Royal Hearts escrita por Cams, Tamires, nat


Capítulo 20
Shay - Olhos de Capitu


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores *o* Primeiramente gostaria de pedir mil desculpas por não responder os comentários dos capítulos passados, minha vida ta uma loucura, mas prometo que vou me esforçar para responder daqui pra frente! Me desculpem mesmo .-. Aqui estou eu com mais um capítulo para vocês! Espero que vocês gostem e perdoem minha falta de amor com vocês e minha demora '-' Eu amo vocês, vocês sabem né?
Ps: Palavra usada por Lucca no capítulo Ignominioso = Desgraçado
Ps²: Fiz uma piadinha sobre nazismo, não que eu apoie ou julgue, apenas fiz para ficar engraçado, se alguém se ofender, me desculpe :x
Bom, vejo vocês nas notas finais, beijos :*



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Acordei desorientado, sem reconhecer o cômodo em que estava e em meio ao amontoado de três corpos. À medida que meus olhos se acostumavam com a penumbra e meus sentidos começavam a funcionar, alguns fleches do desastroso baile, que acabara há algumas horas, surgiam em minha mente e feriam o meu orgulho, deixando um caroço incômodo e difícil de engolir em minha garganta. Recordei-me que eu fui arrastado para o quarto de Gabriel por ele próprio, Zaki e Tames, o motivo, ainda era desconhecido. Estávamos amontoados na cama; o quarto cheirava a suor, bebida e a ressaca moral. Tirei a cabeça de Tames do meu colo e os braços de Zaki de minhas pernas e saí do quarto sem fazer barulho.

O dia não havia amanhecido o que atribuía ao castelo um silêncio profundo. Caminhei em direção ao meu quarto para tomar um banho. Abro a porta lentamente e a fecho, evitando ruídos que denunciassem minha chegada tardia em meus aposentos. Enquanto caminhava em direção ao banheiro vejo que há dois corpos em minha cama. Caminho vagarosamente rumo à cabeceira já planejando a morte dos seres que tiveram a audácia de dormir, ou fazer seja lá o que for em meu quarto, quando reconheço as pessoas deitadas ali. Minha primeira reação foi pegar pelo pescoço o cara que se autodenominava “príncipe” e tacá-lo contra a parede.

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO NO MEU QUARTO?

– Calma Shalom, eu posso explicar. Por favor, me solta. – Dimitri respondeu calmo demais para alguém que estava prestes a perder a vida.

– VOCÊ NÃO ME RESPONDEU. O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI E AINDA MAIS COM ELA? – apertei-o ainda mais forte contra a parede.

– Eu a trouxe aqui porque estava triste e um pouco bêbada, como não podia deixá-la sozinha no quarto dela, pensei então em esperar por você e seu irmão aqui, porém nenhum dos dois retornou. Celeste estava chorando e eu fiquei conversando com ela tentando acalma-la até adormecer e no fim eu também. Juro que não toquei em nenhum fio de cabelo dela. Você estava presente, mesmo que alterado, ontem à noite e depois de tudo que aconteceu só estava garantindo que tudo estava bem com ela. – afrouxei um pouco a chave de pescoço que dava nele, mas, não o soltei tentando verificar a veracidade das palavras que saíam da boca do russo. Eu olhava Dimitri nos olhos tentando saber quais eram suas verdadeiras intenções, sem desviar o olhar ele também me encarava como se estivesse tentando provar que falava a verdade. Por fim liberei-o. Fiz menção em acordar Celeste para comprovar se o que Dimitri falava era verdade, porém ele me segurou. Encarei-o com raiva.

– Ela adormeceu há pouco tempo, por favor, não a acorde. – Observei minha irmãzinha dormindo e resolvi que ela já teve muito por uma noite.

– Tudo bem, mas, quando ela acordar vamos ver se você se comportou tão bem quanto me relatou. – o príncipe apenas acenou em afirmativa e caminhou para o lado de Celeste, sentou-se e a observou dormir. Uma mecha do cabelo loiro de Celle caiu sobre seu rosto, Dimitri levantou a mão para tirá-lo, mas eu o impedi.

– Ok, agora já estou aqui. Você pode se retirar príncipe Dimitri. – ele me encarou com uma cara de protesto e já ia abrir a boca para falar algo quando lhe presenteei com o meu melhor olhar mortífero, que lhe fez engolir as palavras e me fazer uma reverência, a qual retribuí, e sair do quarto.

Cobri Celle com uma coberta, arrumei seus cabelos e a deixei dormindo. Fui para o banheiro tomar um banho e tirar o cheiro de álcool do corpo. Quando retornei, Celeste ainda dormia profundamente. O dia começava a amanhecer; decidi descer antecipadamente para o café para evitar toda a vergonha e desconforto que esse evento prometia ser. Deixei um bilhete para Celle em cima do criado-mudo ao lado da cama.

“Celle, será que terei que defender sua honra?
Caso não se lembre pirralha você teve companhia ontem à noite.
Quero a história completa após o café!
Seu irmão, Shalom.”

Quando cheguei ao Grande Salão apenas os funcionários estavam acordados fazendo os preparativos para o café da manhã. Ao notarem minha presença rapidamente pararam o que estavam fazendo e me fizeram uma reverência. Pedi que continuassem e me sentei ao piano. Uma triste melodia fluía através do meu corpo e era capturada pelas teclas que expressavam um sentimento que eu desconhecia, ou evitava. Ao me sentar ao piano, eu esqueci o mundo ao meu redor. Era apenas eu e a melodia. Uma imagem continuava a surgir na minha mente à medida que eu tocava: dois pares de olhos, castanhos tristes e chorosos; verdes regados à fúria e decepção. Ao finalizar a música recebi uma salva de palmas a qual não esperava. Sobressaltado olhei para trás onde encontrei todos ocupando seus lugares no salão observando-me. Até meus pais já haviam chegado e eu nem notara. Levantei apressadamente e agradeci a todos com uma pequena reverência. Enquanto encaminhava-me para longe do salão quando alguém agarrou minha perna.

– Tio Shay... – Sarah me encarava com aqueles grandes olhos verdes. Ajoelhei-me para conversar com ela.

– Pode falar.

– Você não vai me pedir desculpas não? Se você pedir eu vou perdoar. – olhei para Sarah e lembrei o que havia feito com aquela linda garotinha. Eu realmente era uma péssima pessoa.

– Nem com todas as desculpas do mundo eu deveria ser perdoado por você. Mas você poderia dar outra chance para mim? Prometo que realizarei um desejo seu!

– Eu nunca mais deveria olhar na sua cara! Mas, como sou boazinha, vou te perdoar dessa vez.

– Muito obrigada Sarinha. – Dou um beijo na testa dela.

– Posso guardar meu desejo para depois?

– Claro que sim.

– Então agora vamos sentar na mesa e tomar café tio Shay.

Sarah agarrou minha mão e saiu me puxando, com uma força que me impressionou, até a mesa do café. Meus planos de fugir daquele evento foram por água abaixo. Minha mãe me encarava preocupada enquanto comia; já vi que seria convocado para uma conversa particular mais tarde. Jules estava com uma cara de arrependimento misturada com vergonha, na verdade, todos naquele salão que participaram da festa do jardim estavam assim; as selecionadas e os príncipes estavam cabisbaixos e calados. Ao que parece, todos fizeram algo para se envergonhar na noite anterior. Celeste evitava meu olhar e de todos os príncipes. Os únicos que estavam felizes e pareciam não notar o clima eram meus pais, Ams e Adam. Até a pequena Sarah percebeu que algo não estava certo.

Percebendo o silêncio daquele café, Rei Maxon nos encarou por um momento e resolveu perguntar o que todos queriam saber:

– Como foi a festa ontem? – Julian e Celle me olharam suplicantes. Celle, para evitar a pergunta bebeu um longo gole de suco. Jules enfiou uma tortinha inteira de frango na boca. Ótimo! Sobrou para mim!

– Inesquecível. – respondi com sarcasmo. Maxon, porém, pareceu não perceber e sorriu satisfeito. Minha mãe, que não deixava nada escapar, notou o tom na minha voz e me repreendeu com um olhar. Droga! Acabei de entrar para a lista de tarefas de Dona América. Ela não ia me deixar em paz até concluir seja lá o que tramava para mim.

Desviei meu olhar para a mesa dos príncipes em busca de Woobin, um dos poucos príncipes que eu aturava, e percebi que ele não se encontrava. Pouco depois de eu notar sua ausência as portas do Salão se abriram e o príncipe entrou na companhia de Sílvia. O príncipe adentrou o salão com um sorriso enorme no rosto; como ele podia sorrir daquele jeito depois da festa de ontem? Ele vestia roupas tradicionais da Nova Ásia, que se pareciam com um vestido, e uma máscara cobria metade do seu rosto. Os príncipes caíram na gargalhada enquanto as selecionadas encaravam-no hipnotizadas.

– E esse vestido Woobin? Resolveu aproveitar a seleção para sair do armário? – Gabriel gritou de seu assento. Sua piadinha foi ovacionada. Sílvia o encarou com olhos mortais e o riso se desfez na hora.

– Não fique ansioso príncipe Gabriel há KIMONOS para todos. – terminada a frase Sílvia fez um sinal e vários empregados entraram no Salão carregando kimonos que eu suspeitava serem destinados para todos nós.

– Como foi sugerido pela princesa Celeste os príncipes vão apresentar a cultura de seus países. Cada dia será destinado a um príncipe que deve preparar eventos e demonstrar o melhor de seu país. Começaremos com o príncipe Woobin da Nova Ásia.

– Bom como vocês podem ver, esse traje que estou usando é uma roupa tradicional do meu país. Essa vestimenta se chama kimono e não é usada frequentemente. O kimono é vestido em datas especiais e em cerimônias, como casamentos. Essa é uma breve explicação, pois preparei o dia para contar a história do país e demonstrar a cultura. Espero que vocês gostem.

– Após o café vocês irão se preparar e nos encontraremos no Salão de Festa. – dito isso Sílvia se retirou enquanto Woobin se encaminhou para a mesa de café.

À medida que terminavam o café príncipes e selecionadas se retiravam para se arrumarem para o dia de festividades. O salão já estava quase vazio e Jules parecia longe de terminar o café. Não sei como ele não engordava! Resolvi esperá-lo no corredor. Precisava conversar com ele sobre ontem à noite; ele provavelmente iria me falar o que fiz de errado, me dar um sermão e me ajudar a “melhorar”. Enquanto esperava sentado em uma poltrona encarando um quadro que tinha uns girassóis desenhados vi Lucca e Aaron saindo do Salão. O príncipe italiano virou o rosto tentando evitar que eu visse aquele roxo mas, infelizmente, eu percebi.

– Não tão rápido Lucca. Venha aqui. – ele caminhou cabisbaixo em minha direção. – Não vou zoar você. Só quero saber a quem devo parabenizar por essa obra de arte.
Lucca me lançou um olhar de desprezo e exclamou:

– Ignominioso! Parabenize sua querida irmã. – terminada a frase caí na gargalhada. Não acredito que Celle tinha feito isso.

– Sério? A Celle quem fez isso? Por quê? Como? Droga! Porque eu não estava lá!? –Aaron nos observava com olhar de desprezo. Lucca tentava segurar o riso, e fazer uma cara de ofendido. Percebi que Jules saia do salão.

– Depois você me conta essa história. Preciso conversar com minha outra metade. Arrivederci. – fiz uma reverência para Lucca. – Hey Hitler! – bati continência para Aaron que me encarou surpreso e ofendido, dei às costas e fui de encontro ao Jules.

– E aí maninho! Preciso conversar com você. Bora?

– Shay... Eu. é... – antes que Jules pudesse formular uma frase, rei Maxon apareceu atrás dele.

– O príncipe Julian está ocupado agora.

– Você não quis dizer o futuro rei? – antes que Jules ou Maxon pudesse falar qualquer outra coisa me virei e caminhei em direção oposta aos dois, mesmo que não soubesse meu destino.

Peguei o caminho mais longo para chegar ao meu quarto. Estava com vontade de destruí-lo novamente, mas minha mãe havia deixado bem claro que não iria tolerar meus atos de, segundo suas palavras, “rebeldia”. Bati a porta com força atrás de mim. Só pensava em uma coisa que me faria esfriar a cabeça. Boxe! Peguei um par de luvas para mim e um par para Tames. No entanto, antes de sair do quarto, percebi que havia algo dourado em cima da mesa. Ao me aproximar, compreendi que se tratavam das garrafinhas da fonte do baile de ontem. Peguei uma e abri.

“Deixe de agir como um babaca e trate suas selecionadas com respeito – Anônimo”

Amassei o papel e taquei a garrafinha no chão, fazendo-a se despedaçar em vários pedaços. Agarrei outra, vamos ver quais outros insultos me aguardam.

“Desculpe-me por atirá-lo no chão. Eu realmente detesto surpresas. – Maia”

Um sorriso surgiu em meus lábios. Aquele momento não tinha saído da minha mente. O máximo de contato físico que eu tive com uma garota que não fosse da minha família foi com ela. Parece que nem todo mundo me odeia nesse castelo. Abri outra:

“Eu odeio você,Tio Shay. – Sarah”

Aquelas palavras aqueceram meu coração. Mesmo sendo Ams quem escreveu vou guardar para mostrar para a Sarinha quando ela crescer. A primeira carta dela foi para mim. Só ela podia me convencer de fazer qualquer coisa. Com um sorriso no rosto peguei outra garrafinha.

“ Eu espero realmente ver, algum dia, seu verdadeiro eu. Assim como espero, também, descobrir a mim mesma; espero que essa estadia aqui me ajude. – Elissandra”

O comentário de Elissandra me pegou desprevenido, mesmo depois do meu comportamento ontem à noite ela queria me compreender. Não me culpou, apesar de eu merecer. Com certeza prestarei mais atenção nesta menina que as feições não saiam da minha cabeça após ler este bilhete que vinha carregado de carinho.

Meu humor melhorou depois de ler a carta de Sarah, Maia e Elis, não que eu fosse chamar ela assim pessoalmente, mas me senti mais próximo dela, aqui dentro. Não fui muito popular, recebi apenas cinco mensagens. Aposto que Jules ganhou pelo menos umas dez, mas isso já era de se esperar, ele é mais popular que eu. Peguei a última.

“Tenho certeza que a Vossa Alteza apenas nos trata mal para não demonstrar seus sentimentos e ficar vulnerável. Porém, você não me engana – Clarissa”

Após ler essas palavras minha mente foi clareando e comecei a lembrar da briga no jardim.

“– Shalom você vai ficar sentado aí a noite inteira? – Zaki me encarava. Seu olhar não era acusatório nem repreensivo, apenas, preocupado.

– Eu tenho algum compromisso e não estou sabendo? – minha voz soava carregada. Tinha bebido demais.

– Vou buscar uma xícara de café para você. Você vai beber, melhorar, levantar daí e pelo menos escutar o que essas lindas meninas tem para falar!

– Ok, mãe! – O príncipe então se retirou determinado a me obrigar a cumprir suas ordens. Porque essa súbita preocupação comigo?

Alguns segundos depois vejo uma figura sentada ao meu lado.

– Espero que esteja tudo bem se eu lhe fizer companhia. – Julieta falou enquanto me oferecia um copo de água. Tomei um gole.

– Fique à vontade.

O clima entre nós era pesado e constrangedor, eu não estava com vontade de falar, e ela parecia procurar algum assunto pelo qual eu poderia me interessar. Zaki então retornou.

– Vejo que você começou a seguir meus conselhos. Aqui sua xícara de café. Beba tudo. – não sei por que, aquele eu, que só deseja estragar tudo, que se sente vivo apenas quando está sendo o pior que poderia ser, resolveu aparecer.

– Senhorita Julieta, minha companhia chegou, você pode se retirar agora.

Ela me encarou incrédula e seus olhos se encheram de lágrimas.

– Não há necessidade senhorita. Você deveria ficar porque eu estou me retirando. – Zaki respondeu dando a volta para ir embora; agarrei seu pulso. Ele me olhou surpreso.

– Eu quero a sua companhia. E não é como se esta senhorita tivesse algo para dizer. – olhei para ela, desafiando-a a falar algo. Julieta, porém, começou a soltar lágrimas silenciosas pelo rosto e se levantou. Naquele momento percebi o quão idiota eu estava sendo, mas eu não podia parar. Enquanto ela fazia uma reverência, uma quarta pessoa se juntou aquela cena.

– Você não tem que ir embora só porque ele disse. – Clarissa me observava com fúria em seu olhar.

– Qual a parte de eu sou o príncipe e esta é a minha seleção você não entendeu, senhorita Clarissa?

– A parte que você está sendo um bastardo sem coração que ficou sentando a noite inteira sem trocar uma palavra que não fosse forçada com as dez meninas que estão aqui de boa vontade e com o coração aberto querendo te amar e serem amadas por você. Se o futuro de Illéa está nas mãos de um garoto mimado como você eu tenho medo pelo nosso país! – No momento em que ela acabou de proferir o golpe com aquelas palavras, ela percebeu que foi longe demais.

Eu estava cego de raiva e tudo que eu queria fazer era bater em alguém. Eu queria gritar com ela, e manda-la embora, mas eu não podia fazer nada. O que ela acabou de dizer era minha maior fraqueza, tudo que eu temia. Illéa em minhas mãos, e, eu falhar.”

Eu não acreditava que aquele tinha sido o fim da minha noite, tão humilhante. Ela passou dos limites. Clarissa tinha que recuperar o juízo se ela quisesse permanecer na seleção, e tudo iria depender de como ela iria se comportar no nosso encontro de hoje.

Caminhei em direção à porta com apenas um destino em mente, o Salão das Mulheres. Porém, antes que eu pudesse abrir notei que alguém tentava enfiar um bilhete pela fresta. Abri a porta; Julieta me encarava surpresa e imediatamente ela corou.

– Pois não? – ela me encarava petrificada no lugar. Ajudei-a se levantar. Ela não me olhava diretamente.

– Eu queria te enviar esta carta. É um pedido de desculpas por ontem à noite. – Eu me senti mal e com raiva. Quem errou ontem à noite fui eu, porque ela estava se desculpando? É por causa desse tipo de comportamento que eu me odeio. Todo mundo sente a necessidade de fazer as coisas por mim e para mim.

– OK. – peguei o envelope da mão dela. – Se você já terminou, estou de saída. – fechei a porta do quarto e deixe Julieta lá, parada, em pé, lágrimas aos olhos. Sem saber o que fazer com ela, ou comigo mesmo, marchei rumo ao salão das mulheres.

***

Pedi permissão para entrar no Salão das Mulheres. Ao adentrar no cômodo, dezenove selecionadas encaravam-me. As selecionadas me saldaram com uma reverência e ficaram observando-me, na expectativa do meu próximo passo. Todas elas estavam muito lindas, vestindo kimonos, cabelos amarrados e pouca maquiagem. Pareciam anjos. Uma, no entanto, se destacava. Por ter traços orientais, Malanie estava perfeita, e sem dúvida mais bonita que todas. Embora percebi que se sentia desconfortável com tanta atenção. Maia me encarava com um olhar divertido, ela estava maravilhosa, embora tudo que eu pensava era sobre ontem e como ela era linda. Desviei o olhar ruborizado. Procurei em meio à multidão o rosto de Elis, ela estava especialmente linda agora que sabia dos seus sentimentos. Sorri para ela, que retribuiu o sorriso. Se eu não tivesse que ensinar uma lição para a senhorita Clarissa, ela seria minha primeira escolha para um encontro. Katerina chamou minha atenção pelo ar sedutor que apresentava com o kimono que vestia. O azul do céu lembrava-me seus olhos e as flores estampadas em sua vestimenta pareciam ser da coloração de seus lábios. Beatrice não perdia em beleza e atitude para as outras, sua presença não podia ser ignorada. Olhei a loira que, mesmo eu não querendo, já tinha cativado meu coração, e percebi que estava inquieta, como se algo tivesse lhe incomodando. Tentei decifrar sua expressão, mas, antes que pudesse chegar a alguma conclusão, ela desviou o olhar. Essa era nova, ela nunca fugia de uma batalha, algo definitivamente estava errado. Resolvi implicar com ela.

– E aí blondie, sentiu minha falta? – por um segundo seu olhar vacilou, parecendo que a peguei de surpresa, porém sua guarda se abaixou apenas por um segundo. Beatrice voltou com seu sorriso sarcástico e cara de quem vai fazer algo absurdo a qualquer momento e me encarou.

– Não mesmo gingery. – piscou para mim. Mesmo suas brincadeiras não pareciam às mesmas. Acho que mais tarde irei passar no quarto dela para saber o que aconteceu...

Depois de contemplar a beleza de todas por alguns instantes, lembrei-me do meu objetivo e resolvi não pegar leve com Clarissa. Encarei-a por um longo tempo.

– Senhorita Clarissa, meu primeiro encontro será com você. – Ela me olhou pasma e com ansiedade, sabia que eu não iria deixar barato. As outras selecionadas encaravam-na com inveja por ser a sortuda que iria ao primeiro encontro. Elas não sabiam o que eu havia planejado para essa tarde, se soubessem, a última coisa que desejariam, seria ser ela.

– Será um prazer príncipe Shalom. –Ela faz uma reverência. Dei a volta para sair do salão, porém, eu não havia terminado. Virei-me novamente para ela.

– Ah! Senhorita, você se lembra do nosso primeiro encontro?

– Claramente.

– E onde eu disse que a levaria para nosso primeiro encontro?

– No salão de jogos do palácio.

– E iríamos jogar sinuca apostando o quê mesmo?

– Se eu ganhasse você traria para o palácio meu gato.

– Eu, como o bastardo sem coração que sou, gostaria de acrescentar algo a nossa aposta. – ela me encarou com os olhos esbugalhados, engolindo em seco. – Se a senhorita ganhar, como combinado, trarei para o palácio seu gatinho. Porém, se eu ganhar, a senhorita deixará a seleção. – todas as selecionadas presentes soltaram um som exclamatório e nos olhavam espantadas. – A senhorita está de acordo?

– Sim, Vossa Alteza.

– Tudo bem então. Vá tirar essa roupa ridícula e peça para suas criadas lhe guiarem até a sala de jogos. Estarei te esperando lá. A propósito, leve sua câmera para registrar seus últimos momentos nesse palácio. – Clarissa não estava com medo, como eu esperava que ficasse. Ela estava determinada, como se esperasse por isso e estivesse cumprindo uma punição.
Fiz uma reverência para as selecionadas que me encaravam pasmas e saí do salão.

***

A porta da sala de jogos se abriu e Clarrisa entrou. Havia tirado o quimono e estava com um vestido vermelho que destacava suas curvas e realçava seus olhos.

– Shalom. – disse

– Pensei que havia dito para se referir a mim com mais respeito.

– Como estou no purgatório, porque me importar? Vamos direto aos negócios. – cada vez que ela falava meu coração se agitava e eu gostava mais. Ela não iria se rebaixar por mim.

– Ok, Clarissa. – escolhi um taco que ficava pendurado na parede. E apontei para que ela também o fizesse. Enquanto ela escolhia, arrumei a mesa.

– Damas primeiro.

– Antes de eu dar a primeira tacada, tenho algo que queria acrescentar na aposta.

– Vejo que alguém está confiante que vai ganhar. – ela me encarou desafiadora.

– Não custa nada sonhar. Não é? – piscou para mim – Como eu dizia, se eu ganhar, você trará Snow para o palácio e passará o resto do dia comigo fazendo o que eu quiser. – encarei-a pela ousadia. A cada momento gostava mais dela. Se ela tivesse implorado para ficar, nem jogo iria ter. Mas ela estava sendo digna, gostei da atitude e de como ela estava levando os eventos.

– Tudo bem, eu aceito. Só não exagere. – ela sorriu; um sorriso encantador.

– Vamos jogar então, Shay.

Ela deu a primeira tacada e encaçapou três bolas. Duas bolas pares e uma ímpar. Clarissa escolheu as ímpares.

– Não seria melhor escolher as bolas pares e começar com vantagem?

– Eu gosto de números ímpares. O número sete é meu número da sorte. E também, no final, não terá desculpas para você falar que eu ganhei por estar em vantagem. – os olhos dela prendiam toda minha atenção.

– Tudo bem então, só não vá chorar depois.

Clarissa jogava com verdadeira maestria. Ela era excelente na sinuca e, embora, não quisesse admitir, melhor do que eu. À medida que o jogo desenrolava, ela me bombardeava com perguntas.

– Porque você age assim?

– Porque eu sou assim. Não estou agindo de maneira diferente.

– Ok, vou fingir que acredito. Você tem uma relação muito bonita com a Sarah, porque só com ela?

– Bom, quando crianças, a Amberly sempre cuidava de mim. Eu era encrenqueiro desde pequeno, como você já deve ter imaginado. Ams era a única, além de minha mãe que tinha a habilidade de lidar comigo, e como a Sarah é a copia da Ams, sentia como se a conhecesse mesmo antes de nascer, e com ela é a mesma coisa. É tão engraçado a birra que ela tem com o Jules, e eu não sei o porquê. – Clarissa me olhava surpresa pela brecha aberta e sorria carinhosamente. Percebi que me abri um pouco com ela e corei, voltando o assunto para ela. – E você, como são seus pais?

– Bom, minha mãe é uma estrela de cinema e meu pai astro de futebol. Filha única, criada pelos empregados. Tenho inveja de como sua mãe te olha, como se nada no mundo fosse mais importante que você. – ela tinha razão, rainha América era uma mãe muito boa.

– Sinto muito pelos seus pais. Minha mãe realmente é boa, mas o rei Maxon... – ela me encarou confusa. Resolvi não deixar brechas para outra pergunta tão particular. – Sua vez, Clarissa.

À medida que as bolas iam caindo ficávamos mais próximos um do outro. Cada bola que entrava em uma caçapa era um passo que ela andava em minha direção. Aquele encontro não estava saindo de acordo como planejado.

Clarissa já estava tentando matar a bola um enquanto ainda me faltavam mais duas bolas.

– Eu acho que alguém vai ter que fazer uma visita até a minha casa para buscar meu melhor amigo. – disse brincalhona.

– Ficarei mais do que feliz em fazê-lo. – respondi para sua surpresa. Ela me encarou ruborizada e deu a tacada final para acabar com o jogo.

– UHUUUUL! Toma essa Shay! Falei com você que eu era boa. – saiu correndo pelo salão e sorrindo, comecei a gargalhar. De repente, no calor do momento, correu até mim e me abraçou. Fui pego desprevenido, mas retribuí. Depois de alguns segundos nos afastamos envergonhados.

– Parece que vou ter que honrar com minha palavra de príncipe. Que sacrifício ter que te aturar por aqui por mais algum tempo. Pelo menos até irmos a outra festa e eu agir como um idiota e você gritar comigo. – rimos juntos. Parecia que seus olhos tinham um campo gravitacional que atraiam toda a atenção. Acariciei sua bochecha com as costas da mão, e recitei um verso de um livro que li, que sempre me vinha à cabeça quando olhava para aqueles olhos verdes.

– “Olhos de cigana oblíqua e dissimulada” – ela me encarou sem entender.

Enquanto tentava respirar novamente, me perguntou em um sussurro:

– O quê?

– É um verso de um livro que eu li e sempre que olho para seus olhos me lembro dele. Mais tarde passo no seu quarto e te dou um exemplar para que você leia. – nos encaramos por mais alguns minutos em silêncio. Então eu quebrei o contato visual e me sentei à mesa no canto da sala, com vista para o jardim. Clarissa se juntou a mim.

– Não vai dar um chilique porque eu me sentei com você não, não é? – Clarissa brincalhona estava de volta. Sorri sarcasticamente para ela.

– Só se você quiser.

– Esse encontro foi de desastre total para um encontro perfeito. – encarei-a incrédulo.

– Sério que você gostou? - perguntei descrente.

– Claro! Pude conhecer nem que seja um pouco de você, e apesar do que os outros possam dizer, até que você é divertido. Na verdade tínhamos apostado que o Aaron seria mais divertido que você. – comecei a rir, ela me encarava divertida.

– Sério? Agora me senti ofendido. O Aaron é o príncipe da chatice.

– E o melhor de tudo do nosso encontro. Não acabou. – ela me lembrou.

– Droga! Estou preso com você o dia inteiro!

– Vamos lá, quero almoçar em um lugar legal. Alguma sugestão Shay?

– Pedirei para servir nosso almoço no jardim. – ela me encarou por alguns segundos.

– Você é legal.

– Só não espere que eu seja assim todos os dias, tenho uma reputação a zelar.

– Hoje meu bem, você está em minhas mãos. Acordo é acordo.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? *---* Espero que sim!
Sobre o bilhetinho anônimo que mandaram pro Shay só digo isso: " Haters gonna hate, hate, hate..." Gente, se você está se sentindo deixada de lado por eu não narrar sua selecionada, me desculpem, estou narrando as que cumprem as tarefas, então se vocês querem aparecer mais, por favor cumpram as tarefas, de qualquer jeito quero dar atenção a todas *o*
Quanto ao coraçãozinho do nosso príncipe, será que as selecionadas já começaram a balançar ele? Será que o Shay vai seguir nessa versão 2.0 dele? Ou vai voltar para 6.66 HSUAHUSHAHSUAH (piadinha horrível) Enfim, muuuuuito obrigada por lerem! Muito amor para vocês . Beeeeeijos S2



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