XX-23 passou o resto do dia conhecendo as principais alas do prédio da SHIELD que teria acesso e frequentaria. Depois disso Natasha a levou para seu “verdadeiro” novo quarto e deixou com a garota um módulo encadernado que continha tudo o que ela deveria saber sobre sua posição na empresa.

Atualmente ela é uma paciente da SHIELD, mas XX-23 poderia se tornar uma agente empregada e assalariada após realizar todos os testes físicos e psicológicos necessários.

Se ela se interessasse estava mais do que convidada para entrar numa base de treinamento regular da empresa e treinar como uma agente normal, porque, na verdade, tudo o que ela viveria por enquanto naquele local seria uma fase avaliativa.

XX-23 não dormiu durante a noite e nem tinha um pingo de sono, afinal havia “dormido” por quase quarenta anos, vontade de ir dormir era tudo o que ela não tinha. Então, acabou passando o tempo todo sentada pensativa, tentando processar toda aquela novidade em sua vida.

De agora em diante tudo seria diferente, ELA estava diferente por fora e por dentro... XX-23 se levantou e caminhou até um espelho de corpo inteiro que estava na porta de um guarda-roupa providenciado para ela e ficou se encarando. Passou as duas mãos em seu rosto, como se estivesse tentando se reconhecer, começou a esfregar seus antebraços, um de cada vez e parou dando uns tapinhas em suas coxas.

Ela reconhecia seu reflexo no espelho, não era dúvida de que ela era ela mesma, mas havia uma diferença gritante, XX-23 não sabia se devia ficar feliz ou preocupada. Resolveu parar de se autoexaminar e começou a olhar o quarto ao seu redor.

Ele ficava nos andares subterrâneos da empresa, claro, porque toda a área acima do solo deveria ficar desativada durante a noite para que as pessoas que passassem do lado de fora, na rua, não desconfiassem da atividade da Agência que não parava nem por um segundo.

XX-23 olhou para as paredes brancas do local, tudo era em tom claro propositalmente, com um intuito de transmitir paz e limpeza; o estilo era mesmo para ser “clean”. Não havia nada pendurado nas paredes como no quarto que ela havia acordado mais cedo, tinha muita pouca informação visual naquele quarto.

Ele possuía um banheiro adjacente com pia, privada e um Box com uma ducha, enquanto os móveis do dormitório eram apenas uma cama de solteiro simples e cinza, um guarda-roupa também de solteiro branco com duas portas, sendo que estas duas possuíam um espelho embutido por todas elas, um criado-mudo cinza e também simples, e um sofá com formas retangulares lisas de dois assentos cinza-claro colocado lateralmente a cama.

Em cima do criado-mudo havia um abajur branco com aparência moderna, era a coisa menos simples no quarto, se ignorassem a tela de LED de quase quinze polegadas na parede ao lado da porta, que era a única saída.

Essa tela era touchscreen e as cores fundamentais eram azul e verde fluorescentes, ela tinha um cursor indicando as horas, servia para que a pessoa de dentro do quarto digitasse o código para abrir a porta, ainda permitia acionar a câmera do lado de fora da porta para se XX-23 recebesse “visitas”, e quisesse saber quem era antes de abrir; poder bisbilhotar. A tela possuía também a funcionalidade de “telefone”, se a garota quisesse poderia se comunicar com qualquer pessoa no prédio e vice-versa.

O manual de uso desse aparato estava incluso no módulo que Romanoff havia entregado a ela. Natasha duvidava internamente que ela leria, pois ela mesma teria preguiça de fazer isso se fosse a garota, mas XX-23 acabou fazendo, afinal não tinha mais nada para fazer.

No fim do módulo havia um cronograma básico das atividades que XX-23 realizaria, mas com certeza estaria disponível a alterações de acordo com a vontade dela. Fury permanecia longe, mas cuidou de tudo para que ela não fosse obrigada a fazer o que não queria.

O cronograma das atividades era o seguinte:

– Segundas-feiras pela manhã: Reservadas ao Agente Clint Barton

– Segundas-feiras pela tarde: Reservadas à Agente Natasha Romanoff

– Terças-feiras pela manhã: Reservadas à Agente Natasha Romanoff

– Terças-feiras pela tarde: Reservadas ao Agente Clint Barton

– Quartas-feiras pela manhã: Reservadas ao Capitão Steven Rogers

– Quartas-feiras pela tarde: Reservadas ao Capitão Steven Rogers

– Quintas-feiras pela manhã: Reservadas ao Doutor Bruce Banner

– Quintas-feiras pela tarde: Reservadas ao Doutor Bruce Banner

– Sextas-feiras pela manhã: Aulas de Introdução ao mundo atual (Agente ainda não selecionado)

– Sextas-feiras pela tarde: Aulas de Introdução ao mundo atual (Agente ainda não selecionado)

– Sábados pela manhã: A Combinar

– Sábados pela tarde: Poderá sair do prédio acompanhada de algum agente

– Domingos: Livres

XX-23 tirou o olhar do módulo e cerrou os olhos pensativos.

– Hum... “Capitão” Steven Rogers... Já dá para saber que ele é um militar... – Ela riu sozinha, uma hora ela conseguiria juntar as pistas que apareceriam e ia acabar ganhando o jogo.

XX-23 nem sabia o porquê de ter inventado tudo aquilo, nem tinha um motivo em especial para não falar seu nome de verdade, só achou que seria legal brincar um pouco com o mistério, e estava certa, pois aquilo a divertia muito, e parecia que Steven também estava achando a brincadeira interessante.

Ela havia gostado dele de cara, com certeza se tornariam amigos, se é que já não estavam se tornando. É claro que ela o achou muito bonito e tal, mas não se importou ou se incomodou com nada disso, XX-23 não era o tipo de pessoa que ligava para esse tipo de coisa.

Ela gostava de rir e fazer brincadeiras bobas com as pessoas ao seu redor de que gostava, XX-23 se autoclassificava como uma garota de 22 anos que ainda não tinha saído da infância, e não considerava isso uma coisa ruim, pelo contrário, ela se sentia na missão de sorrir e fazer os outros sorrirem também.

Até agora, XX-23 sabia que tinha ido com a cara de Rogers, por ter passado um bom tempo na companhia dele, e tinha gostado de conhecer as instalações ao lado de Barton e de Banner.

Bruce havia sido um doce, e ela também com ele, XX-23 sempre teve uma queda por nerds, caras malhados nunca foram seu tipo, sempre teve o preconceito de achar que o que eles tinham de músculo faltava de cérebro e coração, ah!, mas os nerds eram tão fofos e tímidos, ela meio que se identificava, afinal ela também era considerada uma nerd.

Nas conversas com Clint e Bruce, ela acabava provocando risadinhas no arqueiro, que tentava controlar sua cara séria de agente, mas não estava conseguindo muito bem manter a pose, e acabava sendo vencido pela aura feliz que XX-23 exalava. Agora quanto a Romanoff ela não podia dizer se estava gostando ou não, somente haviam tido umas curtas conversas formais com a agente.