Teen Paradise escrita por Annia Ribeiro


Capítulo 7
Thalia


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, não morri! Surpresa!
Eu abandonei a fic, mas decidi retomar com ela, pois queria finalizar umas boas histórias que havia simplesmente largado. Continuarei a postar os capítulos aqui.



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Thalia Grace sentia como se seu corpo tivesse virado carne moída. A noite ontem foi particularmente boa com Nico, o que muito lhe agradava. A única coisa que estragava toda a sua felicidade era o segredo... Ainda não reunira coragem o suficiente para terminar com Luke. Thalia era sensata o suficiente para não contar que estava apaixonada por Nico, afinal, quem contaria? Ela apenas namorava o maior traficante da região. Não gostaria de ver Luke raivoso indo atrás de Nico.

Rolou em sua cama, ainda vestindo a roupa do dia anterior e gemeu de dor. Suas pernas doíam um pouco, assim como o pescoço. Ela se sentia um pouco grogue por conta das drogas, mas não se importava. Fungou o nariz e se levantou, passando a mão nos cabelos e os retirando do rosto. Uma dor de cabeça dos infernos a atingiu e ela gemeu de novo. Odiava a ressaca, mas infelizmente esse era o preço da felicidade. Ontem a festa foi incrível; muitas bebidas, drogas e o melhor de tudo: Nico.

Saiu da cama e foi tomar um banho, se sentindo nojenta e colada. Após o banho vestiu uma calça de couro com uma regata enorme que fazia seu sutiã aparece na lateral. Pegou a bolsa e se maquiou como sempre, o delineador, o rímel e o batom marrom. Nico, há uma semana atrás quando Annabeth os flagrou, deu um prazo para Thalia terminar com Luke. Esse prazo acaba hoje. A garota estava receosa de fazer isso, não podia ficar ignorando Luke por mais tempo como vinha fazendo. Nem atendia as ligações, nem respondia as mensagens... ela simplesmente evaporou da vida do garoto.

Thalia saiu do quarto e já deu de cara com Rogers sentado no sofá lendo o jornal diário. Seu padrasto a olhou por cima do jornal com desdém e voltou a ler.

— Docinho, seu pai avisou que já depositou o dinheiro – disse mãe dela, entrando na sala e se jogando no sofá ao lado de Rogers. Eles começaram a trocar carícias nojentas aos olhos de Thalia e a garota caminhou até a cozinha para comer algo, se deparando com algo mais nojento ainda.

Jason, seu irmão mais novo, fritava ovos e bacons com Piper, sua namorada que morava ali. Eles riam e esnobavam o quão perfeito eles eram. Thalia ignorou a cena dos dois e pegou leite na geladeira, bebendo direto da caixa e devolvendo ao local.

— Thals, acho que os copos não ficam tão longe – seu irmão disse, torcendo o nariz. Piper franziu os lábios e continuou a fritar os ovos.

— Não perguntei nada – respondeu a punk.

— Quantos ovos, Sr. Rogers? – a menina gritou.

— Dois, querida! – o padrasto de Thalia respondeu.

Thalia fez uma careta e revirou os olhos para o irmão, o empurrando para sair do caminhando e passando na sala a tempo de ouvir seu padrasto dizendo:

— Piper é uma garota de ouro! Thalia deveria aprender com ela...

— Concordo querido – disse Beryl, a mãe de Thalia, o que muito irritou a garota. Ela sempre concordava com aquele barrigudo careca.

— Vão se foder – Thalia disse, irritada, abrindo a porta de casa e a fechando com força.

O tempo em Bristol estava fechado, a brisa suave balançava os cabelos bagunçados de Thalia e tudo que ela queria era sumir daquele lugar. Pelo menos seu pai já havia depositado sua pensão na conta e, embora não fosse muito, dava para comprar suas drogas e bebidas. Thalia pegou sua bicicleta e começou a pedalar pelas ruas de Bristol, desviando e cortando carros sem se preocupar com os motoristas a xingando. Ok, falar com Luke, terminar com ele, ela pensava como se aquilo fosse a incentivar.

Ela parou em frente ao apartamento de Luke e deixou a bicicleta jogada na portaria. Tentou arrumar no espelho do elevador, assim como tentou limpar a maquiagem borrada embaixo dos olhos, mas nada adiantou, ela continuava com aquela aparência de vadia drogada, mas até que gostava. Soltou um suspiro quando a porta do elevador se abriu e ela caminhou até o apartamento de Luke, batendo na porta três vezes. O garoto abriu a porta, um pouco sonolento e arregalou os olhos quando viu Thalia parada em sua frente. Ele vestia apenas uma calça de moletom com uma regata branca, que o deixava incrivelmente sensual.

— Posso entrar? – ela pediu, baixinho.

Luke abriu ainda mais a porta e deu passagem para sua, até então, namorada. Ele não entendia o sumiço da garota, mas não era burro ou inocente. Havia colocado alguns homens para vigia-la e sabia de toda a situação. Até que ela o procurou mais rápido do que ele poderia imaginar. Ele se sentou no sofá, curioso pelo o que a garota iria falar.

Thalia continuou em pé, achando assim mais fácil. Não sabia como começar, sentia algo se partindo dentro. Ela iria desmanchar um namoro com o cara que a fazia bem, e que, além de tudo, era seu fornecedor de drogas. Mas, ela não gostava mais dele e isso não tinha mais salvação.

— Luke, eu sei que estou distante, me desculpe – ela disse, olhando-o nos olhos. Luke quase achava graças. – É que... sabe que nosso namoro não está como era antes...

— Tá bom, Thalia, pode calar a boca – Luke disse, rindo – Acabo de perceber que não tenho tempo para perder com você. Estou saindo de Bristol, vou para Londres com minha mãe para tratar da doença dela. Não preciso mais sobreviver do tráfico, já fiquei rico o suficiente para que até meus bisnetos sejam ricos – ele deu uma gargalhada amarga e se levantou. Aquilo doeria mais nele do que doeria nela, ele sabia disso, mas precisava ao menos sair com dignidade daquela situação – Eu sei do seu casinho com o meu melhor amigo, sua vadiazinha. Mas não tem problema, estou indo embora. Acho que cansamos um do outro, não?

Thalia estava com a boca escancarada, não acreditando no que Luke disse. Era surreal demais. Aquele não era o Luke que ela conhecera. E, de alguma forma, Luke havia descoberto o caso dela com Nico, mesmo eles sendo extremamente cuidadosos. O garoto não estava tendo a reação que ela esperava e aquilo era perigoso.

— Luke... eu não gostaria que você soubesse desse jeito. Mas... me desculpe, não tive a intenção de te trair – ela disse, tentando manter a voz firme. Tudo saiu do seu planejado e agora ela não sabia se deveria fazer um discursos de sempre amigos ou ir embora.

Luke se aproximou da garota e deu um tapa estatelado em sua bochecha. Thalia olhou para ele incrédula, massageando levemente o local com a palma da mão.

— Trair? Quem falou em trair aqui, Thalia? Você fez muito pior que isso. Eu confiei em você, fiz tudo por você e você me agradece ficando com aquele filho da puta magrelo? – ele disse, quase que gritando.

Thalia se encolheu.

— Mas nada volta atrás – ele continuo, agora mais calmo – Acabou. Estou acostumado com perdas. Seja feliz com aquele idiota.

Luke se virou e entrou para sua suíte, deixando Thalia sozinha ali, com suas lágrimas. Ela queria gritar com Luke e bater na cara dele até ficar roxo. Ele não tinha o direito de bater nela, não tinha mesmo. Bufando de ódio, Thalia se virou e foi embora.

No fundo, ela sabia que não tinha nada a reclamar. Finalmente ficara livre de Luke e ele iria embora. Tudo estaria bem. Agora só seria ela e a pessoa que ela sempre quis.

***

— Eu não acredito que aquele filho da puta te bateu – disse Nico, fechando o punho com raiva.

— Não foi nada, Nico – ela disse, pela milésima vez.

— Claro que foi! Eu vou falar com ele...

— Não vai não. Deixa ele. Ele nos deixou em paz e vai embora. Não vamos mais ter problema.

— É, ele vai embora – sussurrou Nico, quase como se aquilo fosse surreal.

Eles ficaram uns minutos em silêncio, apenas digerindo a ideia de Luke ir embora. Por mais complicado que seja essa história, o garoto era melhor amigo dos dois e viver sem ele é algo que Nico nunca imaginou, assim como Thalia.

— Não gostaria que ele fosse embora assim comigo – confessou Thalia, num sussurro.

— Eu também não – disse Nico. – Um dia eu sei que ele vai voltar.

— Espero.

Novamente o silêncio inundou o quarto de Nico. A chuva caia impiedosamente lá fora, vez ou outra a luminosidade de um trovão entrava no quarto, dando um aspecto mais sinistro.

Ela se sentou na cama de Nico, ficando ao lado do moreno e abraçou a cintura dele de lado, o beijando de forma lenta e doce. As línguas se explorando de forma calma, enquanto as mãos davam carícias na cintura.

Nico empurrou o corpo de Thalia contra cama e se deitou em cima dela, ainda a beijando e aprofundando o beijo, deixando-o com mais volúpia. As mãos de Nico apertaram a cintura de Thalia e subiram até os seios da garota. Não existia mais nenhum problema naquele mundo, era só eles, o calor e o desejo.

Alguém pigarreou na porta e Thalia empurrou Nico com exagerada força, fazendo-o cair no chão. Era Bianca, de braços cruzados na porta.

— O que foi, Bianca? Não está percebendo que está atrapalhando? – perguntou Nico, se levantando do chão.

— Percebi sim, se quisessem privacidade que fechassem a porta – ela respondeu, revirando os olhos – Mamãe está chamando para jantar.

— Mamãe? Quantos anos você tem? 5? – zombou Thalia.

— Chamo a minha mãe do jeito que eu quero – ela respondeu, glacial. Virou seu olhar para Nico e disse: - Vê se não arruma um novo par de cifres com essa ai.

Bianca se virou e saiu do quarto, com uma cara nada muito boa. Ultimamente o humor da garota era negro, nada conseguia fazê-la sorrir e vivia amargurada dando respostas atravessadas para tudo. Nico assobiou e olhou para Thalia.

— Vocês não eram amigas? – ele perguntou, confuso.

Antigamente era o grupinho Annabeth, Thalia e Bianca, mas desde que todos tomaram conhecimento que Annabeth traia Nico, Bianca se afastou das duas. Nico realmente não entendia porque sua irmã tomava suas dores, era sempre assim.

— Éramos – disse Thalia, atônita pelo comportamento da amiga – Bianca é complicada. Ficou praticamente insuportável após o boato na escola.

— Boato? Que boato? – Nico perguntou, confuso. Thalia franziu o cenho se perguntando como que Nico não sabia do boato que rodou todo o último bimestre antes das férias.

— Rolaram uns boatos dizendo que Bianca é lésbica e todo mundo começou a meio que implicar com ela.

Nico não disse nada, apenas ficou digerindo a história. Ele sabia que aquilo não poderia ser verdade; nunca vira alguma menina no quarto de Bianca, apenas alguns meninos raramente. Bianca não gostava de trazer ninguém para casa.

Eles se levantaram e desceram para jantar. Maria Di Angelo havia arrumado a mesa especialmente para Thalia, pois Nico dissera que era a nova namorada dele. Thalia se sentou ao lado de Nico e de frente para Bianca. Maria serviu todos com lasanha e quando terminou se sentou. Eles começaram a comer e conversar sobre coisas aleatórias.

— Engraçado como que as pessoas terminam com alguém em uma semana e na outra já está com outra pessoa – comentou Bianca, quase que despreocupadamente. Ela bebeu o suco de morango e continuou a comer. Thalia e Nico fingiram nem ter ouvido, mas Maria ouviu e teve que comentar algo também:

— São jovens, querida, não se controlam – disse a mulher, olhando docemente para a filha. Um olhar que tanto enojava Nico. Ele ficava se perguntando se sua mãe não entendia que tudo aquilo era provocação de Bianca.

— Ah, mamãe, eu acho isso coisa de vadia... para homem pode até ficar bonito, mas para mulher não – continuou Bianca.

Thalia e muito menos Nico entendia o porquê daquelas provocações. Não sabiam aonde é que Bianca queria chegar com aquilo. Eles apenas continuaram a comer em silêncio, se entreolhando de vez enquanto. Thalia estava quase explodindo, mas não queria causar uma má impressão na mãe do seu novo namorado, aliais, era a primeira vez que jantavam juntos.

— Filha, tudo bem, não entendo do porquê desse assunto – comentou Maria, desconfortável. – Cada um faz o que quer né? O padre domingo deu um lindo sermão sobre não julgar o próximo.

— Pena que eu perdi – ela se lamentou.

— Pena mesmo, deveria confessar seus pecados antes que caia no inferno – disse Thalia, num resmungo quase inaudível.

— Como disse? – perguntou Bianca, o cenho franzido.

Nico passou o indicador e o polegar nos olhos, quase que sabendo que aquilo não iria dar certo.

— Deveria confessar seus inúmeros pecados antes que vá ao inferno – repetiu Thalia lentamente.

Maria arregalou os olhos e tossiu, logo bebendo suco para se desengasgar. Thalia olhou envergonhada para a mulher e pediu desculpas, voltando a jantar quieta. Bianca estava tirando ela do sério com aquelas insinuações; agora entendia porque Nico ficava com tanta raiva da irmã. Ela sempre conseguia estar um passo a frente com a mãe, a mãe sempre a protegeria.

Eles terminaram de jantar e Maria e Bianca subiram para o quarto, deixando Nico e Thalia arrumando a cozinha.

— Sua irmã deve ter algum problema comigo – disse Thalia, enquanto esfregava um prato com a esponja.

— Ela anda estranha com todos nos últimos dias – comentou Nico, enquanto secava as louças com uma toalha.

— Acho que ela tem medo de que eu faça igual a Annabeth.

— Não, não acho que seja isso... ela andou se envolvendo com um cara ai, deve ser algo com ele.

— Ai ela resolve me atacar?! – perguntou Thalia, indignada.

O celular de Nico apitou e o garoto leu a mensagem, ficando rígido e preocupado. Thalia olhou para ele, esperando uma explicação que não veio.

— O que foi? – ela perguntou por fim.

— É o Luke – ele disse – Ele vai embora amanhã.


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