Brincando com Fogo escrita por Dreamy Girl


Capítulo 3
Capitulo 3




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Vestindo jeans e usando as botas de couro que Naruto levara, Hinata montava uma Caçadora de Sonhos, a égua de 5 anos de idade que nascera nos estábulos do clube quando Hinata ainda estava ca­sada com Naruto. Embora tivesse crescido em meio a cavalos, no rancho de seus pais, ela se esquecera do quanto gostava de montar. Ela e Naruto haviam montado ocasionalmente nos primeiros anos do casamento, antes de ele se tornar obcecado pelo trabalho para arranjar algum tempo.

No dia em que Caçadora de Sonhos nascera, Hinata havia cor­rido para os estábulos, e no momento em que vira a teimosa potrinha, apaixonara-se imediatamente. Montar de novo sua égua favorita e cavalgar até os montes do condado de Maverick com Naruto lhe parecia quase um sonho. O sol estava baixo no horizonte, e lançava tons de laranja e dourado sobre o vale, enquanto eles montavam em silêncio. Havia uma paz tranqüi­la naquela terra, uma paz como Hinata não experimentava fazia muito tempo. Ela andava tão mergulhada no ritmo alucinante de Tokio que havia se esquecido de como era estar em contato com a natureza.

Naruto parecia compreender aquilo, estabelecendo um ritmo lento e apreciando a paisagem. Havia uma estranha sensação de conforto em estar ali com ele. Hinata quase podia esquecer sua chantagem e sua manipulação. Quase.

Ela lançou um olhar na direção dele e deixou escapar um pe­queno suspiro. Parecendo tão à vontade sobre um cavalo como quando fechava um negócio em seu escritório na cidade, Naruto se adaptava bem. Usando uma calça Wrangler, uma camisa azul e um chapéu Stetson preto, seu marido adotava o visual informal muito bem.

— Você está me enHinatando — ele disse, com um sorriso.

— Oh, você realmente gostaria de pensar que é verdade. — Apanhada em flagrante,Hinata desviou os olhos, escondendo o próprio sorriso.

— Eu sei que é assim. Está vendo algo de que goste?

— Eu não sei, Naruto. Estou?

— Você precisa relaxar,Hinata. Aprecie a paisagem.

— E você se julga parte da paisagem?

— Eu? — disse ele, baixando a aba do chapéu. — Não, senho­ra. Eu não seria tão convencido.

Hinata achou graça. Certo, talvez ela devesse simplesmente re­laxar. Não gostava nada da chantagem de Naruto, mas podia apro­veitar o passeio. Pelo simples motivo de que estava montando Caçadora de Sonhos, em uma gloriosa tarde de verão.

— Vejo muita coisa de que gosto — disse Naruto em voz baixa, depois de um minuto.

Hinata sentiu os olhos dele sobre si, e um calor ardente lhe subiu pelo pescoço. Ela não ousou olhar para ele. Um nó se formou em sua garganta. Não confiava em si mesma o suficiente para responder.

Eles cavalgaram em silêncio até que a trilha poeirenta os levou uma subida.

— Espere aqui — Naruto disse misteriosamente, e diminuiu, a marcha de seu cavalo.para um trote. Ele avançou uns dez me­tros, subindo o aclive, e então se virou para ela. — Tudo bem, pode vir.

Ele fez um gesto com a mão. Caçadora de Sonhos seguiu a trilha trotando, até que Hinata se juntou a Naruto no topo do aclive. Olhando nos olhos dele primeiro, e então seguindo a direção do olhar de Naruto,Hinata perdeu o fôlego com a vista lá embaixo.

— Oh, Naruto... Isto é incrível!

Um pequeno mas bem conservado chalé na propriedade do clube encontrava-se iluminado, do lado de fora, por pelo menos cem velas em castiçais. Uma mesa forrada com linho branco es­tava posta, com porcelana fina, taças de cristal e lírios de todas as variedades.

—É lindo. — As lágrimas lhe encheram os olhos.

Por que ele não tinha feito algo parecido anos antes, quando o casamento deles estava estremecido, quando ela queria atenção, quando precisava saber que era mais importante que os negócios dele? Oh, Naruto, ela pensou, por que você está fazendo isto ago­ra, quando jáé tarde demais? A pergunta a atormentou, mas ela a afastou de sua mente. Relaxe,Hinata. Isto é temporário.

Fico feliz que você tenha gostado. — Naruto induziu o ca­valo avante, ~e Caçadora de Sonhos o seguiu até o outro lado do aclive.

Quando eles chegaram ao chalé, Naruto desmontou. Ele se aproximou deHinata, estendendo os braços para ela, que escorre­gou pelo flanco esquerdo da égua, aceitando a ajuda. Ele a segu­rou nos braços, e seus olhos se encontraram, enquanto as velas iluminavam o cenário.

— Você sempre ficou linda à luz de velas, querida.

Hinata sorriu, o elogio lhe aquecendo o coração. Naruto inclinou a cabeça, e a aba de seu chapéu Stetson tocou a testa de Hinata. Ela se preparou para o beijo, seu corpo tenso de ansiedade.

Naruto encostou os lábios nos dela em uma carícia leve como Uma pluma, e se afastou.Hinata piscou, um pouco surpresa. Ele tomou a mão dela.

— Sente-se. — Ele a levou até a mesa e puxou uma cadeira para ela. — Eu cuido dos cavalos.

Ela o observou tomar as rédeas dos dois cavalos e ir para a parte de trás do chalé. Quando ele voltou e se sentou, um chef apareceu à mesa, vestindo um avental branco e usando um chapéu de cozinheiro, seguido por um garçom.

— Espero que apreciem a refeição, sr. e sra. Uzumaki — disse o chef.

— Tenho certeza de que iremos apreciar — respondeu Naruto, com um aceno de cabeça.

Hinata ficou sentada em silêncio enquanto o garçom servia a en­trada, um pastel leve recheado com queijo e framboesas. Ela deu uma garfada e fechou os olhos.

— Oh... Isto é o paraíso.

Quando ela abriu os olhos, o olhar de Naruto estava fixo nela, Observando-a desfrutar da comida com um brilho na expressão.

— O chef é altamente recomendado.

Hinata sentiu-se novamente tentada a perguntar por que ele es­tava se dando a tanto trabalho. Mas ela já havia decidido seguir a banda e ver onde aquilo iria parar, e continuou em silêncio sobre o assunto.

— Posso entender o motivo. Ele já tem o meu voto para chef do ano.

Naruto serviu uma taça de vinho para cada um.

— Você disse algo a respeito de precisar dos meus conselhos, mas ainda não falou uma palavra sobre o assunto.

— Este não é um assunto agradável, Hinata. Detesto ter de estra­gar a noite, mas sim, tenho algo que gostaria de lhe contar. É sobre Sasori e o recente incêndio na Petrolífera Uchiha. Eu acho que foi um incêndio criminoso.

— E você acha que Sasori fez isso? — a voz de Hinata se elevou, corri a incredulidade.

Certamente os irmãos Uchiha tinham problemas com Sasori e vice-versa, desde os tempos de adolescência, mas Hinata nunca imaginara que Sasori fosse capaz de algo tão sério como um incêndio criminoso.

— Acho, Hinata. E gostaria de ter a sua opinião sobre isso. Escute...

Naruto fez uma descrição detalhada do que havia ocorrido entre Sasuke, Itachi e Sasori durante todos aqueles anos, e completou com um comentário sobre como Sasori

conseguira impedir a realização de seu último empreendimento de revitalização. Ele explicou como Sasori havia ajudado a apoiar uma facção que queria declarar aquela área específica de Tokio um patrimônio histórico, des­truindo o projeto.

— Não tenho provas sobre o incêndio, mas você conhece todos os envolvidos. O que acha?

Hinata sacudiu a cabeça. Ela pensou sobre o encontro acidental que tivera com Karin no dia anterior. Karin ficaria arrasada se seu irmão tivesse qualquer envolvimento no incêndio.

— Meu instinto me diz que Sasori não seria capaz de fazer algo tão drástico. Não é o estilo dele, Naruto. Sim, eu posso, vê-lo agin­do por baixo dos panos, trabalhando para preservar a área. E ele pode até mesmo ter feito isto para prejudicar você, mas não é um ato criminoso.

— Não, só me causou uma grande dor de cabeça e prejuízo financeiro.

— Você pode não concordar comigo, mas eu não acho que Sasori tenha tido algo a ver com o fogo na refinaria.

— Tudo bem, registrado. Você e Gaara são os únicos. Sasuke, Shikamaru, Itachi e eu achamos que ele está por trás disso.

— Talvez você não esteja sendo objetivo. Talvez queira cul­par Sasori. Talvez tenha tanta raiva dele que queira que ele seja culpado.

Naruto franziu o rosto, e Hinata continuou:

— A vingança pode ser doce, não era isso que você sempre dizia?

— Não, eu nunca disse isso.

— Oh, desculpe-me, deve ter sido o outro marido com quem me casei há nove anos.

— Deve ter sido. — Com uma expressão cínica, Naruto ergueu a taça e terminou de beber o vinho. Ele se serviu de outra taça, enquanto o garçom tirava a mesa e trazia o próximo prato.

— Então isso era tudo o que você queria me perguntar? —Hinata atacou a salada de aspargos, seu apetite retornando com força.

— Sim.

— Você está arrependido de ter pedido a minha opinião?

— Não. — O tom de Naruto era sincero. — Eu sempre valorizei a sua opinião. Isso não mudou.

Hinata se recostou na cadeira e olhou nos olhos de Naruto.

— Você consegue ser tão charmoso. Quando quer ser.

— Eu quero ser. Agora. Com você.

Por quê? Hinata não entendia, mas a voz em sua cabeça lhe dizia para ir em frente e aproveitar aqueles últimos dias com Naruto. Logo o casamento deles terminaria.

Quando eles terminaram os quatro pratos da refeição principal, Naruto sugeriu que entrassem para a sobremesa e b café.

— O chef preparou algo especial para nós.

— Eu deveria estar satisfeita, mas sempre há espaço para a sobremesa — disse Hinata, sentindo o zíper do jeans se expandir um pouco. Ela era esbelta, e com um metro e setenta e dois de altura podia se dar ao luxo de comer uma sobremesa calórica de vez em quando.

Naruto se levantou e estendeu a mão para ela. Com os dedos en­trelaçados, eles entraram no chalé, subindo as escadas, as botas ar­ranhando o chão de madeira. Hinata fez um exame rápido do chalé aconchegante, notando a lareira rústica de pedra, o sofá confortá­vel de chintz e as várias cortinas de tecido, amarradas nas laterais.

—É muito bonito aqui.

— Esta costumava ser a casa do capataz. O clube a deixou ficar em ruínas, praticamente. Eu a reformei, e agora ela está disponível...

— Para você impressionar as mulheres? — disse ela, em um tom provocante.

Naruto se virou e a agarrou pela cintura, apertando-a contra si.

— Você tem uma boca bem grande, sabia? Hinata jogou a cabeça para trás, para encará-lo.

— Você sempre gostou da minha boca atrevida.

O olhar de Naruto praticamente devorou os lábios dela. Ele se­gurou a cabeça dela com uma das mãos e a puxou para perto, seus lábios quase se tocando.

— Eu ainda gosto.

O coração de Hinata batia com velocidade dobrada quando ele a beijou. Naruto tinha gosto de vinho, robusto e quente. Um gosto familiar e bom. Ele tinha o gosto de todas as coisas doces de que ela sentia falta em sua vida.

— Naruto-kun.

— Eu adoro quando você geme o meu nome — ele disse entre beijos.

— Eu não gemi —Hinata protestou fracamente.

Naruto segurou-lhe o traseiro e a puxou com mais força contra o peito. Com os quadris tocando os dele, ela sentiu seu desejo sob a fricção do jeans. Naruto estava mordiscando seu pescoço.

—É mesmo? Acho que vou ter de fazer algo a respeito disso. Havia momentos em que Naruto odiava sua mente metódica, e aquele era um deles. Cada instinto que ele possuía lhe dizia para seduzir Hinata, ali, naquele momento, e tirar vantagem do ambiente remoto e romântico do chalé. Mas Naruto tinha um plano em men­te, e a realização daquele plano só podia acontecer mais tarde, e não tão cedo. Ele amaldiçoaria a si mesmo, no dia seguinte; por lua natureza teimosa, e pagaria o preço: perder a chance de uma noite de sexo selvagem com sua esposa. Mas nem tudo estava perdido ainda. Ele precisava de Hinata naquela noite, e aproveitaria o pouco que seu plano lhe permitia.

Ele mordiscou os lábios de Hinata repetidamente, invadindo-lhe boca com a língua, com um ardor frenético. Um pequeno gemi­do escapou dos lábios dela, e fez com que a virilidade dolorida de Naruto se tornasse quase insuportável. Com um esforço que exigiu toda a sua força de vontade, ele se afastou dela, e olhou dentro de seus olhos. A rendição que ele viu naquele azul profundo adesconcertou. Ele precisava tocá-la e sentir a suavidade de sua parte, acariciar os seios perfeitos e firmes. Nada iria detê-lo, e que o plano fosse para o inferno.

— Querida — murmurou ele, acariciando o pescoço dela com a língua. — Deixe-me tocá-la.

Ela estremeceu e gemeu, impotente. Naruto beijou-lhe o pescoço, descendo até o primeiro botão de sua blusa. Com dedos hábeis, ele abriu o botão, e mais outro, e outro ainda. Os seios dela, emoldurados pelo algodão branco, eram um convite que ele não podia ignorar. Ele os acariciou e fechou os olhos, deliciando-se com a sensação familiar de tocá-la, e de como Hinata se encaixava tão perfeitamente em suas mãos. Seus polegares circularam si­multaneamente os dois mamilos eretos que praticamente escapa­vam do sutiã, até que ele os libertou da tortura.

— Oh... — ela gemeu, pressionando o corpo contra o dele com uma necessidade que ele sabia que não poderia satisfazer naquela noite.

— Vocêé tão linda, querida. Exatamente como eu me lembra­va — murmurou ele.

Naruto baixou a cabeça e beijou-lhe os bicos dos seios, primeiro um, depois o outro. Sempre sensível ao toque dele, ela arqueou as costas; e Naruto a trouxe para mais perto de sua boca, sugando e provocando os mamilos róseos com a língua.

Ele queria possuí-la ali, naquele momento, para satisfazer o desejo que o invadia, para compensar os quatro anos que passara querendo Hinata, apesar de sua raiva. Era difícil recuar, afastar-se do que ela lhe oferecia e que ele tanto queria, mas Naruto estava determinado a levar seu plano até o fim.

— Você ouviu isso? — perguntou ele, baixinho. Sem fôlego, ela respondeu:

— Você está falando do meu coração martelando? Naruto sorriu e beijou os lábios dela,

— Não, lá fora. Alguma coisa assustou os cavalos. Vou verificar.

Hinata pareceu um pouco surpresa com a reação rápida dele. Ele se virou e saiu pela porta da frente. Atrás da casa, os ca­valos esperavam calmamente. Naruto se encostou na parede do chalé, atrás de uma moita de hibiscos em floração, e fechou os olhos.

— Isso é mais difícil do que eu imaginava — ele murmurou.

Naruto esperou apenas alguns minutos, até que sua respiração voltou ao normal e seu termostato interno esfriou um pouco. En­tão, apanhou as rédeas dos dois cavalos e os guiou até a frente do chalé. Hinata estava esperando nos degraus da varanda.

— Alarme falso — disse ele. — Deve ter sido um coiote uivando a distância.

Graças a Deus, Hinata havia abotoado a blusa e arrumado os cabelos negros, quase azuis lisos. Ele não tinha muita força de von­tade quando se tratava de sua esposa. Naruto inclinou a cabeça e suspirou, sem falsidade.

— Deveríamos ir. Está ficando tarde.

Hinata piscou algumas vezes, e então concordou:

—É claro.

Naruto ajudou Hinata a montar em Caçadora de Sonhos e então subiu no próprio cavalo. Eles se dirigiram aos estábulos do clube em silêncio. Quando já estavam de volta, em segurança, Naruto olhou para Hinata.

— E acabamos não comendo aquela sobremesa.

Hinata quebrou o silêncio, um brilho de reconhecimento em seus olhos.

— Teremos de mentir para o chef e dizer a ele que estava fabulosa.

Ele desmontou, aproximou-se dela e, mais uma vez, ela desceu da égua diretamente para os braços dele. Naruto olhou fundo nos olhos dela, segurando-a pela cintura.

Foi fabuloso.

Hinata examinou os olhos dele. Ela queria fazer perguntas, mas Naruto tinha apenas uma resposta. Ele a beijou rapidamente na boca, provando seu gosto mais uma vez.

— Jante comigo amanhãà noite. Vou compensá-la pela sobre­mesa que perdemos.

— Como você vai fazer isso? Tenho certeza de que o chefiem coisas melhores e maiores para fazer amanhã.

Ele riu, sabendo que Hinata estava zombando dele.

— Fique tranquila. Eu sei o que você quer.

Hinata colocou as mãos na cintura e balançou a cabeça em negativa.

— Aposto que não sabe.

— Ah, não? Calda quente sobre bolo de chocolate, com sorvete de creme e uma dúzia de cerejas.

— O Ichikaru? — A expressão petulante de Hinata foi substituída por um ar de saudade. — Eu não vou ao Ichikaru há uns...

— Quatro anos e meio? Eu a levei lá no seu aniversário, lembra-se?

Uma expressão pensativa passou pelo rosto de Hinata, e ela sor­riu tristemente.

— Sim, eu me lembro.

— E então, que tal? Hambúrgueres e sobremesa no Ichikaru, amanhãà noite?

Hinata abriu a boca, e então a fechou rapidamente. Ele sempre sabia quando ela estava travando uma guerra de nervos, tentando tomar uma decisão, dentro de sua cabeça.

— Não pense demais, querida. Só aproveite.

O comentário fez com que ela arregalasse os olhos, e Hinata to­mou uma decisão rápida.

— Certo. Mas, Naruto, talvez nós não devêssemos nos empol­gar demais. Ambos sabemos por que eu vim a Tokio.

— Oh, não se preocupe. Não esqueci.

— B-bom.

— Mas não estou fazendo nenhuma promessa.

A boca de Hinata se contraiu com a insinuação. Naruto deu um beijo rápido nos lábios tensos dela.

— Vamos, eu vou levá-la para o hotel. Você pode pensar no Ichikaru no caminho.

Hinata não pensou no Ichikaru no caminho para o hotel. Ela pen­sou em Naruto. Ele a tocara de formas que ela, não permitira que outro homem fizesse desde que eles se separaram. Imagens sen­suais e vividas lhe vieram à mente. Seu corpo ainda estava eletrizado. Não, nenhum homem a havia feito querer tentar, desde Naruto. Oh, ela tivera alguns encontros, claro, porém nada mais sério acontecera.

Naruto havia sido doce e afetuoso a noite inteira, e minutos an­tes ele quase a fizera se esquecer do próprio nome. Hinata Hyuuga, pensou ela amargamente. Não Hinata Hyuuga Uzumaki. Ela ainda era a esposa dele, mas apenas no nome. Ela deixara de ser uma Uzumaki quatro anos antes.

Hinata despiu as roupas de montaria, tirando as botas novas de couro que Naruto lhe dera. Ele se lembrara do tamanho que ela cal­çava, Hinata percebeu. Quantos homens sequer saberiam o número do calçado da esposa?

— Lembre-se de por que você o deixou —Hinata sussurrou, no silêncio do quarto.

Ele fora divertido e carinhoso nos primeiros meses de seu casamento, e depois se tornara obcecado e determinado. Pelo sucesso? Pelo dinheiro? Pelo poder? Hinata não tinha certeza de suas motivações, já que eles tinham um padrão de vida decente e ela nunca havia reclamado. E jamais lhe pedira riquezas. Ela crescera em meio à riqueza. E tinha visto como próprio pai era determinado, e o quanto sua obsessão havia afetado o casamento dele, e a ela. Ela fora a filha para quem seu pai nunca tivera tempo.

— Dinheiro não garante felicidade — dissera ela a Naruto.

Mas seu marido não a ouvira. Sua natureza competitiva o for­çava a querer provar seu valor para Hinata e para a família dela. Ele queria estar à altura deles, ela imaginava, embora jamais tivesse dado a entender que ele não era suficiente para ela.

Quando o telefone do hotel tocou, Hinata ficou agradecida por aquela interrupção em seus pensamentos.

— Oi, mãe.

Talvez agradecida fosse uma palavra forte demais. Sua mãe andava agindo como um cão de guarda recentemente, e ela era a última pessoa com quem Hinata queria falar a respeito de Naruto. Especialmente depois do que acontecera entre eles, naquela noite. Desde que Hinata tomara a decisão de se divorciar de Naruto, sua mãe estava demonstrando apoio demais.

— Ele já assinou os papéis?

Hinata franziu o rosto. Sua mãe ia sempre direto ao ponto. Ela não poderia contar a verdade à mãe, que ela havia sido chantageada e teria de dormir com seu marido antes de ele assinar na linha pontilhada.

— Não, mamãe. Ainda não. Mas nós tivemos um... Encontro, esta noite. Naruto está cooperando.

— Mas, querida, não vejo onde está o problema. Você não está pedindo muita coisa. Na verdade, está sendo bastante justa em relação ao acordo. Qual é o obstáculo?

Qual era o obstáculo? Ela não sabia o propósito de ficar em Tokio por duas semanas, mas tinha de dizer algo a sua mãe.

— Bem, Naruto anda realmente ocupado.

— Ele não mudou. Exatamente como o seu pai.

— Mãe, você sabe que eu gostava de morar em Tokio. Estou revendo meus amigos enquanto estou aqui. Tirando umas férias.

— Querida, férias são uma viagem relaxante para uma villa em Siena, não passar os dias implorando para o seu marido assinar os papéis do divórcio. Estou preocupada com você, Hinata. Você se deu tão bem sozinha, em Konoha...

— Eu fui feliz aqui, também, um dia.

O silêncio de sua mãe dizia mil palavras. Hinata não podia cul­pá-la por ser super protetora. Ela sofrera muito com a separação, realmente amara Naruto, e nenhuma mãe quer ver a filha sofrer. Hinata entendia tudo aquilo.

— Eu sei, querida, e é por esse motivo que terminar isso logo,será melhor para você. Isso já se arrastou por tempo demais.

— Concordo com você, mamãe. E vou voltar para Konoha logo que puder.

— Tudo bem, então. Espero vê-la em casa logo. Amo você, querida.

— Eu também amo você. —Hinata desligou o telefone e respi­rou fundo, inalando o oxigênio, agradecida pela conversa não ter durado muito.

Quando ouviu o telefone novamente, Hinata deixou que tocasse quatro vezes. Ela já tinha falado o suficiente por um dia. Tudo o que queria era cair na cama e ir dormir. Mas a sua curiosidade venceu. Ela pegou o aparelho, esperando que não fosse sua mãe do outro lado da linha, com mais pérolas de sabedoria.

— Alô?

— Oi, querida. — O timbre profundo da voz de Naruto parecia deslizar pela linha telefônica. — O que você está fazendo?

— Eu estou tirando minha... Bem, estou me preparando para ir dormir.

—É? Eu também. Acabei de sair do banho.

A imagem do corpo musculoso de Naruto ainda molhado da cabeça aos pés, e enrolado em uma toalha, invadiu sua mente.Hinata soltou um oh silencioso, grata pelo fato de a palavra não ter lhe escapado acidentalmente.

— O que você tem usado para dormir, ultimamente? — Naruto perguntou.

A pergunta foi tão audaciosa que Hinata riu.

— Você não adoraria saber?

— Adoraria, Hinata — ele disse com sinceridade.

— Nada.

Naruto soltou um grunhido sensual.

— De mais. Nada de mais. Quero dizer, só uma velha camiseta da Dancing Lights.

— Eu posso imaginá-la vestindo isso.

— Naruto, por que você está telefonando tão tarde?

— Eu me diverti muito hoje, Hinata. Só queria que você sou­besse.

Ela mordeu o lábio inferior. Fechou os olhos, apertando-os com força, e mesmo assim não conseguia afastar as imagens da­quela noite: dos lábios de Naruto sobre os seus, e depois fazendo amor com seus seios; da expressão provocante, de puro desejo em seus olhos azul-escuros quando ele tirara sua blusa.

— Obrigada. — Ela se interrompeu, e então completou: — Foi uma noite muito boa. Adorei montar em Caçadora de Sonhos.

— Eu achei mesmo que você gostaria.

— Por que está sendo tão doce comigo? Nosso casamento acabou.

Naruto não perdeu a chance:

— Sim, mas não há motivos para não sermos amigos, Hinata. Não há motivos para não terminarmos de forma positiva.

— Casamentos normalmente não terminam de forma positiva, querido.

Ele fez uma pausa, e ela percebeu que usara o termo carinhoso preferido por ele.

— O nosso poderia. Podemos ser diferentes dos outros. Então, você está me imaginando molhado e enrolado na toalha, ou não?

Hinata engasgou e começou a rir. Ele a apanhara, mas ela prefe­riria morrer a admitir aquilo.

— Vejo que você não perdeu o seu senso de humor, afinal de contas, Naruto.

— Eu perdi muita coisa, Hinata. — O tom brincalhão dele mu­dou subitamente. — Mas não o meu senso de humor.

Hinata não queria lidar com o tom sério da voz dele, agora. Um pânico repentino a invadiu, e ela procurou uma saída.

— Naruto, é melhor eu ir para a cama.

—É, eu também. Durma bem, querida. Tenha bons sonhos. Hinata praticamente sussurrou uma despedida rápida. Ela sabia exatamente com o que sonharia naquela noite. Bons ou maus, seus sonhos seriam com Naruto.

Vestindo nada mais do que uma toalha de banho.

No dia seguinte, a imagem de Naruto continuou com ela du­rante toda a manhã. Cansada daqueles pensamentos, Hinata saiu do Four Seasons e caminhou pelas ruas de Houston, parando em algumas butiques no caminho. Ela estava entediada com as poucas trocas de roupas que levara, para uma viagem que ima­ginara que só duraria dois dias. Ela havia dito à mãe que tiraria umas férias, e, embora tivesse precisado reorganizar toda a sua agenda para ficar em Tokio, Hinata decidira que uma tarde de compras lhe faria bem. Por que não aproveitar a cidade, en­quanto estava ali?

No final do dia, ela enchera duas grandes sacolas com presen­tes para as professoras de dança, uma carteira da Gucci para sua mãe e várias novas roupas para si mesma, inclusive um vestido vermelho que combinava com as novas sandálias Valentino que havia comprado.

O tempo voara. Ela mal tinha tempo para correr de volta para o hotel e tomar um banho, antes que Naruto batesse à sua porta.

Ela ficou incomodada por ter trocado de roupas três vezes an­tes de encontrá-lo para comer hambúrgueres no Ichikaru. Por que estava tentando ficar bonita para Naruto? Mas, no minuto em que ela abrira a porta e vira o brilho de admiração nos olhos dele, pensou que valera a pena.

— Uau, você está linda! Linda demais para o Ichikaru. — Naruto examinou o corpo dela da cabeça aos pés, cuidadosamente, e Hinata teve um instante de satisfação.

Ela havia experimentado os vestidos que comprara naquele dia, mas decidira usar uma calça preta justa, sapatos de saltos muito altos e uma blusa branca, solta, de um ombro só, amarrada na cintura com uma faixa preta e dourada.

— Pode parar agora mesmo, se você acha que vai escapar de me levar ao ichikaru.

— Tudo bem — disse Naruto, torcendo os lábios de modo pro­vocante. — Se eu não tenho escolha... Você está pronta para ir, ou quer me convidar para entrar?

Ele olhou por sobre o ombro dela, e para o quarto que ela ocupa­va. Seu olhar se concentrou na enorme cama de casal. Hinata não iria deixar que ele entrasse. Seu marido era um homem perigoso, e ela nunca seria capaz de resistir quando ele sorrisse e falasse com todo o seu charme. Naruto ainda tinha um corpo perfeito, com ombros largos e levemente musculoso, o suficiente para mostrar sua força sem ostentação. Quatro anos não haviam mudado aquilo.

Ele se vestia de forma impecável, e ela não se surpreenderia se um dia ele fosse parar na capa de alguma revista famosa. Naquele momento, seus olhos azuis brilhavam com um tipo de malícia que só poderia lhes trazer problemas. Ela deu um empurrão leve no peito dele, forçando-o a se afastar da porta.

— Estou pronta para um hambúrguer. Naruto tomou a mão dela, que ainda estava pousada no peito dele, e entrelaçou os dedos aos dela. Ele se inclinou para sussurrar em seu ouvido:

— E eu estou pronto para a sobremesa. Já faz muito tempo, Hinata, e preciso satisfazer minhas vontades.


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