Bruce e Steven ficaram “hospedados” na Área 51 por quase três dias enquanto refletiam na decisão positiva ou negativa para responder a proposta de Nick Fury. E enquanto isso, os agentes da S.H.I.E.L.D., a mando do seu diretor caolho, faziam de tudo para conseguir convencê-los.

Banner, apesar de correr mais riscos na submissão inocente de sua informação genética para a empresa de espionagem, foi o mais fácil de ser ludibriado aos poucos. Foram apresentados a ele diversos outros cientistas importantes que trabalhavam naquela estação secretamente. Muitos destes eram ídolos do próprio Bruce, eles foram indicados para conversar com Banner e tentar convencê-lo.

Já o Capitão, foi uma tarefa mais difícil, além daquela não ser uma base militar, era bem improvável que algum ídolo dele ainda estivesse vivo, quanto mais trabalhando ali. Então, para a missão de convencer esse veterano, Fury teve que agir pessoalmente.

– Poderia me acompanhar, Capitão? – Nick apareceu na porta do quarto de Steven.

– Claro. – Ele se levantou. Para falar a verdade, Rogers estava bastante entediado, ciência não o interessava, e estar no mais super potente Laboratório do Planeta Terra trancado por dias sem ver a luz do sol não era nada atraente a seus olhos.

Fury o guiou por mais uma leva de corredores e portas restritas, sempre tinham que parar para que Nick digitasse uma senha, até que eles chegaram ao seu destino.

Era uma porta de aço bastante reforçado, do lado de fora havia uma espécie de estante com roupas cirúrgicas desinfetadas e descartáveis.

– Devo pedir que se vista com elas também. – Nick disse começando a se vestir com as roupas especiais antes de digitar a senha daquela porta.

– Tudo bem. – Steven concordou e começou a imitar Fury. Vestiu um jaleco, colocou uma touca e uma máscara na cabeça, calçou os sapatos especiais e botou luvas plásticas estéreis nas mãos.

– Agora podemos entrar. – Disse Nick começando a digitar a senha da porta.

Esta se abriu revelando seu conteúdo e dimensões ocultas. Quando adentraram o local, Steven ficou um pouco surpreso com o grande tamanho do interior e com as coisas que esta ala guardava.

O ambiente estava repleto de camas especializadas que mantinham dezenas de pessoas em estado criogênico. As camas não eram nada convencionais, possuíam um tipo de acrílico grosso que isolava a pessoa de dentro do resto do mundo, assemelhavam-se a incubadoras, mas seu formato não era retangular, e sim quadrático, realmente como um cubo.

Não se podia muito bem ver o estado da pessoa dentro de cada uma das incubadoras, graças a camada de gelo subjacente, mas dava para perceber que elas estavam completamente despidas e em posição fetal.

Nick começou a andar pelo meio dos vinte e sete leitos de criogenia e levantando os braços, como que fazendo uma introdução para Rogers, perguntou:

– O que acha?

– Err... Bizarro... Quase inacreditável... – Steven começou a andar, mas quando se virou para falar com Nick quase se esbarrou com uma incubadora que pareceu ter surgido do nada, era imensa, bem maior que todas as outras daquela sala, nem tem como entender como ele quase se esbarrou com aquela.

Steven não se prendeu a examinar a pessoa que estava dentro daquela incubadora graças a distração causada pela conversa com Fury.

– Todas as pessoas congeladas estão aqui? – Steven questionou.

– Sim... Infelizmente são todas as 27 que sobraram de um total de 63 colhidos ao longo dos anos. – Nick disse um tanto disperso.

– “Colhidos”? – Steven repetiu a palavra que mais se destacou em sua cabeça.

– Sim, Capitão!... Sei o que quer saber, e a resposta é “sim”... Algumas pessoas que estão aqui... – Nick pousou a mão no acrílico de uma das incubadoras. -... estão contra a própria vontade, e são bem poucas, se você quer saber... E todos os que não se voluntariaram são bandidos perigosíssimos que não confiamos em uma prisão de segurança máxima...

– E você quer a minha ajuda para acordar criminosos? – Rogers pareceu ofendido.

– Não, Steve!... – Fury o chamou pelo apelido tentando tornar a conversa mais íntima. -... Não acordaremos os bandidos, acordaremos as pessoas inocentes... Como eu disse, o intuito do Projeto Fênix era colocar para “dormir” pessoas com doenças incuráveis na época do “adormecimento” para num futuro, quando a cura fosse encontrada, acordá-los...

– E essas curas foram encontradas? – Steven se deparou olhando outra cama de criogenia, mas esta era totalmente o oposto da anterior, era minúscula. Dentro havia um garotinho de pouco mais de oito anos, isso partiu o coração de Rogers.

– Muitas sim!... Outras não... Mas para acordá-los precisamos do soro com a sua “saúde” e a “resistência” do Dr. Banner... – Fury explicava se aproximando de Steve. -... Capitão, peço que pense nesse pedido com muita cautela, e que se lembre que aqui temos mães, filhos, avós, sobrinhos...

Steven estava se comovendo com o apelo do espião astuto. Acabou voltando a olhar para a câmara pequena do garotinho e notou uma etiqueta que se repetia por todas as incubadoras, mas com coisas escritas diferentes.

– “XY-14”? – Ele indagou a Nick.

– “XY” dos cromossomos masculinos e “14” do número dado ao paciente. – O espião respondeu.

Steven começou a ler as etiquetas das incubadoras sem prestar muita atenção ao seu interior. Surgindo “XY-32”, “XX-09”, “XX-21”, “XY-47”, entre outros, aleatoriamente, sem nenhuma classificação de organização visível.

Rogers acabou se deparando com uma câmara incubadora de uma mulher, ela havia sido congelada com uma barriga de sete meses de gravidez, destruindo toda a resistência do soldado.

– Eu aceito... – Disse Steve. -... Podem usar o meu DNA para tentar acordá-los.

Nick sorriu singelamente satisfeito. Sábio na arte da manipulação, tinha certeza que “esfregando” os corpos sentimentalmente na cara do Capitão, acabaria convencendo-o, só não imaginava que seria tão rápido assim.

Ele realmente esperava alguma resistência maior, mesmo depois de ter conseguido manipular todos os Vingadores para salvarem Nova York com a morte do Agente Coulson, há um tempo atrás. Fury não esperaria mais para começar os testes, já sabia que Banner havia sido convencido por um dos cientistas, então não demorou a coletar as amostras de DNA dos dois e depois mandá-los embora da Área 51.