Moran escrita por Laís


Capítulo 7
Regras do Jogo


Notas iniciais do capítulo

Então, gente ~respira~ ainda to viva. É.
Queria pedir desculpa por esse atraso descomunal. Fiquei sem internet, tive umas trocentas semanas de provas e quando restava tempo não conseguia achar energia vital p escrever. Como essa é a minha fanfic mais atrasada, ela virou prioridade master. Prometo encerrar logo.
Queria agradecer demais a quem ainda está aqui comigo. Reli a história e descobri que mudaria muita coisa na forma de escrita e na ambientação etc, mas o plano era escrever algo simples, com capítulos curtos, não muito rebuscado e fácil de ler, porém... Sei lá. Entrei um pouco em crise.
Por isso queria a ajuda de vocês com uma coisa: preferem capítulos longos/curtos, cenas mais descritivas ou que fluem mais rápido? Realmente to precisando que vocês me ajudem nessa.
Espero que tenha ficado bom e ~really hope so~ que o final queime seus neurônios.



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–Professor? – a voz tépida e hesitante rompeu o espesso silêncio do escritório. Dana Thompson, com seus 50 anos quase completos, limpava e arrumava a casa de Moriarty três vezes durante a semana e neste ínterim adquirira respeito e temor pelo senhor solitário. Ele não a amedrontava, de forma alguma, nunca fora rude. Mas havia algo em seu sorriso carismático que obrigava as pessoas a não desejarem decepcioná-lo. – Já estou de saída, há mais alguma coisa que...

–Não, obrigado – interrompeu com um abanar de mãos desprovido de atenção – Você pode ir.

O Professor nem ao menos se dera ao trabalho de olhar para trás. Sabia que Dana sairia, trancaria as portas e voltaria no dia seguinte. Há aqueles que digam que confiança é uma negligência, no entanto, é preciso saber diferenciar o funcionamento da tão inconstante obediência das pessoas. Alguns, você ameaça, outros você resgata. Ele resgatara o filho de Dana do mundo das drogas e lhe oferecera um futuro. Não podia haver alguém mais leal a ele no mundo do que aquela mulher.

Enquanto Dana deixava a casa, Moriarty discava o mesmo número pela terceira vez naquela noite. Tamborilava os dedos conforme os bipes de espera da ligação até que finalmente alguém atendeu.

–Adler – disse depois de um longo silêncio especulativo na linha.

–Receio que ela não possa falar, Professor.

A voz de barítono era altiva e repleta de uma clareza imperturbável.

–Sr. Holmes. A Srta. Adler passou para uma visita, presumo.

–Ela teve um contratempo. Arruinou meu carpete graças a uma bala de fragmentação que seu amigo depositou em seu peito. Está morta.

Moriarty retesou-se na poltrona, mas a voz perdurou imutável.

–É uma pena, nunca conheci uma mulher tão espirituosa quanto Irene Adler. Posso perguntar-lhe...

–Como aconteceu? Ah sim, seu pupilo usou um rifle de ar comprimido, está posicionado em um prédio em frente ao meu apartamento e eu estou em pé diante de uma janela aberta.

–Não parece algo muito inteligente a se fazer contando com o fato de que o senhor é a cereja do bolo.

–Estou vendo a sombra dele em meio à penumbra. Está com o dedo no gatilho, mas não irá atirar. Só quero que dê um recado a esse sujeito... Moran – cuspiu o nome com desdém – Diga-lhe que o jogo não funciona dessa forma e eu estou disposto a encerrá-lo agora.

–Certamente transmitirei o recado, Sr. Holmes. Mas, permita-se perguntar, por acaso... – antes que pudesse concluir a fala, Moriarty desatou a gargalhar. No apartamento 221b de Baker Street, Sherlock Holmes contorcia levemente o semblante. – Você estava esperando uma charada, não estava? Alguém que lhe desafiasse... Estava esperando uma caçada e Moran lhe decepcionou com sua forma de ataque, não foi? Você estava entediado e queria brincar, mas alguém não seguiu as regras do seu jogo. Não há charada nenhuma, Sr. Holmes, somente mortos! Faz com que sinta falta do meu irmão, não é mesmo?

Sherlock Holmes encerrou a ligação.

Moriarty permaneceu rindo até que, gradativamente, sua expressão mudou.

–Não imaginava ver você aqui. Por favor, sente-se.

~x~

Irene Adler jazia imóvel no chão do lúgubre apartamento 221b. Sherlock Holmes postava-se diante da janela aberta que deixava o frio cortante da noite adentrar o recinto. Do outro lado da rua, a silhueta do homem chamado Moran destacava-se em meio à penumbra. Ele mirava na direção do detetive, mas não atiraria.

Sherlock Holmes, por sua vez, não o perseguiria.

No momento que abandonasse sua posição, Moran correria e conseguiria escapar, deixando-o de mãos vazias exercendo o papel de tolo em meio ao silêncio da noite. Com as mãos cruzadas atrás das costas e o queixo arqueado em um vestígio de desafio, ele esperou.

Para o resto do mundo, Holmes era uma personalidade de difícil entendimento. Ninguém poderia dizer o que habitava por trás de toda aquela camada de excentricidade e brilhantismo. Mas, no fim das contas, era um homem simples. Sua felicidade consistia em estar certo. Ter um quebra-cabeça, desmontá-lo, descobrir sua essência para, em seguida, descartá-lo. Ele não se importava se os outros soubessem que estava certo, não gastava esforços em explicar seus métodos, pois somente a ele diziam respeito.

E agora um mau adversário era posto do outro lado da mesa. Seus métodos lógicos não se aplicavam. Moran era pragmático, repleto de raiva e sem perspectiva de desafio.

John Watson sempre se surpreendia com a capacidade que ele tinha em apostar vidas com seu método. Quando fora confrontado por James Moriarty, atrasara o salvamento de uma vítima para poder usar o tempo a seu favor e estar um passo a frente. John ficara alarmado, mas a verdade é que as coisas estavam sob seu controle daquela vez.

Sherlock não se empenhara para ir atrás de Moran, essa era a verdade. Esperou que o rato procurasse o queijo. Esperou um desafio. Você dava uma chance. Sempre havia uma chance. Aquelas eram as regras.

Agora estava desarmado no escuro com alguém que não entendia o funcionamento do jogo

E do outro lado da rua, Moran ponderava seu próximo passo.

~x~

–Ela vai ficar bem? – surpreendentemente, as palavras conseguiram sair da boca de John Watson. Ele não achava ser possível conseguir emitir som algum mediante tanta angústia. – E o bebê?

–Sim, ambos ficarão bem – a médica não conseguiu impedir-se de esboçar um sorriso ao dizer aquelas palavras. Era maravilhoso poder dar boas notícias. – Foi só um alarme falso. Tanta adrenalina em questão de poucos segundos não faz bem para uma mulher de gravidez tão avançada. Por isso o desmaio e...

John não estava mais ouvindo. Não importava o que a médica dizia, a única coisa que possuía relevância naquele momento era que sua família estava bem. Mexia as mãos, suspirava e repetia “graças a deus” a cada milésimo de segundo e pensou que a qualquer momento seria ele quem não aguentaria a adrenalina.

–Muito, muito obrigado – interrompeu a explicação da doutora – eu posso vê-la?

A médica assentiu e fez menção que ele a seguisse até o quarto. Quando chegaram à porta certa, John agradeceu mais uma vez e apressou-se para ver Mary.

–Ah, quase ia me esquecendo... A paciente perguntou se a mulher que a socorreu também estava aqui.

John interrompeu bruscamente o gesto de abrir a porta.

–Que mulher? Não foi alguém da equipe dos paramédicos? – a médica ofereceu-lhe um descuidado dar de ombros enquanto seguia pelo corredor – Pergunto dela. Obrigado.

–Olá, querido.

A voz de Mary permanecia altiva e, apesar da ausência de cor em seu rosto, a expressão perdurava a mesma. Olhos sorridentes e um sorriso torto travesso.

John, postado na porta, abriu a boca para falar, contudo dessa vez não conseguiu articular palavra alguma. Toda a sua vida estava deitada naquela cama de hospital e o alívio quase tangível que sentia era mesclado com a fúria por quem havia a colocado lá.

–Ok, você está me encarando. É algum jogo para saber quem fica mais tempo sem piscar? – provocou Mary.

Venceu a curta distância a passos largos e abraçou a esposa.

–Não se atreva a fazer isso de novo.

–Ah, John, mas você sabe que ser alvo de um atirador faz parte das minhas terças-feiras – brincou com a voz abafada pelo ombro do marido.

~x~

–Realmente não vai sentar? Talvez eu possa lhe oferecer algo. Uísque? Não, você não tem cara de quem bebe essas coisas. Hum... Em geral, eu sou ótimo em estudar as pessoas. Para você...

Sem concluir a sentença, levantou-se, foi até sua pequena adega e apanhou uma garrafa.

Aleatico di Portoferraio. Adocicado, mas com um aroma forte. – anunciou enquanto servia o vinho. – Exatamente como...

–Foi você? – Moriarty fora interrompido. – O atirador trabalha para você?

–Bom... Eu o conheço, sim. Mas não contrato pessoas tão imprudentes.

–Você tentou me calar porque ameacei contar a Sherlock que você sabe da verdade?

–Para isso, é necessário que Holmes saiba qual é a verdade e você me garantiu que ele não sabia. Mentiu para mim?

–É impossível dizer o que Sherlock sabe ou não. Ele age de forma...

–Imprevisível? Misteriosa? Ah, é melhor não possuir nenhum segredo, mas aparentar possuí-los.* Você parece pálida.

–Talvez seja porque levei um tiro recentemente.

–Ah, Dra. Hooper. Não é nada bom ficar exaltada em seu estado. Você está viva, não está? O indivíduo que atirou em você não comete erros, logo se está aqui tendo essa agradável conversa comigo, é porque ele assim o quis. Talvez devesse agradecê-lo.

Molly apertou os lábios transformando-os em uma linha contida de raiva.

–Já não é a hora para ele aparecer?

–Somente quando o outro for neutralizado. O perigo deve ter uma face só, senão as pessoas se distraem.

Professor Moriarty ofereceu a taça de vinho para Molly Hooper que hesitou antes de aceitá-la.

–Ele sabe? – insistiu.

–Não poderia lhe dizer. Acredite, eu adoraria entrever o que se passa na mente de Sherlock Holmes – Moriarty notou certa melancolia em suas palavras.

–Molly, você é a a prova da agitação por trás das águas lânguidas. Irei garantir que não lhe aconteça nada de mal novamente.

–Sei me cuidar sozinha – objetou em tom cortante.

–Sei disso. É uma das mulheres mais fortes e inteligentes que já conheci, por isso garantirei sua segurança. Espero que mantenha isso em mente quando eu precisar de outro favor seu. Vá para casa, querida. Não gosto de saber que fica vagando por aí sozinha durante a noite... Ninguém sabe o que se esconde na penumbra.


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Notas finais do capítulo

Então, meus amores?
Reforçando: o próximo capítulo vai sair na velocidade da luz (ok, talvez nem tanto porque a semana de provas termina sábado haha) e realmente adoraria ouvir a opinião de vocês.
Aliás, quarta (15/04) foi meu aniversário. Aceito uma passagem p terra-média, mas se estiver muito caro, Londres serve.
Milhões de beijos!