– AAAAAAI! – Ams e Cel gritaram em uníssono.

– Não sei qual de vocês é o pior! – Exclamou Cel olhando para Jules como se fosse matá-lo a qualquer momento.

– Definitivamente o Shay ganha! Olha o estado dos meus pés! – Ams disse exasperada.

Não haviam palavras suficientes no mundo para expressar meu descontentamento com a situação. Além de me humilhar e pedir para que nossas irmãs nos ajudassem, tenho que ouvir a cada cinco segundos como não consigo dançar e lamentos pela pobre menina que será meu par esta noite.

– A alma de vocês é mesquinha demais garotas. O que é um pequeno sacrifício para o bem maior? Vocês querem que seus queridos irmãos passem vergonha em frente as selecionadas e toda Illéa? – Jules disse com cara de cachorro pidão.

– Se eu conseguir pelo menos completar a coreografia esta noite, sem errar ou pisar no pé de alguém, fico de babá um dia inteiro para você sair com o Adam para onde quiser. – eu disse na esperança de que Amberly esquecesse a dor nos pés e me ajudasse.

Celeste revirou os olhos mas pareceu disposta a dar mais uma chance para Jules. Amberly nem parecia muito chateada, esboçava um sorriso divertido apesar de eu ter destruído os pés dela, acho que estava pensando no futuro encontro com Adam.

– Irmãozinho, se você usasse este talento para o bem... Olha como os olhos da Amberly estão brilhando... – Olhei feio para Jules, o que fez Ams e Cel rirem. Enquanto estávamos distraídos rindo, alguém entrou no salão.

– Com licença, é aqui onde estão torturando duas princesas? Eu gostaria de participar. – Gabriel entrou no salão acompanhado por Lucca.

– Fiquem à vontade! Vamos começar a festa! – Jules disse para os dois príncipes. Outro movimento na entrada. Para um treino secreto o salão estava enchendo rápido demais.

– Rainha América. – cumprimentamos minha mãe com uma reverência. Marlee estava junto com ela.

– O que exatamente está acontecendo aqui?

– Seus filhos estão tentando deixar as princesas sem pés. – Lucca disse apontando para os pés vermelhos de Celeste e Amberly.
América olhou com falso desapontamento para mim e Jules e depois começou a rir acompanhada por Marlee.

– Definitivamente vocês herdaram o talento de sua mãe. – Marlee disse com certo esforço, pois estava rindo para valer.

– Que calúnia! Pode-se dizer que eu melhorei com os anos. Chamarei seu pai para provar. – com isso pediu para um dos guardas para ir ao escritório chamar o Rei Maxon.

– Vamos ver o que vocês já sabem. – minha mãe disse apontando para o aparelho de som. Colocamos a música e eu fui em direção a Ams, Jules chamou a Cel. Começamos com os passos iniciais, esses eu tinha decorado. Mas, quando os giros começavam...

– AAAAAAAAAAAAAI! – mais uma vez os gritos de Cel e Ams encheram o salão.

– Como vocês dois podem ser tão parecidos e errarem na mesma parte? – Gabriel disse em meio as gargalhadas que todos no salão acompanhavam.

– Nosso super poder de gêmeos! – Jules disse e piscou para ele.

– Nossos filhos são uma negação América. – Rei Maxon disse da entrada. Aparentemente ele estava assistindo a tempo suficiente para ver nosso fracasso. Ele adentrou a sala acompanhado por Daniel e ... Isaac! Ele era um dos guardas do palácio e meu melhor amigo; tirando Jules ele era o único que conseguia me aturar e entender. Eu tinha dado um mês de licença para esse bastardo e ele nem me ligou. Caminhei de encontro a ele.

– Bastardo! Um mês sem uma palavra sua. Sua lealdade para com seu príncipe é uma vergonha.

– Calminha Schreave. Para sua alegria eu estou de volta. – nos abraçamos. Depois de notar que todos nos olhavam fiquei sem graça e me afastei. Marlee olhava para o filho com um olhar de repreensão e carinho, parecido com o que minha mãe me lançara tantas vezes.

– Isaac Tames isso é maneira de falar com o príncipe Shalom?

– Você que não viu como ele fala quando não tem ninguém por perto. Maria já ameaçou lavar a boca dele com sabão e denunciá-lo para o Rei. – não era minha intenção quando falei, mas todos riram.

– Tudo bem, a conversa está boa mas não vamos aprender os passos conversando. – Jules disse já impaciente, acho que ele queria surpreender as selecionadas.

– Eu e sua mãe vamos mostrar como se dança. Você me concede esta música querida?

– Eu não sou sua querida. – com isso ela pegou na mão dele e os dois, entre risadas da sua piada interna, foram para o meio do salão.

Uma melodia lenta começou a tocar e os dois começaram a dançar. Parecia que flutuavam no salão. Os passos eram leves e precisos e cada movimento era gracioso; podia jurar que eles haviam dançado juntos milhares de vezes. Cada passo que um dava o outro sabia. Maxon podia ler a mente de minha mãe porque ele sabia exatamente o que ela ia fazer. Eles não deixaram de se olhar uma única vez, e aquele olhar entre eles transmitia tantas coisas que ninguém de fora conseguia ler, só os dois. Eles estavam em seu próprio mundo.

A música acabou e todos aplaudiram de pé. Minha mãe ficou ruborizada e meu pai sorria ao olhar pra ela. Eles foram feitos um para o outro, quase me dá esperança de encontrar alguém que eu ame em meio as selecionadas... Quase.

– Muito bem, agora que demonstramos é a vez dos meninos. Julian... Shalom... Preciso retornar ao meu escritório. Daniel, Isaac, vocês dois podem fazer companhia para os príncipes pelo resto do dia. – Rei Maxon deu um beijo na testa da rainha e saiu do salão.

– Rainha América será que você me daria a honra de dançar com você? – eu disse pra ela me ajoelhando e oferecendo minha mão.

– Mas é claro meu filho.

– Marlee seus pés estão novinhos em folha, você me daria a honra de pisar neles? – Jules disse. Marlee olhou para ele com divertimento e aceitou.

Celeste estava sentada olhando para os pés, provavelmente lamentando e foi surpreendida pelo pedido que Daniel lhe fez:

– Celeste você gostaria de dançar comigo? – Ela olhou pra ele e engoliu em seco, respirou fundo e aceitou. Troquei um olhar com Isaac, suspeitávamos que havia algo entre eles. Com o passar dos anos foi ficando mais evidente. Jules que era mais próximo de Daniel parecia não notar, ou fingia que não notava.

Os príncipes que ali estavam trocaram um olhar de raiva, provavelmente pela oportunidade perdida de pedir a Cel para dançar com eles e ter que vê-la dançando com um outro cara que nem príncipe era.

– Amberly você gostaria de dançar comigo? – Gabriel pediu para Ams que foi de bom grado.

– Não pise nos pés da minha mãe ok Schreave 2? – Isaac disse no tom sarcástico que ele usava quase sempre.

– Não se preocupe Tames. – Jules respondeu secamente. Tinha minhas suspeitas de que os dois não se suportavam. - E a propósito, fui eu que nasci primeiro.

Dançamos por um longo tempo revezando os pares, mas no final pegamos a coreografia. Parece que a noite não seria um completo desastre. Um a um os integrantes do ensaio desastroso foram deixando o salão até que sobramos apenas eu e Isaac.

– Então princesa já começou a brincar com as suas concubinas?

– Elas não são minhas concubinas. E não, eu tenho que levar essa seleção seriamente. Você pode escolher dentre todas as garotas de Illéa e eu entre dez garotas apenas.

– Eu sei, mas você pode pedir por outra seleção não?

– Essa opção já não existe, não podemos gastar os fundos do país com coisas inúteis como eu achar uma esposa. E as dez garotas que estão aqui não são ruins, porém você me conhece, não vai ser fácil.

– Não vai ser fácil, mas não é impossível. E agora eu estou aqui. Pode chorar no meu ombro se você quiser gracinha. – soquei de leve o ombro dele. Fiquei mais aliviado agora que Tames estava de volta ao palácio.

– Tenho que ir arrumar para o baile. Você vai estar lá né? – Me levantei e fui caminhando em direção a porta.

– Não perderia por nada. Quero dar uma olhada nas suas concubinas. Posso ficar com uma né?

– Não ouse chegar perto das selecionas Tames, elas são minhas. E pare de chamá-las assim. Se elas escutarem vou deixar que elas te castiguem. – Gritei da porta.

– Guarde uma dança pra mim princesa. – Com isso deixei o salão e segui rumo ao meu quarto.

***

– A decoração está de seu agrado alteza? – não sabia de quem era a voz doce, porém não me virei para descobrir.

– Eu gostei do vermelho e de como o clima está misterioso e aconchegante.

– Fico feliz por estar no grupo vencedor então. – pelo jeito que falava julguei ser uma das minhas selecionadas já que o educado Julian já havia deixado elas o chamarem pelo primeiro nome. Mas, que cheiro é esse que eu sentia no ar? Baunilha? Chocolate? Se bem que nunca ouvi essa voz antes... Me virei.

– Quem é você?

– Eu me chamo Luna alteza. – não tinha nenhuma selecionada minha com esse nome, ou tinha?

– Você chegou cedo.– me virei novamente para admirar a decoração. Já é difícil prestar atenção nas minhas selecionadas, agora tinha que conversar com as do Julian também?

– Eu queria conferir os últimos preparativos.

– Ok, vou deixar você fazer isso. – passos se aproximavam e o som de conversa se tornava mais alto. – parece que em breve você vai ter companhia. Converse com o príncipe certo da próxima vez.

– Eu sabia que era você príncipe Shalom. Quer um biscoito para adoçar o amargo do seu coração? – virei-me bruscamente para perguntar quem ela pensa que é para falar assim comigo, mas o salão começava a encher. Caminhei lentamente na direção oposta mas não antes de dizer algo.

– Dessa vez eu vou deixar passar. Não converse comigo futuramente. Não tenho tempo para perder com você. – apesar das palavras ela sorriu e colocou um pacote dentro do meu bolso e caminhou na direção das selecionadas que chegavam.

O salão foi enchendo rapidamente, aparentemente todos da realeza eram pontuais. Os príncipes e selecionadas interagiam entre si e com os convidados. Caminhando pelo salão vi que Lucca e Zaki estavam animados com algum tipo de bebida, resolvi me aproximar já que a festa estava entediante.

– O que os rapazes estão bebendo?

– É uma bebida típica do Brasil. Você tem que provar é muito boa. – Lucca disse no seu jeito animado de sempre.

– Eu achei um pouco forte, mas definitivamente é boa. – Zaki comentou.

– Já que vocês recomendam. – tomei uma dose. A bebida era boa e quase não parecia álcool.

– A proposito sabemos que é você Shay. Não precisa agir todo educado. Se você fosse o Julian estaria cercado de selecionadas, como aquela cópia ali. – Lucca apontou para Jules que estava dando atenção as suas selecionadas.

– As suas parecem tão lamentáveis. Sobrou para o Lorenzo para confortar aquela ali. Qual é o nome dela? – Zaki apontou para um canto que eu preferi ignorar. Seja qual for a selecionada que está com o Lorenzo vai pagar o preço mais tarde.

– Rapazes, recomendo que não bebam muito. Apesar de não parecer, a bebida é forte. – Gabriel se aproximou acompanhado por James.

Sem paciência para socializar e já irritado pelo comentário de Zaki, saí sem lhes dizer nenhuma palavra. Explorando mais o local da festa me deparei com uma fonte e ao lado da fonte uma mesa com um cartaz escrito que se você quisesse mandar bilhete para alguém, poderia escrever e colocar dentro de uma garrafa com o nome da pessoa e colocar dentro da fonte, que depois da festa os recados seriam encaminhados para os destinatários. Se eu ficar bêbado o bastante quem sabe eu volte aqui e escreva alguma coisa.

Não vejo Isaac dando em cima de nenhuma selecionada. Será que ele não veio? O salão também está lotado e ainda por cima todos usam máscaras, acho difícil eu achar alguém aqui. Olhando em volta em busca de um rosto conhecido vejo Celeste com uma cara espantada conversando com alguém.

– O que está acontecendo aqui irmãzinha?

– É, nada... Só estamos conversando. – olhando na direção da companhia de Celeste percebo que é o príncipe da Rússia, Dimitri.

– Então já que é apenas uma conversa você não se importaria se eu chamar minha irmã para dançar não é ca-ma-ra-da ? – depois de um sorriso que conteve uma pontada de raiva, Dimitri acenou com a cabeça.

– Claro que não. Até mais princesa Celeste. Príncipe Shalom. – e com isso se afastou.

– O que é que ele estava falando com você que sua expressão pode ser vista até através de sua máscara? – antes de uma resposta ouço a voz de Silvia.

– Atenção todos. Agora no palco principal, três selecionadas vão apresentar uma música para vocês. Por favor, subam ao palco, Charlotte Gray, Melanie Myazaki e Samantha Wayne.

As selecionadas subiram ao palco e começaram a tocar uma melodia bonita e melancólica. Melanie tocando violino parecia a bailarina da caixinha de música de Sara, só que ao invés de dançar ela produzia música, chamando até mesmo minha atenção. Ela estava muito bonita. As outras duas eram selecionadas do Julian, porém meus olhos se fixaram em uma em particular. A que tocava violoncelo, ela parecia absorvida pela música e não tinha coragem de encarar a plateia. Parecia fazer muito esforço para estar lá, mesmo assim era doce. Já a outra que tocava violão estava extremamente à vontade no palco e sorria para alguém em especial, Julian. Embora as três fossem diferentes, o contraste fez o show delas ainda mais bonito. Acabada a música as selecionadas receberam uma grande salva de palmas.

– Tenho que admitir que foi... Celeste cadê você? – aah essa pirralha! Aproveitou a apresentação para sair de perto de mim. Ela não me escapa na próxima, ela não pode me evitar pra sempre.

Enquanto me sentava em uma poltrona em um canto do salão, peguei alguns aperitivos para comer. Tinha comida de todas as nacionalidades, então resolvi experimentar alguns.

– AAAAARGH! Que coisa azeda é essa?

– Se chama Pelmeni, chateza real.

– A quanto tempo você está aí esquentadinha?

– O suficiente pare ver sua cara de bobo ao comer isso. – Beatrice, tem sorte por você ser bonita...

– Sua insubordinação e falta de respeito com um príncipe herdeiro são uma vergonha. – me levantei, porém ela me jogou na poltrona novamente. Agora que olhei pra ela, Beatrice estava realmente linda. O vestido vermelho realçava sua pele branca e seus cabelos loiros estavam presos em um coque.

– O que exatamente você pensa que está fazendo?

– Pelo jeito que você demorou para reagir eu poderia dizer que estava me admirando. Estou linda não é? – deu uma volta em torno de si para que eu pudesse observar e voltou a me encarar. – Coloca um sorriso nesse rosto e vá conversar com suas selecionadas, senão os outros príncipes vão roubá-las. Nem todas são fieis iguais a mim.

– Além de não ter educação agora você acha que está na posição de me dar conselhos?

– Estou falando isso porque seu mal humor não me assusta. E depois da dança principal você ABSOLUTAMENTE vai dançar comigo, não aceito não como resposta. – piscou pra mim e se afastou.

Porque exatamente ela fala o que quer e não ouve o que eu quero dizer? Realmente... Preciso de mais um drink. Em meio ao caminho de volta ao local onde mais cedo havia conversado com Lucca e Zaki, vi uma movimentação em um canto afastado da festa. Me aproximei por traz, mas antes que pudesse dizer alguma coisa eu estava deitado no chão imobilizado, quando olhei, em cima de mim, Maia estava lá. Bonita era pouco para descrever como ela estava.

– Huuum, será que você poderia sair de cima de mim? – tentei soar irritado porém, minha voz falhou. O vestido que Maia estava vestida destacava seu corpo e aquele contato físico que estávamos tendo era o mais longe que eu já havia chegado com qualquer garota, apesar dos boatos a meu respeito.

– Me desculpa. – então se levantou e ofereceu sua mão para me ajudar. Recusei a ajuda e me levantei.

– Porque diabos você fez isso? Quem poderia te atacar aqui no palácio?

– Bem, é que... – medo e terror passaram pelos seus olhos. Por um momento ela pareceu querer me dizer algo, então só deu de ombros e trocou o assunto. – você não deveria estar conversando com as pessoas?

– Digo o mesmo. O que você estava fazendo aqui no canto?

– Nada demais. Apenas observando seu fracasso com as selecionadas.

– Mais uma... Se vocês não estão satisfeitas basta pedir para ir embora. Eu lhes mostro a saída.

– Já te falaram que você é muito rude? Ah! Esquece. Pelo menos por hoje você já teve o que merecia. – saiu pisando duro. O que eu fiz de errado para ela me tratar assim?

O momento da dança se aproximava e eu estava ficando mais nervoso. Uma selecionada em um vestido azul se aproximava. Seus cabelos castanhos presos em um coque, sua máscara deixou um pouco difícil de reconhecer, mas vi que era a Elissandra.

– Olá Alteza.

– Elissandra. – não sou de elogios, então me limitei a falar o nome dela.

– A festa não está do seu agrado?

– Se você se refere a organização e detalhes, eu gostei, porém você já deve ter notado que não gosto muito de festas. O trabalho de vocês está excelente por ser a primeira festa que organizam.

– Futuramente preparei um evento que você se sinta mais à vontade então.

– Acho difícil mas, quem sabe? – dirigi-lhe um breve sorriso.

– Eu vou ser capaz, você vai ver. – ela retribuiu com um pequeno tímido sorriso.

– Estarei ansioso. – me despedi com um aceno de cabeça e completei meu caminho para pegar um drink. Ao chegar à mesa me deparei com uma selecionada que estava ali com o mesmo motivo que eu.

– Julian você também veio pegar uma bebida? – a menina de cabelos castanhos soltos e um vestido vermelho era minha selecionada.

– Sinto em decepcioná-la, mas eu sou o príncipe Shalom e você Katerina, não deveria se referir ao príncipe Julian assim tão casualmente, você é minha selecionada.

– Desculpe por confundir. – vi que ela estava meio confusa e segurava uma dose do drink que eu havia tomado mais cedo. Acho que o a bebida era muito forte pra ela. – geralmente eu não me porto assim, não sei o que está acontecendo comigo. Eu bebi este drink porque o príncipe Gabriel havia dito que era uma bebida do seu país e ficaria decepcionado se eu não tomasse. Só estava tentando ser gentil. Minha cabeça doí.

– Eu deveria ter alertado as selecionadas que não devem confiar no príncipe Gabriel, mais tarde eu dou um jeito nesse bastardo. A partir de agora não beba mais isso, sente-se e beba água até a tontura passar.

–Vou fazer isso, mais uma vez me desculpe.

Isso era o máximo de compaixão que eu iria demonstrar a ela. Não posso ficar distribuindo flores a todas as selecionadas sendo que tudo que eu conheço são os espinhos. Não posso demonstrar fraqueza por elas. Tomei mais um drink e caminhei enquanto observava a movimentação e vi uma selecionada caminhar em minha direção.

– Príncipe Shalom.

– Clarissa. – os olhos desta garota eram expressivos mesmo através da máscara. Eu gostei do olhar dela deste a foto no Jornal Oficial, um olhar que é difícil de se esquecer.

– Ansioso porque tem que dançar?

– Bem, eu diria que um pouco. Mas creio que os treinos com minhas irmãs não foram em vão.

– Espero que não. Apesar de estar no grupo organizador infelizmente não vou dançar com você. – essa me pegou de surpresa.

– Você bebeu também?

– Como assim também?

– Falando essas coisas assim de repente...

– Ah... é que eu sou sincera demais as vezes. Me desculpe se foi indelicado da minha parte.

– Uma vez que você já expressou seus sentimentos e eu vou ser obrigado a dançar com um problema, mais tarde também dançarei com você.

– Sério? Mas, problema? O que você quis dizer com isso?

– Basta interpretar como eu disse, um problema é um problema. Você deve reconhecer um quando vê-lo.

– Atenção, casais se preparem para a dança. – a voz de Silvia chamou minha atenção. Me dirigi para o centro do salão.

Isaac estava me olhando de longe fazendo uma mimica obscena. Depois desse momento humilhante eu vou me vingar dele. Jules se posicionou ao meu lado assim como oito príncipes da seleção da Cel que iriam acompanhar as outras selecionadas. Na ordem, Jules, eu, Woo Bin, James, Gabriel, Pierre, Dimitri, Lorenzo, Alexander e Aaron. Posicionando-se em frente a nós respectivamente Luna, Melanie, Elissandra, Louise, Solaria, Samantha, Royal, Caroline, Clarissa e Charlotte. Os convidados e nossa família nos olhavam curiosos. Celeste mostrava em sua expressão que estava com ciúmes das selecionadas estarem dançando com seus príncipes, principalmente quando olhava pra Aaron sorrindo abertamente para Charlotte.

Encarei a menina a minha frente que não tinha coragem de me olhar nos olhos. Ela parecia tão frágil que a qualquer movimento brusco quebraria. Melanie parecia nervosa, mas sua aparência era tão serena que eu acho que ninguém além de mim notara. Ela estava linda e esse vestido combinada com o seu tom de pele. A música começou e começamos a nos mover como ensaiado. A batida levava meu corpo a fazer aquilo que decorara de tanto ensaiar. Como esse tipo de coreografia exigia contato visual uma vez que me aproximei, sussurrei a ela.

– Melanie, por favor olhe em meus olhos.

A menina rapidamente levantou a cabeça, como se minha voz a fizesse despertar. Quando a encarei o mundo de repente desapareceu, e no salão só havíamos nós dois. Parecia que estávamos flutuando e que a música nos teletransportou para um mundo pacífico e sereno como ela aparentava ser. Melanie ficava ainda mais linda ruborizada.

Fui arrancado daquele mundo pelo som das palmas indicando que a música havia terminado. Eu não havia percebido. Uma vez o encanto quebrado, Melanie levou seu olhar novamente ao chão e então agradeceu graciosamente ao público com uma reverência que todos acompanharam. O que tinha acabado de acontecer agora? Eu preciso me recompor.

– Parece que tudo correu bem. – Jules me disse animado.

– Fale isso por você. – dei as costas e saí em meio à multidão procurando a saída mais próxima do salão.