A televisão estava ligada e em frente a ela três crianças, uma de 6, uma de 8 e uma 37 anos falavam junto com o desenho. — “Eu não sinto minhas pernas. EU NÃO SINTO MINHAS PERNAAAAS!” “Essas são as minhas pernas”.

E as risadas preenchiam o ambiente quando a porta da sala se abriu e uma biomédica de 35 anos exclamou. — Minha vidaaas, cheguei!

Adriana Amaral Guedes de Santana foi a primeira a correr para os braços de Marissa, com um sorriso do rosto. — Mommy.

— Oi, minha pequena notável. — Sorriu enquanto bagunçava os cabelos ruivos da filha caçula. — Como foi o primeiro dia de aula, princesa?

— Ah, foi inclível! Eu fiz duas amiguinhas super legais. Clalo que elas não são tão lindas quanto eu, mas ninguém é, né?

Marissa riu e afirmou com a cabeça, voltando-se em seguida para o filho. — E cadê o abraço da mommy, meu meninão?

— Aff, que coisa de bebê. — Derick Alexandre Guedes Amaral resmungou, mas seus lábios carregavam um sorrisinho de canto enquanto corria para a biomédica.

— E então, como foi na escola?

— Horrível. Só tem gente chata, nunca mais quero voltar lá. — O menino cruzou os braços e fez uma careta de desgosto.

— Você diz isso todo ano, aí faz amigos novos e depois é uma luta pra te fazer querer vir pra casa na hora da saída. — Marissa disse rindo.

— Esse ano será diferente, tenho plena certeza disso. — Derick concluiu e se afastou com uma expressão pensativa.

— Será que agora já chegou a minha vez de abraçar a minha esposa linda? — Denise sorria de lado, daquele jeito que Marissa sempre amou.

— Só abraço? — Questionou abrindo os braços e retribuindo o sorriso.

A roraimense se aproximou e segurou a cintura da mineira, que envolveu seu pescoço e uniu seus lábios em um beijo carinhoso com intensão de ser longo, porém se separaram logo quando Derick exclamou um “Eeeeeca”.

— Ai ai ai ai, você num tende nada da vida mesmo, né Delick Alexandre? — Adriana repreendeu com uma das mãos apoiada no quadril enquanto gesticulava com a outra. — Amor é uma coisa bonita. — Concluiu em tom de eu sei das coisas.

Denise e Marissa se entreolharam prendendo o riso, então a nutricionista se afastou da esposa e pigarreou antes de dizer. — Ok, crianças. Agora que a mommy chegou, já podem lavar as mãos e vamos almoçar.

— Obaaaaaaaa, comida! — Os irmãos exclamaram ao mesmo tempo trocando olhares cúmplices e, em seguida, correndo para o banheiro.

— Esses nossos filhos são umas graças. — Denise murmurou rindo e beijando Marissa brevemente, então segurou sua mão e a conduziu para a cozinha onde começaram a organizar a mesa.

Depois de servir Derick, Denise colocou sua comida no prato, mas antes de começar a comer, deu uma boa olhada ao seu redor.

Adriana, como uma perfeita dama de seis anos, observava atentamente sua mommy e imitava os movimentos com o garfo e a faca. Enquanto isso, Derick, sem cerimônias, cortava o bife com os dentes mesmo, como sua mãe fazia.

E Marissa sorria feliz e satisfeita com os filhos maravilhosos que tinha.

Naquele sorriso, Denise podia ver sua própria felicidade refletida, depois de tudo que passaram.

Depois da distância, das outras garotas, das escolhas difíceis.

Naquela casa com aquela mulher incrível e aquelas duas crianças lindas, Denise podia dizer com toda a certeza que havia encontrado seu lugar no mundo.

Marissa percebeu que Denise a encarava sem nem tocar na comida, então moveu os lábios sem emitir som "Não vai comer, my H?".

"Eu te amo, my B" Denise respondeu com um olhar apaixonado.

"Eu sei." A mineira sorriu ainda mais. "Eu também te amo".