"Quantas chances eu desperdicei, quando o que mais queria era provar pra todo mundo[..]"

Quase sem querer - Legião Urbana

Hoje o dia foi tenso, quero dizer a noite. Maldita hora que a esquentadinha, resolveu ir ao Perfeitão. Assim que cheguei eu a vi, e fui na mesa que ela estava. Hoje eu iria tocar, mas Sol sempre atrasa então meu pai pediu que eu o ajudasse. Fui anotar os pedidos da mesa que Karina estava, e foi então que conheci um babaca, tal de Zé. Ele grudou nela e ficou a noite inteira abraçado com ela, minha vontade era ir lá e quebrar a cara do tal Mané, apesar que eu provavelmente iria apanhar dele ou da esquentadinha.

Depois que “Galera da Ribalta” (nome que o Nando deu pra banda) tocou, Pri veio falar comigo, ela era muito gata, tinha um estilo diferente e cabelos coloridas, o que eu achava super legal. Ela deu um mole pra mim, o que sempre acontece, e eu fui na dela e a chamei lá pra fora, mas quando íamos nos beijarmos, escutamos alguém caindo de bunda no chão. Adivinhe que era? Logico que tinha que ser a Karina , a empata ficada e acabamos brigando e quando Zé foi pra ajudar ela, eu não me aguento e digo com raiva:

– Hey, ela tem pernas sabia.

Depois de gritar comigo e dizer pra Pri que ela tem mau gosto, Karina vai embora.

– Graças a Deus, essa aí foi embora. – eu falo, e abraço a Pri, e lhe dou um selinho.

– Pedro, eu posso falar com você rapidinho? –Bianca pede.

– Eu estou indo, depois me mande um SMS. – Pri fala e me dá um beijo na bochecha e vai embora.

Eu e Bianca vamos a um canto, e ela cruza os braços e faz uma cara muito estranha.

– O que ta rolando entre você e minha irmã? - ela pergunta.

– Nada, a gente vive se implicando. Ela é bem esquentadinha né. - eu respondo, sorrindo ao falar do apelido.

– E você adora deixar ela assim, acertei? - ela diz.

– É isso aí, sei lá gosto de ver ela nervosa.

– Mas sabe o que eu realmente acho que você gosta?

– O que?

– Você gosta dela, hoje só deixou claro isso. - ela fala. - Você ficou olhando ela a noite toda, trocou gentilezas com o Zé por causa dela.

– Não viaja, nós só gostamos de irritar um ao outro. E eu estou ficando com a Pri, e outras. - eu digo, e ela revira os olhos.

– Eu ainda acho que foi ciúmes. – ela finaliza e vira as costas.

Me despeço de todos e entro pro restaurante para ajudar meu pai a fechar, então depois subo pro meu quarto e pego o violão, e acaba vindo naturalmente algumas frases.

“Não sei se sinto raiva ou carinho por você, é tudo tão confuso!

Seu modo de dançar é tão estupido,

Mas adoro seu balançar.

Seu sorriso me deixa tonto e ao mesmo tempo,

Não aguento sua presença.

Você me tira do sério mas

Também não sai da minha cabeça.

Te provocar é o que faço de melhor

E adoro te ver tão nervosinha.

Eu sei que você poderia ser um princesinha, mas

Na verdade você é um tratorzinho.

Não sei mas o que fazer,

“Será que te beijo ou te esqueço.”

Tiro umas notas e tento fazer uma música com os versos que acabo de criar, e começo a cantar.

– Meu Deus, o que acabou de acontecer aqui? – Tomtom entra no quarto e pula na minha cama.

– O que foi, ficou muito ruim? – eu pergunto.

– Não, foi exatamente o contrario. – ela diz sorrindo. – É adorável a letra, foi você que escreveu?

– Sim, acabei de ter a ideia.

– Então quer dizer que encontrou sua musa. – ela fala.

– Não, na verdade nem achei.

– Sim, você achou. Na verdade já sei até quem é. – ela afirma, e sei que já vem explicação, pois ela está fazendo a cara de inteligente. – Preste atenção na letra, você está falando sobre a Karina.

– Logico que não, aquela lá é um trator, não uma musa.

– Pedrinho, meu irmão amado, preste bem atenção. – ela fala e pega o papel com a letra. - “Seu sorriso me deixa tonto”, você já me disse que o sorriso dela é lindo; “Seu modo de dançar é estupido”, todos sabemos que que Karina dança super esquisito; ”Te provocar é o que faço de melhor, e adoro te ver tão nervosinha” essa é a parte mais obvia, você é o único que tira a esquentadinha do serio só de olhar pra ela.

PUTZ! Eu escrevi sobre Karina? Depois de escutar Tomtom, percebo que é verdade, a letra é sobre a esquentadinha, minha esquentadinha.

– Droga! Por que escreveria sobre ela? Se já fiquei com tantas garotas legais. – pergunto pra minha irmãzinha.

– Sei lá, você é o mais velho. – ela fala e vai pra cama dela. – Agora pare de tocar, e vamos dormir.

– Sim senhora. - brinco com ela, e apago as luzes.

Minha cabeça está tão cheia, e só consigo pensar no por que eu escreveria uma musica tendo a Karina como inspiração. Mas como Tomtom sabe tanto da Karina?

– Maninha? - eu chamo.

– Pedro eu quero dormir, o que foi? - ela responde com voz de sono.

– Como você sabe tanto coisa sobre a Karina?

– Você tem problemas? - ela pergunta. - Eu sei sobre a esquentadinha pois você sempre fala dela, é sempre: “ A esquentadinha meteu minha cabeça na fonte”, ou “ A esquentadinha quase me bateu”, e também tem “Você tinha que ver, a esquentadinha dança tão estranho, mas adoro o modo como ela se move”. Agora posso dormir?

Ela pergunta meio irritada, já eu nunca percebi que falava tanto da Karina, mas ignoro tudo e tento dormir.

**

– Fiz uma musica para você! - eu conto pra Karina.

– Sério? - ela pergunta arregalando os olhos.

– Sim, e sabe o que acabei percebendo? Que você é minha musa, é quem me inspira de varios modos.

– Pedro isso é tão fofo. - ela fala e se aproxima de mim. - Você mexe muito comigo, na verdade meio que adorei o fato de ser sua musa.

– Que bom, pois você é minha musa.

Eu termino de nos aproximar, e a beijo loucamente, como sempre fazemos e .....

– PEDRO! PEDRO! - escuto alguém gritar. - Você vai perder a hora.

Droga! Foi apenas um sonho, não acredito que acabei de sonha com a esquentadinha, e que estávamos nos beijando.

Tomo um banho rápido, e me arrumo pra ir pra Ribalta, assim que chego lá, dou uma sondada pra ver se acho a Karina pela academia mas não acho então subo direto.

A primeira aula de hoje, seria de teatro, me sento num canto e tento não atrapalhar, já que Edgard não me suporta, assim como Lucrécia. Estou com fone, e escutando um rock do bom, e tocando uma guitarra imaginaria, quando me cutucam no ombro.

– Hey Pêe. - Tainá me cumprimenta.

– Oi Tata. - eu respondo tirando o fone.

– Sabe você não me ligou depois do show de talentos. - ela cobra, mas na verdade eu tinha até esquecido.

– Desculpa, eu sou muito distraído.

– Que isso, eu perdôo tudo se você topar um cineminha comigo hoje. - ela fala, e eu estranho um pouco, apesar de saber que hoje em dia muitas meninas tomam atitude.

– Okay, que horas te busco? - pergunto.

– Nem precisa, nos encontramos lá. - ela diz, e me dá um selinho e volta pra aula.

– E aí cara. - João chega perto de mim, assim que Tata sai.

– Fala John ! - eu digo, - E aí desencantou da Bianca?

– Nunca! Ela ainda vai ser minha.

– Vai sonhando, Joãozinho. - eu falo rindo.

– Como vai a irmã da Bianca, já fiquei sabendo que você fez ceninha de ciumes.

– Não sei da onde tirou isso. Já disse que não gosto da Karina.

– Sei, você apenas não admite pra si mesmo que gosta da esquentadinha.

– Eu não gosto dela. - eu continuo negando. - Posso até achar ela gatinha, mas não rola.

– Você está apenas mentindo pra si mesmo.

**

Cheguei no cinema, e nada da Tainá aparecer, quando me viro dou de cara com a esquentadinha.

– Você ta me perseguindo, só pode! - ela diz assim que tromba comigo.

– Bem que você gostaria. - eu a irrito, não é normal uma menina ficar sexy com calça e regata, mas Karina consegue. - E aí veio ver um filme de luta?

– Ah! Que original você. - ela fala, entendendo o trocadilho. - Eu estou esperando o pessoal da academia.

–Uau! Você tem vida social, quem diria.

– Ué, e você ta sozinho? Cadê sua amiguinha?

– Qual delas? - eu brinco, ela bufa e vira as costas pra sair de perto de mim, mas eu a puxo pelo braço. - E se eu disser que não quero nada com nenhuma amiguinha, que na verdade não paro de pensar numa certa esquentadinha.

Ela arregala os olhos e me olha, e enquanto nado nesses olhos azuis tão lindo, percebo que realmente gosto dela, que a quero muito. Quando ela está prestes a responder, Tainá surge do nada, a empurra e me beija.

– Pêe, demorei muito? - ela diz, agarrando no meu braço.

– Quer saber, eu não acreditaria. - Karina responde minha pergunta anterior, e a vejo virar as costas e sair andando.

– Você está olhando pra bunda dela. - Tainá diz, meio com raiva.

Apenas nego com a cabeça, mas ela sabe que é mentira, eu adoro a bundinha linda da esquentadinha, mas o triste mesmo é que quando eu acho que pode dá algo certo entre eu e ela, tudo saí errado.