Moran escrita por Laís


Capítulo 2
Vento leste


Notas iniciais do capítulo

Oláá :3
Eu acabei aparecendo aqui antes do esperado (na verdade, eu ignorei completamente meus afazeres pra escrever esse capítulo, simplesmente porque a inspiração é tão inconveniente quanto um gato). Ele é simples e curtinho, só uma coisa inicial, mas vamos lá.
Espero que tenha ficado bom e peço perdão por qualquer erro que tenha me escapado (se o encontrarem, me avisem da localização desse fugitivo da scotland yard, ele é altamente perigoso).



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–Você não aprendeu nada nos seus 4 minutos de exílio?

–Mais do que você teria aprendido em quatro anos. O que aconteceu agora?

A claridade fazia Sherlock apertar os olhos e enxergar somente o contorno da silhueta de seu irmão, que estava de costas para o sol. John e Mary continuavam posicionados ao seu lado, observando em um silêncio taciturno.

–Talvez você deva ver com seus próprios olhos - Mycroft fez um meneio com a cabeça indicando o carro estacionado mais a frente.

–Ver com meus próprios olhos, por acaso eu poderia fazer isso de alguma forma que não fosse com meus próprios olhos? John - girou os calcanhares e virou-se para encarar o amigo - Meu irmão sempre teve uma tendência a ser teatral. Shakespeare demais, eu suponho. O que foi agora?

–É… - John Watson abriu a boca para falar, porém não encontrou uma maneira de ajustar as palavras em uma frase que possuísse sentido.

–Fico fora por 4 minutos e você esquece tudo que aprendeu comigo nos últimos anos.

Resoluto, Sherlock dirigiu-se até o automóvel e, ao sentar no banco traseiro, encarou a tela minúscula que exibia a imagem de Jim Moriarty com sua particular expressão de cinismo. Quase como uma tempestade cerebral, Sherlock Holmes repassou mentalmente diversos fatos, excluindo aqueles de fracas possibilidades e ressaltando os mais prováveis. Seu tempo de reação foi um tanto quanto imediato, o que aturdiu aqueles que o aguardavam do lado de fora.

–Vamos, John. - disse no momento em que postou-se novamente ao lado do irmão.

–Ahn… - John soltou uma risada sem humor, composta unicamente de nervosismo. - Vamos, você disse… Ahn… Onde? O que?

–Pelo o amor de deus! Mary, o que você tem feito a esse homem?

–Sherlock, você vai explicar do que isso se trata? - indagou Mycroft, o único que não aparentava estar tão estupefato.

–Não enquanto estivermos parados aqui, vamos….

–Não, Sherlock - Mycroft interrompeu rispidamente - você vai parar por alguns instantes e esclarecer o que está acontecendo. Agora, de preferência.

Os dois se encararam por alguns segundos, ambos resistindo ao olhar perscrutador do outro, por fim, Sherlock aquiesceu.

–Quantas mortes, além da minha, você ajudou a forjar?

–Muitas - respondeu beligerante.

–Mas não a de Moriarty - Sherlock afirmou e recebeu um leve aceno em resposta. - E nem poderia. Eu estava lá. A única pessoa que ele não podia enganar o assistiu morrer…

–Sem querer interromper a discussão familiar, mas… - Mary tentou alertá-los sobre a chegada de novos carros ao recinto, porém foi completamente ignorada.

–E, a não ser que eu mesmo o tenha ajudado, Jim Moriarty está morto. Isso não passa de alguém catando migalhas de pão para se aproveitar do caminho que ele já havia trilhado.

–Exatamente - disse uma voz nova em meio a conversa.

–Bom, eu tentei avisar - disse Mary.

Os Holmes viraram-se e encontraram uma mulher alta, vestida em um terninho profissional, 37 anos em média, rodeada por uma atmosfera que exalava poder, além de meia dúzia de homens altamente armados.

–Amelia Murray - cumprimentou Mycroft.

–Mycroft Holmes e seu polêmico irmão mais novo - fitou os dois com um olhar investigativo.

–Ser irmão de Mycroft não é algo pelo qual eu quero ser lembrado - Sherlock repreendeu.

–E você está se esforçando muito para isso, não? Tenho ordens para levá-lo comigo - seu tom não possuía nenhum resquício de cordialidade.

–E posso saber por quê? - inquiriu Mycroft.

–Como seu irmão mesmo disse, ou isso se trata de alguém aproveitando a sombra de Moriarty para ter seus 15 minutos de fama ou o grande detetive Sherlock Holmes o auxiliou em sua falsa morte. Caso a primeira opção esteja correta, nós talvez possamos precisar dele aqui, porém é necessário, antes de tudo, descartar a segunda. E, se ela se provar verdade… Bom, não estaríamos lidando necessariamente com alguém dono de uma ficha impecável, não é mesmo, Sr. Holmes?

–Você percebe que tudo isso que acabou de dizer se aplica aos dois Holmes que aqui se encontram, não? Terá que ser mais específica que isso. - Sherlock retrucou com o sarcasmo inabalado na voz.

–Na verdade, eu estava mesmo falando dos dois, porém não sou eu quem vai cuidar de Mycroft - Amelia rebateu no mesmo tom.

–Isso só pode ser brincadeira, por que Sherlock ajudaria Moriarty? É ridículo! - John finalmente parecia ter encontrado a voz.

–John Watson? - perguntou Amelia, somente agora notando a presença do casal.

–Sim?

–Fui informada de que, se Sherlock Holmes estivesse tramando alguma coisa, você estaria metido no meio. Receio informar que também terá que me acompanhar.

–O que? - John e Mary exclamaram em uníssono.

–Ah, vamos acabar logo com essa enrolação. John, não se preocupe, logo eles verão que você não seria capaz de ajudar alguém a forjar uma morte. Não é à toa que não o convidei para meu comitê funerário. - disse enquanto se dirigia ao carro que parecia ter sido designado a ele e, em seguida, foi acompanhado pelo irmão, John e Mary, que recusou ser deixada em casa por algum outro veículo disponível. - Quem é essa mulher, Mycroft?

–Irmãozinho, qual é a minha profissão? - esquivou-se da pergunta.

–Você faz essas coisas para o governo - deu de ombros - sei lá, nunca me interessei na sua vida. Por acaso isso é uma crise de meia idade ou você está pensando em começar uma biografia? Porque, se for uma crise, ela está meio atrasada.

–Exato - respondeu, ignorando os insultos - você só sabe que eu tenho grande influência e posso me infiltrar em tudo que quiser. Amelia Murray é como eu, não alguém fixo, mas adaptável, dependendo da ocasião. A louça fina servida para convidados especiais e perigosos da Inglaterra.

–Isso quer dizer que ela está acima de você?

–Ocasionalmente - concluiu a contra gosto.

–Não sei se isso ocorreu a algum de vocês, mas... Para onde diabos estamos sendo levados? - John reclamou.

–Isso é algo que eu só posso especular, por enquanto. - Mycroft sabia, de fato, para onde estavam indo, entretanto não achou que compartilhar isso fosse melhorar as coisas.



–x-



–Isso é tudo, senhor? - a senhora questionou enquanto posicionava uma bandeja contendo chá e torradas na mesa do patrão.

–Sim, obrigada.

–Está tão escuro aqui dentro, senhor, não seria bom abrir um pouco as cortinas? O sol está tão lindo lá fora.

–Obrigada pelo chá. Isso é tudo - concluiu com um gesto de dispensa e mulher se retirou do escritório.

A sala era circundada por estantes estufadas de livros dos pés à cabeça e possuía um ar de casa antiga. Os móveis, assim como os tapetes, eram escuros e a própria sala parecia desconhecer a claridade. O homem sentado à escrivaninha empurrou alguns papéis para o lado e bebericou o chá. A televisão continuava exibindo o mesmo rosto há quase 10 minutos e ele a desligou.

Isso cheira à Moran, pensou.

O interfone tocou.

–Professor? Há um rapaz querendo falar com o senhor, deixo que entre?

Previsível.




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Notas finais do capítulo

Até o próximo e um beijo mega especial pra Sayuri, que até favoritou a fic. Você é muito maravilhosa, menine!



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