudo correria bem se Celeste não tivesse entrado no meio do plano.

– Você é idiota ou o quê? Deixou a L... – o nome morre em sua boca quando nos vê em vestimentas inapropriadas. No caso do Daniel, nenhuma roupa, apenas sua cueca, eu com as calças e sem camisa. Seu rosto vai ficando vermelho enquanto troca sua visão do corpo do meu amigo para o meu e fica intercalando o olhar entre nós dois. Celle sai de seu estado de choque e vira-se rapidamente, nos xingando logo em seguida.

– O que está acontecendo aqui?! – exige com a voz tremendo.

– Não é nada do que está pensando Celeste, nós podemos explicar. – tento argumentar colocando as mãos em seus ombros.

– NÃO ME TOQUE! - grita totalmente alterada. Ela se lembra de que deixou a porta aberta e vai lá fechar. Quando volta, andando de costas, completa: - Eu não sei o que pensar.

– Isso tudo é culpa do Julian, se ele nunca tivesse feito uma tatuagem... - Daniel começa a falar, sendo interrompido pela virada brusca da minha irmã.

– O que você estava pensando quando fez isso?! – Ela aponta para o desenho em meu peito. – Ela é linda, mas nossos pais vão te matar se descobrirem, e eu duvido que isso sai, senão vocês não estariam aqui.

–Celle... – chamo sua atenção, apontando para Daniel que está de braços cruzados ao meu lado, tentando inutilmente cobrir alguma coisa.

– Ah, eu já te vi Daniel. – responde ríspida, mas com o rosto muito vermelho. Quem ela queria enganar? – E agora, quem irá me explicar o que está acontecendo?

Passamos os próximos minutos contando desde o dia em que fugimos para a cidade até o problema do momento. Ela escuta tudo calada, terminamos de falar justo quando a máquina apita que as roupas estão secas.

– Sabe qual é a parte pior de tudo Jules? Desde que a Seleção começou estou descobrindo que você confia cada vez menos em mim e eu percebo que isso é recíproco. – Celeste dá-nos as costas e sai, provavelmente para ficar com Gabriel ou Luna.

Pela segunda vez em uma hora quero morrer. Estou cavando minha própria cova e não haverá ninguém para me salvar.

****

O dia passa correndo com inúmeras surpresas, sendo Gabriel e Luna as maiores delas. A garota não questionou em momento algum eu não ter entrado no mar novamente, respeitando meu silêncio e permanecendo ao meu lado. Mas nem por isso ela deixou de se divertir. Várias vezes entrou na água com o outro casal, que não se incomodou, pelo contrário, a chamavam para participar das torcidas quando Gabriel surfava e minha irmã tentava. Na hora do almoço, quando Gabriel foi preparar tudo sozinho, as duas meninas ficaram juntas e longe de mim. Aproveitei para tirar várias fotos das belas que já viraram amigas, imaginando no que estavam conversando.

Se não fosse um príncipe, Gabriel poderia ser um Chef, de tão boa que era sua comida. Ele foi capaz de fazer um entrada, o prato principal, e a sobremesa, chamada brigadeiro. Aquilo era um dos melhores doces que já comi na vida, me levando a tentar aprender a receita. Caso alguma coisa acontecesse e eu morasse sozinho, definitivamente era um prato que toda semana teria em casa, assim como os alteres para perder os quilos que ganharia. E se fosse sincero comigo mesmo, comeria um todo dia.

Depois do almoço as meninas desabaram nos sofás espalhados pela grande sala, dormindo rapidamente. Eu e Gabriel ficamos na cozinha, limpando as coisas e observando as meninas. Dispenso metade dos guardas para ir se divertirem na praia, mantendo apenas Daniel na casa e outros quatro percorrendo o perímetro.

– Você está ficando apaixonado por ela, não é? – Gabriel pergunta de repente. Ao escutar isso consigo derrubar um prato no chão, espatifando-o por toda parte. Olho alarmado na direção dos sofás, pensando que as meninas teriam acordado com o barulho. Celeste virou para o outro lado e Luna deu um suspiro, nada demais. Volto-me para Gabriel com fúria, querendo esgoelá-lo. – Calminha, calminha. Não falei nada demais.

– Nada demais?! Sério Gabriel? – sussurro xingando-o enfaticamente.

– Se você está reagindo assim é porque é verdade. – Afirma sorrindo. Me movo para dar um tapa em sua cabeça, mas no mesmo instante ele se abaixa para pegar os pedaços do prato. – Julian, não tem problema admitir isso. Você está perdido no meio de tantas garotas adoráveis e acha que não pode gostar de todas elas. Eu te entendo e também concordo que não é certo se apaixonar por cada selecionada, só que como você saberá qual é a certa?

Gabriel disse tudo o que eu me recusava a acreditar e no fim aceitar: que deveria abrir um espaço para que cada garota pudesse ter uma chance. Não era a parte mais difícil. O pior era fazer 10 garotas se apaixonarem por mim, praticamente ao mesmo tempo. Para continuarmos a conversa saímos para fora da casa, nos sentando em um banco de frente para a praia.

– Você tem razão, eu não admito isso nem para mim mesmo. – concordo finalmente. – Eu não faço ideia de como conquistá-las. Eu nunca passei por isso, como todos do palácio já devem saber.

– Cara, nenhum relacionamento prévio te prepara para uma seleção. Isso eu posso te dizer com toda certeza. Eu não sou um expert como o Aaron, ou até mesmo o cafajeste do Lorenzo, mas os poucos relacionamentos que tive não me prepararam para uma disputa acirrada. – Todo o humor e autoconfiança que pareciam sempre rondar o brasileiro foram embora, sobrando um garoto com medo de rejeição. – As pessoas tendem a não ser sinceras conosco e muitas vezes são interesseiras. Elas querem nossa aprovação e por isso dizem coisas boas, mas há momentos que precisamos escutar duras verdades para crescermos.

“Por isso gosto tanto da sua irmã. Ela é capaz de dizer tudo o que pensa, indo contra qualquer opinião, para fazer o que é certo. Sabe o que ela disse para mim quando estava quase dormindo depois do almoço? Que tudo estava sendo perfeito, que estava gostando de tudo, mas que eu não precisava de um acordo para convencê-la a ir em um encontro na praia. Que eu teria muito mais chances de conquistá-la sem a tratar como um produto a ser comercializado. E é por coisas assim que ela já me conquistou. Por ela, eu faria qualquer coisa, e mesmo não a conhecendo antes, fui capaz de entrar numa seleção. Celeste é única, e por ela, quero ser único também.”


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do flagra Juniel? Isso até dá fic yaoi kkkkk Essa parte foi super divertida de escrever, e também amei escrever um Gabriel mais filosófico e apaixonado... Gostaram desse outro lado dele ou preferem o cara despojado e brincalhão? Julian está se saindo bem nesse encontro, não é mesmo? Prometo que no próximo terá ainda mais romance



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