Dia seguinte e eu ainda estava de suspensão. Fui pra casa do meu pai, com o intuito de ficar perto do Gabriel pra poder perturbar ele. Quando cheguei lá não tinha ninguém em casa. Nem mesmo Soraia! Subi pro quarto e fiquei lá na janela observando os /movimentos.

—Que vergonha! Não tem nada pra fazer da vida e fica bisbilhotando a vida dos outros! =Gabriel apareceu na janela e eu me assustei.

—Não deveria aparecer assim, na janela sem avisar. -Eu disse com a mão no peito.

—O que tá fazendo aqui? Era pra tá na casa da sua mãe...

—Eu só queria saber das novidades. Como anda a escola?

—Normal. Até normal demais sem você.

—E como anda a nossa querida Mel? -Eu perguntei irônica.

—Feliz, sem você.

—E Ethan? -Eu perguntei só por curiosidade.

—Pra que quer saber? -Ele revirou os olhos.

—Curiosidade.

—Ele está normal, Emely.

—Hum, e os professores?

—Tudo normal, Emely. -Ele respondeu impaciente.

—E você?

—Eu o que?

—Ah sei lá... Tá bem?

—Sem você na escola?

—È. Sente minha falta?

—Claro! Quem eu posso irritar agora? Volta logo, Emely. -Ele sorriu.

—Não se preocupe. Volto pra escola amanhã mesmo! -Eu sorri de volta.

—E como você esta?

—Sem a escola?

—È.

—Estou entediada... -Eu bufei.

—Como foi a ida ao psicólogo? -Ele ainda estava sorrindo. Maldito sorriso!

—Legal. Tô pensando em botar fogo lá, o que você acha? Quer me ajudar? -Eu brinquei e ele riu.

—Pra quem era seu inimigo, estou fazendo um bom progresso. Virando parceiro de crimes! Olha só, onde a gente já chegou, loira!

—Você continua sendo meu inimigo. Inimigo com benefícios! -Eu ri e ele me encarou malicioso. Opa! Acho que falei merda.

—Hum, poderia me dizer quais são os benefícios? -Ele arqueou as sobrancelhas.

—Bom, você tem o benefício de me ajudar com crimes. Nada mais do que isso!

—Ah... Esses benefícios nem são tão bons assim! -Ele fez biquinho. -Ah, você precisa pegar a matéria nova. -Ele ficou sério.

—Ta. Me empresta o caderno.

—Vem aqui buscar.

—Não. Joga daí mesmo.

—Eu não vou jogar meu caderno pela janela!

—Então, vem aqui trazer!

—Eu não vou aí, sua folgada! Você que quer.

—Gabriel se eu for aí, e pegar esse caderno vou fazer você engolir!

—Como se eu fosse ter medo de uma baixinha que nem você...

—Como é que é? -Eu arranquei meu All Star do pé e ameacei jogar nele. -Repete.

—Calma Emely, abaixa esse tênis! -Ele pediu com as mãos no alto.

—Traga o caderno ou eu jogo! -Eu ameacei.

—Já tô indo! -Ele saiu da janela e eu abaixei o tênis.

Minutos depois, Gabriel entrou no meu quarto com o caderno nas mãos.

—Obrigada, agora você podia copiar pra mim hein?

—Nem vem! Sua folgada! -Ele resmungou.

—Tudo bem!

Eu comecei a copiar enquanto Gabriel mexia nas minhas coisas. Que enxerido!

—Gostei do seu quarto. Bagunçado mas legal.

—Por que você ainda esta aqui?

—O que? Eu não saio daqui sem meu caderno.

—Ta. Já estou terminando. -Eu voltei a copiar.

Quando terminei de copiar percebi que Gabriel estava me observando. Estranho. Quando de repente tive uma ideia! Ah, meu Deus! Era isso...

—Preciso da sua ajuda! -Eu exclamei animada.

—Que tipo de ajuda?

—Olha, no caminho eu te explico! Vamos andando... -Eu o puxei.

Fui até o quarto de papai e Denise e peguei sua tinta de cabelo. Aquela que a deixava loira oxigenada! Sorri. Gabriel estranhou a tinta mas não falou nada. E lá fomos nós a caminho da casa da Melaine...

Quando chegamos no quintal da Melaine, eu não tinha contado o plano pro Gabriel. A verdade era que eu não podia confiar nele um plano desses! Nunca se sabe quando ele vai se virar contra mim e ficar do lado da Melzinha dele!

—O que você vai fazer?

—Nada demais! A única coisa que você precisa saber é que eu vou ter que entrar lá dentro da casa dela. E você vai distrair ela. -Eu expliquei enquanto nos aproximávamos da enorme casa.

—O que? Eu vou distrair ela com que?

—Se vira. Da seus pulos! Você consegue distrair ela com essa carinha linda. Ela se distrai sozinha quando você esta por perto! -Eu sabia disso, porque até eu, meio que me desligava do resto do mundo quando Gabriel estava por perto. -Olha você só precisa distrair ela, okay? Depois disso eu te conto o que você quiser!

—Tudo bem. -Ele cedeu -Mas como vou saber que você já saiu da casa?

—Eu vou imitar uma galinha, tá legal? Aí você me encontra na porta dos fundos.

—Você vai entrar por lá?

—Yeah. E se tiver trancada eu entro pela janela. -Sorri e corri na direção da porta dos fundos enquanto Gabriel ia pra porta da frente.

A porta estava aberta. Ufa! Entrei e subi as escadas. No corredor logo de cara eu encontrei o banheiro. Achei o shampoo da Melaine, e coloquei a tinta da Denise no lugar do shampoo. Hahahaha! Amanhã quando Melaine acordar ela estará loira oxigenada! Aí sim ela vai ver quem é a loira aguada aqui!

Depois desci as escadas correndo, e quando sai da casa da Melaine me escondi nos arbustos. Imitei uma galinha e alguns minutos depois Gabriel apareceu.

—Pronto. Agora você pode me explicar o que aconteceu? Isso esta me cheirando a confusão. -Ele resmungou andando do meu lado enquanto nos afastávamos da casa.

—Claro que cheira a confusão! Se não fosse confusão não seria eu! -Eu respondi como se fosse óbvio.

—Anda logo, eu quero saber o que você fez dessa vez.

—Amanha você saberá. -Eu sorri malignamente.

—Nada disso! Você disse que ia me contar tudo depois que eu distraísse a Melaine, Emely! -Ele reclamou indignado e eu revirei os olhos.

—Todo mundo mente! -Eu sorri orgulhosa citando uma frase do Dr. House. -Vou indo nessa. Não quero voltar pra casa ouvindo suas ladainhas! -Eu sai correndo.

Por sorte, Gabriel não me seguiu. Quando cheguei em casa senti uma pontada de culpa. Quer dizer, não se deve mexer com um cabelo de uma menina, né? Ainda mais se essa menina for a Melaine... Vamos ignorar essa culpa! Ela mereceu!