Dois Mundos, Duas Vidas escrita por Giis


Capítulo 5
Capítulo 5




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Bella

                Entrei no apartamento e fiquei boquiaberta, era lindo, a decoração era simples e suave o que deixava o ambiente agradável. A sala era espaçosa, as paredes eram de um tom claro, do outro lado da sala as paredes eram de vidros, havia uma porta enorme de vidro que da acesso à uma varanda enorme também. A vista era maravilhosa, realmente dava a impressão de poder tocar a lua dali.

Os moveis também eram todos em tons claros: branco, creme e marfim, e todos em um designer moderno, no canto perto da enorme porta de vidro, havia um lindo piano preto que tinha grande destaque nos tons claros.

Fiquei olhando para o imenso instrumento, e sem conseguir reprimir minha curiosidade perguntei:

- Toca?

- Um pouco e você?

- Tive algumas aulas, mas prefiro outro tipo de instrumento.

- Violão? - ele perguntou. Eu já ia perguntar como ele sabia, quando vi que ele olhava para o que eu segurava, nem eu tinha percebido, mas eu ainda estava agarrada ao antigo violão do meu pai. - É seu?

- Na verdade era do meu pai. Ele sabia tocar praticamente todos os instrumentos, e me ensinou a tocar alguns, mas eu me identifiquei mais com os instrumentos de corda.

Parei de falar, estava ficando sufocada, com o nó na minha garganta. Lembrei-me que papai sempre tocava para eu dormir, e que também nunca mais toquei nada depois que ele morreu, mas eu nunca desgrudava do violão que ele deixou para mim.

Edward pareceu perceber que a conversa me deixara deprimida e resolveu mudar de assunto.

- Então, acho melhor você ir tirar essa roupa molhada, tomar um banho, antes que fique doente. Vamos eu te mostro onde fica tudo.

Eu o segui desconfiada, onde ele arranjaria roupas para mim, a não ser que ele tivesse roupas de mulher em casa eu teria que usar as dele.

- Desculpe se estou sendo grosseira, mas onde vai arrumar roupas para mim? Acho que a suas não vão ficar muito bem.

Ele riu, e respondeu enquanto ia para uma porta no fim do corredor.

- Não vai precisar usar as minhas, tenho roupas de garotas aqui.

- Ah. Entendi, gosta de se vestir de mulher? - eu ri, não pude deixar de provocar. Ele revirou os olhos, mas não respondeu. Então  a ficha caiu. É claro que ele não se vestia de mulher, vai ver era de outras garotas que ele trazia para cá. Que ingenuidade a minha. Com aquele rosto e aquele corpo, ele com certeza passava o rodo. Não sei o por que, mas isso me incomodou, e incomodou muito.

- Engraçadinha.

-Ou você tem roupas de reserva, para as garotinhas desprotegidas que você acha por ai?- Agora eu queria saber, se ele costumava levar muitas garotas por lá.

- Nem uma coisa, nem outra. - dizendo isso ele abriu a porta do quarto e entrou, eu o segui, eu fiquei parada ao entrar, o quarto era todo rosa choque, com alguns detalhes em um rosa mais claro, as cortinas, roupas de cama e os abajur era cheios de babados rosas. Isso me fez lembrar a casa da Barbie que ganhei da Anna no meu aniversário de 10 anos.

- Nossa você é parente da Barbie e ela vem te visitar com freqüência? Ou é seu e você gosta de dormir aqui as vezes? - dei uma piscadela, estava tentando provocá-lo. Devia ter alguma explicação, para ele ter um quarto rosa e roupas femininas na casa dele.

Ele não agüentou e explodiu em uma gargalhada, eu o acompanhei.

- Você tem uma mente muito maliciosa para o seu tamanho garota. E você não certa uma. O quarto é da minha irmã, ela me visita com freqüência.

- Ah. - não consegui dizer mais nada. Eu estava sem graça, ele riu e depois falou.

- Ali é o closet. - ele apontou - fique a vontade o banheiro é naquela outra porta. Err... tem algumas peças de roupas intimas, elas nunca foram usadas fique a vontade. Nessa parte tem roupas para dormir se quiser usar alguma. Bom vou ver se tem alguma coisa para você comer - dizendo isso ele saiu e me deixou sozinha no quarto.

Deixei o violão na cama da Barbie, tirei o casaco que ele havia me emprestado. Fui até o closet escolher algo para vestir, quando abri arregalei os olhos, era maior que o quarto e pelo que pude ver estava bem abastecido. A irmã dele devia ser alguma obsessiva por compras.

Peguei tudo e fui para o banheiro, que para variar também era rosa, fiquei imaginando a irmã dele como uma perfeita Barbie gigante. Eu ri com a imagem da minha cabeça. Liguei a água para encher a banheira, nada melhor que um banho quente para relaxar. Depois que a banheira estava cheia, tirei a roupa e entrei, fechei os olhos, eu queria relaxar e não pensar em nada.

Edward

                Ouvi o barulho da banheira enchendo, e um tempo depois de alguém entrando na água. Achei melhor sair e procurar algum lugar aberto para comprar comida para ela.

                Eu não fazia idéia do que estava acontecendo comigo. Por mais que eu tentasse não parava de imaginar Isabella na banheira. Ah, por favor, ela era uma menina, eu não poderia ter esse tipo de pensamento em relação a ela. Então vinha aquela outra voz dizendo que eu não precisava me punir tanto, porque tecnicamente eu tinha 17 anos e provavelmente ele deveria sentir o mesmo em relação a mim, e que ela iria crescer.

                Estava parecendo àqueles desenhos animados, sempre quando o individuo está para fazer alguma coisa, aparece um diabinho e um anjinho.

                Foi um alivio chegar à rua, por mais que eu quisesse estar perto dela, além do meu lado pervertido - que eu nem sabia da existência -, havia também meu lado monstro que adorava o cheiro do sangue dela e o queria. Depois eu percebi que todo o tempo que fiquei perto dela, o meu eu monstro não se manifestou em nenhum momento. Isso me fez rir, eu havia conseguido, eu consegui me controlar mesmo com um aroma tão atraente. Carlisle ficaria orgulhoso de mim.

                Outra coisa também que percebi, foi que pela primeira vez, em muitos anos eu não estava pensando em maneiras de como eu poderia acabar com a minha existência.

                Era incrível, como uma pessoa que eu conheci há apenas algumas horas, poderia me mudar tanto. Realmente seria uma pena quando nos separássemos, já havia me acostumado com a presença dela, mesmo nesse pouco tempo.

                Entrei em um mercado que tinha por perto. E agora? Não fazia a mínima idéia do que os humanos gostavam de comer, já havia quase cem anos que eu não precisava me preocupar com isso. Queria saber qual era a comida favorita dela.

                Fui captando em algumas mentes algo que pudesse me ajudar. Umas gostavam de sanduiche natural; outros preferiam suco ao invés de refrigerante; mais algumas pessoas tinham preferência por chocolate. Pronto isso ajudaria.

                “ Minhas nossa, acho que morri e estou sonhando”

Captei o pensamento da operadora do caixa, quando fui pagar as compras.

- Mais alguma coisa? - “ Posso ir de brinde se quiser”

                Ela deu-me um sorriso acho eu tentando ser sexy.

                - Não, obrigado - respondi tanto para ela quanto para o seu pensamento.

                Voltei para o apartamento parecia que Isabella ainda não tinha saído do banho. Pobrezinha devia estar bastante cansada.

                Queria saber o que ela estava fazendo sozinha na Califórnia. Onde estariam os pais dela? Eu teria que perguntar.

                Tinha acabado de terminar de arrumar a comida, quando ela apareceu na sala. Estava linda com cabelos molhados e com o pijama rosa de Alice, estava perfeito nela, não pude evitar que meus olhos registrassem uma parte de sua barriga que estava aparecendo.

                - Com fome?

                - Um pouco. Err... para que isso tudo? - ela olhou alarmada para a quantidade de comida.

                Droga, eu não tinha acertado na quantidade.

                - Não eu também estou com fome. - foi o melhor que eu pude fazer.

O que eu falaria?

Não é que eu sou um vampiro e não tenho a mínima noção, de quanto uma garota humana come.

E agora eu teria que comer, para ela não desconfiar. Isso não seria nem um pouco agradável. Eca.

Ficamos um tempo em silencio, enquanto nos servíamos.

- Isabella? - comecei, depois de um tempo de silencio.

- Pode me chamar de Bella se quiser. - uhm, Bella interessante, combinava perfeitamente com ela.

- Bella? O que faz na Califórnia sozinha? Onde estão seus responsáveis?

Ela olhou para meu rosto e baixou a cabeça.

- Por favor, não me faça a falar sobre isso.

- Bella eu quero e vou te ajudar, mas eu também preciso saber o que faz aqui sozinha.

Ela sacudiu a cabeça negativamente.

- Minha mãe me expulsou de casa.

Como é? O que leva uma mãe a expulsar a própria filha de casa?

- Por que, ela te expulsou?

- Por que eu tive uma briga com o marido dela.

Isso não fazia sentido, mesmo que ela não se desse bem com o padrasto, não era motivo para ser expulsa. Ela estava escondendo algo e eu iria saber.

- Você está, escondendo algo, por favor, me fale a verdade.

Ela respirou fundo e me olhou.

- Phil, o marido da minha mãe tentou me violentar.

- O que? - eu quase gritei levantando-me da cadeira, ela ficou assustada com a minha reação, eu também fiquei, foi inesperado, mas não pude evitar aquilo foi de mais para mim. Minha visão foi tingida de vermelho. - Como assim seu padrasto te violenta, e é você que vai para rua? - gritei nem mesmo vi, quando me movi, mas de algum modo eu já estava ajoelhado no chão de frente a ela que estava encolhida.

- Ei, calma. Eu não disse que ele o tinha feito, mas que tentou. Felizmente chegou bem na hora. Ia explicar tudo para ela, mas eu tinha ficado em choque. Então ele aproveitou meu transe e deu a versão dele, fazendo-a  acreditar que era a culpada. Ela me bateu e me colocou pra fora de casa.

Eu fiquei para absorvendo tudo. Vieram imagens horríveis de Bella gritando e pedindo socorro para a mãe.

Sacudi a cabeça para me livrar das imagens.

- E seu pai ele não fez nada. - não era possível que essa pobre criança não tinha ninguém.

- Meu pai faleceu quando eu tinha 12 anos. Ou você acha que ele ainda estaria vivo se Charlie tivesse aqui. - ela suspirou e continuou - Eles há 4 anos, eu tinha 10 anos na época, éramos uma família feliz e normal, até aparecer o Phil - Bella disse o nome dele entre dentes - Papai não confiava nele, e nem eu, mas minha mãe dizia que nós éramos muito preconceituosos, e ajudou ele. Um dia quando Charlie me levou para passear, Renée não foi com a gente e quando voltamos encontramos ela e Phil, juntos na cama.

Havia lagrimas se formando em seus olhos, mas ela continuou sua história.

- Eles se separaram, papai tentou ficar com minha guarda, mas ela não deixou alegando, que eu era a única coisa que tinha restado na vida dela, seis meses depois ela colocou Phil para dentro de nossa casa. Dois anos depois do divorcio meu pai descobriu que estava com câncer, um câncer muito raro que era difícil de ser identificado, quando os médicos conseguiram já era tarde, meu pai já estava em fase terminal. Ele era o único que se importava comigo de verdade.

Queria perguntar mais alguma coisa, mas não consegui falar era muito para absorver. Se eu com todas as minhas décadas de experiência já estava chocado só de escutar. Imagino como foi para ela que viveu tudo. Era muito peso para uma garotinha de 14 anos.

Olhei novamente para seu rostinho, ela estava chorando novamente. Eu não devia ter tê-la feito falar de algo que a machuca tanto. Reviver tudo deve ter sido doloroso.

- Desculpa, desculpa Bella. Não devia ter feito você falar.

Tive uma imensa vontade de pegá-la no colo, para lhe reconfortar, dizer que estava tudo bem, que ela nunca mais iria sofrer porque eu cuidaria dela.

Queria mudar de assunto, não poderia vê-la sofrer novamente.

- Ei, você não vai comer esse bolo de chocolate, fiz especialmente para você. - disse sorrindo.

- Você que fez? - perguntou incrédula.

Ela havia parado de chorar, mas seus olhos ainda estavam molhados por causa das lagrimas.

- Sim, quer provar? - perguntei provocando-a

Não esperei ela responder, cortei um pedaço do bolo e coloquei em um prato. Depois peguei um pouco com o garfo e eu mesmo coloquei em sua boca.

Ela provou, fazendo cara de pensativa.

- Uhm... Nossa está bom mesmo. Parabéns. - ela sorriu aprovando “meu bolo                “.

- Tudo bem, eu confesso eu não fiz o bolo, eu comprei em uma confeitaria aqui perto. - disse colocando mais um pedaço na boca dela. Depois limpei com um guardanapo o canto da sua boca que ficou um pouco suja com a cobertura do bolo.

- Sabe? Isso me lembra quando eu tinha 5 anos.- disse rindo e eu a acompanhei.

Ficamos conversando, mais um pouco e depois ela foi dormir. Enquanto ela dormia, eu fui pesquisar sobre o paradeiro da tia dela, com os dados que ela havia me dado.

Amanhã ela partiria e eu não sabia ainda, se poderia ser afastado dela.

Fazia pouco tempo que eu a conhecia, mas era como se ela sempre fizesse parte da minha vida, como se ela sempre fizesse parte de mim.


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