O Preço da Honra escrita por Julia Nery


Capítulo 27
Meios para um Fim




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Esgueirando-se na quietude da noite pelas periferias de Nassau, Emma parou atrás de uma pilha de caixotes em silêncio, colocando uma metade do rosto para fora do esconderijo visando ver melhor a rua quase vazia e mal iluminada, por onde um guarda deveria passar a qualquer minuto. Ela demorara a escolher o local perfeito, mas desta vez tinha certeza que estava num ponto bom para colocar o plano em prática.

Apesar de estarem no meio do caribe e durante o dia o calor ser insuportável, agora uma brisa fresca penteava os cabelos da assassina enquanto ela observava. Quando o guarda que esperava virou a esquina e andou na direção de onde ela estava, Emma deu um passo para trás novamente. Sabia que ele viraria ali, então sentou-se em uma das caixas abertas de maças, pegou uma, e começou a comê-la lentamente.

Aconteceu o esperado; assim que o oficial colocou seus olhos nela, ele parou à frente dela e endireitou-se, colocando uma mão trêmula na espada presa ao seu cinto. Era alto e tinha uma expressão rude e um maxilar forte emoldurado por uma barba grossa e ruiva, mas olhos curiosos. Por um segundo ele ficou ali, olhando-a, até que murmurou:

— Madame, sabe que não pode estar aqui — ele limpou a garganta. — Essa mercadoria tem dono. Terei de pedir que se retire.

— E se eu me recusar? — Provocou Emma, mordendo mais um pedaço da maçã e deslizando as mãos finas pela superfície lisa de sua perna.

Os olhos do guarda seguiram os dedos de Emma com atenção antes de ele sacudir a cabeça e voltar a atenção para seu rosto. A assassina notou que ele segurava seu rifle com força e seus lábios estavam levemente abertos.

— Então terei de prendê-la — murmurou em resposta.

Emma deu um sorriso malicioso, e pulou para fora dos caixotes de maçãs.

— Não resistirei, gentil soldado — sussurrou, e segurou as mãos juntas em frente ao corpo, aproximando seu rosto do dele. — Por que não me leva com você? Eu adoraria uma pequena caminhada noturna.

Dada a falta de resposta, ela avançou mais e pressionou seus lábios contra a boca do homem. A princípio ele lutou, motivado pela surpresa. Mas após alguns segundos de Emma o segurando contra ela, o guarda cedeu.

Ele amarrou as mãos de Emma e a escoltou para dentro do perímetro dos galpões, e mentiu para os outros homens no portão dizendo que estava levando a prisioneira para a casa principal, onde o comandante iria decidir seu destino.

Após terem a passagem liberada, o guarda a guiou para trás da Casa Grande, onde a pressionou contra uma parede e se aproximou mais. Emma, no entanto, tinha outros planos.

Chutou-o entre as pernas e tapou sua boca para que não gritasse. Antes que ele pudesse se recuperar do ataque, Emma agarrou seu rifle, que tinha encostado na parede, e acertou-o na cabeça com a coronha da arma. O homem caiu no chão, a testa sangrando, desacordado.

Emma arrastou-o para um canto escuro e apressou-se a começar a escalar. A casa do comandante era extremamente bonita e não cabia de forma alguma no ambiente dos galpões, ou até mesmo com Nassau. Sendo toda pintada de branco, repleta de janelas francesas com detalhes em dourado, mais parecia a imagem de um rei passeando por entre um campo enorme de chiqueiros.

Com uma rápida espiada, Emma localizou apenas uma janela aberta, no terceiro e último andar. Segurou-se no batente com a ponta dos dedos, colocando apenas os olhos para dentro; dava para uma sala de música, repleta de instrumentos e com um grande piano no centro. Não haviam velas acesas, e a única luz vinha da porta aberta, que dava num corredor estreito com paredes verde-menta. Vendo que era seguro, pulou para dentro.

No entanto, assim que Emma pisou no assoalho fino, vozes ecoaram do corredor e ela deslizou para o chão, esgueirando-se atrás do belo piano de cauda enquanto espiava com apenas um olho a saída da sala.

Duas pessoas andavam pelo corredor, e quando passaram pela porta, Emma pode apenas ter um relance de suas roupas; um homem vestia as roupas vermelhas padrão dos soldados britânicos, e o outro usava um belo uniforme de tecido branco. O último Emma deduziu ser o comandante Briggs, e atiçou seus sentidos para escutar dali a conversa.

— Já enviaram alguém para procura-los? — Disse um deles em uma voz suave como veludo, mas grave.

— Não, senhor — respondeu provavelmente o subordinado. — Pensei que seria melhor avisá-lo antes.

— Agradeço sua consideração. Tem minhas ordens para enviar quantos homens achar necessário. Não posso me dar ao luxo de perder homens nas florestas quando precisarei de todos para carregarem os canhões amanhã de manhã. Quando encontrá-los, mande-os direto a mim.

— Sim, senhor.

— Dispensado.

Acabada a conversa, Emma andou, abaixada, até a porta e arriscou colocar a cabeça para fora. O soldado de vermelho descia as escadas para os andares inferiores, e o comandante Briggs entrava na sala ao lado em um andar pomposo como o de um pavão.

Emma colocou-se para dentro da sala outra vez. O comandante estava na sala ao lado, e ela teria de pensar numa forma de atraí-lo para fora. Se a sala dele fosse tão grande quanto a que ela estava, e ela entrasse ali inconsequentemente, ele soaria o alarme antes que ela pudesse chegar até ele. Não, ele tinha de vir até ela.

Virou-se para observar a sala, e parou o olhar quando se viu refletida num espelho perto de uma velha escrivaninha em frente à janela por onde entrara. Andou até lá para ver seu reflexo melhor. A maior parte de seus ombros e colo estavam bem visíveis, emoldurados por seus ondulados cabelos marrom avermelhados. Seu rosto belo parecia um pouco apagado, então deu uma mordida forte em seu polegar, rompendo a pele em um ponto pequeno, e passou o sangue nos lábios, deixando-os marcados e vermelhos.

Encarou a si mesma no espelho. Era isso. Tinha de seduzi-lo como fizera com o guarda não muito antes, e quanto ele se aproximasse o suficiente, ela o atacaria. Olhou novamente à sua volta; na parede oposta das janelas havia um sofá encostado justamente na parede compartilhada com o escritório do comandante, cheio de almofadas bordadas com miçangas brilhantes, ao lado de uma grande harpa.

Emma tirou as botas e jogou-as atrás da escrivaninha, andando até o sofá logo depois. Deitou-se virada para a porta. Querendo ou não, ela precisava chamar sua atenção e distraí-lo o suficiente para que não chamasse reforços logo que entrasse, então, ergueu mais a saia, estendendo as pernas ao longo do sofá e abaixou totalmente seu corpete, deixando os seios à mostra. Não era a primeira vez que tinha de fazer algo como aquilo, e se sentia extremamente desconfortável. No entanto, eram meios para um fim.

Bagunçou um pouco os cabelos e apoiou a cabeça no encosto do sofá, dando três socos fortes na parede do escritório.

Com o silêncio que reinava na sala onde estava, Emma conseguiu ouvir com clareza quando o comandante arrastou a cadeira para longe de sua mesa e com passos cautelosos começou a rumar para a fonte do som que ouvira. A assassina tentou fixar um olhar malicioso na porta, e quando Briggs apareceu ali, congelou onde estava.

Ele era mais jovem do que Emma imaginara, o que trazia mais vantagens para ela. Era dono de um belo par de olhos azuis e uma barba loira bem-feita e curta no rosto belo que rapidamente ficou vermelho à visão que encontrou ali, no quarto pobremente iluminado.

— M-Madame, o que está fazendo aqui? — Disse, a voz apertada.

— Não era você quem eu esperava — Emma murmurou em uma voz baixa e sedutora e levantou-se, cobrindo-se com as mãos.

— E-Eu avisei meus soldados que não deveriam trazer... — Ele gaguejou, e a hesitação em sua voz piorava a cada passo que Emma dava em sua direção. Limpou a garganta com vigor.

— Sinto muito, comandante — Emma lentamente andou adiante, dando a volta no soldado. — Estou de saída.

No entanto, ele segurou seu braço num movimento rápido, impedindo-a de dar mais um passo. Emma parou, virando-se para ele outra vez e viu que seus olhos azuis exasperados estavam vidrados em seu tórax nu e um pouco de suor deslizava por sua testa.

Emma sorriu, e levantou seu queixo com a ponta do dedo indicador e o trouxe para mais perto, juntando seus lábios num beijo lento. Os lábios do comandante estavam trêmulos e cheios de desejo. Guiando-o pela boca para longe da porta, Emma o deitou no sofá e sentou-se em seu colo de frente para ele.

Emma se ergueu, apoiando seu peso nos joelhos, que estavam um de cada lado dos quadris do comandante, que deslizou suas mãos suavemente dos seios de Emma até suas coxas. Ela não iria ficar ali mais tempo do que precisava, então subitamente agarrou ambas as mãos de Briggs e as empurrou para longe de seu corpo, dando-a espaço para segurar o rosto do homem, dobrar a perna direita, erguer o joelho e acertá-lo em cheio na lateral da cabeça e em seguida com um soco de esquerda no nariz.

A cabeça de Briggs pendeu para trás no encosto do sofá e seus braços caíram ao lado do corpo inertes. Depois de limpar os lábios com as costas da mão, Emma puxou seu decote para cima novamente e se levantou para apalpar os bolsos do homem. Encontrou um colar pendurado sobre seu peito, onde um pingente luxuoso da cruz templária pendia.

Emma puxou-o com força, fazendo a corrente se partir. No entanto, ela encontrou o que realmente estava procurando. Um molho de chaves antigas e sujas de ferrugem se encontrava na parte interna de sua farda; Emma pegou-o e o prendeu na cinta-liga por baixo da saia cheia de babados.

Antes de sair, ergueu Briggs do sofá e o jogou no espaço atrás do móvel após se certificar de que não havia nada valioso ali. Depois de vestir suas botas, Emma começou a se dirigir para o corredor, desejando conferir o escritório do comandante também, mas ouviu a porta da frente se abrindo e passos ecoando no silêncio da casa, então simplesmente correu até a janela e saiu por onde entrara.

Emma escalou as paredes novamente, mas antes que pudesse chegar ao telhado, uma explosão ensurdecedora a pegou de surpresa e retumbou por todos os lados. Ela se encolheu contra a parede enquanto seus cabelos voavam e os arredores eram engolfados numa luz laranja tremeluzente. Sorriu, olhando para trás e vendo uma torre de vigilância em chamas. Connor não poderia ter agido em um momento melhor.

Quando terminou de subir, Emma viu todos os soldados correndo em direção à torre que agora era consumida pelas chamas bruxuleantes e soltava fagulhas no céu negro de Nassau. A fumaça provavelmente podia ser vista de muito longe, e Emma não perdeu tempo; deu meia volta, desceu do telhado e correu até o armazém.

A área estava deserta e escura, mas era possível ver uma silhueta parada bem em frente às portas, sua presença escondida pelas sobras projetadas pelos poucos archotes localizados ali. Emma sorriu, triunfante, e jogou as chaves para Connor quando passou por ele.

— Bom trabalho — disse ela.

O assassino pegou as chaves no ar e em troca jogou para Emma seus robes e pertences antes de, em passos rápidos, aproximar-se do portão dos fundos atrás do qual os homens o esperavam. Emma viu-o destrancar o enorme cadeado após algumas tentativas com as chaves, e jogar as correntes para o lado, então abrindo passagem silenciosamente para os piratas.

Emma escondeu-se atrás de uma árvore consideravelmente grande, e vendo-se protegida por sua sombra, começou a se trocar. Removeu as botas e, com suspiros de alívio, deslizou a saia pelas pernas, substituindo-as por sua calça preta para depois calçar-se novamente. Desamarrou o corpete rapidamente e jogou-o para o lado, vestindo a camisa de linho e finalmente abotoando seus robes de assassina, guardando o colar templário roubado em um dos bolsos.

Puxou o capuz para cima do rosto, vestiu as braçadeiras com as lâminas ocultas e amarrou o cinto ao redor da cintura, ouvindo o tilintar de sua espada e das moedas em seus alforjes. Emma voltou para onde Connor estava, e viu duas carroças lentamente sendo puxadas para fora, carregando os canhões sob grossos panos bege.

Emma observou de longe em silêncio a torre de vigilância ainda em chamas, para ter certeza de que ninguém viria naquela direção. Os homens desesperadamente jogavam areia e água no fogo, mas era uma nova explosão a cada vez que as chamas entravam em contato com um barril de pólvora. Aquilo duraria algum tempo.

— Emma — Connor chamou e ela se virou nos calcanhares para vê-lo na saída do perímetro. Fez um movimento de cabeça em direção ao portão, indicando que era a hora de fugirem da área antes que alguém percebesse alguma coisa, e ela o fez.

***

A praia por onde as carruagens seguiram estendia-se por alguns quilômetros, e foi razoavelmente problemático para os homens as guiar pela areia, mas os navios dos piratas esperavam ali, longe de qualquer indício de civilização. Havia apenas um píer conectando o oceano com a praia. Parecia abandonado, mas era grande o suficiente para acomodar ambos o Aquila e o Mockingjay mais os outros três que pertenciam aos amigos de James. Acima dos mastros, Emma viu Akwe sobrevoando na noite.

O capitão do Mockingjay estava sentado nas escadas do píer com um sorriso enorme na boca contornada por sua rala barba negra. Maurice, que estava encostado contra um dos pilares de madeira do deque, deixou a garrafa de rum cair na areia quando seus homens descobriram a traseira de uma das carruagens, onde haviam, pelo que Emma pôde ver, duas fileiras contendo seis canhões cada.

— Por Netuno e todas as nereidas do oceano — Maurice atravessou o espaço entre ele e as carruagens em alguns passos largos. — Meus olhos devem estar me enganando.

Emma deixou Maurice sozinho com seus amados armamentos e seguiu Connor até o píer. O assassino se sentou em um caixote velho que se encontrava na superfície de madeira, e quando Emma subiu as escadas passando por James, ele disse:

— Eu poderia beijá-la, Emma.

— Já tive minha cota de beijos por uma noite, Thatch — Emma sentou-se ao lado de Connor, e ficou aliviada ao sentir o calor de seu corpo, uma vez que estava surpreendentemente frio ali.

— De fato, seus lábios parecem um pouco vermelhos — James comentou, virando-se para observar Emma mais cuidadosamente. — Realmente estou curioso para saber o que exatamente seu plano envolvia. Promete me contar mais tarde?

Emma ia responde-lo, mas viu que os outros três piratas — ou, como James gostava de colocar, oportunistas — se aproximavam do píer. Gilbert ainda estava olhando as carruagens que estavam sendo esvaziadas por seus homens, como se quisesse se certificar de que não desapareceriam se ele olhasse para outro lado.

— Somos eternamente gratos — Travis murmurou, falando com Emma e Connor. Deram passagem quando seis homens passaram carregando o primeiro canhão. Emma teve certeza então que o processo de os devolver aos navios demoraria algum tempo. — Agora, mais do que nunca, eu os seguirei em batalha.

Emma sorriu discretamente por baixo do capuz, e Connor apenas assentiu em concordância. No entanto, ela engoliu em seco e seu sorriso desapareceu quando Maurice se aproximou e pegou sua mão na dele.

— Ah, ma chérie — disse num tom com seu meloso sotaque francês. — Quer as estrelas, todas as conchas do mar? Nomeie seu desejo, e eu farei tudo que puder para torna-lo realidade.

O rosto de Emma ardeu, mas ela simplesmente respondeu:

— Tudo que quero são seus canhões abrindo fogo e reduzindo um forte templário às cinzas — ela ergueu os olhos para Travis e Gilbert. — É tudo que pedirei de vocês.

— Será feito, srta. Pierce — Gilbert tirou seu chapéu e fez uma pequena reverência.

— Estou o mais distante possível de uma senhorita, Gilbert, Emma é mais que suficiente — ela se levantou, e estendeu a mão para o homem. — Dê-nos sua lealdade, e você terá a nossa.

Gilbert deu um sorriso torto e apertou a mão de Emma com força.

— Minha lealdade está com vocês, Emma.

— A minha também — murmurou Travis.

Laissez-nous naviguer ensemble! — Disse Maurice, e Emma não entendeu uma palavra do que ele disse.

— A nós — James se levantou dos degraus e ergueu sua garrafa de rum suja de areia em direção ao céu estrelado. — Que nossas pilhagens sejam eficazes, e que ventos favoráveis empurrem nossas velas!

Gilbert, Travis e Maurice ergueram as mãos em punho no ar e, junto com a tripulação que os cercava, gritaram “aye!”.

Emma sorriu e cruzou os braços, mas trincou os dentes em descrença enquanto seus olhos se arregalavam. James, que finalmente havia chegado ao seu limite no rum, deslizou suavemente a mão da base de suas costas para baixo, apalpando indecentemente um local que ela definitivamente não queria que ele tocasse.

Virou-se de uma vez e acertou-o com um soco em cheio no nariz. Travis e os outros dois explodiram em risadas quando o capitão, com a força do punho de Emma, era jogado para fora dos degraus, gemendo com a mão sobre o rosto. Quando se deitou na areia, estava sorrindo e gargalhando como nunca antes, mesmo com sangue escorrendo por seus lábios e queixo.

— Valeu... a pena — sussurrou antes de desmaiar.

***

Ao raiar do dia seguinte, já não havia rastros de que Emma, Connor ou qualquer um deles estivera em Nassau; os navios zarparam de velas cheias em meio a uma fina névoa matutina e já estavam a quilômetros de distância, deixando para trás apenas alegres cantorias afinadas e espumas na superfície azul e ondulante do oceano.

Emma fora avisada por Travis de que a viagem duraria alguns dias, e o local para onde iam não era mais chamado de armazém ou depósito ali; era uma ilha conhecida pelas tripulações como “Garganta de Calypso”, uma vez que os homens diziam que as tempestades que assolavam o lugar pareciam sobrenaturais, e as culpavam em uma antiga figura mitológica.

O resultado não fora diferente das previsões; após quarenta e oito horas de calmarias arrastadas sobre o mar claro do caribe, Emma agora estava em pé na balaustrada lateral do navio segurando-se aos cordames enquanto observava com uma expressão obscura a enorme nuvem de chuva que espiralava sobre o forte construído na encosta da Garganta de Calypso.

Apesar de estarem ancorados a uma distância grande e segura do alcance da tempestade, dali era possível ver os raios lampejando, e o vento forte os alcançava, fazendo os cabelos soltos de Emma dançarem em volta de seu rosto. Sob a camada leitosa de nuvens, uma luz enfraquecida e acinzentada do sol marcava o fim da tarde.

Emma virou o rosto para olhar o navio que flutuava ao lado do Aquila. James estava parado atrás do timão do Mockingjay e apesar de ainda estar com um olho roxo, ele observava ansioso o forte à distância através de uma luneta, seu sorriso bêbado desaparecido. Ela sabia que todos os presentes compartilhavam a mesma preocupação dele.

— Há apenas um Man O’ War defendendo o forte — anunciou para Connor, baixando sua luneta e atirando-a sobre as amuradas em direção a ele.

— Não precisam de mais que isso — O assassino pegou a luneta no ar e olhou por ela para fazer sua própria observação. — Eles têm uma forte artilharia, além da chuva que estará ao seu favor. Estarão seguros dentro das paredes de pedra enquanto recebemos toda a fúria da tempestade.

— Sem dúvidas precisamos de um plano — James murmurou de volta.

Connor baixou a luneta e Emma viu em seus olhos marrom-café o lampejar de algo que pareceu ansiedade, mas não num sentido de angústia. O assassino ansiava pela batalha, ele queria lutar. Emma sorriu.

— Junte os capitães em minha cabine — disse enquanto atirava a luneta de volta a James, e mais um trovão rugiu ao longe. — Iremos decidir isto esta noite.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, comentários são muito apreciados ♥