Entre tapas e beijos escrita por Consuelo Campideli


Capítulo 9
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas!
Cheguei, e não demorei muito. U.U
Obrigada a todos os reviews. Vocês são uns amores.



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Pelo menos me vejo mais feliz hoje. Apesar, que não tem nada de animador em estar em uma floresta, onde não tem nada. Eu sinto falta do meu celular, da televisão, da comida deliciosa que eu comprava, das festas. Isso aqui é um tédio! Contudo, a única coisa que me aflige é que ninguém venha nos resgatar. Eu não posso e nem quero ficar aqui para sempre.

A sobrevivência aqui é muito difícil. Se alguns de nós ficarmos gravemente ferido, estaremos completamente ferrados. Só tem um kit primeiro socorros, que não ajudaria em quase nada.

— O que está pensando, Stella? — Mac pergunta, e agora o seu tom é sério.

Não sei se devo dizer-lhe o que está me afligindo. Eu não quero ser desanimadora, ou deixar mais pessoas preocupadas, não mais do que já estão.

— Não é nada. Só bobagem minha. — Digo com um pequeno sorriso, e dou de ombros como se não me importasse.

Agora estou sentada por cima de um pano, na caverna. Mac vem de encontro e senta-se ao meu lado. Jessica e Don voltaram ótimos... Quer dizer, pelo menos a Jessica voltou ótima e com um sorriso no rosto. Don, no entanto, não parecia muito feliz, acho que Jessica acertou ele com o cipó algumas vezes. Ela está irradiando, conversando animadamente com Aiden que não para de rir. Don está num canto da caverna conversando com Danny e Sheldon. Lindsay está lendo um livro no outro canto, perto dos meninos. Eu estou olhando tudo, perplexa, mas noto quando Mac se senta ao meu lado.

— Eu te conheço Stella, me conta o que está te preocupando. — Ele diz e não há nenhum resíduo de que ele esteja sacaneando comigo. Eu suspiro, porque sei que se eu não contar, ele não vai sair do meu pé de qualquer forma. Ele é teimoso como eu.

— Eu estou preocupada. Eu sei que faz apenas dois dias que estamos aqui Mac, mas é sufocante. Não sabemos onde estamos, que risco estamos correndo. Trouxemos armas, mas mesmo assim não foram todos que trouxeram, e se algo acontecer? Não vamos ter munição infinita, Mac. Estamos expostos, se pegarmos alguma infecção? ou formos envenenados?. São tantas as possibilidades de algo ruim acontecer. E isso me deixa preocupada, eu não quero morrer aqui Mac. — Desabafo, ele suspira e envolve seu braço em minha cintura, me mantendo perto. Isso me deixa tão aflita... Eu fico confusa, é um mar de desespero.

— Eu sei Stella, e entendo sua preocupação, eu estou da mesma forma. Mas, pelo menos temos o lado bom, temos água, temos comida. E isso é o essencial para sobrevivermos, o resto improvisamos. Se você estiver com tédio eu trouxe alguns livros, até emprestei um para Lindsay. Não vamos morrer aqui, com certeza já estão fazendo uma busca por nós. Não chegamos ao local do caso, estamos sem celular, eles vão procurar por nós. — Ele diz tranquilizador, e por um breve momento eu acredito que nem tudo está perdido.

— Obrigada. — É a única coisa que posso dizer agora, estou cansada disso tudo. Ele assente, mas não me solta. Continuamos parados, olhando tudo ao nosso redor. Apenas trocando olhares. Eu estava me sentindo confortável ao lado dele.

— Stella, eu nunca que vou deixar algo acontecer a você. Eu preciso de você para dar emoção a minha vida, senão, com quem que eu irei brigar o tempo todo? — Ele diz com seu sorriso de canto, acabo por sorrir também. Ele estava saindo melhor que encomenda.

— Você tem sido muito emocional nas últimas horas, Mac. Vou acabar achando que você está apaixonado por mim. — Digo séria, escondendo um sorriso ao ver a reação dele.

Ele faz uma careta, mas sorrir. E parece pensar.

—Sabe Stella, digo o mesmo de você. Ontem mesmo, quando você estava deitada, você disse em alto e bom som. “Mac meu amor, eu te amo. Eu vou casar e ter filhos com você, meu príncipe lindo.” — Ele diz gargalhando, depois de tentar imitar minha voz.

Todas as atenções vão para nós.

— Eu não falo enquanto durmo, e isso seria torturante. Eu jamais ia querer tornar meu pesadelo realidade. — Faço uma cara de enojada.

— Magoou meus sentimentos. Destruidora de corações. — Ele continua a rir.

Argh! Ele é o meu carma.

Eu acabo por gargalhar. Ele é um peso, meu fardo. Suspiro revirando os olhos.

— E desde quando ogro tem sentimentos? — Pergunto arqueando a sobrancelha.

Ele fecha a cara. Hum... Ele está com raivinha.

— Desde que ele conheceu você, a ogra. — Ele gargalha da cara que faço, até no clima de briga ele é insuportável.

— Olha Mac, ogra ou não, você está me amando Juninho. E está muito evidente, se eu fosse você procurava um psiquiatra ou algo do tipo. — Digo fazendo cara de desgosto.

Ele fecha a cara. Até que ele fica bonitinho emburrado, parece uma criança que não ganhou doce. O pensamento me faz rir.

E ficamos um ao lado do outro, dessa vez sem falarmos nada. Eu pude perceber que Mac fica nervoso quando eu digo que ele me ama, já sei como perturbar ainda mais o juízo dele. Pode parecer estranho, mas eu gosto muito de deixá-lo irritado, é algo que me agrada. Até porque ele fica muito feliz quando consegue me tirar do sério. Acho que é uma coisa que temos em comum, um irritar o outro.

Fazendo a retrospectiva dessa conversa, foi o mais perto que chegamos de ser pacifico um com o outro. Isso nunca acontece, pelo contrário. O laboratório com nós dois, é terrível. Brigamos o tempo todo. Eu confesso, que antigamente eu tinha uma vontade imensa de enforcar ele. Mas ao contrário, ficamos acomodados em brigar, e quando não discutimos por um minuto por dia, o dia não vai ser emocionante. O que eu acho mais engraçado é lembrar-me daquele dia. Quando eu estou com dor de cabeça, e não tenho nenhuma paciência em brigar com ele, eu já passo direto para a minha sala, e fico lá até meu turno acabar. E acabo por lembrar-me daquela noite.

Flashback On

Estou na minha sala desde as setes da manhã. Pedi um almoço aqui mesmo, minha cabeça está latejando. Graças ao bom Deus, eu não vi Mac hoje e particularmente nem quero ver. Estou muito cansa para brigar com ele mais uma vez. Estou concentrada em fazer meus relatórios, eu trabalho nesse laboratório há quatro anos. Sim, quatros anos aguentando o perturbado do meu chefe, ou o mais conhecido Juninho capetinha. — Brincadeira —. Ele é só o Juninho mesmo, apelido esse que ele odeia mortalmente, mas como eu adoro o agradar, faço questão de chama-lo assim. E descobri isso tudo com a mãe dele. Eu e Millie nos amamos mesmo, ela é fantástica. Ela me trata como uma filha e sempre está ao meu lado, o que deixa Mac morrendo de ciúmes.

Rio com o pensamento.

Ouço um barulho, de porta se abrindo. Um sem educação. Olhando vejo Mac adentrando a minha sala. Ele senta a minha frente, eu franzo os lábios e arqueio a sobrancelha. O que diabos ele quer?!

— Como hoje não te vi, resolvi vir aqui. Você me deve uma discussão e não vou ficar feliz até que tenhamos brigado hoje também. Não podemos perder o costume. — O que diabos passa pela cabeça desse idiota? Ele adentra a minha sala para brigar, porque ainda não brigamos hoje. Ele ainda fala como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Olha Mac, não sei que merda você tem na cabeça, mas acho melhor resolver. — Digo exasperada, eu brigo com ele desde que cheguei aqui, e só era nós dois. Até Lindsay, Danny, Don, Jessica, Aiden e outros, chegaram depois. Brigamos quatro anos seguidos, todos os dias. Exceto, quando não nos víamos, nas férias, ou nas folgas. Agora se eu estiver aqui, ele me procura para discutir.

Ele dá um sorriso satisfeito. Eu me levanto da minha cadeira com raiva, e ali começamos mais uma briga.

OFF

Gargalho ao lembrar-me de cada coisa. Ele me olha interessado para saber do que estou rindo.

— Não me olhe assim, eu não vou contar Juninho. — Digo, mas sei que ele vai me perturbar até eu contar.


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