Royal Hearts escrita por Cams, Tamires, nat


Capítulo 24
Shay – Cheiro de Panqueca Azeda


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, primeiramente MIL desculpas pela demora, mas eu fiquei no hospital esses dias, aparentemente eu posso abrir uma pedreira com as pedras que tem dentro dos meus rins HSUAHSUAHUSH Enfim, desculpas e obrigado por não desistirem de nós! Espero que gostem desse capítulo, vejo vocês nas notas finais! Beijos :*



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O primeiro soco atingiu o rosto do espanhol que se escondia atrás da Selecionada. Mas que gentleman! Quando ergo o punho para o segundo, Lourenço joga Caroline em cima de mim e faz sua rota de fuga até a porta, porém Jules estava parado na entrada. Seu desespero era tão grande que ele tenta socar Jules, que apenas se esquiva, fazendo com que Lourenço perdesse o equilíbrio e caísse no corredor apenas de cueca. Caroline que estava quase despida, nem se deu ao trabalho de melhorar sua compostura antes de seguir o espanhol corredor afora. No entanto, os dois pombinhos não esperavam que todo o palácio estivesse os aguardando do lado de fora para ver o show que eles estavam protagonizando.

Milhares de pensamentos percorriam minha mente. Saí da sala para ir de encontro aos dois. Todas selecionadas e príncipes que ali se reuniam me olhavam com antecipação, na expectativa de qual seria o meu próximo passo. A raiva estava transbordando de mim, porém eu pensava claramente. Eu só queria puni-los por fazerem Celeste e eu de palhaços. Jules e meus pais, assim como Celle, me encaravam preocupados que eu perdesse a cabeça novamente, mas apenas com um olhar para meu irmão, ele entendeu que eu estava bem e assentiu para que eu continuasse.

– Bom, pelo visto vocês não esperavam plateia para o espetáculo, não é?

– Shalom, por favor, pense bem no que você vai fazer cara. Você já me deu um soco no rosto, só por causa disso nossos países poderiam entrar em guerra. Vamos apenas dizer que estamos quites e esquecer este episódio. – Loureço disse nem um pouco desconfortável com sua semi-nudez na frente de dezenas de pessoas, e muito menos envergonhado pelo o que acabara de fazer

– Eu acho que as coisas não vão funcionar assim.

– O que você quer? Que eu me desculpe com você? Com a Celeste? Eu posso fazer isso.

– Esse seria um bom começo. Porém vamos fazer nossos cálculos: segundo os dados financeiros do nosso país, nós temos uma aliança comercial muito boa. Particularmente para a Espanha, já que importamos produtos de lá. Mas, bem, quem sou eu para falar de finanças, eu sou apenas o Chefe do Exército. Contudo, eu conheço o Chefe das Finanças de Illéa, não é mesmo maninho?

– Isso mesmo. – Jules sorri pra mim entendendo aonde eu quero chegar.

– Então, Jules, você poderia por favor, explicar para o nosso querido convidado o quanto a Espanha se beneficia com a nossa “amizade”?

– Com todo prazer. Segundo dados coletados no primeiro semestre desse ano, as exportações que compramos da Espanha correspondem a quase 35% do PIB do país. O outro maior consumidor dos produtos espanhóis é a França com 20% do PIB.

– Ou seja, se nós, assim, de repente, por causa de um ato irresponsável do príncipe que representa o seu país, ato este que fere as leis do nosso país, parássemos de importar da Espanha, o que aconteceria?

– O país entraria em crise.

– Interessante. – Pela primeira vez vejo desespero nos olhos de Lourenço.

– Shalom... Não... É... Você não precisa fazer isso. Apenas me diga o que você quer. – agora ele já não parecia confiante.

– Eu quero tantas coisas... Mas, minha mãe me ensinou que querer não é poder...

– Nós não podemos estragar a diplomacia entre nossos países apenas por causa desse incidente, não é?

– Incidente? E a honra desta pobre selecionada que está chorando ao seu lado? Não é mesmo Caroline? – a garota que chorava silenciosamente ao lado de Lourenço com a cabeça baixa. Levantou a cabeça lentamente para me encarar. Sem coragem de falar alguma coisa, ela apenas me olhava com súplica.

– Parece que o gato comeu a sua língua... Ou eu deveria dizer o príncipe?

– Shalom, já chega. Vamos acabar esta conversa no meu escritório. – Maxon finalmente resolve se pronunciar.

– Eu ainda não acabei.

– O que você quer? Fala logo. – Lourenço tinha recuperado um pouco de sua confiança. Mas eu não queria que ele fosse confiante, eu queria que ele agisse humildemente perto de mim. Eu queria acabar com ele.

– Celeste o que você quer? – pergunto a minha irmã que olhava para o espanhol com nojo.

– Nada. Na verdade, eu quero esquecer que este dia aconteceu.

– Já que você não quer nada eu vou pedir por nós dois. Eu quero que o príncipe Lourenço e essa daí, sejam chicoteados em praça pública. – Um silêncio brutal se instalou no corredor.

– Isso é impossível Shay, você sabe disso! Não podemos fazer isso com o Lourenço. – Jules cochichou para mim.

– Vocês não podem fazer isso comigo! A não ser que queiram uma guerra! Você está ficando doido? Ah, esqueci! Você já é! – o comentário de Lourenço quase me fez perder a cabeça, porém Jules segurou forte meu braço, o que ajudou a me controlar.

– Tudo bem, tudo bem. A sua donzela aqui, pode receber a punição por você.- De repente, a garota que não tinha falado nada até o momento começou a gritar.

– Você é cruel Shalom! Não pensa em ninguém a não ser em você mesmo! Você sequer olha para as suas selecionadas! Você não conversou comigo desde que cheguei a esse palácio, apenas quando foi obrigado! Você nunca me elogiou! O príncipe Lourenço estava ao meu lado, ele reparou em mim, se importou comigo. Prometeu me amar e vai se casar comigo! – Eu comecei a gargalhar pela fala de Caroline. Lourenço se casar com uma plebeia?! A garota me olhava enraivecida.

– Garota, cala a boca, você nem sabe o que está falando. Por favor. Vamos lá, Lourenço você vai se casar com ela? – ele apenas ficou em silêncio. – Viu só?! – A garota o encarava perplexa e traída.

–Isso tudo é culpa sua! Se você ao menos soubesse como tratar suas selecionadas!

– Não coloque a culpa em mim!

–Ah, é mesmo. Você não pode nem cuidar de si mesmo, quem dirá dos outros, ou mesmo do pa...– Todos fizeram um som de espanto em uníssono. Mas a única coisa que eu conseguia ver era o rosto encurvado de Caroline, a mão cobrindo o lugar onde eu acabará de lhe dar um tapa. Meus ouvidos estavam zunindo. Eu não podia encarar ninguém ali. Eu bati em uma mulher. Eu não posso ser mais chamado de homem. Eu sou um covarde. Ao encontrar a voz dentro de mim, reúno forças apenas pra dizer em um tom quase inaudível para Jules:

– Me desculpe, eu não pude me controlar. Cuide das coisas por mim, por favor.

Dei as costas para aquela multidão planejando nunca mais vê-los novamente.

***

A porta do meu quarto, que dá para o quarto de Jules, se abriu lentamente. Dona América entra carregando uma bandeja com meu jantar. Maldita porta! Sempre me esqueço de trancá-la. Eu não tinha coragem de olhá-la. Eu bati em uma mulher. Finalmente chegou o dia que minha doença me obrigou a fazer algo que eu nunca iria me perdoar.

– Filho, por favor, não se culpe.

– Mãe, eu bati nela. Eu bati nela. Eu nunca vou me perdoar.

– Você fez isso apenas porque não deu conta de se controlar. Sua doença te obrigou a fazer isso.

– Não mãe, uma parte foi a doença. Mas uma parte de mim também gostou de fazer aquilo. Eu... Eu sou uma péssima pessoa. Eu estava com tanta raiva, eu só queria passar por aquilo da melhor maneira. Sabe... Meu coração, ela despedaçou meu coração. Será que ela não entende que essa seleção é importante pra mim?! Eu não sei... Eu devia ser como o Jules...

– Shay, olha para mim... – eu não conseguia levantar meu olhar. – Olhe nos meus olhos Shay. – Levantei o olhar. – Filho, você é maravilhoso. Você tem um coração tão puro. Eu e Ams costumamos dizer que você é como um animal selvagem. Temos que nos aproximar de você aos poucos pra você não fugir. Mas uma vez que conquistamos sua confiança você nunca vai embora e faz de tudo pra nos proteger. Você é uma pessoa tão doce; lembra quando você dormiu na cozinha como protesto porque a Maria não veio trabalhar? – soltei um riso abafado ao lembrar. – Você não tomou banho ou saiu de lá enquanto a coitada não voltou para o palácio. E ela estava de folga! E por sinal muito merecida depois de ter cuidado de você por tantos anos. O que eu estou tentando dizer é que você não deve se culpar. Aquelas garotas vão perceber o quão maravilhoso você é. – América concluiu me dando um beijo na testa.

– Você sabia que seu pai também teve que lidar com o mesmo problema na Seleção dele?

– Ele pegou alguma selecionada com alguém?

– Promete que não vai contar pra ele! E nem pra ninguém.

– Prometo mãe, conta logo!

– Promessa de dedinho!

– Mãaaaae, eu não sou criança mais!

– Você não quer saber né... Tudo bem, vou embora...

– Taaaa bom! Aqui. – ofereci meu dedo mindinho a ela. Nós cruzamos nossos dedos. – Pronto, ta prometido. Agora conta!

– Sabe sua tia Marlee? – eu assenti. – Então, ela estava na Seleção do seu pai comigo. Nós nos tornamos muito amigas desde os primeiros dias. A medida que a Seleção ia avançando ela foi ficando no rank das preferidas por Illéa para ser a próxima rainha e era pra ela ser escolhida se dependesse do filho da... Ops! Do seu querido avô. – Sorri vendo que minha mãe quase falou um palavrão. – Enfim, um criado do palácio pegou ela com um guarda. Ela foi punida em praça pública junto com o marido... Eu odiei tanto seu pai por isso... Mas, na verdade, ele fez aquilo para que o seu, como disse antes, querido avô, deixasse ela em paz. No final, ele ajudou os dois, e desde então Marlee e o marido trabalham no palácio. Seu pai foi maravilhoso!

– Nossa, nunca pensei que o rei Maxon já teria passado por uma situação dessas! Se tivesse acontecido com o Jules aposto que ele teria agido do mesmo jeito. Só eu que...

– Cada um lida com isso da maneira que pode! E seu pai também não é um santo... Não conta pra ele que eu disse isso! – Nós dois começamos a rir. Fiquei encarando minha mãe.

– O que foi? Nunca me viu não?

– Ela se parece com você...

– É mesmo? Quem é ela?

– Não vou te dizer!

– Ah, vamos!

– Só vou dizer que não paro de pensar nela desde nossa primeira conversa.

– Que bom que uma selecionada foi capaz de te compreender filho.

– Se ela for a escolhida, você saberá...

Minha mãe permaneceu ao meu lado até que eu pegasse no sono, cantando para mim como quando eu era criança. A voz dela é tão linda! Não me canso de ouvi-la...

***

Os raios solares do que parecia ser uma manhã brutal me despertaram. Olho para o relógio e vejo que ainda são 6:00 horas. Nem Jules estava de pé ainda. Tomo um banho rápido e saio do quarto fazendo o mínimo de barulho possível querendo tomar café na cozinha e desaparecer da vista de todos. Caminho para a cozinha através dos túneis e passagens secretas do palácio querendo evitar contado com qualquer um. Quando apareço na cozinha, Maria se assusta.

– Jesus Cristo! Eu já falei para você não aparecer na minha frente feito uma assombração!

– Desculpa Maria! Eu estou querendo evitar olhar para todos os seres vivos deste planeta! Eu não mereço viver! Eu não mereço nada!

– Aí meu Deus que drama! Tudo bem, eu vou fazer panqueca pra você! Era só pedir.

– Obrigado! – sorrio por ela ainda lembrar das cenas que fazia quando criança. – Mas, é sério. Eu não mereço viver!

– Eu escutei o que aconteceu no palácio... Você sabe, as paredes tem ouvidos por aqui. – eu ri porque Maria era a chefe do tráfico de informações nesse palácio. – Se fosse comigo também teria batido naquela vagab... Me desculpe, fiquei exaltada porque você sabe que ninguém mexe com vocês quando estou por perto! – Terminou a frase me dando um tapa na bunda. Depois que percebeu o que fez ruborizou por lembrar que eu não era aquele garotinho de 10 anos mais.

– Está tudo bem Maria! – Eu disse em meio a gargalhada. – Só quero comer e ir para os cantos do palácio que ninguém sabe que existem, nem mesmo os empregados.

– Vai ser difícil encontrar um lugar assim! – ela disse sorrindo. – A não ser que você vá para sua casinha de bonecas!

– Eu já te falei que aquilo não é uma casa de bonecas, são miniatu... – paro de repente percebendo uma presença na cozinha.

– Eu não queria interromper. – Melanie disse, em uma voz quase inaudível.

– Está tudo bem meu amor. Essa garota é um anjo! Acredita que ela sempre nos ajuda com o café da manhã? – Melanie sorri sem graça com o comentário de Maria. – Eu não sei porquê, mas ela sempre acorda cedo e diz que não tem nada pra fazer e que quer ser útil.

– Está tudo bem se eu ajudar, alteza?

– Se você quer... Por mim tudo bem. Só não deixe que minha mãe ou Sílvia descubram porque você vai entrar em sérios problemas. – sorrio ao pensar no ultraje que Sílvia sentiria ao ouvir que uma convidada, uma selecionada, futura rainha, talvez, estivesse trabalhando na cozinha.

– Senhora Maria, eu já acabei de montar a mesa. Existe mais alguma coisa que eu possa fazer?

– Agora deixe o resto para os empregados! Sente-se para você comer panquecas com o Shay. E eu já te disse, senhora está no céu!

A garota estava vestida com um vestido com mangas, mesmo com o calor que fazia em Angeles, sentou-se ao meu lado. Ela não olhava em meus olhos, mas isso era de se esperar devido o que aconteceu ontem... Ficava mexendo nas mãos e mordendo os lábios como se estivesse incomodada... Será que eu a estava deixando assim?

– Está tudo bem com você Melanie?

– Sim, é que...

– Você está desconfortável ao meu lado? Eu vou embora então... – Faço menção de me levantar, porém a garota agarra meu pulso e o solta imediatamente.

– Não é isso... É que eu... Demoro a me sentir confortável perto dos outros... Nós já conversamos mas...

– Eu entendo. – sorrio para ela.

– Aqui estão, panquecas caprichadas!

– Hmmm! O cheiro está ótimo Maria!

– Obrigada. – Malanie disse um pouco ruborizada.

Melanie começou a comer a panqueca com receio, mas logo viu que era bom e devorou dois pratos inteiros.

– Vá devagar Melanie, você vai passar mal! – ela me olhou envergonhada e começou a ficar muito vermelha. Comecei a rir da reação dela. Depois de alguns segundos ela se juntou a mim.

– Pare de implicar com a menina! Coma o tanto que quiser viu meu bem? – Maria disse, servindo outro prato para ela.

No meio do terceiro prato, a garota começou a ficar com uma cor estranha. Ela largou o garfo e colocou a mão na barriga.

– Melanie, você está bem?

– Eu acho que comi demais.

– Eu vou te levar para a enferma... – antes que eu pudesse completar a frase a garota vomitou em cima de mim. Maria imediatamente correu para ajudá-la.

– Minha filha, você está bem? – ela estava com uma cara de choro.

– Meu Deus, olha o que eu fiz com o príncipe, minha alteza me desculpa. Você deve estar horrorizado! Eu não deveria ter comido tanto, você me avisou. Me deixe limpar a sua roupa, você está bem? Se quiser pode me expulsar da Seleção! – Eu e Maria nos entreolhamos e caímos na gargalhada. Como ela poderia estar preocupada comigo? Ela é quem estava passando mal!

– Por que vocês estão rindo? – ela nos olhava intrigada e um pouco vermelha.

– Eu estou aliviado que você esteja bem. E um pouco impressionado por você pensar em mim sendo que você é quem está passando mal. Eu posso tomar um banho, está tudo bem. E eu não vou te expulsar da seleção por causa disso. – Melanie me olhava com os olhos arregalados.

– Sério que você não está bravo comigo?

– Eu posso ser um chato, idiota, irônico e egocêntrico. Mas, eu não me importo com isso. O que importa é que você está bem. – Ela sorriu pra mim surpresa pelo meu comentário. Eu retribuí o sorriso.

– Você realmente é um anjo, como Maria comentou! – Melanie ficou ainda mais vermelha do que já estava pelo meu comentário. – Bom vou subir para tomar um banho. Vejo você depois.

– Tchau... E me desculpe mais uma vez. - Me despedi da garota e subi para meu quarto.

***

Quando chego à porta do meu quarto encontro uma selecionada andando de um lado para o outro pensando se batia ou não na porta, enquanto dois guardas a observavam sem ao menos ter a consideração de dizer que eu não estava. Ou eles estavam com medo dizer, porque a aquela garota podia intimidar qualquer um. Quando ela me viu ficou sem reação por um segundo, até eu me aproximar e ela dizer:

– Que cheiro é esse de panqueca estragada?

– Acidente na cozinha – sorrio ao lembrar de Mel. – Em que posso ajudar Laura?

– Bom, é... Eu não vou dar conta de falar com você até você se livrar desse cheiro.

– Eu vou tomar um banho agora. Você quer... hm... Me esperar aqui dentro?

– Do seu quarto?

– Ou você pode me esperar aqui fora na companhia desses dois aqui.

– Não! Quer dizer... Eu espero você lá dentro.

– Vamos entrar então. – abri a porta pra que ela entrasse.

– Meu Deus, o seu quarto é lindo! Um pouco dark, mas mesmo assim!

– Obrigado... eu acho... Bom, fique à vontade. Só... Não toque em nada!

– Sim, senhor! – ela bateu continência pra mim... Que estranho. Eu ri.

– Tudo bem então...

Tomei banho o mais rápido possível para que Laura não tivesse que esperar por muito tempo. Quando saí a garota estava bisbilhotando meus livros.

– Eu disse para não mexer em nada! – ela se virou rapidamente e desenhou com os lábios um “desculpa”. – Bem, o que você queria conversar?

– Eu... É... Bom, eu tomei coragem de vir lhe dizer que eu não gostei da sua atitude de ter agredido uma mulher ontem. – baixei o olhar pelo comentário. – Mas, eu entendo por que você fez isso. Ela realmente passou dos limites e você estava muito nervoso... Coisas assim podem acontecer, embora isso não deva se repetir nunca mais, porque... Você sabe né... Enfim, também, gostaria de esclarecer que eu não tenho a intenção de sair da seleção... É, quero dizer, se você ainda quiser prosseguir com o processo, eu quero te conhecer... Aí droga! Eu juro que não era isso que eu tinha ensaiado. – eu comecei a rir do nervosismo da garota. – Geralmente eu sou muito corajosa...

– Eu percebi isso já. E eu fico feliz com as suas palavras... Depois de ontem eu pensei que nenhuma selecionada iria querer chegar perto de mim novamente... Eu me senti... Enfim... Saiba que nunca mais repetirei tal ato. – limpo a garganta. – obrigado por me dizer isso. – ela me olhava com ternura.

– É... Você não vai descer pro café não?

– Eu já comi... Me desculpe.

– Não, está tudo bem. Então, eu já vou.

– Tudo bem. Obrigado, mais uma vez. – ela se virou para partir. – E ah! Você está muito bonita. – Laura sorriu e fechou a porta atrás de si, saindo para o café.

Alguns minutos após a porta se fechar ouço ela se abrindo novamente. Será que Laura havia voltado? Não era ela e sim as duas mulheres da minha vida: Ams e Sarah. Sarinha veio correndo e me deu um abraço forte, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas. Se ela soubesse o que eu fiz... Como sou ruim... Ela nunca gostaria de mim...

– Viemos te convidar para uma festa do chá. – Ams fala. Eu afasto minhas lágrimas rapidamente e sorrio para ela.

– Eu adoraria ir.

– Nós imaginamos que você não teria nada pra fazer hoje. Literalmente nada.

– Só quero ficar longe de tudo.

– Por que tio Shay?

– Porque as vezes é bom.

Sarinha saiu me arrastando pelos corredores até seu quarto. Todas suas bonecas estavam organizadas ao redor de uma mesa cheia de bolo e doces. Ela fez com que eu e a mãe sentássemos em uma das cadeiras e me obrigou a usar uma tiara de princesa. O que eu não fazia por aquela garota?! Ams ficou rindo da minha cara e desejando pela câmera de Jules.

– Muito engraçado!

– Você não sabe como é engraçado ver você usando essa tiara!

– Tio Shay, você não está tomando chá direito! É assim ó! – Sarah veio e me ensinou como pegar na xícara.

– Tudo bem... Me desculpa.

– Mamãe, come esse bolo aqui.

– Tá bom, filha.

– Eu vou lá na cozinha buscar mais suco.

– Mais?! Já tem muito aqui!

– Eu vou lá. Esperem aqui. – e saiu andando, batendo os pezinhos.

– Está tudo bem deixar ela ir sozinha Ams?

– Um dos guardas vai acompanhá-la. E você... Está bem?

– Ah, você me conhece... Não consigo parar de pensar sobre o incidente de ontem... Eu não queria ter feito aquilo... Nada do que aconteceu ontem e antes de ontem... Agora todos sabem sobre mim, me sinto exposto.

– Eu te conheço melhor do que nossa mãe Shalom. Sabia que estaria assim. Por favor, não se sinta assim... Eu sei que é difícil pra você, mas vamos passar por isso. Eu sei que você é uma pessoa boa, olha como a Sarah gosta de você.

– Ams, se ela soubesse das coisas que fiz, se ela me visse como sou... Ela nunca gostaria de mim... A Sarah só gosta de mim porque eu faço tudo que ela pede! Já até me vesti de mulher... Humilhante. – Ams caiu na risada lembrando da cena, quando Sarinha me fez vestir um dos seus vestidos e ser uma princesa.

– Shay, a Sarah gosta de você porque você é uma pessoa boa. As crianças conseguem sentir essas coisas. Ela te ama! Para com isso!

– Então porque ela não gosta do Jules?

– Isso é um mistério que só ela pode dizer. – Começamos a rir em lembrar da implicância de Sarah com Jules. De repente a porta se abriu e Sarah entra arrastando Melanie pelo braço.

– Me desculpe... Ela quis que eu viesse...

– Maaamãeeee! Eu encontrei uma boneca de verdade! Olha pra ela! Ela é linda! Ela parece com minha boneca! Eu quero ela! Eu quero ela!

– Calma Sarinha! – Eu disse percebendo como Mel estava ruborizada.

– Mamãe, ela pode ficar para tomar chá com a gente?

– É claro que sim.

– Mel, senta aqui. Eu vou te mostrar a minha boneca! Olha como ela se parece com você! – Sarah corre então para pegar a sua boneca. Ela volta carregando uma boneca que eu havia trazido para ela da Nova Ásia. Ela realmente era parecida com Melanie.

– Ela realmente é muito bonita, mas não se parece comigo. – ela comenta.

– Claro que se parece. Vocês duas são lindas!

– Obrigada. – ela diz sem jeito. – Você também é linda. - Sarinha começa a servir chá para Melanie. A garota não havia olhado para mim desde que havia chegado e agora está rindo de mim.

– O que foi?

– Bela tiara. – a tiro da cabeça rapidamente.

– Tio Shay, coloque a tiara de volta!

– Sarinha... Eu preciso?

– Sim!

– Tá bom... – relutante coloco a tiara de volta. – Não ouse falar nada Melanie.

– Minha boca está fechada. – ela sorri.

– Tio Shay, eu tive uma ideia. Vamos trançar o cabelo da Mel?

– Sarah! Pergunte a ela se pode primeiro! – Ams exclama. Sarinha olha para Melanie com aqueles olhos grandes e pergunta:

– Pode?

– Claro. – Mel responde com um doce sorriso.

– Vem tio Shay!

– Você faz!

– Mas a sua é mais bonita que a minha!

– Você quem me ensinou... Melanie está tudo bem?

– Sim...

Caminho em direção a ela e sento atrás. Começo a pentear os cabelos grandes e negros de Melanie com o auxílio de Sarah. A garota está se esforçando para aguentar aquele contato e não morrer de vergonha, e eu também, já que os únicos cabelos que eu havia trançado obrigatoriamente, foram os de Ams, Sarah e suas bonecas. Eu estava morrendo de vergonha por saber fazer trança e por estar tão próximo assim de Melanie.

– Me desculpe por isso... – eu digo baixinho.

– Está tudo bem... Olha como ela está feliz. Não tem como dizer não a ela.

– Eu sei... – rimos juntos.

– Eu não sabia que você tinha dote para cabelereiro. – a garota ri da própria piada.

– Que engraçado! Morri de rir. – tento fazer cara de tédio, mas não consigo. De repente percebo que não vejo Ams.

– Onde que a Ams foi?

– Ela saiu, disse que iria se encontrar com Adam... Você não escutou?

– Não, fazer trança exige muita concentração. – rimos novamente. Como não percebi que ela havia ido embora?!

– Pronto!

– Ficou linda! A Mel está linda! – Sarinha exclamou.

– Ficou bonita mesmo. Você tem jeito... – ela sorri ao se olhar no espelho. Retiro minha tiara e coloco nela.

– Agora um toque especial. – sorrio para ela através do espelho.

– Tio Shay, toca piano para a gente?

– Toco sim. – Me levanto para ir em direção ao piano, mas antes que desse um passo Melanie me impede.

– Eu não posso tocar ao invés dele, Sarinha?

– Você sabe?

– Aham.

– Pode sim! Eu vou dançar com o tio Shay, então.

Melanie se senta ao piano e começa a tocá-lo. A melodia é alegre. Não sabia que ela tocava tão bem! Melhor que eu! Começo a dançar com Sarinha um pouco tímido no começo, mas logo me acostumo com a presença de Melanie e não me importo. Ficamos pulando igual malucos enquanto Mel toca e gargalha das nossas palhaçadas. Melanie tem o dom de fazer da mais simples coisa a mais bela do mundo. Eu teria sorte se pudesse tê-la em minha vida.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Espero que sim! Mais uma vez me desculpem pela demora! E obrigada por continuarem lendo e acompanhando nossa história! Sem vocês essa história não existiria! Comente, favoritem e recomendem! Beeeeeeeeeeijos, amo vocês!
— Nat :*



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