XXIII

Epílogo - Eu pertenço a você

Os dias se passaram e eu não podia acreditar no quanto eu estava feliz. Tudo parecia se encaixar perfeitamente agora. Minha mulher estava a cada dia mais amorosa, a cada dia mais linda; meus filhos me enchiam de orgulho com cada passo que davam – tudo bem que se eu pudesse escolher que não houvessem lobos enxeridos colados neles 24 horas por dia, seria bem melhor. Mas ninguém tem tanta sorte assim, não é mesmo?

Um mês foi embora tão rapidamente e fez o mesmo com a fase mais linda da minha Sue. Agora ela andava sem cambalear e poderia se passar tranquilamente por uma criança de um ano de idade. Seu cabelo estava mais comprido e caia-se em cachos negros sobre os ombros, fazendo-a me lembrar a razão da minha existência toda vez que fitasse seus olhos tão expressivos.

Embora seu poder estivesse mais forte agora, ela o controlava muito melhor do que antes, já que a ensinamos que não deveria criar ilusões na mente das pessoas quando elas dormissem. Agora, conseguia fazer isso até mesmo em pessoas acordadas – como foi bem pensado por Carlisle. Cria ilusões em suas mentes - tão reais que tudo ao redor parece desaparecer e você adentra totalmente na imagem que ela criar pra você. É realmente impressionante.

Olhei mais uma vez pra minha bebê; não pude conter um sorriso apaixonado quando ela colheu uma margarida da clareira e esticou em minha direção para que eu a visse. A feição em seu rosto era de tanta felicidade, que não tinha como fitar ela por muito tempo sem deixar transparecer a cara de pai babão idiota.

“É linda, meu amor.” Disse apaixonado; ela sorriu e correu até mim. “Mamãe vai adorar!”

Ela entregou a flor na minha mão e me olhou sinuosa, como se dissesse: ‘não perca’, e saiu correndo de volta para o amontoado de flores do campo na grande clareira. Observei sorrindo ela escolhei uma flor minuciosamente, analisando seu caule, suas pétalas azuis e sentir seu cheiro pelo menos três vezes antes de se voltar a mim – não me pergunte de quem ela puxou esse lado tão perfeccionista de ser. De Edward talvez.

“Azul, papai!” Ela gritou entusiasmada, quase gargalhava de felicidade. Correu até mim e pegou a margarida da minha mão. “Azul é de menino. Azul é bonito!”

“Verdade, minha pequena, azul é de menino e é bonito.” Concordei, acarinhando seus cabelos sedosos. Ela levantou a cabeça para me olhar. “Para quem vai dar a flor azul?”

“Embry!”. Ok. E eu ainda pensava que seria para mim. Claro que era para Embry.

Revirei os olhos.

“Ok, ok, vamos voltar então!” Disse abaixando-me para pegar o amontoado de flores – que eu colhera para Nessie – com uma mão e abrir o outro braço para Sue, que logo me abraçou, passando seus bracinhos pelo meu pescoço, enquanto eu a levantava em meu colo.

Nessie queria enfeitar a casa, por isso pedira que eu buscasse flores na clareira enquanto ela organizava a casa. Realmente não entendi sua atitude, uma vez que temos um jardim na frente de nossa casa e mais algumas léguas de extensão de uma floresta cheia de plantas de todos os tipos. Mas tudo bem, se ela quisesse que eu colhesse flores diferentes da clareira próxima a Forks, eu não hesitaria nunca. Faria tudo pela minha mulher.

Claro que isso me dava um tempo maior para pensar, longe dos meus filhos leitores de mentes – como se eles não conseguissem ouvir o que penso em qualquer lugar do mundo. Mas sozinho, eu conseguiria pensar melhor em minha surpresa para Nessie. Amanhã será o nosso segundo aniversário de casamento e eu pretendo planejar um dia muito especial para nós dois. Tenho uma leve ideia do que fazer, mas nada concreto ainda.

Chegamos em casa e logo pude ver a agitação na varanda. Jullian e Leah estavam sentados abraçados no último degrau da escada – ele estava encostado no corrimão e entre suas pernas estava a srta. Clearwater. Seth e Samantha estavam sentados no primeiro degrau, perto a porta de entrada – ele tinha um violão em seu colo e o tocava bem até demais; Sammy apenas o fitava, apaixonada, as pernas fechadas, a cabeça sustentada por suas mãos juntas em cima dos joelhos. Na mureta ao lado da escada, Embry estava sentado de braços cruzados; seus olhos fitavam o céu, e ele cantarolava junto com Seth alguma canção de rock.

Caminhei até eles em silêncio, até que o gritinho fino que Sue soltou ao ver Embry chamou atenção de todos – até mesmo Seth parou de tocar e olhou em nossa direção. Coloquei minha pequena no chão e ela saiu correndo até o Call, que pulou da mureta no mesmo instante. Sue colocou as mãos para trás e olhou sorrindo parar ele.

“Sue, hey!” Embry disse apaixonado. Agachou em sua frente, com um joelho no chão, e passou a mão direita pelos cachinhos de minha pequena. Olhou para suas mãos escondidas atrás do corpo e franziu o cenho. “O que tem ai atrás?”

“Flor azul!” Ela abriu a mão e sorriu timidamente, mostrando a flor surrada em sua palma gorduchinha. “Azul é para você, porque você é um menino.”

Não foi possível conter a comoção geral, e no mesmo instante todos riram e olharam emocionados para minha pequena princesa. Embry estava mais do que emocionado, eu diria estupefato. Seus olhos ficaram marejados e um sorriso bobo cresceu lentamente em seus lábios grossos - exatamente o mesmo sorriso que eu tinha em meu rosto toda vez que ela fazia algum movimento diferente.

“Obrigado, princesa! É uma linda flor!” Ele disse pegando a flor e colocando-a no bolso de sua camisa xadrez. Chegou mais perto dela e disse em um sussurro: “Eu também tenho um presente pra você!”

Sue bateu suas mãozinhas, animada, e fechou os olhos com as mãos quando Embry disse para ela não olhar. Pude ver ele correr para dentro da casa e sair depois de dois segundos com um embrulho cor-de-rosa na mão. Era um papel velho, surrado, remendado com vários pedaços de fita adesiva e um laço desfiado roxo. Precisei revirar os olhos.

Nem para comprar um papel descente para minha filha?

Não seja tão mal, papai. A voz de Samantha invadiu minha mente. Revirei os olhos novamente. Ele só está querendo agradar.

Nada disse, apenas olhei para minha filha e lancei um olhar de ‘ok, parei”. Samantha balançou a cabeça em resposta, a feição em seu rosto lembrou muito a minha mulher.

Nessie. Tenho que levar as flores para ela.

“Cadê a mãe de vocês?” Perguntei, observando Sue rasgar o presente toda animada.

“Ela saiu, foi para a casa da vovó.” Samantha respondeu aceitando a mão de Seth, que lhe ofereceu em um gesto carinhoso. “Deixou o almoço pronto e disse que voltaria logo.”

“Bella ligou chamando-a para alguma coisa de mulheres.” Jullian respondeu, abaixando a cabeça e beijando ternamente a bochecha de Leah.

Antes que eu pudesse protestar, sou interrompido pelo grito agudo de Sue, que abraçava fortemente um pedaço cor-de-rosa de pelúcia – ninando-o em seus braços. Quando ela soltou aquilo para abraçar Embry, pude observar claramente do que se tratava. Precisei de um minuto inteiro para entender, e quando compreendi não consegui acreditar. Era um coelho rosa de orelhas pontudas que possuía uma gravata borboleta vermelha presa ao pescoço. O mesmo coelho do sonho que ele tivera na festa dos meus filhos – claro que estava mais torto, com uma costura mal feita e com pedaços remendados, mas era praticamente igual. Fiquei impressionado.

“Eu fiz sozinho.” Ele disse orgulhoso quando Sue soltou-se de seu abraço para pegar novamente o coelho. “Você gostou?”

“É tão bonito!” Sue disse abraçando o coelho forte contra o peito. “Vai se chamar Benny.”

“Benny é perfeito!” Embry piscou para ela, e recebeu uma deliciosa gargalhada infantil como resposta.

Caminhei até minha pequena e agachei ao seu lado.

“Que lindo coelhinho, minha filha.” Disse entusiasmado. Sue sorriu e esticou-o para mim. Peguei-o em minhas mãos e levei seu focinho até minha orelha, fazendo caretas como se ele estivesse falando comigo. “O que disse, Sr. Benny? Ah, sim! Claro que podemos!”

“O que ele disse?” Ela murmurou intrigada. Sua boquinha entreaberta e os olhos interessados. Tão lindo como funciona a cabeça e o mundo das crianças. Eu estava apaixonado.

“Hm. Ele disse que está com fome!” Respondi e ela sorriu – parecia aliviada. “Que tal levarmos ele para comer conosco agora?”

Sue assentiu animada, batendo as mãozinhas na frente do corpo. Pronto, estava feito. Há um ano eu havia aprendido o segredo para manipular qualquer um de meus filhos: com uma única brincadeira, sem senso e sem graça, você consegue fazer qualquer criança comer, tomar banho, dormir, parar de torturar a mente das pessoas por diversão, entre outras coisas comuns. Era incrível minha habilidade com Sue, com certeza meu um ano de erros e várias experiências com meus primeiros filhos me fizeram saber como lidar com Sue antes mesmo de ela nascer.

Fomos todos para dentro e logo encontramos a deliciosa refeição que minha mulher havia preparado: duas panelas cheias de espaguete ao molho bolonhesa – com certeza devido ao grande apetite dos lobos -, mais uma bacia de salada e um ensopado de carne que tinha um cheiro maravilhoso. Coloquei as flores em cima da bancada da cozinha e logo me juntei aos outros na mesa da sala de jantar.

O almoço foi divertido, mas senti falta de minha esposa – naquele momento parei para pensar no que ela poderia estar fazendo na casa dos pais. Decidi ir até lá para vê-la, mas quando vi a pilha de louças sujas resolvi esperá-la aqui mesmo. Limpei toda aquela sujeira com a ajuda de Samantha e – pasmem – Leah.

Com certeza meu filho estava fazendo bem a ela. Ela andava feliz, sorridente, não brigava mais com ninguém e seus pensamentos eram sempre apaixonados. Finalmente ela encontrara a paz, e fico tão feliz por ela ter o feito. Quase agradeci aos céus por Jullian ter um Impriting por ela. Eu disse quase. Ainda não a suportava.

Após isso, as crianças foram todas para a reserva. Deixei Sue ir com Embry depois de fazê-lo jurar mil vezes que cuidaria dela e não lhe faria mal algum – claro que usei meu tom Alpha - mas foi só para garantir mesmo.

Olhei o relógio da cozinha: 17h30 e minha mulher não havia voltado ainda. Pensei no que eu faria, e lembrei do nosso dia especial. Subi as escadas para começar a planejar seu presente. Quando já sabia o que fazer, tomei banho, me arrumei e peguei as chaves da minha Harley, seguindo em direção a Forks – somente lá encontraria o que eu tinha em mente.

XxXxXxX

“Diga! Eu gosto de ovos verdes e presunto!” Comecei a ler a última página do livro infantil favorito de Sue. “Eu gosto disso, Sam-I-am! E eu os comeria em um barco, e eu os comeria com um garfo.”

Fechei o livro e percebi que minha pequena já dormia. Estava respirando fundo, provavelmente invadindo seus sonhos mais profundos. Acariciei seus cachinhos macios e continuei abraçado com ela em sua cama de solteiro – claro que tivemos que mudar o berço para uma cama regular, afinal em menos de dois meses ela já estará enorme.

Respirei ao perceber que em pouco tempo já não poderia mais ler histórias para minha filha dormir. Céus, como era difícil ter filhos com super crescimento.

Com dificuldade consegui sair da cama sem que ela acordasse. Coloquei o exemplar de Ovos verdes e presunto em cima da cabeceira e puxei o edredom lilás para cobri-la melhor. Beijei suas bochechas rosadinhas antes de apagar o abajur e sair do quarto, deixando a porta encostada.

Estranhei o fato de a minha mulher não ter aparecido ainda. Provavelmente estava se divertindo na casa dos pais. Talvez eu devesse ligar para ela, só para checar se estava tudo bem. Resolvi descer as escadas e tomar um copo d’água antes de o fazer.

Já era noite quando voltei para casa depois compras. Estava satisfeito; finalmente tinha encontrado o presente perfeito para minha esposa e estava louco para que amanhecesse logo. Claro que estava com medo de Nessie não gostar, afinal coloquei tanto sentimento nesse presente, acho que não aceitaria bem se ela não ficasse satisfeita.

Ignorei meus malditos pensamentos adolescentes e parti para a cozinha. A casa estava cheirando a flores – provavelmente Nessie havia distribuído as que eu trouxera pelos cômodos, o que seria muito estranho, porque até agora não vi nenhuma flor. Para mim tanto fazia, nunca gostei muito do cheiro delas, mesmo.

Enchi um copo de vidro com água gelada e tomei em goles rápidos. Encostei no balcão da cozinha, terminando de beber o líquido refrescante. E então, meu olhar pairou sobre o relógio redondo, pendurado na parede ao lado da saída. 23 horas e 45 minutos. Entrei em choque no mesmo instante.

Onde é que minha mulher se meteu?!

Subi as escadas pulando dois degraus de cada vez e segui direto para o quarto de Samantha. Abri a porta devagar e a vi dormir profundamente. Fechei a porta com cuidado e fui atrás de meu filho; ele fazia o mesmo, murmurando algo em seu sono profundo. Coisa mais esquisita... minha mulher desaparecida e meus filhos dormindo consideravelmente cedo?

Não estava certo... algo tinha acontecido! Eu podia sentir!

Adentrei nosso quarto lentamente – se por acaso ela estivesse lá, eu não a acordaria. Porém, quando me aproximei da cama, senti meu coração apertar; minha mulher não estava lá.

Estranhando a situação, resolvi procurá-la. Tentei o banheiro da suíte, o quarto de hóspedes, o primeiro andar inteiro, o jardim, a garagem, e ela não estava em lugar algum. Comecei a entrar em desespero.

Fiz outra busca na casa, e outra, e mais uma só para ter certeza, e meu coração já estava quase saltando pela boca. Pensei ter ouvido passos no andar de cima, mas logo ignorei essa sensação, já que eu deveria estar delirando. De qualquer forma, voltei ao nosso quarto e encostei-me no batente da porta, passando ambas as mãos pelo rosto. Quando estava a ponto de acordar nossos filhos, vejo uma folha branca reluzir sobre a nossa cama de lençóis vermelhos. Ué! Como eu não vi isso antes?

Corri em direção ao papel, rezando em silêncio para que não fosse nenhuma notícia ruim. Desdobrei a folha, e comecei a ler.

Marido,

Siga o cheiro das rosas.

Sua Reneesme.

Franzi o cenho para aquele bilhete minúsculo. Mas que diabos era isso? Um caça ao tesouro? Será que alguém sequestrou minha mulher e está querendo brincar com a minha cara? A ideia de algum Volturi capturar Nessie como forma de vingança congelou-me por dentro. Balancei a cabeça para tirar os pensamentos inúteis, e resolvi seguir o comando.

Inalei o ar, tentando achar aquele maldito “cheiro de rosas” e encontrei-o não muito longe daqui – na verdade ele estava por todo canto no andar de baixo. Percebi que as flores que eu havia colhido para Nessie haviam desaparecido. Que coisa mais esquisita.

Ignorei os pensamentos negativos e comecei realmente a me divertir quando abri a porta da frente e vi uma rosa jogada no chão, direcionada à parte leste da floresta. Isso não poderia ser maldade ou algo proveniente de um Volturi. Eles não eram tão... “Românticos”.

Então minha pequena quer brincar? Tudo bem, seja lá o que esteja planejando, Nessie, eu sou todo seu.

Usei meus instintos de lobo para farejar a trilha feita por rosas. Agora eu entendo o porquê de Nessie ter me pedido para colher flores diferentes em Forks. Se fossem as mesmas que temos no nosso jardim, não seria possível reconhecer o cheiro.

Um passo inteligente, muito inteligente.

Fechei a porta atrás de mim e sai adentrando a floresta, guiado pelo cheiro curioso e tão conhecido das rosas – as quais eu encontrava no meio do caminho de tempos em tempos. Segui o meu caminho e logo o som tão conhecido daquele fenômeno da natureza chegava aos meus ouvidos. Prendi a respiração quando vi que a última rosa estava na porta da caverna.

Caminhei até lá em passos curtos, e relaxei ao sentir o cheiro de minha mulher e ouvir seu coração palpitante. Ela estava bem, estava tudo bem afinal. Mas o que diabos ela fazia na cachoeira à uma hora dessas?

Quando finalmente adentrei o local, senti meu coração falhar uma batida.

You are the flame in my heart

Você é a chama em meu coração

You light my way in the dark

Você ilumina meu caminho no escuro

You are the ultimate star

Você é a minha última estrela

You lift me up from above

Você me ergue para além do topo

Your unconditional love takes me to paradise

Seu amor incondicional me leva ao paraíso

“Ness?” Chamei seu nome em voz baixa. Estava surpreso com a transformação que ela fizera na caverna. Todas flores que eu havia colhido para ela aquela tarde estavam espalhadas pelo chão, e algumas pétalas foram jogadas sobre água do lago formado pela cachoeira. Pude notar várias velas acesas no chão na caverna, e um caminho delineado por rosas brancas que levavam até um grande lençol vermelho, estendido no chão, ao lado da cachoeira. Pude ver uma cesta de piquenique e um balde com duas garrafas de Moet Chandon – um dos champanhes mais caros e deliciosos que existem. Franzi o cenho para o gosto requintado de minha esposa.

Estiquei o pescoço procurando por ela, mas não a vi. Porém, no mesmo instante, sinto mãos quentes e suaves cobrirem meus olhos com dificuldade – devido à diferença de tamanhos, claro. Não pude deixar de sorrir com a atitude da minha pequena.

“Eu desisto.” Disse, antes mesmo que ela perguntasse quem é. “Estou procurando minha linda esposa, você, por acaso, a viu por ai?”

“Eu posso ter visto alguém por ai.” Ela sussurrou, tirando suas mãos de meus olhos e depositando-as em meus ombros, apertando seus dedos em uma suave massagem. “Como ela é?”

“Ah ela é maravilhosa.” Disse fechando os olhos e sorrindo. Hm. Minha Nessie sabe muito bem como fazer uma massagem. “Acho que não deveria fazer isso, senhora. Minha esposa não gostaria de me ver recebendo carinhos de outra mulher. Ela vai matar você, assim como ela quase fez com a última que tentou me assediar.”

“Ah isso você tem razão, querido.” Nessie disse sorridente, virando seu corpo e finalmente parando a minha frente. Pude ver então como estava linda.

Estava com um vestido branco de alças grossas um tanto acima dos joelhos, que formava um suave decote em V, moldando seus seios. Era levemente apertado em cima, e solto na parte de baixo, o que delineava claramente as curvas maravilhosas de minha mulher. Seu cabelo estava solto e caído sobre suas costas, e ela tinha uma rosa cor-de-rosa encaixada em sua orelha. Estava perfeita, era a visão dos céus.

Nessie colocou seus braços macios em volta do meu pescoço e me olhou sedutora.

“Você é só meu, de mais ninguém.”

“Todo seu.” Disse pegando a flor de sua orelha e a colocando no bolso único de minha camiseta preta. Mordendo o lábio, usei minhas mãos para puxá-la pela cintura e colar seu corpo ao meu. “Para sempre seu.”

O olhar de Nessie estava cheio de paixão e desejo, e eu sei que não suportaria mais ficar longe dela. Puxei-a mais para perto e em um movimento rápido capturei seus lábios com os meus próprios e dei início a um beijo apaixonado. Senti seus dedos enterrarem em meu cabelo e me senti a caminho do paraíso.

Quando passei meus lábios para seu pescoço, beijando-o suavemente, Nessie – que arfava em busca de fôlego -, disse em meu ouvido: “Surpresa.”

I belong to you

Eu pertenço a você

And you

E você

You belong to me too

Você pertence a mim também

You make my life complete

Você torna minha vida completa

You make me feel so sweet

Você faz eu me sentir tão doce

“Ok. Agora é oficialmente meia-noite.” Disse ela, olhando para o relógio de ouro em seu pulso. Ela então olhou em meus olhos e murmurou apaixonada: “Feliz aniversário de casamento, meu amor.”

Recebi seu beijo suave e abri um sorriso largo em resposta. Minha Nessie adorava me surpreender.

“Feliz aniversário de casamento.” Disse e coloquei minha cabeça em seu ombro, inalando seu cheio maravilhoso – muito melhor do que o cheiro das rosas ao redor. Ela me abraçou e ficamos assim por alguns minutos, apenas nos acarinhando. “Uau, isso é que é surpresa! Fez tudo sozinha?”

“Ah sim, claro que tive alguma ajuda de bons leitores de mentes.” Ela disse, piscando o olho direito maravilhosamente. “Queria que fosse tudo perfeito, que compensasse por duas datas, já que eu... não pude estar com você no nosso primeiro aniversário de casamento...”

Percebi sua voz sair baixa com aquele comentário, quase como um sussurro. Pude ver em seus olhos chocolate o quanto estava desapontada. Claro que Nessie não pudera estar comigo no nosso primeiro aniversário de casamento, ela estava em coma. Lembro que desci ao inferno umas várias vezes naquele mesmo dia. Não tê-la ao meu lado, era o pior sentimento do mundo.

Não pude conter o sorriso ao olhar para sua feição tímida. Coloquei um cacho bronze de seu cabelo macio atrás da orelha e encostei minha testa na sua. Conseguia ouvir o ritmo das batidas de seu coração aumentarem sutilmente.

“O importante é que você está aqui.” Murmurei, com a voz rouca. “E é como um sonho Nessie, você é meu anjo.”

You make me feel so divine

Você faz eu me sentir tão divino

Your soul and mind are entwined

Sua alma e mente são entrelaçadas

“Ao meu marido maravilhoso.” Nossas taças se tocaram. Sorri ao dar um beijo casto em seus lábios.

“A minha mulher criativa e surpreendente.” Disse e me deliciei com sua risada de menina. “Obrigado pela surpresa!”

“Fico feliz que gostou.” Nessie deu um gole em seu champanhe caríssimo e voltou a deitar sobre o lençol macio. Fiz o mesmo e deitei ao seu lado, abrindo meus braços para que ela pudesse se aninhar em meu colo.

Ficamos quietos por um momento, apenas apreciando o som da cachoeira, o cheiro das velas queimando e o calor de nossos corpos abraçados. Acariciei seu cabelo sedoso e senti seus pequenos dedos adentraram pela gola V de minha camiseta preta, brincando entre minha clavícula. Eu estava no paraíso.

“Me desculpe...” Sua voz soou tão baixa, que precisei pensar para ter certeza de que ela havia dito algo.

Ela estava se desculpando? Pelo quê exatamente? Por ser a mulher mais maravilhosa do mundo? Precisei me mexer embaixo dela para poder olhar em seus olhos preocupados. Afastei meu corpo e deitei ao seu lado, apoiando a cabeça em meu punho fechado – de maneira que tinha uma ótima visão da minha pequena deitada de bruços.

“O que foi, meu amor?” Perguntei usando minha mão livre para acariciar sua bochecha corada. Ela suspirou fechando os olhos, e levou longo segundos para responder.

“Me desculpe por te deixar magoado esse tempo todo, por não poder passar nosso primeiro aniversário de casamento juntos.” Ela disse, seu rosto envergonhado. Ah, minha pequena, você não sabe como eu odeio te ver assim.

Eu estava prestes a protestar, quando senti seu dedo indicador cobrir meus lábios, calando-me instantaneamente.

“Você fez tanto por mim Jake, me ajudou na reabilitação, me ajudou a lembrar de tudo depois do coma.” Ela disse, seus olhos marejando lentamente. “Você foi minha luz, meu refúgio; eu podia não lembrar de você no começo, mas eu nunca deixei de te amar. Eu me sentia tão bem ao seu lado, tão protegida. Obrigada, meu amor, por não desistir de mim.”

“Ness, sua boba.” Murmurei, secando uma lágrima que escorrera por seu rosto angelical. Pude sentir um sorriso apaixonado invadir meus lábios. “Eu nunca desistiria de você.”

Before you I was blind

Antes de você eu era cega

But since I've opened my eyes

Mas desde que eu abri meus olhos

And with you there's no disguise

E com você não há nenhum disfarce

So I could open up my mind

Assim eu poderia abrir minha mente

“Antes que eu me esqueça.” Disse colocando a mão em meu bolso e tirando uma caixa média de veludo vermelho. Nessie me fitou curiosa, e eu lhe entreguei o presente. “Espero que goste.”

“Meu amor, não precisava!” Nessie me deu um beijo carinhoso e abriu a caixinha. A feição em seu rosto mudou de um minuto a outro. Pude ver seus olhos marejarem novamente, enquanto pegava a pulseira de ouro nas mãos.

Foi realmente difícil pensar em um presente na altura da minha monstrinha, mas quando descobri o que eu queria, tudo deu certo. Meu pensamento principal era lhe dar algo que demonstrasse o que passamos e tudo que enfrentamos para ficarmos juntos. Fico feliz por ter conseguido.

A pulseira fina revestida em ouro tinha vários pingentes diferentes – também dourados -, um para cada memória que tivemos. Havia um pequeno lobo e uma miniatura de presa de vampiro – claro, representando nós dois -, um coração representando nosso amor; três bonequinhos unidos, duas meninas e um menino – nossos filhos -; uma gota que indicava a cachoeira, onde demos o primeiro beijo; um vestido rendado representando a primeira vez que fizemos amor e, como parte essencial daquele presente, um pequeno jazigo que tinha em um lado a gravação R.I.P, e do outro os nomes Nahuel, Demetri e Meredith, representando os obstáculos que ultrapassamos e que estão bem enterrados agora.

Nessie gargalhou maravilhosamente quando expliquei o significado do último pingente.

“Você nunca deixa de me surpreender, Jacob Black.” Ela disse emocionada, dando-me um beijo de agradecimento e pedindo ajuda para colocar a pulseira em seu braço. Ficou alguns segundos analisando o presente, mostrando seu sorriso lindo. “Deve ter custado uma fortuna!”

“Não se preocupe com isso, meu amor.” Disse beijando sua testa. “Por você eu gastaria todo o meu dinheiro, o dinheiro do Billy, dos lobos e ainda roubaria os Cullens para te satisfazer, mesmo correndo perigo de ser devorado pela loira maníaca da Rosalie.”

Nessie revirou os olhos e sorriu novamente.

“É um presente muito atencioso, obrigada!” Nessie empurrou-me para baixo, e com uma girada ágil, colocou seu corpo sobre o meu. Senti seus lábios preencherem os meus e no mesmo instante correspondi, segurando-a pela cintura. Nessie parou de me beijar para falar em meu ouvido: “Sabe porque arrumei tudo isso aqui hoje?”

“Hmm?” Estremeci quando senti seus lábios mordendo o lóbulo de minha orelha.

“Para terminarmos nossa lua de mel.” Ela sorriu e mordeu o lábio inferior. No mesmo instante meu corpo ascendeu, e a sua feição travessa me fez rir. “Acho que depois de tudo nós merecemos, não é?”

Ah, minha Nessie, você não sabe como eu te amo.

“Soa perfeito para mim.” Disse, o desejo de tê-la queimando dentro de mim, e virei-me rapidamente, ficando por cima dela. Sua cara de susto me fez sorrir. “Vamos recuperar o tempo perdido, Sra. Black.”

Então ela gargalhou, sua risada maravilhosa aquecendo meu coração. Nunca me senti tão feliz, tão realizado. Nunca senti tanta certeza de que daria certo. Nessie e Jacob, Jake e Ness, assim seria, para sempre.

I always loved you from the start

Eu sempre o amei desde o começo

But I could not figure out

Mas eu não poderia saber

That I had to do it everyday

Que eu tinha que fazer isso todos os dias

So I put away the fight

Então eu deixei de lado a briga

Now I'm gonna live my life

E agora vou viver minha vida

Giving you the most in every way

Entregando a você o melhor em todos os sentidos

“Você acha que devemos ter outro filho?” Nessie perguntou, enquanto eu acariciava a extensão de suas costas nuas e suadas - devido ao nosso momento anterior. “Acho que não haveria mais lobos para ter Impriting por ele.”

“Duvido muito disso.” Disse. “Sempre vai existir algum lobo intrometido e sem amor a vida.”

“Então quando tivermos outro filho, podíamos colocá-los numa grande bolha e não deixar nenhum lobo enxerido por perto.” Ela disse, quase séria. Precisei sorrir.

“Ou talvez poderíamos colocá-los em uma caixa e levá-los pro Pólo Norte, quem sabe o tempo frio de lá não servisse para apagar o fogo desses lobos malditos cheios de hormônios adolescentes.” Disse divertido, sentindo o corpo de minha mulher balançar sobre mim enquanto ela gargalhava. Beijei seu cabelo e a abracei mais forte.

“Nós deveríamos ter pensado nisso antes.” Nessie disse, mexendo-se no meu colo para olhar em meus olhos. Seu olhar era de censura, mas eu sabia que ela estava se divertindo com isso. “Hey, você realmente quer ter mais filhos?! Por Deus, Jacob!”

“Claro! Por que não?” Disse sorrindo. “Poderíamos fazer mais uns quinze e colocá-los para trabalhar em uma oficina de brinquedos, assim como os chineses fazem.”

“O quê?”

“Ou poderíamos fazer mais uns 100 e criar nosso próprio exército de lobos-humanos-vampiros e dominar o mundo. Os Volturi iriam pirar!”

“Cala a boca, Jake!” Nessie riu e colocou-se sobre mim mais uma vez, colando nossos corpos nus naquele contato pele-pele. Hm. Ela não sabia o efeito que isso tinha em mim. “Você sabia que eu adoro quando me faz rir?”

“Ah, e eu adoro quando ri, meu amor.” Disse abraçando sua cintura fina e levantando um tanto a cabeça para poder dar um beijo carinhoso seu pescoço.

“Gostou da surpresa?” Ela perguntou em expectativa enquanto acariciava minha barba por fazer.

“Eu amei, Ness.” Respondi sincero, beijando seus dedos que passavam suavemente pelo meu lábio inferior. Acarinhei suas costas lisas e a senti estremecer em meus braços. “É tão bom saber que tenho você pra sempre!”

“Para sempre, meu amor.” Ela sussurrou, dando-me um beijo carinhoso na ponta do meu nariz. Não deixei de sorrir com sua atitude. “Eu pertenço a você.”

“Que bom ouvir isso.” Murmurei, virando meu corpo para deitar-me novamente sobre ela. Abaixei na direção de seu pescoço para sussurrar em seu ouvido: “Porque eu também pertenço a você.”

Sua risada de menina me encantou e em menos de um segundo seus braços estavam em volta de meu pescoço e nossos lábios se tocavam delicadamente. Nosso beijo nunca fora tão doce, nosso amor nunca fora tão intenso, nossa vida nunca fora tão perfeita. Se eu pudesse fazer um pedido seria que isso nunca mais acabasse, que nosso momento durasse eternamente.

E então, esse foi o único momento que agradeci aos céus por ser um lobo. Eu teria minha Reneesme para todo o sempre.

“Eu te amo, minha monstrinha. Mais do que minha própria vida.”

I belong to you

Eu pertenço a você

And you

E você

You belong to me too

Você pertence a mim também