Sem mais enrolações.... (Ouçam Kelly Clarkson Because Of You okay?)

Era estranho, o modo que dançávamos. Em completa sincronia. E por incrível que pareça, parecia que só existia nós dois ali dançando... Me concentrei nos olhos azuis dele e ele nos meus olhos verdes. Acho que ficamos assim por um bom tempo.

Dançando e olhando olho no olho. Azul com verde. Sorri e ele também. Olha só pra mim! Dançando colada com o meu inimigo! Mas isso não importava, não naquele momento... Era só nos dois ali... E por mais que parecesse assustador estar tão perto dele, eu não queria me afastar.

Por sua causa

Eu nunca ando muito longe da calçada

Por sua causa

Eu aprendi a jogar do lado seguro,

assim não me machuco

Por sua causa

Eu acho difícil confiar não só em mim,

mas em todos à minha volta

Por sua causa eu tenho medo

Eu desviei o olhar, e vi Pedro e Vicky dançando também. Depois voltei a olhar pra imensidão azul. Gabriel deu aquele maldito sorriso! Argh! Eu odeio aquele sorriso!

—Viu? Você fica bem mais bonita dançando do que me batendo. -Ele sussurrou no meu ouvido.

Eu me assustei com seu hálito quente na minha orelha. Me arrepiei e torci para ele não ter reparado nisso. Acho que ele não reparou porque não falou nada.

—Acontece que às vezes você merece apanhar. -Eu sussurrei de volta no seu ouvido.

Ele não falou nada. Continuamos a dançar. Ou flutuar. Naquele momento eu não sabia mais se estávamos dançando. Era tão leve. Parecíamos flutuar. E nesse momento não importava se a Melaine estava assistindo tudo com raiva, ou se nos vivíamos um implicando com o outro.

Só importava ali, o agora. E pareceu tão certo beijar ele... Ele parecia ser tão beijável! E estávamos tão perto... E parecia ser tão certo! Mas então a música terminou. Mais rápido do que deveria.

Eu me soltei de Gabriel e não ousei olhar pra ele. Meu Deus! O que ia acontecer se a musica não tivesse terminado? Eu ia beijar ele? Ah, meu Deus! Eu rapidamente sai da pista enquanto outra música começava.

Melaine cercou Gabriel, e insistiu pra dançar com ele. Ele sem graça aceitou. Eu subi pro andar de cima. Precisava de ar, e de espaço. Ainda estava tonta com o que estava prestes a acontecer...

Andei pelo corredor cheio de casais se agarrando e fui para o quarto que eu conclui ser o da Melaine. Não tinha ninguém lá dentro. Abri a porta que dava pra varanda e fiquei ali. Na varanda do quarto da Melaine.

O céu estava estrelado e ainda tinha a lua cheia pra deixar o cenário mais bonito. Lá embaixo eu ouvi Gabriel cantando. Um pouco abafado, por eu estar aqui em cima mas deu pra identificar que era a banda deles tocando. Fiquei ouvindo até eles pararem de cantar. Eles mandavam bem, mesmo.

Ouvi passos mas não me virei pra ver quem era. Eu reconheci o cheiro do perfume. O mesmo perfume que eu senti quando estava dançando colada com Gabriel.

—Noite bonita. -Gabriel se encostou no balaustre ao meu lado.

—Que horas são? -Eu perguntei.

—Quem liga?

—Eu ligo. Noite de lua cheia. A meia noite você vira lobisomem. -Brinquei.

—Veja só, pelo menos serei um lobisomem do tipo do Jacob. Bonito e que todas as meninas amam! -Ele entrou na brincadeira e eu ri. -Por que está aqui? Depois da dança você sumiu. Ficamos preocupados. -Ele ficou sério e eu parei de rir.

—Precisava de ar fresco... -Eu dei de ombros olhando a lua.

E então ficou um silencio. Não um silencio desconfortável. Um silêncio bom. Como se só a presença importasse. E ele estava ali do meu lado. Tão perto! Ele observava a lua também.

Me virei lentamente para encara-lo e ele se virou também ficando de frente pra mim. Ele se aproximou mais. E então suas mãos foram pra minha cintura e ele me puxou colando nossos corpos.

E sua boca foi em direção a minha. Senti o toque dos seus lábios nos meus. E eu correspondi cada toque. Foi um beijo calmo e urgente ao mesmo tempo. E por um momento eu esqueci de quem nos erámos.

Afundei minhas mãos nos seus cabelos. Pera aí! Ah, meu Deus! Eu tô beijando o Gabriel! Oh, droga! Abri os olhos e o empurrei! Meu Deus! O que eu fiz? O que a gente fez? Ah, meu Deus! O que deu em mim... Foi um erro! Eu não acredito nisso!

—Eu não queria... Eu não... -Eu me atrapalhei. -Foi um erro. Foi coisa do momento. Não vai se repetir. -Eu gaguejei e sai dali.

Sai do quarto da Melaine e desci as escadas correndo. Meu Deus! Droga, Emely! Por que? Eu nunca perco o controle de nada, e aí ele chega e puf! Adeus controle! Adeus regras! Argh! Isso não é bom! Isso é péssimo! Eu não posso perder o controle! Mas por quê diabos ele tinha que beijar tão bem?

—Emely! Você esta bem? -Vicky se aproximou de mim enquanto eu ia em direção a porta de saída. Não queria mais ficar naquela festa.

—Aham. Eu tô indo embora, okay?

—Mas... por quê? Você não quer esperar a gente? Ainda tá cedo!

—Eu estou morrendo de dor de cabeça e odiei a festa!

Me despedi de Vicky e fui pra casa da minha mãe. Não queria ir pra casa do meu pai e ver Gabriel só de olhar pela janela. Aliás, eu não queria ver ele nunca mais! Como eu iria olhar pra cara dele depois do beijo? Me tranquei no meu quarto e tentei dormir, mas só fiquei revirando na cama. Estava decidido! Eu nunca mais sairia do meu quarto!