Moran escrita por Laís


Capítulo 5
A mulher


Notas iniciais do capítulo

Oi gentee!
Então, eu procrastinei demais com essa fanfic e preciso parar, aliás, já ta quase no final...
Esse capítulo foi divido em dois, portanto, o próximo ta quase pronto.
Queria dar boas-vindas p minhas novas leitoras que foram extremamente fofas: Michael Conrad Moriarty e The Anne Fanfics (quando você chegar aqui, sinta-se abraçada). É muito ter bom ter vocês comigo *u*
Fiquei muito insegura com esse capítulo, então ele passou pela aprovação da linda da sayuri1468, ela disse que gostou, então... Podem reclamar com ela se estiver ruim, eu sou só outra vítima haha.
Espero de verdade que tenha ficado bom :3
Boa leitura!



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Checou mais uma vez se tudo estava no seu devido lugar e colocou as luvas.

Cada instrumento postado com precisão profissional.

O atirador pôs um dos joelhos no chão para fornecer apoio e aproximou o rosto da arma, piscando e deixando que somente um de seus olhos avistasse a figura que se locomovia no apartamento em frente e um pouco abaixo de onde estava.

As persianas da sala estavam abertas e isso fazia com que a mulher em gravidez avançada se tornasse visível. Tinha uma das mãos no quadril e falava ao telefone, toda sua linguagem corporal demonstrava que se encontrava vivendo uma situação de estresse. Em determinado momento, sentou-se em uma poltrona no extremo canto da sala. Sebastian Moran afastou-se da mira com um rosnado baixo. Teria que esperar até que a mulher assumisse novamente a posição de alvo.

–Mesmo, Bass? Ferir mulheres grávidas é seu novo ramo agora? Me pergunto quando foi que você desceu tanto... - a nova voz no recinto fez com que Sebastian levantasse em um sobressalto, pensara ter trancado a porta e tomado todas as providências possíveis para não ser seguido. Contudo, quando avistou Irene Adler, sua postura descontraiu-se.

A forma como Irene se portava fazia com que qualquer um pensasse que ela era dona do ambiente. Suas feições não falavam de delicadeza tampouco vulnerabilidade, os traços angulosos do queixo mesclados com o ar de prepotência lhe concediam o feitio de uma predadora.

–Achava que você estava morta - declarou evasivamente sem mostrar legítima surpresa ao vê-la.

–Para todos os efeitos, você está falando com um fantasma - retrucou com a voz branda. Tudo que ela dizia assumia a entonação de um murmúrio provocante. - Então, isso é um trabalho para o Professor?

–Você realmente quer que eu acredite que não está aqui pelo comando do próprio velho? - indagou em tom cortante. - Ele me forneceu o que eu precisava, mas nem por um momento conseguiu me convencer que estava do meu lado.

Sebastian levantou de onde estava com a desenvoltura de um felino. Apesar de seus quase 40 anos, ainda conservava a compleição esguia e forte de soldado. O cabelo espesso começara a ficar salpicado por tons grisalhos, porém isso lhe agraciava com um aspecto de inteligência calculada. Os olhos eram de um azul gélido intimidador, contudo a expressão austera era dissipada quando seu rosto se iluminava com um sorriso quase infantil.

–Irene, minha querida, é tão bom ver você novamente - prosseguiu quando já se encontrava próximo o suficiente para tocar o rosto da mulher - Dói em meu orgulho dizer que, sem sombra de dúvida, você é a porcelana fina de Moriarty. Se ele perder você...

–Continuará tendo milhões de outras porcelanas finas - objetou peremptoriamente. - Não vamos nos enganar, Bass, o Professor nos preza somente até certo ponto. E onde exatamente você quer chegar com essa conversa toda?

–O Professor está ficando muito condizente. Sherlock Holmes, mesmo sem saber, já chegou a um triz da cadeia de negócios do velho... E o que ele fez? Recuou. Jim desafiou Sherlock...

–E está morto - Irene interrompeu asperamente.

–Muita teatralidade. Mas você não percebe? Jim não tinha metade dos recursos do Professor e arruinou toda a carreira e credibilidade do grande detetive Holmes - esse título fora pronunciado com zombaria e, a partir daquela declaração, a voz de Moran ganhou uma urgência passional - Não tardará muito até que Sherlock encontre a primeira peça de dominó da trilha... Adler, você é mais inteligente que eu, sabe o que acontece quando alguém dá um simples peteleco na primeira peça.

Sebastian realizava seu monólogo com furor. Gesticulava e agarrava Irene pelos ombros com animação fervorosa.

–Toda essa sua obstinação me comove, mais algumas palavras e, juro, estaria em prantos. - ironizou.

–Poupe meus ouvidos do seu sarcasmo, Adler. Você sabe o que acontecerá. Uma hora ou outra, quando uma brisa soprar e a primeira peça cair, tudo irá pelos ares.

–O que eu ainda não consegui compreender é por que você se importa tanto. Os jogos pararam de fornecer toda a adrenalina de que você precisa? É por isso que você quer atacar Sherlock Holmes? Foi por esse motivo que atirou em Molly Hooper e estava com o dedo no gatilho para fazer o mesmo com Mary Watson?

Sebastian deu uma gargalhada nefasta.

–Isso é somente uma mensagem de boas-vindas - respondeu com beligerância.

Irene Adler caminhou até a janela e notou que Mary assumira novamente a posição propícia para que Sebastian a tivesse na mira exata. E não fora a única a perceber isso.

–Talvez isso seja ressentimento pela morte de Jim, mas precisa entender que ele cavou a própria cova. E você não é um Moriarty, Sebastian. Quanto ao Professor, no final das contas, ele sempre foi um escudo poderoso.

–Mas pelo que sei, ele ia deixar que você morresse - contrapôs, inflexível.

–Sim - Irene confirmou com amargura na voz - Eu já disse, Sebastian, nós somos louça fina, mas ele possui muitas outras. E, como você mencionou, o Professor ia me deixar morrer, não guardo ressentimento disso, mas já não estou mais sob sua proteção.

Moran arqueou as sobrancelhas com uma expressão inquisidora.

–Então por que está aqui? - questionou enquanto assumia sua posição de franco-atirador.

–Não pelo Professor, pode ter certeza - agachou-se ao lado de Sebastian e sussurrou em seu ouvido - Duas opções: puxe o gatilho ou esqueça isso. Você não está em uma cruzada e a vingança que você persegue é meramente um capricho. Esqueça isso e você terá dinheiro o suficiente para endividar-se de novo, posso lhe prometer isso. Atire e lembre-se de uma coisa... Uma única coisa....

Nesse instante, Adler pousou a mão suavemente sobre a de Moran, a mesma que tinha o indicador no gatilho.

–Sherlock Holmes é protegido. E eu não estou falando somente das regalias da Scotland Yard, do irmão mais velho no governo britânico, das amizades que contam com um casal que facilmente mataria você e a outra que sumiria com seu cadáver... Isso tudo está no pacote, contudo falo de uma coisa muito maior.
Sebastian Moran retirou a atenção da mira e volveu um olhar repleto de suspeitas para Irene.

–Mediante todo esse arsenal, de que mais poderíamos estar falando?

–De mim.

E o gatilho foi puxado.

–x-

Mary Watson estava se sentindo especialmente enjoada naquele dia. Desde cedo, as náuseas não lhe deram sossego e resolvera não sair de casa. Levantou-se da poltrona na sala onde estava lendo para atender o telefone.

–Alô? John, como está Molly? - foi logo interpelando e sobrepujando as perguntas do marido sobre seu próprio estado de saúde. - Ah, céus, ainda bem!

Após receber as animadoras notícias, o alívio de Mary era quase palpável e com um suspiro toda a carga de estresse desvaneceu-se.

–Eu estou indo ao hospital. Sherlock está aí também? - fez uma pausa enquanto ouvia a resposta - Isso é típico, não posso dizer que estou surpresa. Vejo você daqui a pouco.

Segundo John, Sherlock permanecera o tempo todo, desde as primeiras horas do dia, no laboratório de Molly. Lestrade acabara de notificá-lo sobre as mudanças no estado da médica.

Assim que Mary desligara o telefone, saiu em procura de seu casaco.

Um som estridente interrompeu abruptamente qualquer menção sua de sair do lugar. Instintivamente, protegeu a barriga com os braços e ajoelhou-se no chão, tomando cuidado para não ter contato brusco com o piso, enquanto a enorme porta de vidro que dava acesso à sacada era reduzida a meros fragmentos.

–x-

No exato momento em que Irene Adler percebera que, independentemente do que dissesse, Sebastian Moran apertaria o gatilho, todas os seus movimentos futuros apareceram nitidamente claros e calculados em sua mente.

Sebastian a fitou por alguns segundos antes de retornar à sua posição anterior.

–Agradeço o aviso, Adler, mas se não se importa... - sentenciou enquanto pousava o dedo sobre o gatilho - Tenho um trabalho a cumprir.

Uma fração de segundo antes que fizesse a leve pressão necessária para que seu alvo fosse atingido, Irene ergueu-se e desferiu um forte chute na mira da arma, desviando quase por completo a direção do projétil. E, sem conceder um tempo de reação ao atirador, quase no mesmo instante agarrou seu pulso direito e o torceu, o afastando de qualquer dano que ele ainda pudesse causar. Ergueu o joelho e fez com que ele se chocasse com força no queixo do opositor. Ouviu o choque do maxilar e soube que alguns dentes foram quebrados.

O último golpe fizera com que Sebastian caísse ao chão e Irene abaixou-se ao seu lado, ainda com o pulso torcido preso firmemente em sua mão.

–Esqueci de contar a você? Oh, que rude. Eu também tenho um trabalho a fazer, Bass - e ao pronunciar o apelido com um carinho sarcástico, torceu mais ainda o pulso - O que nós fazemos quando queremos que uma bailarina nunca volte a dançar? Quebramos suas pernas ou pés - aplicou mais força no golpe e o homem soltou um berro de agonia excruciante - Sua morte não será minha, mas estar cego e com um pulso quebrado ainda é estar vivo.

E, ainda exercendo pressão no pulso já quebrado, fez menção de atacar os olhos de Sebastian. Contudo, ele usou a mão esquerda para puxar os cabelos de Irene e a fazer afrouxar o golpe. Sua força física era maior que a da mulher, porém sabia que não se tratava de força bruta, mas sim de método, então não podia deixar que ela tivesse abertura para usar de qualquer artimanha. A trouxe até o chão, logo ao seu lado, e martelou a testa da mulher de encontro ao solo repetidas vezes, mas parou antes que a inconsciência a tomasse.

–Você me fez recordar de algo importante, Irene. Eu não sou um Moriarty - resfolegou, suas palavras saíam entrecortadas devido ao esforço - Não agirei como um deles. Estou sem paciência para sair com mensagens de boas-vindas, acho que está na hora de lidar com o próprio Sherlock Holmes. E você, como uma boa cadela treinada que é, vai avisá-lo, não vai?

Durante todo o tempo que falara, tinha o antebraço pressionando a garganta de Irene.

–Boa garota. Conte a ele sobre mim. E diga que fui eu quem deixou aquela doutorazinha sobreviver, mas só porque ela não era meu alvo principal. Avise que não perderei tempo com encenações e deduções.

Pegou seu material ao passo que tudo que Irene pudera fazer fora tossir descontroladamente e, mesmo após a saída de Sebastian, ainda permanecera jogada no chão.

Mary Watson.

A lembrança repentina da mulher de John Watson, que poderia ou não estar ferida, a fez levantar com um salto. Ao olhar pela janela, avistou uma figura encolhida no chão e desceu todas as escadarias do edifício que se encontrava em poucos minutos. Atravessou a rua e, ao chegar na frente da portaria do prédio dos Watson, abaixou-se para retirar uma singela arma de choque protegida entre o sapato e a bainha da calça e usou, sem que ninguém notasse, no primeiro passante que encontrou. Passo 1: Causar uma comoção.

Enquanto o homem desfalecia gradativamente em seus braços, berrou:

–Socorro, ataque cardíaco! Esse homem está tendo um ataque cardíaco!

Passo 2: Adiantar a chegada da ambulância.

A desordem que causou fez com que o responsável pela portaria saísse de seu posto para ajudar a socorrer o sujeito e ela pôde subir facilmente ao apartamento. Já calculara o andar e o número, portanto, arrombou a porta certa.

–Socorro - a voz da mulher ao chão era somente um fio quebradiço. - Meu bebê.

Irene correu e ajoelhou-se ao seu lado.

–A ajuda está vindo. Calma, continua respirando - ordenou com voz suave.

–Acho que estou em trabalho de parto - insistiu Mary com desespero absoluto na voz e agarrando a mão da desconhecida, sem nem ao menos se preocupar em como ela chegara até ali.

Irene esticou o braço e agarrou o telefone da mesinha da sala. Discou o número da emergência e deu as coordenadas. Naquele instante, eles já deveriam estar a caminho graças ao suposto ataque cardíaco da vítima aleatória na rua.

–Vai ficar tudo bem. Você só precisa respirar, só isso.

Mas àquela altura, Mary Watson começara a fechar os olhos e demorar para tornar a abri-los.

–Mary! Mary! Ei, ei, Mary, você precisa abrir os olhos. Abra os olhos, Mary. Foque em mim, olhe diretamente para mim. Não, não, não... Mary! Olhe para mim.

Irene procurou vestígios de sangue, mas não encontrara nada, o que se tratava de um ótimo sinal. Mary relutou em deixar-se desvanecer e permaneceu fazendo esforço para manter os olhos abertos.

A ambulância chegou poucos minutos depois e os paramédicos tomaram as rédeas da situação. Irene Adler afastou-se e pôs-se a observar do canto, ficando invisível mediante a cena. Precisaria sair antes que a polícia chegasse.

Mary Watson ainda conseguiu captar uma última visão da mulher misteriosa antes de ser levada na maca.

Desejava ter tido tempo para agradecer e gostaria de saber seu nome para procurá-la depois que tudo estivesse bem, contudo nunca poderia adivinhar que aquela seria a primeira e última vez que veria Irene Adler.

–x-

–Lestrade, quero guardas disfarçados postados próximo ao quarto de Molly. E também alguns para seguir John e Mary, outros dispersos próximo a Baker Street. Entendido? - indagou com tom autoritário.

Em outras situações, Greg teria discutido, porém aquilo seria uma atitude vã. Aquiesceu e seguiu as ordens.

–Ele está realmente de volta? - perguntou pesaroso com medo da resposta. Para Lestrade, tudo aquilo só poderia ser trabalho de Moriarty.

–Não seja estúpido, Lestrade.

Gregory estava prestes a questionar, porém foi interrompido por John que se afastara para dizer as últimas notícias a Mary.

–Ela está vindo aqui - informou.

Sherlock deixou os dois e adentrou o quarto onde uma Molly Hooper completamente entubada se encontrava. O monitor ao lado da cama fazia ruídos rítmicos que demarcavam as batidas de seu coração.

Cônscio da porta entreaberta e dos olhares em seus costas, permaneceu com sua postura rígida e limitou-se a olhá-la. Ela estava fora de perigo, sabia disso, contudo não era algo que o deixasse menos furioso.

–Sinto muito, Molly - murmurou somente para si e deixou o quarto. - John, preciso lhe pedir um favor - disse quando já estava do lado de fora.

–Qualquer coisa, Sherlock - respondeu prontamente.

–Fique longe de Baker Street.

–Mas...

–Não desvie os olhos de Mary um só instante. Não vá a Baker Street, não ligue para mim e espere que eu contate você - interrompeu

–Sherlock, isso é...

–Fique longe de Baker Street - concluiu peremptório - Faça tudo que eu mandei e espere minha ligação também - aquela última sentença fora dirigida a Lestrade.

Foi embora do hospital deixando ambos os que restaram atônitos.

Quando Watson ligara para lhe informar sobre a condição de Mary, Sherlock presumira que estivesse somente descumprindo as ordens e quisesse saber o que ele faria a seguir, portanto recusou-se a atender.

O apartamento 221B de Baker Street estava entregue à penumbra. Vários papéis jaziam jogados ao chão e outros foram anexados na parede, formando um caos completo de informações sobre diversos casos e, também, fragmentos da vida do jovem e falecido Moriarty.

Quem quer que estivesse por trás das cortinas do circo tomara a morte de Jim como ofensa pessoal. Aquilo era uma represália.

Ninguém conseguiria entender a forma como analisava cada fatia disposta ao seu redor, contudo Sherlock Holmes tornara encontrar a ordem no caos sua especialidade.

Não demorou muito até que ligasse todos os fios e os firmasse em um laço apertado, porém aquele filete ainda precisava de um nome.

Um anúncio do assassinato recente de Ronald Adair, que já tivera conexão com os irmãos Moriarty, era um dos folhetos de destaque em sua anarquia particular. Sabia que, apesar de ter sido um tiro à queima-roupa, só poderia se tratar do mesmo sujeito.

Ronald Adair. Ele era seu rastro, tudo que precisava fazer era segui-lo.

Alguém com treinamento profissional. Um franco-atirador.

Ronaldo Adair. Os Moriarty.

Onde estava o fiapo de informação que concatenaria todos aqueles fatos dispersos? Um nome...

Seu celular tocava insistentemente e, caso tivesse atendido, tomaria conhecimento de tudo que acontecia.

John Watson conectara os pontos logo que soube o perigo que se abatera contra sua mulher. Sebastian Moran, pensara, quem mais poderia ser?

Entretanto Sherlock não o atenderia.

Inúmeras teorias levitavam na mente do detetive, que sentava em sua poltrona com displicência, sem ter conhecimento de uma sombra bruxuleante do outro lado da rua que o observava atentamente.

A peça ausente do tabuleiro.


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Notas finais do capítulo

Realmente tenho um fraco com cenas de ação, não sei se ficou bacana... Podem jogar na minha cara se estiver ruim, tudo bem?
Bom gente, é isso. Obrigada meeesmo pra quem veio me dizer olá e se alguém não se manifestou e quiser falar comigo, eu divido biscoitos *u*
Até o próximo!
Milhões de beijos.