New York Love Story escrita por Vitor Matheus


Capítulo 25
New York Christmas Story — I'm Home. For Christmas.


Notas iniciais do capítulo

FELIZ NATAL ATRASADO, GALERA! Hoje é o último sábado de 2014, Natal já passou, virada do ano está aí e vocês ainda não se tocaram de que o Natal tinha demorado a chegar em New York Love Story? Se liga, porque chegou agora! Demorei um ano para escrever este especial aqui, e espero que tenha ficado bom o bastante.
Algumas coisas não serão explicadas aqui, como verão ao longo do capítulo; mas no capítulo final - e no epílogo também - elas serão esclarecidas. Rachel está aqui? Sim! Ela vai arrasar no vestido de Natal? Óbvio! Finn está vestido de Papai Noel? Aí eu não posso garantir...
Boa leitura, e para quem não conhece a música do capítulo: All I Want for Christmas Is You, da Mariah Carey. Amor resume!



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Mais de um mês depois…

— Rachel, tem certeza de que você está bem? — Perguntei, pela sexta vez, enquanto recostava a cabeça no banco do metrô.

— Finn, pare de perguntar isso. Eu já disse que estou ótima. — Disse ela, calando-se logo depois.

— Não que eu esteja morrendo de curiosidade, mas... — Falei, porque eu não aguentava ficar em silêncio com ela ao lado. — Como é a sensação de sair da cadeia depois de tanto tempo?

— Eu só fui liberada para o Natal, não é como se eu estivesse finalmente livre.

— Dois dias de liberdade são melhores do que nenhum.

E então nenhum de nós se pronunciou mais. Se sete anos atrás o que não faltava era assunto para conversas, agora é disso que estou precisando para interagir com Rachel. Quase no fim da viagem do metrô, resolvo tirar mais algumas dúvidas a respeito de Madison.

— Então... Carole nunca me contou como a Mad foi parar na casa dela. Tem alguma coisa a dizer sobre isso?

— Oi? Falou comigo? — Rach se fez de desentendida. Se tinha algo que ela não era capaz de interpretar, era esse papel.

— Você não me engana. Pode falar.

— Tudo bem. — Ela pareceu procurar memórias em sua mente, até que enfim voltou a falar. — A Justiça me deu autorização para permanecer no hospital da polícia até que Madison não quisesse mais meu leite. E quando isso aconteceu, eles procuraram um parente próximo e chegaram diretamente na minha mãe biológica.

— Então entregaram Mad a ela. — Deduzi. — Desculpe a intromissão, mas... como você se sentiu?

— Quer que eu seja sincera? — Fiz um sinal positivo com a cabeça. — Doeu. Criei afeto por aquela garota em tão pouco tempo, e ela foi embora justamente quando eu estava a ponto de.. de... — Respirou fundo. — De amar alguém outra vez.

Poxa, aquilo me quebrou da pior forma possível... por dentro. Com aquela pequena frase, Rachel provavelmente queria dizer que já não me amava mais. Que apesar de todos os sentimentos que tivera por mim antes, agora já não era mais tão forte. “Quando eu estava a ponto de amar alguém outra vez” é uma coisa que pode ser entendida de várias formas. Mas eu preferi entender assim: ela me amou. Passado. Pretérito perfeito. Porém, eu resolvi tirar a prova.

— Isso significa que... que você não me ama mais? — Joguei. Na lata. Sem precedentes.

— Não é bem assim, Finn. — Baixou a cabeça. — Não posso mentir: eu te amei como nunca. Tive enormes sentimentos por você. Mas, com o tempo, eu amadureci naquela prisão. Entendi que nem tudo na vida se trata de felicidade. Você tem que batalhar, mesmo que acabe tendo de ir pelos caminhos menos éticos possíveis. Olha só pra mim, fui condenada por matar meu ex-namorado. — Limitou-se a um breve riso. Acompanhei-a e ri também, mas de forma mais discreta. — Só estou dizendo que ainda não tenho certeza se continuo te amando após tanto tempo. Eu dei aquela pista na sua visita porque... bem, estou aqui para constatar se realmente aguentei isso dentro de mim.

— Sabia que você queria dizer alguma coisa com aquilo. — Arqueei as sobrancelhas, indicando um “Eu sabia”. — Então está aqui para provar a si mesma se ainda me ama. Não pensou na sua filha?

— Estaria mentindo se dissesse que não. — De repente, pareceu receosa em escolher as próximas palavras. — Como... como ela está?

— Está bem. Tem seis anos de idade, mas imagino que você tenha feito as contas. — Sorriu mais uma vez. — Ela guardou aquela foto que você citou na prisão.

— Ela... ela guardou?

Dito isso, o metrô chegou ao seu destino e os passageiros ao nosso redor começaram a se espremer para sair o mais rápido possível. Mas eu e Rachel não movemos um músculo. Permanecemos ali, sem dizer mais nada. Aparentemente, ela não imaginara que Madison poderia guardar aquela foto do dia de seu nascimento.

— É, ela guardou. E toda vez que olha para aquela foto, diz que você era linda.

— Não sei de onde ela tira a beleza dali. Eu estava tão podre...

— Mad consegue enxergar a beleza que for no fundo de cada um. Mesmo que seja por uma simples imagem. — Levantei-me do banco, e a baixinha veio logo depois. — Talvez ela tenha olhado no fundo dos seus olhos. Porque eles são os mais perfeitos que eu já vi.

— Não precisa mentir, por favor. — Pediu, ainda de cabeça baixa.

Saímos do metrô e andamos alguns poucos quilômetros até o apartamento onde eu morava. Rachel não se pronunciou depois do meu elogio, apenas se mantinha cabisbaixa e sem olhar para os lados. “Deve estar com medo de que a reconheçam como uma criminosa”, pensei comigo mesmo. Mas a única coisa que a distinguia do resto das pessoas que corriam apressadamente pelas avenidas da metrópole era a tornozeleira em sua perna, e nada mais. Uma tornozeleira que a impedia de sair do distrito de New York. Então tentei puxar assunto mais uma vez.

— Por que ninguém ficou sabendo da sua prisão ou da sua condenação? Não vi nada sobre você na televisão ou sequer nos jornais... — Perguntei, encarando as nuvens do céu enquanto isso.

— Também não sei. Minha mãe, Shelby, nunca citou essa história. — Respondeu em voz baixa. — Mas eu acho que ela persuadiu a Justiça ou os próprios jornalistas a manterem sigilo absoluto sobre o caso.

— Por minha causa? Sério?

— Ou para proteger a própria pele. Você sabe, ela estava se erguendo financeiramente e começara a despontar lá na Europa. Uma situação dessas provavelmente ia acabar com tudo que ela estava fazendo. — A riqueza de suas palavras me impressionou, porque esse é um tipo de coisa que não se espera de uma presidiária.

— É, você tem razão.

E novamente o silêncio, só que dessa vez, já tínhamos chegado ao prédio. Rach levantou a cabeça, indicando que estava pronta para o que viesse.

— Se você não se incomodar, esse Natal será apenas entre eu, você e Madison. — Segurei em sua mão direita. — Estou aqui com você, tudo bem?

— Tá. Acho que... acho que estou pronta. — Pronunciou-se, tratando de sorrir logo depois.

— Mad está atrás desta porta com uma amiga que se ofereceu para ficar enquanto eu ia te buscar. Você não a conhece. E a garotinha também não sabe que você está aqui.

— Resumindo, você está me pedindo para agir naturalmente.

— É... — Cocei a cabeça. Ela me pegou desta vez. — É basicamente isso.

— Finn, eu já disse que aguento isso. Não precisa desse medo todo.

— Não estou com medo. — Encarei a porta do apartamento em vez dela.

— Olha bem na minha cara e diga que não está com medo de que isso dê errado.

— Eu... — Virei-me para seu lado. — Não consigo dizer isso.

— Viu? Você não mudou muita coisa, Hudson. Eu também não.

— Então por que você mesma estava com medo de conversar comigo?

— Eu não estava com medo. — Sorriu convencida.

— Era o que você estava aparentando. Aquele jeito todo frio e insensível...

— Ah, você está falando disso aí. — Fez cara de quem se lembra de algo. — Depois eu te explico. Mas não é melhor liberar a babá do dia para que ela viva seu Natal?

— Sempre pensando nos outros antes de si mesma. — Ironizei, arrastando a porta para o lado em seguida.

Madison e Quinn estavam sentadas na mesa de jantar – que ficava na cozinha – comendo pão com bacon, presunto e queijo ao mesmo tempo que riam de alguma coisa. Ao verem Rachel, ficaram estáticas e com praticamente a mesma expressão de surpresa.

— Esqueci de te contar, não é, Quinn? — Perguntei, abrindo um sorriso largo a ponto de exibir todos os meus dentes.

— Tudo bem, eu meio que imaginava essa possibilidade quando me chamou de última hora para ficar com a Mad. — Levantou de sua cadeira, puxando a garota consigo. — Sou Quinn Fabray, amiga e colega de trabalho desse idiota chamado Finn Hudson.

— Satisfação em te conhecer, Quinn. Bom saber que compartilhamos essa opinião sobre a idiotice do Finny. — Rachel me impressionou mais uma vez com suas sábias – e irônicas – palavras, abraçando Q gentilmente em seguida.

— Uau, você é tão... real. — Disse a loira. — Quero dizer, eu só te vi algumas poucas vezes e por antigas fotos, então...

— Eu imagino o quanto você deve estar impressionada. — Respondeu a Little Rach.

— Bom, eu já vou indo. Afinal de contas, eu ainda tenho família para comemorar esse Natal. — Q sorriu, já se dirigindo para a porta. — Divirtam-se, Rachel e Finn. E façam essa garotinha sorrir mais do que já sorriu nesta manhã.

— Você fala como se fosse a mãe dela, credo. — Intervi, puxando uma risada para descontrair. Afinal, a verdadeira mãe estava bem ali ao lado. — Feliz Natal, Fabray.

— Pra você também, Hudson. — E então saiu, fechando a porta depois.

— Mamãe?! O que faz aqui? — Madison sorriu e seus olhos brilharam. Era aparente que ela estava muito feliz com aquilo, e admito, até chorei por dentro.

— Bem... eu estou em casa. Para o Natal.

— Então... precisamos conversar sobre os dias que você sumiu da minha vida. Déda não me contou muita coisa sobre onde você 'tava'. — Madison se pronunciou para quebrar o gelo, me fazendo arregalar os olhos, assim como Rachel.

— Déda?! Dias que sumi? Calma, garotinha, calma. — A Berry respondeu à altura do nível de Mad. — Primeiro, a gente precisa se sentar, certo?

— Ah, é, esqueci disso e de outra coisa também! — Levou as mãos à testa. Tão nova e tão esperta. — Déda, pega o violão pra cantar aquela música!

— Do... do que ela está falando, Finn? — Rach cravou seus olhos em minha direção.

— Da música que o papai prometeu cantar para você quando voltasse para casa.

Olhei para Madison como se estivesse a fuzilando. Aquilo era uma surpresa, eu é quem deveria contar para Rachel. Mas, pelo jeito, alguém se incumbiu de falar antes.

— Mad, isso era para ser uma surpresinha de Natal... — Sussurrei para ela.

— Deixa, Finn. Crianças são assim mesmo, por mais que eu não tenha visto muitas nos últimos anos.

— Vamos fazer o seguinte: por que você não vai tomar um banho e, à noite, nós dois cantamos a música para a mamãe? — Abaixei-me na altura da garota, pegando em suas pequeninas mãos depois. — Pode ser?

— Ótima ideia, Déda!

E saiu correndo rumo ao banheiro, indo tomar seu banho sozinha. Sim, Madison Catherine Berry-Hudson tinha essa autonomia do banho.

— Então... o que faremos pelo resto do dia?

— Algo que eu deveria ter feito muito antes. — Arqueei as sobrancelhas para ela.

— O quê?

— As compras para a ceia de Natal.

— Mas e a Madison? Ela não foi tomar banho? — Apontou para o banheiro.

— Então a gente vai depois disso. Preparada para a correria que é sair com essa menina?

— É como dizem... já passei por coisas piores.

.::.

Depois de metade de uma manhã e a tarde inteira comprando os itens necessários para uma ceia digna de Natal – e essa lista de itens inclui um unicórnio de pelúcia, uma árvore do meu tamanho, um peru de supermercado e o EP natalino da Ariana Grande, que é pequena – voltamos para casa sem o pique de antes para organizar tudo. Aquela noite seria feita apenas por nós três, o que resultou em trabalho multiplicado para todos.

Mad se encarregou de posicionar a árvore no ângulo perfeito e de enfeitá-la como quisesse – outra autonomia dada para ela; Rachel me ajudou a preparar o peru complicado de Natal, para depois se arrumar inteiramente com o simples objetivo de permanecer na sala de estar; enquanto eu fazia todo o trabalho principal, que vai desde a comida até a própria louça limpa, para em seguida vestir meu traje especial natalino: uma calça larga, uma camisa de mangas longas com um cinto embaixo, sapatos sociais e um gorro na cabeça. Tudo na cor vermelha, exceto os sapatos. Eu parecia um verdadeiro Papai Noel nova-iorquino.

— Vem, Déda, está na hora de trocarmos os presentes! — Madison, a promotora de festas, bateu à porta de meu quarto.

— Tudo bem, já estou indo! — Gritei de volta, ainda tentando colocar os sapatos em meio à gordice daquela roupa. — Rachel está pronta?

— Sim! E está linda!

Só pra variar”, pensei. Abri a porta já imaginando os comentários irônicos que ambas poderiam dar sobre o meu 'look', mas só o que encontrei foi um samba de salto 15 cm na minha cara (que frase puramente gay saindo de meus pensamentos foi essa? Jesus): uma Rachel Berry usando um vestido vermelho que comprara numa loja qualquer de roupas naquele mesmo dia. Madison também estava igualmente bonita com um casaco de corpo também vermelho, mas Rach superou todas as minhas expectativas naquela roupa.

— Uau... acho que vim parar na casa errada.

— Ou o Papai Noel entrou no corpo errado. Ele ficou excessivamente grande e gordo aqui. — A mais velha respondeu, sorrindo abertamente. — Você está irreconhecível, Finny.

— Ainda consegue me chamar de Finny? — Andei até a sala, onde elas estavam sentadas ao sofá. — Boa noite, garotas.

— Boa noite, Papai Noel! — Ambas gritaram, abrindo os braços para vir até mim e me puxar para um abraço coletivo.

Aparentemente, eu estava errado quanto à frieza de Rachel Barbra Berry.

.::.

Eu não quero muita coisa para o Natal, tem apenas uma coisa da qual preciso. Não me importo com os presentes debaixo da árvore natalina. Eu só quero você para mim, mais do que você poderia saber... faça o meu desejo se tornar realidade. Tudo o que eu quero para o Natal é... você.”

Toquei as primeiras notas do clássico “All I Want For Christmas Is You” no violão, cantando os primeiros versos ao mesmo tempo. Apesar das notas altas, consegui adaptá-la para o meu tom – horrivelmente rouco – de voz, assim ficando fácil de cantá-la. Rachel apenas acompanhava com o olhar, enquanto Mad cantava sua parte.

Eu não quero muita coisa para o Natal, tem apenas uma coisa da qual preciso... não me importo com os presentes debaixo da árvore natalina. Não vou nem pendurar minha meia sobre a lareira, Papai Noel não vai me fazer feliz com um brinquedo no dia de Natal... porque eu só quero você para mim, mais do que poderia saber. Faça o meu desejo se tornar realidade. Tudo o que eu quero para o Natal é você.”

Depois de ouvir a filha cantar, Rach pediu um espaço para cantar também.

Ah, eu não vou pedir muito neste Natal. Nem vou desejar neve... só vou continuar esperando debaixo do visco. Não farei uma lista e enviá-la para o Polo Norte, para o São Nicolau. Não vou nem ficar acordada para ouvir o bater dos sinos de renas... porque eu só quero você aqui esta noite, agarrando-me tão apertadamente. O que mais posso fazer? Tudo o que eu quero para o Natal é você.”

Com certeza a voz dela não mudara muito em todos os sete anos que se passaram. Apenas amadurecera, mas continuava com a voz adocicada e sedutora que me fez ficar apaixonado pela dona dela anos antes.

Após o fim da música, virei-me para Rachel e a encontrei escondendo algumas lágrimas teimosas.

— Está chorando, Little Rach? — Chamei-a com o melhor apelido já criado.

— É tão... tão bom estar aqui com vocês... — Sua voz saiu meio chorosa. — Nem sei o que dizer.

— Não precisa dizer nada, mamãe. Este aqui também é o melhor Natal da minha vida.


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Notas finais do capítulo

E então, galera? Curtiram essa fofura de Natal? E a canção, combinou com o capítulo? Comentem, meus caros. Faltam apenas dois - isso mesmo, DOIS - capítulos para o gran finale... :'(
Desde já, desejo um feliz 2015 a todos vocês, e que mais alegrias venham para as suas vidas ;) Nos vemos em 3 de janeiro com o último capítulo antes do epílogo!

P.S. Querem mais um presente atrasado? Então aqui vai o trailer promocional de White Is The New Black, nova fic com a Chery Melo!
https://www.youtube.com/watch?v=dnlXwJ_hUTw



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