Edward

Eu sou um idiota sim ou claro? Por que só assim pra eu ter feito o que eu fiz. Assim, não que eu tenha me arrependido muito mas eu me arrependi. Não de ter afastado o panaca do Mike, isso não. Mas ter brigado com a Bella. Quer dizer, eu era o errado e estava plenamente ciente disso. Mas, como diz Harry Potter, tinha um monstro rugindo no meu peito, e diferente do Potter eu era um idiota… Cara, eu estou passando muito tempo com a Bella. Citando Harry Potter, hum? Admito que estou terminando de ler os livros por causa dela.

Eu sei que Bella não tinha nada mais com o Mike e ele tinha namorada, mas ela me disse que ele pedia para voltarem a namorar. E eu sei também que eu sou um amigo e… não tem explicação. Eu não gostei do Mike falando da Bella, não gostei que a Bella não odiasse o idiota do Mike como eu estou odiando nesse exato momento e fui um idiota com ela. Ponto. O problema é que agora eu estou arrependido como um cachorro com o rabo entre as pernas, e eu não tenho uma cara fofa como a do Sirius para que a Bella simplesmente fizesse “Own!” e apertasse minha bochecha. E eu tenho quase certeza de que Isabella Swan está muito zangada. Como é que eu vou ter coragem de chegar para ela e dizer: “Ei, eu estava com ciúmes, me desculpe.”. E também, eu não entendo o porquê de tanto ciúmes, ela é só minha amiga. Não é como se ela fosse minha namorada. Tá que ela é… gostosa. Muito. E eu não ficaria nem um pouco mal se ela, sei lá, me beijasse, mas ela nunca mostrou nem um interesse. E não é como se eu estivesse apaixonado por ela, certo?… Certo?

Hum…

– Edward, cara! – Emmett gritou na minha frente. Olhei para ele e pisquei tentando focalizar minha visão. Estávamos no estacionamento esperando as garotas para irmos até a loja que minha mãe escolheu para comprar os vestidos. Sinceramente eu queria ir para casa e fugir de Bella, me preparar para o pedido de desculpas. Mas eu não faria aquilo com a minha mãe. Ela tem sonhado com esse mês de preparação para o grande dia desde sempre e não seria eu, com minhas atitudes infantis, que iria estragá-lo.

– Hum? – respondi. Jasper estava do lado de Emmett me olhando com curiosidade.

– No que estava pensando pra ficar com essa cara de mosca? – meu irmão mais velho perguntou.

– Em algumas coisas que nãot. – respondi dando de ombros.

– Nãot o quê? – insistiu ele.

– Nãotinteressa. – falei e Jasper começou a rir. Emmett me olhou de cara feia. – A culpa não é minha se você ainda cai. Mas falando sério, isso é algo meu.

– Caramba, você está com a pá virada hoje, hein? Que foi que aconteceu? De manhã sua vida parecia um mar de rosas. – Jasper perguntou.

– Não é algo a se discutir agora. – eu respondi. Ele ia falar algo mais, porém as meninas chegaram nessa hora.

– Oi meninos! – disse Alice indo em direção a Jasper. Ele a abraçou pela cintura, e deu um selinho nela e eles começaram a falar baixinho um com o outro. É sério, eles se gostavam tanto que um momento daqueles era mais íntimo do que qualquer agarramento, e você era, meio que, obrigado a olhar pro lado por que sabia que era um momento deles.

– Oi gente. – disse Rosalie se encostando no carro de Bella. E por falar nela todos a olharam questionadores. Quando Bella chegava no estacionamento ou ela ia para trás de Emmett ou ia para o meu lado, e Emmett estava encostado no meu carro. Ela simplesmente fingiu que não viu os olharas que eles lançavam de mim para ela. Já eu a encarava esperando ela olhar para mim, coisa que não foi feita.

– Antes que eu esqueça. Amanhã tem festa na casa do Mike. – ela disse e eu bufei, e ela bufou. Bella foi para o lado do motorista do seu carro. – Vamos ou não? – ela perguntou impaciente.

– Vai no carro da Bella, Edward? – perguntou Emmett, que tinha me feito prometer na noite passada que eu deixaria ele ir dirigindo já que o Jipe tinha ido para a revisão. Eu ia responder quando Bella tomou a frente.

– Não, ele não vai. – disse ela entrando no carro e batendo a porta. Ficamos em silêncio, e então, como se fosse ensaiado, todos olharam para mim ao mesmo tempo.

– O que foi que aconteceu? – perguntou Rosalie.

– Vamos logo. – eu disse indo, a contragosto, para o lado do carona. Antes de eu entra no carro pude ouvir Alice perguntando se Jasper se importaria que ela fosse com as irmãs.

Não demorou muito e estávamos dirigindo para a loja, nós três em silêncio.

– Tá, agora fala. – disse Emmett. – O que aconteceu entre você e a Bella?

– Pft! O quêêê? – tentei me fazer de desentendido. Jasper, que estava com a cabeça entre o vão dos bancos, revirou os olhos. Ele está andando muito com Alice.

– Vocês brigaram? – ele foi direto. Emmett me deu um rápido olhar para dizer que também estava escutando. Suspirei antes de responder.

– Sim. E põe o cinto. – mandei. Jasper revirou os olhos novamente mas pôs o cinto.

– Eee…? – Emmett perguntou e eu bufei, mas contei a eles o que aconteceu. Desde a sala de aula até eu dizer que iria para longe dela. O carro ficou em silêncio.

– Você é um idiota. – Emmett disse.

– Diz o cara que não consegue chegar junto na garota que gosta sem a ajuda da irmã dela. – retruquei e ele bufou.

– Pelo menos eu não briguei com a minha. – ele rebateu.

– Eu sei que pisei na bola, mas na hora eu…

– Ficou com ciúmes do Mike. – Jasper me interrompeu. E eu não mentiria para os meus irmãos.

– Fiquei. Quer dizer, eu já estava. A turma dele é a mesma que a minha agora, e ele me disse coisas de quando a Bella e ele namoravam e coisas de quando eles eram crianças.

– Espera que eu me perdi – disse Emmett – Mike e Bella eram namorados? E como ninguém ficou sabendo disso?

– Ninguém daquela escola presta a atenção em Bella e, convenhamos, ninguém se interessa pela vida do Mike a não ser Jéssica. – eu disse. – O ponto é que eu não gostei de saber que ele conhece Bella melhor do que eu.

– Conhecer o perfil de uma pessoa é diferente de conhecer a pessoa em si. – Jasper contrapôs.

– Mas então, quando você vai pedir desculpas?

– Quando eu puder, por que agora eu tenho que dar a atenção para a mamãe e depois disso eu sei que Bella vai embora logo, por que ela não quer me ver nem de Cosplay de Darth Vader e eu não vou forçá-la a falar comigo.

– Então depois da festa do Mike, nós vamos embora juntos e você vai ter um motivo para ficar perto dela. – sugeriu Jasper.

– Pode ser. – eu disse contrariado. Não queria ter que ir nessa festa. Eu não gostava do cara, por que eu iria?

Não demoramos a chegar na loja, em Port Angeles. Involuntariamente sorri lembrando das confusões que passamos aqui desde que conhecemos as Swans, principalmente a Bella.

Ela estacionou o carro a frente do meu e foi em direção a loja. As irmãs dela pararam para nos esperar. Cheguei perto das duas e elas me olharam como se soubessem de algo que eu não sabia, e era bem provável. Só Deus sabe sobre o que elas falaram dentro daquele carro nessa pequena viagem.

– Você é um idiota. – disse Rosalie e Alice balançou a cabeça concordando.

– Com certeza, Bella foi a primeira a entrar em uma loja. A coisa tá feia. – a baixinha disse.

– Não me digam o que eu já sei. – eu resmunguei.

– Sabe mesmo? – perguntou Rosalie. – Eu falo coisas idiotas para Bella todos os dias e eu nunca a vi ficar tão chateada quanto ela ficou com você. Por que será? – ela disse sugestivamente. Cerrei os olhos em sua direção.

– O que você quer dizer com isso? – perguntei.

– Esquece. – disse Rosalie indo em direção a loja e nós a seguimos.

Assim que entramos minha mãe veio nos cumprimentar. Claro que as garotas primeiro em vez de os filhos dela. Olhei em volta e vi que tia Carmem estava lá com as minhas primas. Elas seriam as damas de honra.

– Querido, como foi na escola? – minha mãe perguntou me abraçando.

– Foi bem. - respondi dando de ombros.

– Certo. Então vamos começar, meninas? – minha mãe perguntou animada. Isso era muito parecido com um dia de garotas.

– Porque nós temos que ficar aqui? vocês só vão experimentar vestido. – reclamou Emmett.

– Porque nós mulheres precisamos de uma opinião masculina e eu não quero que o seu pai veja o meu vestido antes do dia. – ela explicou. Minha mãe parecia ter voltado aos seus vinte anos e eu nunca tinha a visto tão deslumbrante. Se ficar sentado enquanto as mulheres decidem qual cor cai bem na pele de cada uma vai fazê-la feliz então eu fico.

– Mas você já é casada, pra quê tudo isso?! – e o jumento do meu irmão ataca novamente. No momento em que as palavras saíram ele olhou arrependido para mamãe, ela ficou um pouquinho magoada mas fingiu que não escutou e chamou as meninas para verem os vestidos. Me sentei no sofá e Emmett se sentou ao meu lado, Jasper se sentou do outro lado dele. Nos olhamos por trás de Emmett e ao mesmo tempo demos um tapa na cabeça do cara que tem bomba no cérebro.

– Depois eu sou o idiota! – falei chateado. Emmett não falou nada, só concordou com a cabeça. Suspirei e olhei para minha mãe lá com as garotas. Ela merecia esse dia.

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Bella

Era engraçado ver a reação de Esme cada vez que ela achava um vestido bonito. Ela ficava perguntando “E esse aqui?” mas nunca era aquele, ela disse que tinha que ser o vestido perfeito. Era como se ela fosse se casar pela primeira vez e não somente renovar os votos. Não que isso também não seja importante. Me perguntei se eu também ficaria assim quando eu casasse. E a resposta era não. Eu poderia me casar em Las Vegas completamente bêbada se fosse o cara certo.

Esse assunto de cara certo e casamento me deixou de mal humor, por que tudo isso me lembrava da conversa que eu tive com as minhas irmãs dentro do carro, e isso me lembrava de Edward, e Edward é um idiota.

Eu estava dirigindo em silencio, completamente ciente dos olhares de duas pessoas em mim, mas fingia não perceber.

Antes do fim das aulas eu resolvi não conversar com Edward hoje por que eu estava com raiva dele e as coisas só iam piorar. Então eu o ignorei no estacionamento e percebi que ele estava me olhando. Eu tinha uma teoria para o motivo dele ficar tão chateado quando eu falo de Mike, mas só de pensar me parece um pouco absurda.

– Quando vai parar de fingir que não percebe que nós estamos te olhando e nos dar algumas respostas? – Alice perguntou. – Por que, seja lá o que aconteceu, eu poderia estar agora sentada do lado do meu namorado. Mas como eu sou uma irmã boa decidi vir com você, então você me deve.

– Não pedi pra você vir. – soltei. Alice me olhou indignada pelo retrovisor e virou a cara. Merda! – Desculpa, Alie. Ma é que eu… sei lá.

– O que é que está acontecendo hoje em? – Rosalie perguntou. – É o dia oficial dos bolados e eu não fiquei sabendo. Porque, por incrível que pareça, eu estou super tranquilha. Mas essa tranquilidade vai acabar rapidinho se você não me dizer a merda do seu problema e em quem eu tenho que bater. – quando terminou a frase ela já estava com a voz alterada. Ficamos encarando uma a outra. Eu voltei meu olhar para a rua.

– Você não vai bater no Edward. – eu disse.

– Não vou se você me explicar o que aconteceu. – ela disse e Alice concordou. Me preparando para o que viria contei a elas o acontecido do século.

– Ciúmes. – Alice decretou.

– Com certeza é ciúmes. – Rosalie disse.

– Será? Eu já pensei nisso, mas só a ideia de ter Edward Cullen tendo ciúmes de mim me parece impossível. Nós nem se quer temos algo.

– E precisa? – Alice perguntou. – Eu tinha ciúmes até do fio de cabelo de Jasper justamente quando ele não estava comigo, que era quando ele podia estar com qualquer uma.

– Alice tem razão, Bella. E convenhamos, a última namorada dele foi Victória e não acabou muito bem. E eu estava conversando com Emmett uma vez e ele me disse que o pai deles é completamente protetor em relação a Esme e que eles puxaram esse lado do pai.

– Tá, pode ser – disse a contragosto – mas isso não explica o que ele disse ao professor.

– Hipócrita! – Alice gritou rindo. – Você é a pessoa que mais fala merda quando está nervosa. Se lembra quando Rosalie tinha quinze anos e foi para a festa do Drew, aquele garoto mais velho que estava indo para a faculdade e estava a fim dela? Ela pediu para nós a encobrirmos. Quando mamãe descobriu que Rosalie não estava em casa ela nos olhou e disse “Onde está a irmã de vocês?” e mandou aquele olhar. O que foi que você fez? “TánoDrew.”. E não vem me dizer que era por causa daquele olhar porque eu somente a olhei e disse “Eu não sei mamãe, eu estava dormindo.”. Não foi muito diferente da atitude de Edward, só que em vez dele contar a verdade ele mentiu. – disse Alice. Rosalie concordou rindo. Não queria admitir mas era a mais pura verdade.

– Todos nós fazemos coisas idiotas na vida. – Rosalie disse. – Ele provavelmente vai te pedir desculpas por ser um idiota. E você vai desculpá-lo por que está apaixonada por ele. – ela tentou amenizar o clima, mas só me deixou mais nervosa.

– Eu não estou apaixonada por ele. – discordei.

– Não vem com essa! – Alice disse.

– Não faz nem duas semanas que passamos a ser amigos e eu já estou apaixonada? Depois do Mike eu decidi dar um tempo de relacionamentos. – o amor é bonito e tal mas as vezes ele machuca.

– Ninguém manda no coração. – Rosalie sentenciou.

Fui tirada de meus devaneios por Alice.

– Esme, você tem alguma cor certa para os vestidos das madrinhas? – ela perguntou realmente interessada. Não que eu não estivesse, mas meu senso de moda era meio… falho para certas ocasiões.

– Realmente não tem, eu não quero que uma de vocês ponha uma cor que não combina com o tom de pele. – ela explicou. – Mas como a cerimônia vai ser a tarde e a festa a noite acho que já dá para ter uma noção. Vocês vão trocar o vestido após a cerimônia.

– Podemos? – Rosalie perguntou.

– Claro! Vocês são jovens, e na hora da festa vão querer aproveitar. Não quero que um vestido todo enfeitado atrapalhem vocês.

– Você é um amor, Esme. – eu disse.

– Oh, para! – ela disse e se virou para Alice. – Alguma dica para o vestido?

– Você vai usar vestido de noiva? – minha irmã perguntou e Esme concordou. – Se me permite perguntar, quantos anos você tem.

– Trinta e seis. – ela respondeu e nós a olhamos impressionada. Não que ela não fosse bonita, muito pelo contrário, mas nós pensávamos que ela só era bem conservada e não que ela ainda era “jovem” por assim dizer. Ela riu das nossas reações. – Tive Emmett com dezoito. Carl é só um ano mais velho do que eu.

– Bom – Alice disse. – existem muitas mulheres que se casam com essa idade. E você é muito linda, Esme. Acho que um vestido que destaque o seu colo vai lhe cair bem, ponha um colar delicado. Não use um vestido muito armado, estava vendo as fotos de decoração que a mamãe está preparando para o local e acho que um vestido simples mas sofisticado vai combinar mais. Além de te deixar linda. E o cabelo…

– Alice, ela pediu sua opinião sobre o vestido. – eu disse rindo e Alice corou.

– Não tem problema. Qualquer ajuda é bem vinda. Eu tenho uma nora que é um amor e ainda entende de moda, quer coisa melhor que isso?! – ela disse piscando para Alice, que ficou surpresa. Todos sabiam que tinha algo acontecendo entre ela e Jasper só não sabiam que era sério. Mas Esme pescou. Só que Alice é Alice em qualquer lugar, e foi só Esme dar o veredito que ela rapidamente disse que ia andar pela loja e procurar alguns que ela achasse que cairia bem em Esme.

Rosalie foi andar para procurar seu vestido. E eu fiquei ali, parada. É o que sempre acontece, eu fico ali e Alice compra o vestido ideal para mim, e quando chegar a hora de me arrumar ela me faz de boneca. E eu não me importo nem um pouco com isso, eu acho bom me sentir bonita e bem comigo mesma, e se minha irmã gosta que eu deixe todo o trabalho para ela, quem sou eu pra reclamar?

– Vocês são uns amores. – Esme disse sorrindo, vendo Alice passar por Jasper apenas para dar um tchauzinho.

– Eu posso até ser, mas as duas eu duvido. – brinquei e Esme sorriu pra mim, ela olhou para os meninos e depois para mim de novo.

– Você sabe que depois que vocês três passaram a fazer parte da vida dos meninos eles estão mais felizes? Não que eles não fossem antes, mas agora; eu tenho que agradecer vocês. Sendo sincera, meus filhos sempre foram uns amores, mas as amizades que eles cultivavam não eram adequadas. Os “amigos” estavam mais interessados no que eles podiam ganhar do que na amizade em si. Nunca se deixaram levar, graças a Deus, mas mãe que é mãe fica preocupada. E eu conheço Charlie e Renee o suficiente para saber que eles tem os mesmos princípios que eu Carlisle.

– Apesar da minha ser um pouco louca. – eu disse amenizando o clima. Eu não sou muito boa com essa coisa de agradecimentos.

– Ela não é louca, só manteve a juventude dela.

– Porque ela engravidou de Rosalie com dezesseis. – eu disse rindo e Esme me acompanhou.

– Mais uma coisa que temos em comum além de filhos maravilhosos.

– Mas você já estava casada? – perguntei.

– Não. – Esme deu um sorriso saudoso. – Nossa história não começou como num conto de fadas. – ela disse. E eu fiquei curiosa, e ela percebeu por que soltou uma risada, e até a risada dela era graciosa. – Quer ouvir?

– Se não for um incomodo. – eu disse sentindo meu rosto esquenta. Só agora percebendo que estava sendo um pouco invasiva.

– Incomodo nenhum. – ela disse e foi em direção a um sofá de dois lugares perto dos provadores e me chamou para sentar ao lado dela. – Os Denali sempre foram uma família bem rica, trabalhando no ramo de hotelaria. Sempre foi desejo de papai que Eleazar e eu assumíssemos os negócios da família, então nós sempre estudávamos nos melhores colégios, tínhamos também aulas em casa, de instrumentos e outros idiomas. Não que eu não gostasse de aprender; pelo contrário, amava ter conhecimento. Só que eu passava tanto tempo me preparando para a vida adulta que eu esqueci de ser jovem. Com dezesseis anos eu me perguntava se realmente valia a pena tudo aquilo, quando eu via minhas colegas de classe marcando para ir ao cinema, ou aquela festa de pijama, falavam dos namorados. E eu percebi que não tinha nada daquilo, mas não queria decepcionar meu pai, então continuei na mesma. Foi quando eu fiz dezessete que o filho do motorista e da cozinheira ia morar com os pais numa casinha que tinha no fundo da mansão Denali.

“Anthony e Elizabeth eram uns amores. Quando meus pais saiam sem Anthony, nós três ficávamos na cozinha e eu ouvia as histórias de quando eles moravam na fazenda dos pais dele. Era lá que o filho deles morava por que eles não tinham condições de pagar os estudos na cidade que eu morava. O filho deles tinha terminado a escola e ia tentar se manter por lá para ficar perto dos pais.”

“Quando eu vi Carlisle não pude deixar de perceber o quanto ele era bonito. E o que eu senti por ele não tinha sentido por nenhum outro rapaz em toda a minha vida. Eu sempre tentava iniciar uma conversa com ele, mas o mesmo respondia com frases curtas, e aquilo me machucava. Até que teve um dia que eu percebi que estava apaixonada por ele, e eu disse pra ele. Ele me disse que não estava a fim de ser mais um nas mãos de uma garota mimada. Talvez ele tenha chegado a essa conclusão pelo fato de eu nunca levar amigos para casa, deve ter pensado que eu me achava superior, mas, mesmo assim, o que ele disse me machucou. Não tornei a falar com ele novamente, mas sempre o observava quando ele resolvia ajudar o jardineiro ou outro empregado.”

“Teve um dia que meu pai deu um jantar em casa. O outro casal tinha um filho pouco mais velho do que eu. Claramente eles estavam tentando nos juntar. Foi quando minha mãe nos mandou passear pelo jardim. Ele era bem galanteador, jogava cantadas, mas eu fingia não perceber. Até que ele tentou me beijar, e eu educadamente recusei alegando que estava apaixonada por outro. O que eu não sabia era que Carlisle estava escutando. Esse cara tentou me beijar novamente, eu tentei fugir mais ele me segurou e me beijou. Carlisle vendo que eu tentava me soltar se intrometeu. Quase que os dois brigaram, mas, graças a Deus, Carlisle fez com que ele fosse embora sem se despedir dos meus pais. Lembro que eu comecei a chorar e Carlisle perguntou o porque se ele já tinha ido embora, e eu disse que era porque eu não tinha gostado do beijo, então Carl disse: “Depois você esquece.” e eu disse: “Não tem como esquecer o primeiro beijo. Eu não queria que fosse assim, nem com ele.” e ele: “E com quem você queria que fosse?” “Com você.” eu respondi. Ele se aproximou e disse: “Então se lembre do meu e se esqueça daquele.” e me beijou. Foi maravilhoso. Mas não durou, pois eu escutei meu pai me chamando. Antes de eu ir, Carlisle arrancou uma rosa da roseira ao lado dele e me deu. Guardo ela até hoje dentro de um caderno.”

“Depois que eu entrei a única coisa que eu conseguia me lembrar era de Carlisle. Nem consegui dormir. E foi quando eu escutei pedrinhas na minha janela. Quando Carlisle entrou, ficamos conversando sobre tudo e sobre nada, as vezes nos beijávamos. Ele só foi embora quando já estava amanhecendo. Os dias que se seguiram foram os mais felizes da minha vida naquela casa, sempre com Carlisle ao meu lado. Ele me dizia que quando ele arranjasse um emprego ele conversaria com meu pai, para ter a permissão para me namorar. Ele fazia planos para o futuro; para o nosso futuro. Juntos.”

“Só que os planos foram interrompidos quando, depois de um tempo, eu me descobri grávida de Emmett. Fiquei apavorada, mas Carlisle me acalmou e disse que pediria minha mão em casamento ao meu pai. Eramos jovens, em nenhum momento nos ocorreu que nem todos pensariam como nós dois, que dinheiro não importava. Meu pai ficou furioso, despediu os Cullens e os mandaram embora no mesmo dia, falou para Carlisle nunca aparecer na frente dele novamente. Mamãe não fez nada, estava decepcionada comigo. Papai queria que eu abortasse e como eu me recusei ele disse que daria o bebê para a adoção. Cada dia que se passava eu ficava desesperada, pois Carlisle não aparecia.”

“Quando eu estava com seis meses de gestação escutei pedrinhas na janela do meu quarto. Com o coração na mão, com medo de que não fosse ele, eu abri a janela. Ele me disse que tinha arranjado um emprego e tinha passado na faculdade de medicina e pediu para fugir com ele. Eu sabia que se eu botasse o pé pra fora daquela mansão as coisas seriam completamente diferentes. Eu não teria a comodidade que eu tinha, o luxo, as coisas na hora que eu quisesse. Mas eu tinha o homem que eu amava e isso me bastou. Saí sem nada, só com a roupa do corpo e o caderno com a flor.”

“O Senhor e a Senhora Cullen, que tinham arrumado uma casinha simples e pequena, me receberam de braços abertos. Nos casamos em uma pequena Igreja com os pais dele como testemunha. Admito que fizemos algumas coisas para que eu conseguisse me casar sem problemas por ser de menor. Enquanto Carlisle trabalhava e estudava eu aprendia a ser dona de casa. Aprendi a cozinhar, lavar e passar. E quando Emmett nasceu tive que aprender a cuidar de um bebê. Foi quando o pai de Anthony morreu. Alguém teria que tomar conta de pequena fazenda. E ficamos só eu Carlisle e Emmett. E depois veio Edward, e Jasper. Tinha vezes em que estávamos tão esgotados de tudo, e eu tentava chorar escondido. Mas Carlisle sempre sabia. Ele dizia que quando ele tivesse bastante dinheiro, ele me compraria tudo, e para os nossos filhos também, e então ele me pediria em casamento novamente e poderíamos nos casar na Lua se eu quisesse. Ele nunca desistiu, e nós chegamos aonde estamos. Carlisle é diretor do hospital de Forks e é dono de um em Nova York, com filiais na Califórnia, Port Angeles e o de Forks, que mudou de mãos. Com isso ele conseguiu pagar minha faculdade de arquitetura. Tudo isso por causa dele, que sempre levantava a cabeça e tentava de novo. Ele sempre foi a minha força.”

“Os meninos não se lembram muito das dificuldades que passamos, mas lembram o suficiente para serem humildes e nobres, como o pai deles.”

Quando Esme terminou de contar a história ela tinha um sorriso lindo nos lábios. E eu tinha lágrimas nos olhos. Tentei limpar disfarçadamente mas ela percebeu.

– Eu sou tão má contadora de histórias assim?! – ela perguntou para mim e eu discordei rapidamente.

– Esse foi o melhor conto de fadas que eu já ouvi. – eu disse sorrindo.

– Com certeza. – disse uma voz e olhamos pra trás encontrando Alice e Rosalie também com lágrimas nos olhos. Fiquei tão focada na história que não percebi que ela também passaram a escutar.

– Sabe, sua história me lembra de uma música. – eu disse me lembrando que eu tinha essa música no meu computador.

– É mesmo? Qual? – ela perguntou.

– Esme? – chamou Carmem. Olhamos para trás e ela segurava um vestido salmão. – Que tal esse?

– É lindo, experimenta! – ela disse.

Passamos o resto da tarde assim, experimentando vestidos e indo até os garotos pedindo opinião. Não que contasse muito. Jasper amava tudo que Alice usasse, Emmett gostava de tudo que fosse curto, e Edward, mesmo sem falar comigo, disse para Alice que ele me achava bonita de azul. E então Alice escolheu para mim um vestido azul para depois da cerimônia, mas não deixou ninguém ver, só disse que era azul e também: “Eu sei que essa coisa de azar e vestido é para a noiva, mas bem que a Bella e o Edward precisam para se acertaram logo. Vocês e briga não combinam.”. E ela também escolheu o de Rosalie, mas também não deixou ninguém ver por que ela não queria que alguém visse. O dela ela disse que já estava tudo preparado para começar a ser feito, só faltava o tecido certo, e um pouco de coragem para parar de comer besteiras, pois ela não queria reajustá-lo depois de pronto. E então Carlisle apareceu depois de um tempo. E então minha mãe apareceu. E então meu pai apareceu. E todos decidiram comer o hambúrguer do Juca, enquanto Alice ia contando para os pais de Edward sobre o episódio com o Porco de Peruca, que eles só sabiam por alto, e meu pai que não queria saber.

– Meu Deus, eu preciso de ar! – Esme disse pegando um copo de aguá depois de rir. Juca também estava rindo já que ele não sabia o resto da história.

– Isso é água, mãe. – Emmett disse apontando para o copo. A mãe dele o olhou confusa.

– Como assim, querido? – ela perguntou.

– Você disse precisa de ar, mas isso é um copo d’água. – ele explicou e todos olharam para ele. Ele estava realmente falando sério. Esme suspirou.

– Carl, se eu não mandasse os professores ficarem de olho nele, eu poderia jurar que as notas boas dele são derivada de cola. – Esme disse. Nós rimos.

– Conheço alguém exatamente assim. – disse minha mãe olhando para mim.

– É o que o Juca aqui disse – falou Emmett – eu e Bella somos gêmeos de outras mães, e outros pais, e outros anos. – ele disse e eu ri.

– É isso aí, eu o deixei nascer primeiro para ele ficar com a maior parte da idiotice. – eu disse.

– Acho que essa tática não deu muito certo, Bella. – disse Juca do outro lado do balcão. Mandei língua pra ele. Tática me lembrou de jogo e jogo me lembrou de Mike.

– Mãe, eu tenho uma festa pra ir amanhã. – eu falei.

– E eu e Alice queremos ir. – Rosalie disse.

– Mas amanhã ainda é quinta-feira. – minha mãe observou.

– Ah, mãe! Vai ser coisa boba. Na casa de um garoto e é só gente da escola. – Alice disse.

– É na casa de quem? – meu pai perguntou. Minhas irmãs ficaram em silêncio e olharam pra mim. O problema era, meu pai não suportava meus namorados e nem os da Rosalie. E ele não poderia dizer que está bolado com o Jasper agora que ele praticamente faz parte da nossa família estranha e na frente dos pais dele. Com a cara e a coragem eu disse.

– Na casa do Mike.

– Não. – ele decretou de cara fechada.

– Quem é Mike? – minha mãe perguntou.

– Meu ex-namorado. – respondi.

– Ah sim, aquele bonitinho com cara de bebê, que teve aquele problema com a…

– Ele mesmo, mãe. – a interrompi. – O bonitinho. – disse e Edward bufou. Todos olharam para ele.

– Quê foi? – perguntou emburrado. Minha mãe bateu palmas como se tivesse descoberto a América.

– Vocês poderão ir, se Carlisle e Esme liberarem os filhos deles para ir com vocês. – Renee disse olhando sugestivamente para Esme, que sorriu.

– Vocês podem ir meninos. – disse Esme e Emmett comemorou.

– Mas onde fica a minha opinião? – reclamou meu pai. Minha mãe falou algo no ouvido dele e sorriu de lado. Meu pai a olhou por um momento e depois sorriu. Que nojo! – Sendo assim. Mas vocês tem até uma hora da manhã para voltar. Não vão se acostumando, isso porque os garotos vão junto e eles podem vigiar vocês. E vocês tem que ir pra escola na sexta, não importa como. Pode até ser de pijama com o travesseiro em baixo do braço mas vão.

– Obrigada, papai. – eu disse sorrindo.

Não demorou muito e logo estávamos no caminho de casa. Deixei Rosalie dirigir pois eu estava cansada. Só queria dormir, por mais que ainda fosse cedo.

Fui direto para o banho e quando sai pus apenas uma calcinha e uma camiseta enorme que eu roubei do Jake. Era da época em que a gente nem namorava ainda. Não me alegrava saber que eu não cresci muito, já que a camiseta pegava na minha coxa.

Me joguei na cama e fechei os olhos. Escutei um barulhinho contra o piso e olhei na direção. Sirius veio correndo até a beirada da cama e tentou pular. Ele era tão filhotinho que nem pular conseguia direito, era engraçado. O cara da loja disse que ele tinha parado de mamar na semana passada.

– Ei, TJ! – eu disse pegando ele. – Que Emmett não fique sabendo que eu acabei de inventar um apelido para o nome tosco que Jasper criou antes de saber que você existia. – enquanto eu falava ele ficava apenas me olhando, como se entendesse tudo o que eu dizia. – Mas e então? Como foi seu dia? Dormiu muito? Comeu bastante? Espero que sim. Água também; tem que beber bastante água pra ficar hidratado. – ele latiu. O latido dele parecia mais com um chorinho. – Não, é “Au”, é isso que você tem que falar, ou melhor, latir. Mas você é muito novinho ainda. E eu tenho a impressão de que seu latido será igual ao de um Chihuahua, não pesquisei sobre sua raça pra saber. – falei e fiquei observando ele brincando com o pano da minha blusa. Ele era tããão fofinho! Se ele não fosse de verdade eu faria que nem a Agnes de Meu Malvado Favorito. Falar do filme me lembrou dos Minions, e os Minions me fazem lembrar de bonecos Pop e bonecos Pop ultimamente me lembram de…

– Sabe o que o idiota do seu pai fez? É, idiota. Acontece que eu tinha um namorado antes, mas ele não é seu pai, e eu falo com ele sem problemas. O seu pai não gostou e disse uma mentira bem feia pra ele. E depois ficou nervoso e mentiu mais ainda, só que para o professor. Imagine só?! E eu e o Edward nem estamos juntos. Acontece que a gente adotou você. É porque eu não sou cachorra então pra eu ter você eu tive que te adotar, tudo bem? – perguntei pra ele, que continuava brincando. – Não quer falar comigo? Tudo bem então. Boa noite.

Deixei ele na cama e me virei pra dormir. Se ele quisesse descer ele simplesmente latiria e eu o colocaria no chão. Só que eu mal fechei os olhos e meu celular tocou. Atendi sem ver quem era.

– Boa noite, garota mais sortuda do mundo por ser madrinha do bebê mais lindo do mundo. – disse Selena.

– Ele nem nasceu ainda. É apenas um feijãozinho. – brinquei.

– Está sabendo demais sobre bebês.

– Eu tenho aula de Biologia, você sabe? E eu leio o livro quando o professor manda.

– Ah tá explicado. Então o boato não é verdadeiro. – disse e eu pude perceber o riso em sua voz. É claro que ela sabia que não era verdadeiro, por que se fosse ela seria a primeira a saber, mas ela não deixaria de tirar uma com a minha cara.

– Você também não. – eu adverti.

– Tudo bem. – ela disse rindo.

– Por que você me ligou? – perguntei.

– Não pode mais?!

– É que eu ia dormir.

– Tá explicado esse mal humor. Mas enfim, o diretor passou a tarde ligando para a casa de todos os alunos e vocês e os Cullens foram os únicos a não atender. Eu falei para ele que eu tinha o seu número e você poderia avisar aos meninos. Reunião em família, é? Fiquei sabendo que Alice e Jasper estão juntos.

– Mas ou menos isso. – respondi sua pergunta. – Mas o que o diretor queria?

– Avisar que as aulas de amanhã foram canceladas.

– O quê? Por quê? – perguntei animada. Eu dormiria até a cama me chutar para fora dela.

– A tubulação do esgoto entupiu. Ele vão passar o dia consertando. Se vocês fossem amanhã, iriam usar o banheiro e seria merda para tudo que é lado.

– Sua nojenta! – eu disse rindo. – Valeu por me avisar.

– Faça bom proveito da sua noite, já que eu vou aproveitar demais. Meu noivo está de folga amanhã. – ela disse maliciosamente. Eu ri.

– Eu tenho pena dessa criança! Não vai ter ninguém normal pra cuidar dela.

– Bem, aí depende de você. – ela disse como quem não quer nada.

– Como assim?

– Depende se você vai conseguir fazer o Edward aceitar a ser o padrinho. – pulei da cama como se tivesse levado choque.

– Você está maluca, Selena? Você nem conhece ele direito. Não que ele não seja legal, por que ele é ótimo. Mas assim, você ter me escolhida meio que faz sentido já que eu estava lá no dia em que vocês se conheceram e se eu não for madrinha de casamento que eu seja do bebê. Tá que você simplesmente me mandou uma mensagem decretando que eu seria a madrinha, mas eu sou sua amiga. Você não pode fazer a mesmo com o Edward. – ouvi Selena suspirar do outro lado.

– Bella, raciocina. Quando um bebê tem uma madrinha ele tem um padrinho também, esse padrinho, geralmente, é o boymagia da madrinha. Porque se algum dia, Deus que me livre, acontecer algo comigo e com o Henrique, o bebê precisará de um lar estável.

– Você só esqueceu de que Edward e eu NÃO somos um casal!

– Ainda! Vocês não são um par ainda. Eu quero que você seja madrinha do meu bebê, então Edward será o padrinho, por que eu tenho certeza que vocês ficarão juntos. Ainda tem tempo de o bebê nascer, e até lá você já vai ter abusado muito daquele corpinho que ele tem e vão estar fazendo planos para o futuro de vocês.

– Tudo bem, Selena. Agora eu vou avisar para as minhas irmãs e aos meninos que não terá aula amanhã. – falei.

– Isso! Foge mesmo, sua medrosa! Quando eu vir vocês dois se engolindo pelos cantos do colégio eu vou te dizer “Eu te disse!”. – e desligou. Suspirei antes de ir ao quarto de Alice avisá-la sobre amanhã e pedi para ela ligar para Jasper. Depois falei com Rosalie, que conversava com Emmett pelo telefone. Tinha até me esquecido que ainda tinha que juntar esses dois. Outro plano fodidamente demais, que beleza!

Eu só sei que a única coisa que eu fiz quando voltei pro quarto foi me cobrir antes de me entregar ao mundo de Hipnos.