XXII

Comemorações

“SURPRESA!” Todos gritaram em uníssono.

Tive que segurar o riso com cara de pau dos meus filhos em fingir estarem surpresos com a festa. Com certeza eles já sabiam o que estávamos planejando – não que Nessie e eu não fossemos ótimos em esconder nossos pensamentos de nossos leitores de mentes mirins, mas infelizmente, os outros Quileutes não eram tão sutis.

Observando agora aquele lugar, tenho que admitir que Alice fizera um ótimo trabalho. O jardim estava decorado com luminárias redondas por todo gramado; todas as mesas brancas possuíam um vaso com algumas flores e três velas – o suficiente para iluminar os convidados nessa noite escura de outono. A mesa de doces estava maravilhosa – posso dizer com certeza devido ao meu conhecimento aprofundado no quesito “comida”. Possuía dois bolos de três camadas, decorados com Chantilly e chocolate, e em volta havia vários docinhos com aparência deliciosa. Ah Emily, Ah Sue, meu amor por vocês é eterno.

Agora, a pista de dança da baixinha psicótica era o que mais chamava a atenção. Imagine uma parte da floresta que foi forrada com um carpete de brilhantes, rodeada por dezenas de balões brancos, com luzes coloridas e holofotes cruzando-se no céu escuro e, é claro, um dj especializado ao fundo, que tocava músicas extravagantes e controlava uma máquina de fumaça – mirada diretamente para a “pista”. Não entendia pra que tanto exagero, mas ninguém queria contrariar a sanguessuga irritante.

Meus filhos pareceram realmente admirados com a decoração a lá Alice, pois pelo jeito que rodeavam os olhos pelo local, estavam estupefatos.

“Oh meu Deus, uma festa surpresa!” Samantha gritou, mais contente do que deveria estar. Seth gargalhou ao seu lado.

“Ah sim, quem imaginaria...” Jullian revirou os olhos e puxou Leah para perto de si.

“Parem de ser estraga prazeres!” Alice franziu o cenho divertida, antes de caminhar até meus filhos e os abraçarem, um por vez. “Feliz aniversário! Venham ver meu presente! Venham!”

Ela puxou os dois pela mão, fazendo-os se soltarem de seus respectivos pares, e os levou até a pista de dança. A feição dos dois mudou no mesmo instante. Era um misto de surpresa, admiração, desgosto, mas ao mesmo tempo, felicidade. Não sei bem definir o que eles sentiram, talvez eu pergunte a Jasper mais tarde.

“Oh. Deus.” Jullian murmurou pausadamente, enquanto olhava incrédulo para o exagero da sanguessuga afetada.

“Tia Alice...” Samantha sussurrou, sem jeito. “Isso é... incrível, não precisava de tanto!”

“Claro que precisava, minha gatinha.” Alice disse sorrindo abertamente, antes de beijar a bochecha rósea da minha filha. “Quando meus sobrinhos vão fazer dois anos de idade de novo? Isso mesmo, nunca!”

“Obrigado, tia Alice.” Jullian disse educado, ela sorriu, apertando a bochecha dele.

“Aproveitem a festa!”

Logo todos os convidados da festa foram dar seus cumprimentos a meus filhos, que aceitavam os abraços com um sorriso amigável no rosto. E em pouco tempo a música badalada escolhida pela sanguessuga loira começava a animar o local. Realmente, a festa estava ótima. Preciso lembrar de dar meus cumprimentos à tampinha da Alice quando tudo terminasse.

A comemoração seguiu animada, até a hora dos parabéns. Claro que não me surpreendi com o fato de que os primeiros pedaços de bolo de cada um foram direcionados a Seth e Leah. Mas francamente, esperava um pouco de consideração, pelo menos da minha filha.

Revirei os olhos e recebi um olhar feio de Nessie. O quê? Eles quem estavam colocando lobos irritantes acima da família e eu que recebo uma careta? Injustiça define.

Depois do bolo, a maioria dos lobos foi para a pista de dança, acompanhados de seus respectivos pares, dançar ao som de alguma banda de Country, enquanto Nessie e eu estávamos sentados em uma mesa conversando com Edward e Bella – que tinha a pequena Sue em seu colo. Logo chegaram Carlisle e Esme e sentaram-se conosco.

“Isso é estranho.” Bella disse, segurando as mãozinhas da minha filha em seu colo. “Ela não tentou me morder, eu não acho que seja uma vampira.”

“Será que é uma loba? Como Leah?” Esme indagou, curiosa. Todos olhamos para Edward – já que era o único presente que podia ler a mente da minha garotinha.

“Ela não deseja sangue mais do que deseja comida humana. Ela gosta dos dois igualmente, diferente de Samantha, que preferia sangue.” Edward disse. “Considerando os fatos, eu apostaria em loba, com certeza.”

“Uau.” Nessie murmurou olhando para minha pequena.” Isso é... inesperado!”

“Espero realmente que ela não se torne uma Leah.” Murmurei para mim mesmo, observando-a dançar com Jullian. Com certeza seria desagradável ter uma mal amada irritante como filha. Mas claro que uma criaturinha proveniente de uma mulher tão maravilhosa como a minha nunca poderia se tornar insuportável como a Srta. Clearwater.

Eu ouvi isso pai. Sua voz zangada e masculina invadiu minha mente. Olhei para ele na multidão, ele tinha uma feição irritada no rosto moreno – levemente avermelhado pelo calor da multidão. Opa, péssima hora para pensar em comentários inapropriados sobre minha nora querida. Olhei para meu filho, me desculpando com o olhar, e observei com satisfação ele bufar e revirar os olhos, antes de girar Leah em um perfeito passo de Country.

“Qual o problema dele?” Ouço minha pequena murmurar em meu ouvido, fazendo-me mudar a linha de pensamento. Virei a cabeça para olhar a fonte de suas dúvidas, e o vi sentado junto a uma mesa; tinha os dois braços cruzados e a cabeça deitada sobre eles em cima da toalha branca. Pela aparência, ele dormia profundamente.

“Estava cansado, provavelmente.” Edward respondeu sua pergunta, antes de franzir o cenho em seu rosto estupidamente perfeito. “Ele está sonhando... que curioso!”

Olhei para ele sem entender o que estava acontecendo, e o vi trocar olhares com Carlisle – provavelmente estava compartilhando seus pensamentos com ele. Observei então, minha mulher me encarar confusa, assim como Bella e Esme. Quando meu olhar pairou sobre a pequena Sue, minha confusão tornou-se ainda pior, já que a vi olhar fixamente para Embry – que dormia na mesa ao lado -, como se estivesse hipnotizada ou algo assim.

“Você acha mesmo?” Edward indagou, lendo os pensamentos de Carlisle. Depois de um minuto, ele virou-se para mim. “Jacob, pegue Sue no colo. Chame sua atenção.”

“O quê?” Mas o que estava acontecendo?

“Só faça, Jacob.”

Relutante, estiquei os braços para pegar minha garotinha em meus braços; no mesmo momento ela pareceu sair do transe, pois sorriu para mim e se jogou no meu colo. Encarei a todos na mesa, seguindo seus olhares para a mesa ao lado, em que Embry acordava lentamente e esfregava os olhos - sua feição era confusa.

“Você estava certo.” Edward disse a Carlisle, e ambos sorriram gratificantes. Eu não estava entendendo mais nada, que merda estava acontecendo? Antes que alguém pudesse dizer algo na mesa, vejo Embry se aproximar de nós, olhando carinhosamente para Sue.

“Oi pessoal.” Ele disse, sem graça, coçando a parte de trás da cabeça. “Er... me desculpe se cochilei, é que eu fiquei com a ronda noturna e depois tive que arrumar a festa, ou seja, não dormi nada...”

“Não se preocupe Embry, sem problemas!” Nessie disse, com uma sobrancelha levantada. Estávamos todos curiosos naquele lugar. Será que alguém podia me explicar o que estava acontecendo?!

“Embry, você estava sonhando.” Edward disse, não foi exatamente uma pergunta. De qualquer forma, Call assentiu.

“Foi estranho...” Ele sussurrou, e seu olhar se fixou em algum ponto longínquo enquanto ele se perdia em pensamentos. “Eu estava no quarto de Sue, e brincava com ela com um coelhinho rosa. Ele tinha longas orelhas pontudas e vestia uma gravata-borboleta vermelha. Eu senti... a forma que Sue olhava pra mim... ela sabia... eu tinha certeza que ela sabia de tudo...”

“Espere um momento...” Nessie o interrompeu, confusa. Oh céus. Eu pressentia o pior. “Tudo o quê?”

Embry ficou da cor da gravata borboleta do seu coelhinho rosa imaginário. Tentou gaguejar algumas palavras, mas tudo o que saiu da sua boca foram barulhos incoerentes. Todos olhavam pra ele curiosos – claro que Edward e eu sabíamos exatamente do que ele estava falando, mas não podíamos deixar de lado a ânsia de ver o que Nessie faria quando descobrisse a verdade. Talvez ela o matasse, talvez arrancasse seus membros lentamente, talvez fizesse os dois, bom, vamos esperar pelo melhor. Vi Edward rir baixo com o meu comentário - com certeza com a sua mania irritante de ler pensamentos.

“Eu...” Depois de dois minutos longos de frescura, Embry suspirou fundo e finalmente completou. Tão rápido que todos nós levamos um minuto inteiro para separar cada palavra da frase e entender o que ele havia dito. “Tive um Impriting por Sue”.

Como em um filme, todos os olhares pairaram sobre Nessie, que ficou muda e em choque. Seus olhos se arregalaram como em câmera lenta, e sua feição surpresa tornou-se inconformada em menos de dois segundos. Ela levantou-se da cadeira no mesmo instante que Embry dava passos curtos para longe dela.

“Você o quê?” Ela perguntou, fazendo ênfase na ultima palavra. Embry estremeceu.

“Ah, isso vai ser divertido.” Murmurei satisfeito e cruzei os braços, preparando-me para admirar a cena que havia acontecido comigo algumas horas antes. Isso mesmo meu amor, dê a ele o castigo que eu não consegui dar.

“Nessie, você sabe como é o Impriting!” Embry tentava se defender, com as mãos levantadas no alto em sinal de rendição. “Eu nunca faria nada pra magoar sua filha! Nunca ousaria fazer algo errado para ela, nunca!”

“Mas é a minha garotinha, a minha única bebê! Vocês não tem limites?!” Nessie esbravejou, parecia enfurecida. “Qual o problema desses lobos?!”

“Eu diria a folga, a chatice, o apetite furioso.” Listei os motivos para ela, sorrindo abertamente. Minha pequena nervosa era tão maravilhosa. E sexy. “Tem também a inconveniência, a irritabilidade, a falta de amor à vida, e é claro, o fato de terem capacidade de se apaixonarem perdidamente por criancinhas recém-nascidas.”

“Argh! Como eu odeio isso!” Nessie disse cruzando os braços. Depois, apontou o dedo indicador para Embry - que deu um pulo assustado com a atitude dela. “Ei, você! Não passei tempo o suficiente com você para te deixar ter a liberdade que Seth e Leah tiveram com meus filhos, não quero saber se é melhor amigo ou não de Jacob, o que importa é o seguinte: Você não se atreva a fazer qualquer coisa sem a nossa permissão com a minha bebê, se não eu corto você em pedacinhos para servir como aperitivo na próxima festa. Sim, isso é uma ameaça!”

De repente, todos olhavam assustados para Nessie - até mesmo eu fiquei levemente espantado. Francamente, não esperava uma atitude assim partindo dela – que foi tão compreensiva quando o mesmo aconteceu com nossos gêmeos -, mas podia entender o porquê de tudo isso. Era só olhar para Sue que tudo se esclarecia. Tudo aconteceu tão rápido com Samantha e Jullian, e também por conta do “acidente” de Nessie, não tivemos tempo o suficiente de aproveitar nossos filhos enquanto bebês. Era isso que ela queria, uma chance de ter mais tempo como mãe coruja, antes que os machos cheios de hormônios começassem a rodear nossa princesa.

“M-me desculpe Nessie...” Embry gaguejou constrangido, seu olhar baixo, como uma criança que acabara de levar bronca por afogar o cachorrinho na água do tanque de lavar roupas.

“Então, alguém pode me falar o que acabou de acontecer por aqui? Tirando... isso, quero dizer.” Minha mulher o ignorou completamente e voltou seu olhar para Edward, que tinha uma feição divertida no rosto. “Papai?”

“Acho que acabamos de descobrir o poder de Sue.” Ele disse tranquilamente, colocando as mãos dentro do bolso da calça de linho. Todos nós o fitamos, interrogativos, ele sorriu antes de continuar. “Embry estava tendo um sonho, e na mente da pequena Sue, a mesma cena estava acontecendo, como se fosse ela quem estivesse projetando o sonho em sua cabeça.”

“Como é?” Perguntei confuso, observando minha pequena comer tranquilamente um salgadinho em meu colo.

“Durante toda a gravidez de Nessie, ela teve vários pesadelos, que eram estranhamente projetados na mente do bebê em seu ventre. O mesmo acontecia com os sonhos de Samantha e Jullian, e até os seus, Jacob.” Edward disse calmamente, parando apenas para sorrir. Olhei para Nessie, e Embry. Eles estavam tão surpresos quanto eu. De repente, algo veio a minha mente.

“Mas o que tivemos foram pesadelos.” Comecei, franzindo o cenho sem entender. “Por que o sonho de Embry foi bom? Não entendo.”

“Aparentemente, Sue cria ilusões em sua mente baseada nas suas maiores preocupações. Se ela enxerga medo, ela cria um pesadelo, se ela enxerga felicidade, um sonho bom.” Carlisle respondeu, acariciando o cabelo de minha pequena em meu colo. “Aparentemente é o jeito dela se comunicar, e no futuro, tenho certeza que conseguirá criar ilusões mesmo com a pessoa acordada. É muito inteligente.”

Uau. Meus filhos nunca paravam de me surpreender. Que orgulho da minha garotinha! Como é linda e inteligente! Não podia estar mais feliz! Olhei sorrindo – todo bobão, imagino – para minha mulher, que tinha o mesmo sorriso contagiante nos lábios. Ajeitei minha pequena no meu colo, de forma que ficasse em pé em minha coxa e virada pra mim, ela me olhava curiosa, e chupava os dedinhos sujos de salgadinho.

“Que orgulho da minha princesinha!” Disse para ela, antes de abaixar-me e assoprar sua barriga redondinha, fazendo cócegas e provocando a gargalhada de Sue – uma risada maravilhosa de criança que fez todos sorrirem apaixonados.

Quem diria? Jacob Black ter três filhos; gêmeos leitores e torturadores de mentes e uma criadora de ilusões; e uma mulher maravilhosa, que te lembra todos os dias o quanto o ama e como o faz o homem mais feliz do mundo. O que eu tinha feito para merecer essa vida dos sonhos? Eu não tinha ideia, e também não importava. O que importava agora era a felicidade crescente e o sorriso estúpido que eu não conseguia tirar de meus lábios.

A festa seguiu animada, continuamos a conversar e nos divertir até que percebo Nessie pedir licença e levantar graciosamente da mesa, indo em direção a mesa de doces. Observei Embry ao meu lado, que olhava amorosamente para Sue e estava totalmente sem graça e sem saber o que fazer – provavelmente pela ameaça de morte que havia acabado de receber de minha monstrinha enfurecida. Tive uma ideia no mesmo instante.

“Hey, cara?” Chamei o lobo ao meu lado, fazendo-o olhar para mim com uma sobrancelha levantada. Estiquei Sue para ele, ele hesitou sem entender. “Pode segurá-la pra mim? Vou pegar alguns doces.”

“Hm... não sei cara...” Embry coçou a cabeça sem graça. Sabia que estava louco para pegá-la, mas não tinha coragem. “Nessie falou bem sério quando disse pra eu me comportar.”

Precisei revirar os olhos para ele.

“Para de frescura, Em. Eu também sou pai dela e quero que a segure, por favor.” Disse, e antes que ele pensasse em reclamar, coloquei Sue em seu colo. A pequena fitou-o com seus grandes orbes acastanhados e levantou sua mão gordinha para tocar a bochecha de Embry. Ele ficou emocionado, olhava para ela como se fosse a jóia mais preciosa do mundo. E ela é.

Ele me olhou hesitante, mas passou os braços em volta dela – de uma forma tão delicada que parecia que estava segurando um monumento de vidro fino que pudesse se quebrar em mil pedaços ao menor toque. Sorri para ele, e murmurei um ‘cuida da minha filha’, antes de caminhar até o dj, passando pela multidão de lobos e vampiros dançantes.

Falei ao humano atrás da mesa de som o que eu queria, e ele logo compreendeu, cumprindo o meu pedido. Caminhei até a mesa de doces e pude ver minha pequena desenrolar um brigadeiro e comer – seu olhar perdido em algum ponto desconhecido. Passei meus braços por sua cintura e encostei suas costas no meu peito, no exato momento em que a batida de I don’t want to miss a thing começava. Coloquei minha cabeça na volta do seu pescoço e a ouvi inspirar.

“A Sra. Black me daria a honra de uma dança?” Perguntei em seu ouvido, incrível como minha voz saiu rouca. Senti minha mulher estremecer em meus braços, e agradeci mais uma vez por tê-la só para mim, para sempre.

Nessie se virou em meus braços, e fitou-me com aqueles orbes chocolate tão lindos e brilhantes. Seu sorriso aberto de menina derreteu meu coração.

“Com prazer, Sr. Black.” Ela sussurrou, afastando-se de mim para esticar sua mão delicada em minha direção. Peguei-a no mesmo instante e a levei aos lábios, beijando-a suavemente. Quando olhei em seus olhos, a vi corar.

Levei-a até a pista de dança, sem tirar meus olhos dos seus. Eu estava hipnotizado, apaixonado. Nessie não tinha noção do quanto eu era dela; do quanto eu estava rendido a seus feitiços, rendido a seus pés. Eu a amava mais do que minha própria vida, mais do que meu próprio ser.

Depositei uma mão em suas costas e a outra em sua mão direita, trazendo-a para perto de mim, e aconchegando-a em meus braços. Nessie acarinhou meu pescoço com a sua mão livre e sorriu amorosamente, enquanto Steven Tyler começava a cantar o primeiro verso da canção. Começamos a nos movimentar lentamente, deixando-nos guiar pela melodia.

“Minha garota estava tão brava.” Disse fazendo uma careta, ela revirou os olhos.

“Eu tenho motivo, Jake.” Ela rebateu. “Aliás, estou surpresa por estar tão calmo. Você que quase arrancou a cabeça do pobre do Seth quando descobriu o Impriting dele por Samantha. Quem é você e o que fez com meu marido?”

Precisei gargalhar com a sua ultima frase. Minha Nessie, sempre me surpreendendo.

“Embry é uma boa pessoa, Ness. Acredite em mim! Convivo com ele desde que me conheço por gente e tenho certeza que não fará nada que não deva. Mesmo se tentasse, eu acabaria com ele antes de ele sequer pensar em fazer algo.”

“Eu sei, Jake.” Ela suspirou. Percebi que entreabriu os lábios para dizer algo, mas desistiu e voltou a fechá-los. Algo preocupava minha mulher.

“Mas?” Incentivei-a a falar.

“Deixa pra lá, não é como se fosse mudar alguma coisa.” Ela murmurou, revirando os olhos. Tive que suspirar. “Não é importante.”

“Meu amor, tudo sobre você é importante. Se tiver algo te perturbando, por favor, fale, confie em mim.” Disse tirando minha mão das suas costas para acariciar sua bochecha rósea. Pude ver um sorriso tímido em seu rosto, e eu sabia que tinha a conquistado.

“É que... Com tudo que aconteceu, digo, com meu acidente, eu acabei perdendo grande parte do crescimento dos nossos filhos, e antes que eu pudesse perceber eles já estavam muito bem comprometidos com Seth e Leah.” Ela começou, corando suavemente. “Eu só achei que dessa vez eu poderia aproveitar mais a infância da minha filha.”

Era exatamente o que eu estava pensando. Nessie estava vulnerável, estava com medo de não estar presente na infância de Sue, como ocorrera com Jullian e Samantha. Embora não fosse culpa dela, sei que se sentia culpada, e isso me cortava o coração. Ia começar a falar, mas ela me interrompeu, prosseguindo com seu raciocínio.

“Eu vejo Sue como um presente, Jake.” Ela disse baixo, com os olhos brilhando, apaixonados. Um sorriso emocionado surgindo em seus lábios carnudos. “Ela entrou na nossa vida como um presente para nós, depois de tudo que passamos. Eu só não queria que ela crescesse tão rápido, que viesse um lobo e a roubasse de mim tão cedo.”

Sorri suavemente. Parei de me movimentar e olhei em seus olhos, colocando minhas duas mãos na sua cintura fina. Encostei minha testa na sua e senti suas mãos rodearem meu pescoço. Beijei a ponta do seu nariz redondo antes de começar a falar.

“Sue é nosso presente, Nessie.” Disse, ela sorriu. “Não é porque Embry teve um Impriting por ela, que ela vai interromper a infância para ficar com ele. Você sabe como funciona, meu amor, você já esteve nessa situação... comigo!”

“Eu sei, Jake.” Ela disse apenas e encostou sua cabeça em meu peito. Abracei-a mais forte e começamos a nos movimentar lentamente ao som da música.

“Sabe, estou feliz por Sue ter ele.” Disse, depois de longos segundos em silêncio. Nessie desencostou de meu peito para me olhar. Continuei antes que ela pudesse protestar. “O que um lobo sente por seu Impriting é tão intenso, mas tão sincero e inocente. Sei que ele a fará muito feliz, assim como Jullian e Samantha estão.”

Nessie virou seu olhar para a pista, assim como eu. E lá estavam meus dois filhos, dançando abraçados com seus respectivos namorados. O sorriso em seus rostos era lindo, apaixonante. Pude ver Nessie fitar então a mesa onde estávamos sentados agora há pouco. Embry fazia cócegas na pequena Sue em seu colo, e ela gargalhava, maravilhosamente.

“Você tem razão, Jake.” Ela disse, finalmente cedendo. “Eles estão felizes, dá pra ver nos olhos deles. Isso é tão lindo, poderia vê-los sorrir o tempo todo e nunca enjoar.”

“Sei exatamente do que está falando, minha pequena.” Sussurrei em seu ouvido, dando-lhe um suave beijo atrás da orelha. “É assim que me sinto em relação a você.”

Nessie voltou a me olhar, estava tão linda com aquele sorriso bobo no rosto. Senti a vontade de me expressar crescer dentro de mim, e logo não conseguia conter as palavras.

“O que um lobo sente é intenso.” Comecei. “E o que eu sinto por você, Nessie, é inexplicável. Você me deu tanta alegria, tanta preocupação, tantos sorrisos, que eu não conseguiria viver sem você.”

Encostei minha testa na sua e me deliciei vendo seu olhar apaixonado.

“Você não sabe o que eu sou capaz de fazer para vê-la feliz.” Disse sinceramente, puxando-a pela cintura e colando nossos corpos. Senti minha pequena estremecer. “Você é meu tudo, minha vida. Eu te amo muito, meu amor.”

“Ah Jake.” Ela sussurrou emocionada. Esticou-se na ponta dos pés para encostar seus lábios nos meus em um beijo terno e rápido. “Meu lobo lindo e maravilhoso. O pai mais carinhoso e o marido mais apaixonante e sexy do mundo. Eu te amo demais! Não podia querer mais nada, está tudo perfeito, Jake!”

Suas palavras aqueceram meu coração, como sempre Nessie sabia exatamente o que falar. Sem cerimônias, e sem esperar mais, abaixei-me para beijar seus lábios, puxando-a pela cintura para mais perto de mim. Senti seus braços acariciarem meu pescoço, provocando uma corrente elétrica maravilhosa por toda extensão do meu corpo. Aprofundamos o beijo, e já não havia mais nada ao redor. Só eu e ela. E é assim que seria para sempre. Minha Nessie e eu, enfrentando a eternidade.

Nessie soltou seus lábios dos meus e me olhou apaixonada. Estava levemente sem ar, assim como eu. Suas mãos foram para o meu rosto, acariciando minha bochecha e fazendo-me fechar os olhos com seu toque quente.

“E agora? O que faremos a seguir?” Ela perguntou interessada, eu sorri.

“Agora nós dançamos.”

Nessie sorriu ternamente e aconchegou novamente sua cabeça em meu peito.

XxXxXxX