XV

Decisões Inesperadas

 

 

 

 

 

Jullian's point of view (POV)

 

 

 

Corri o mais rápido que pude. Os suaves pingos que caíam sobre meus pelos me alertavam que uma tempestade em breve invadiria a floresta. Precisava fazer isto rápido, não poderia deixar meu pai fazer a maior estupidez de sua vida. Não sozinho.

 

 

 

Nem sei o que faria se não estivesse acordado no momento exato que os pensamentos contraditórios e ridículos do meu pai pairaram sobre meus próprios. O que diabos ele estava pensando para deixar sua família e ir se trucidar na boca de um vampiro italiano?!

 

 

 

Eu precisava impedir isto.

 

 

 

Em 1 km de distância eu já podia ouvir sua respiração. Eu estava me aproximando dele, percebia isto pelo cheiro familiar que invadia meu olfato aguçado e claro, pelos seus pensamentos que ficavam cada vez mais concretos conforme eu dava trotes lagos em sua direção.

 

 

 

Sua mente estava inteiramente e completamente direcionada a mamãe. Mesmo ele querendo agir por instintos e não pensar naquele instante, era impossível não notar o receio e, por incrível que pareça, o medo que ele sentia.

 

 

 

Permaneci em silêncio enquanto encaminhava-me em sua direção, estava bloqueando minha mente dele, portanto ele não ouviria meus pensamentos, mesmo eu estando em forma de lobo.

 

 

 

Nada disso estava claro, meu pai havia aprendido muito bem como omitir seus pensamentos de Samantha e de mim.

 

 

 

Em poucos minutos eu o havia alcançado.

 

 

 

 

XxXxXxX

 

 

 

Jacob's point of view (POV)

 

 

 

A suave claridade que surgia lentamente por trás das montanhas de Forks alertava o início do dia. A brisa fria acariciava meu pelo com violência conforme eu aumentava a velocidade da corrida.

 

 

 

Não entendo o motivo pelo qual eu corria, se o encontro com os Volturi seria apenas em 3 horas, do outro lado da floresta - aquele local distante, longe de Forks e principalmente, de La Push. O maldito do Demetri foi esperto em escolher este local; Lá ninguém nos escutaria. Nenhum vampiro, nenhum lobo. Seria uma luta justa, de igual para igual.

 

 

 

Era isto que eu inocentemente acreditava, claro.

 

 

 

De repente, sinto algo me atingir pelo lado, jogando-me contra uma árvore próxima. Minha primeira reação foi rosnar nervosamente e procurar quem foi que me atacara. Entretanto, quando eu o fiz, tive uma surpresa tão imensa que inconscientemente voltei a forma humana no mesmo instante.

 

 

 

À minha frente estava parado um grande lobo preto com manchas marrom avermelhadas. Seus olhos achocolatados fitavam-me de forma furiosa, porém, no fundo de seus orbes, o sentimento que mais ressaltava era o desapontamento.

 

 

 

E isso me fez sentir o pai mais horrível do mundo.

 

 

 

"Jullian?" Chamei por seu nome, ele rosnou furioso antes de voltar também à forma humana.

 

 

 

Não entendo como eu não li seus pensamentos enquanto estava em forma de lobo. É impossível esconder sua mente dos outros integrantes da alcatéia enquanto estiver transformado.

 

 

 

"O que pensa que está fazendo?!" Ele perguntou levemente exaltado. Suspirei cansado ao perceber onde esta conversa chegaria.

 

 

 

"Jullian.."

 

 

 

"Não pai! Sou eu quem vou falar agora!" Ele citou irritado. Sua feição era tão familiar. "Eu não acredito que você teve a coragem de mentir para a mamãe, pra Samantha e pra mim pai!"

 

 

 

"Jullian, eu posso.."

 

 

 

"Explicar?" Ele completou minha frase. "Não preciso da sua explicação pai! Posso ler todas as desculpas na sua mente! Eu não acredito nisso.. Nunca pensei que mentiria desse jeito."

 

 

 

Observei Jullian passar a mão em sua cintura nua. Ele negava com a cabeça e a feição em seu rosto era indescritível. Mesclava ódio, raiva, tristeza e desapontamento. Quando abaixou a cabeça, percebi o quão mal eu estava lhe proporcionando. Precisava me explicar, mesmo que ele não quisesse ouvir.

 

 

 

"Olha, eu só disse aquelas coisas pois não queria desapontar sua mãe." Disse. "Sei que ela não deixaria eu ir, mas é preciso. Demetri me deu condições, Jullian."

 

 

 

Disse isso pacientemente, porém, Jullian só ouviu a primeira frase, claro.

 

 

 

"Não queria desapontar a mamãe?" Ele disse sorrindo. Um sorriso tão sarcástico que por um instante pensei estar falando com Paul. "E como acha que ela vai se sentir quando ler aquela estúpida carta que você escreveu, huh?! Você é um covarde Jacob! Eu pensei que tivesse dito que ama a mamãe, mas acabou de provar o contrário! Eu tenho vergonha de você!"

 

 

 

Isto bastou para eu começar a tremer furiosamente. Citar Nessie não fora uma boa idéia. Rosnei baixo - mesmo estando na forma humana - e empurrei aquele moleque atrevido para uma árvore, segurando seu pescoço.

 

 

 

"Escute aqui moleque, quem você pensa que é para me desrespeitar dessa forma?!" Eu estava inconsciente de meus atos naquele instante. "Eu amo sua mãe, mais do que minha própria vida, por isso não quero que ela morra, o que vai acontecer se eu não impedir o Demetri de vir aqui, você entendeu?!"

 

 

 

Estava tão nervoso que não percebi a feição do rosto de Jullian desvanecer. Ele estava triste e desapontado. Seus olhos fitavam-me com um medo que eu nunca esperei encontrar neles. E isto me matava aos poucos.

 

 

 

Respirei fundo antes de soltá-lo. Coloquei a mão em minha cintura, abaixando a cabeça.

 

 

 

É mesmo sério esse lance com o Demetri, não é pai? Sua voz rouca apareceu em minha mente. Como resposta, apenas olhei em seus olhos, pois sabia que ele entenderia.

 

 

 

"Pode me odiar se quiser Jullian, mas nada vai me impedir de matar Demetri." Murmurei, olhando sem emoções para meu filho. "Eu queria que você entendesse, e eu sei que entendeu, é um rapaz inteligente."

 

 

 

Sorri ao dizer isso. Tudo que sentia por meu garoto era amor e orgulho.

 

 

 

"Você pode me odiar," Disse novamente. "mas eu amo você. Amo você, sua irmã e sua mãe, por isso é que estou indo encontrar Demetri. Porque quem ama, protege."

 

 

 

Jullian fitou o chão, e como eu sabia que não falaria nada, senti que era hora de ir. Caminhei até sua direção e dei leves tapas em suas costas.

 

 

 

"Cuide bem delas garoto." Disse sorrindo. "Assim como eu ensinei pra você."

 

 

 

Caminhei para longe dele, acreditando que nossa conversa e breve desentendimento havia terminado. Porém, logo escuto Jullian chamar-me novamente. Apenas parei, sem ao menos olhar para trás - seria pior se eu o fizesse.

 

 

 

Esperei que ele dissesse o que queria.

 

 

 

"Eu vou com você."

 

 

 

Esta frase me fez virar o corpo automaticamente. Não tinha idéia da feição em meu rosto.

 

 

 

"Como é?" Sibilei, tentando pensar se eu estava ficando louco, ou se eu realmente ouvira aquilo.

 

 

 

"Eu não vim até para brigar pela mamãe, porque eu sabia que não daria em nada. Eu estou aqui por você pai." Ele disse, e eu não entendi. "Eu não vou perder você. Quase perdemos a mamãe, e foi horrível."

 

 

 

Eu não sabia o que falar naquele instante. Não esperava por isso.

 

 

 

"E se algo acontecer com você, eu vou me culpar pela eternidade por ter tido a oportunidade de ajudar e não ter feito nada." Ele disse suspirando. "Portanto, eu vou com você."

 

 

 

Levou uns minutos até eu reproduzir tudo que estava acontecendo em minha mente. E quando o fiz, o resultando não foi muito bom.

 

 

 

"Ah não, você não vai!" Disse virando-me e voltando a caminhar.

 

 

 

"Pai.. para com isso, eu vou sim."

 

 

 

"Não Jullian, você não vai." Impus usando o tom Alpha. "É muito perigoso!"

 

 

 

"Você não vai sozinho pai!" Ele franziu o cenho, persistente. Era incrível como ele conseguia desobedecer minhas ordens, mesmo eu usando o tom Alpha.

 

 

 

Passei as mãos no rosto antes de olhá-lo suplicante.

 

 

 

Eu não posso te deixar ir.. Jullian, se alguma coisa acontecer com você.. Pensei aflito. Sentia meu coração despedaçar-se só ao imaginar meu filho morto.

 

 

 

Nada vai acontecer pai, porque não vamos deixar. Ele caminhou até mim e pousou sua mão sobre meu ombro. Estamos juntos nessa.

 

 

 

Nada disse naquele instante. Não havia nada a dizer. Meu filho era meu orgulho. Não sei como este garoto se tornou essa pessoa tão séria e determinada.

 

 

 

"Eu sou seu filho pai, sou igualzinho a você." Jullian respondeu meu pensamento, fazendo-me sorrir.

 

 

 

Apenas abri meus braços e o aconcheguei em um abraço forte. Estava muito feliz com o apoio de meu filho. Claro que me apavorava a ideia de perdê-lo nesta batalha estúpida com o Demetri. Mas tentar mantê-lo aqui só o faria mal.

 

 

 

"Ehr.. pai?"

 

 

 

"Sim, Jullian?" Suspirei, ainda abraçado com ele.

 

 

 

"Será que o senhor poderia.. me soltar?" Ele perguntou, sua voz era de constrangimento. "Não sei se você percebeu, mas estamos os dois.. pelados."

 

 

 

Soltei uma risada alta. Não havia notado isso.

 

 

 

"Eu conheço você Jullian, troquei sua fralda por muito tempo sabia?" Empurrei ele pelo ombro, sorrindo sarcástico.

 

 

 

"É, mas eu não precisava conhecer você!" Ele revirou os olhos, fazendo uma feição de desgosto.

 

 

 

"Ta, ta! Para de me admirar e vamos logo, já vai amanhecer." Sorri malicioso, recebendo um olhar divertido de meu garoto.

 

 

 

Corremos floresta adentro, transformando-nos no processo. Indiquei a direção a Jullian, que seguia meus passos em trotes rápidos. Expliquei-lhe a situação detalhadamente e pedi para que não fizesse nada com Demetri enquanto eu não pedisse.

 

 

 

Fico feliz por ele me obedecer. Ele realmente era um bom garoto; Um pouco teimoso às vezes, mas devo admitir que somos exatamente iguais.

 

 

 

 

 

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Samantha's point of view (POV)

 

 

 

"Sammy pelo amor de Deus, acorda minha filha!"

 

 

 

"Mamãe?" Despertei com os suaves gritos de minha mãe e seu constante nariz fungando. Nessie chorava desesperadamente, e sua mente estava tão confusa que nenhum pensamento concreto era formado.

 

 

 

Precisei abraçá-la e esperá-la se acalmar para poder perguntar o que havia lhe acontecido. Quando minha mãe o fez, nada disse, apenas entregou-me um pedaço de papel, que dizia exatamente estas palavras:

 

 

 

Nessie,

 

 

Sei que poderá nunca me perdoar, mas saiba que fiz isso pelo seu bem, e pelo bem das crianças. Demetri matará vocês se eu não for encontrá-lo. E isso eu não posso, e não vou permitir.

 

 

Ele já tirou minha razão de viver uma vez.

 

 

Desculpe se menti, mas quando voltar prometo lhe dizer toda a história, tudo, sem mais mentiras.

 

 

Cuide de nossos pequenos, e se possível não fique preocupada. Eu voltarei logo, é uma promessa.

 

 

Se um dia puder me desculpar, eu serei o homem mais feliz do mundo.

 

Te amo minha pequena, você é minha vida.

 

 

Jacob.

 

 

 

Senti minhas próprias lágrimas rolarem em meu rosto, enquanto eu encarava os olhos molhados e desesperados de minha mãe. Não era a melhor hora para perder a cabeça, Nessie precisava de mim, e eu estaria lá para ela.

 

 

 

Portanto, enxuguei minhas lágrimas e abri os braços pra minha mãe, que se jogou neles no mesmo instante, chorando silenciosamente.

 

 

 

Jullian? Está acordado? Chamei meu irmão mentalmente, pretendendo acordá-lo, porém, algo em seus pensamentos não estava certo. Ele estava tentando esconder algum fato de mim.

 

 

 

Sammy preciso te dizer algo.

 

 

 

Quando sua voz entrou em minha mente, pude adentrar a sua no mesmo instante, vendo toda a situação na qual ele se encontrava. Vi sua conversa com o papai, suas decisões, senti uma jorrada de emoções que ele também sentira, e tudo que consegui reaproveitar era a raiva, que no momento era o único sentimento que eu tinha por Jullian.

 

 

 

Eu não posso acreditar que me deixou de lado Jullian! Achei que éramos um time!

 

 

 

Sammy, você viu que eu precisava impedir Jacob, e não iria dar tempo de te acordar e explicar a situação.

 

 

 

Essa não é a questão Jullian! Eu me sentia traída naquele momento, e esse era o pior sentimento que já sentira em toda a minha vida.

 

 

 

Olha Sammy, me desculpa, papai me pediu para não fazer nada. Não posso atacar o Demetri, só se algo acontecer com o pai, e se algo acontecer, você me ajuda. Mas por enquanto você tem que ficar com a mamãe, ela está péssima, eu posso ouvir.

 

 

 

Suspirei enquanto abraçava ainda mais a mulher frágil em meus braços. Jullian tinha razão. Se não poderia ir junto e ajudar a acabar com a existência de Demetri, eu ficaria para ajudar a mamãe. Era a decisão mais plausível no momento.

 

 

 

Obrigada Sammy. Sua voz era tranquila agora. Pude ver, através de sua mente, que ele sorria.

 

 

 

Tome cuidado Jul, não sei o que eu farei se algo acontecer.

 

 

 

Você é forte irmãzinha, além disso não tem que fazer nada sozinha. Como você disse, somos um time.

 

 

 

Sorri daquela frase. Jullian sempre sabia exatamente o que dizer.

 

 

 

Eu te amo, Sammy.

 

 

 

Eu te amo, Jul. Me mantenha em contato, por favor.

 

 

 

Aquela era uma das situações que não havia nada a fazer, apenas esperar e rezar pelo melhor. Eu tinha total confiança em meu pai e em meu irmão, claro que toda esta situação amedrontava-me a um tal nível que chegava a ser insuportável, porém, eu confiava na coragem deles.

 

 

 

Se Jullian tinha forças, ele me dava forças. Sempre fora assim, e assim seria sempre.

 

 

 

Suspirei ao perceber que deveria acalmar minha mãe. Ela não gostaria nada de saber que seu filho também estava no meio de toda essa confusão. Mas era preciso que soubesse, mesmo que demorasse a entender, era necessário.

 

 

 

"Mamãe, não fique preocupada por favor." Sussurrei, enquanto ela soluçava baixinho em meu ombro. "Jullian está com o papai, e não vai deixar nada acontecer com ele."

 

 

 

É, péssima idéia. Minha mãe ficara em choque depois de eu ter-lhe dito isso.

 

 

 

Demorou algum tempo para que entendesse. Detalhei toda a situação, expliquei os fatos e ela se acalmou. Claro que estava apavorada, mas finalmente aceitou que a melhor coisa a fazer era rezar, e por incrível que pareça, não fazer nada.

 

 

 

"Eu vou fazer um chá para a senhora mamãe, vamos lá pra baixo ok?" Disse sorrindo ternamente, ela assentiu como resposta.

 

 

 

Deixei que ela fosse sozinha, mas no minuto seguinte, me arrependi amargamente.

 

 

 

Nessie pressionou as têmporas com as duas mãos e seu corpo babeou, como se sentisse tontura, e em menos de cinco segundos, ela estava caída ao chão, desmaiada e totalmente inconsciente.

 

 

 

"Mamãe!" Gritei assustada, e abaixei-me para tentar reanimá-la.

 

 

 

Bati em seu rosto suavemente, tentando desesperadamente despertá-la de seu desmaio repentino. Chamei seu nome várias vezes, implorando para que acordasse, mas nada acontecia.

 

 

 

Foi quando ouvi um barulho suave, eram dois toques tranquilos, duas batidas silenciosas misturando-se ao batimento do coração de Nessie. Não era um barulho desesperado, e sim calmo, porém constante. Comecei a arfar automaticamente quando descobri que aquele barulho sutil, vinha do ventre da mulher caída.

 

 

 

 

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