Continuação...

Plena segunda, e já estou pensando em mil maneiras diferentes de evitar o Gabriel. Quando cheguei na escola ele já estava com Pedro, Vicky e Daniel. Tá. Talvez não fosse tão fácil assim evitar ele. Ainda mais quando esse cretino fez amizade com os meus únicos amigos.

—Oi. -Eu falei pra todos quando cheguei na rodinha.

—Oi. -Eles responderam juntos.

Eu fiquei quieta e todos me encararam.

—Então, Emely... -Pedro começou me olhando como se eu fosse continuar.

—Então o que? -Eu perguntei mexendo no celular.

—Ah sei lá, você esta em silêncio. Você normalmente chega falando. -Ele respondeu.

—Ou cantando alguma música. -Daniel estreitou os olhos.

—Ou nos xingando. -Vicky também estreitou os olhos.

—Ou brigando com Gabriel. -Pedro estreitou os olhos. Que mania!

—Eu não posso simplesmente ficar quieta na minha? Me deixem em paz! -Eu resmunguei. -Se eu falo reclamam, se eu fico quieta reclamam também...

—Tá bom, tá bom! Não falamos mais nada! -Daniel levantou as mãos em sinal de rendimento.

—Acho bom... -Eu murmurei e eles voltaram a conversar.

Já era o meu plano de me afastar do Gabriel. Cara, ele anda com os meus amigos não tem como... Tá. Então acho que o melhor é esquecer. Esquecer que esse final de semana existiu!

—Você se lembrou de algo, Emely? =Gabriel perguntou e eu me assustei. Ah Ele lê mentes! Não é possível! Ah meu Deus!

—Não. -Menti e notei um suspiro aliviado da parte dele. O que? Esse cretino não queria que eu lembrasse? Argh!

As aulas se passaram e as últimas eram de Ed. Física. Eu odeio Ed. Física! Sério, eu já sou desastrada e desequilibrada sozinha imagina fazendo Ed. Física! Assim que cheguei na quadra Pedro estava com a Vicky em cima das costas dele, ela estava com os braços ao redor do pescoço dele. E Gabriel estava do lado deles junto com Ethan.

—Corrida de cavalhinhos. Vamos Emy! -Vicky sorriu animada.

—O que? -Eu perguntei confusa. Vi Melaine andando na nossa direção.

—Vem Emely. -Gabriel chamou e se agachou pra mim subir nas costas dele.

Eu encarei a cena confusa. Mas que merda.... Devo ir ou não ir?

—Vai ficar aí parada olhando? Sobe logo. -Ele chamou e eu hesitante subi em cima de suas costas. Vi Melaine soltar fogo pela boca.

Ele começou a correr junto com Pedro, e logo depois vi Melaine em cima de Ethan correndo também. Gabriel passou todos. Ele era rápido.

—Por que você me chamou pra isso? -Eu perguntei.

—Bom, eu vi a Melaine vindo na nossa direção e ela provavelmente me pediria pra deixar ela vir comigo.

—E? Por que você não quis ir com a Melaine?

—Porque você é mais leve que ela. -Ele sorriu! Maldito seja esse sorriso!

—Não sou assim tão mais leve que ela. No máximo dois quilos a menos que ela. -Eu expliquei. Ele poderia ter simplesmente negado se Melaine pedisse. Não vi nenhuma necessidade dele estar me chamando pra isso... Mas Melaine é bem insistente quando quer....

—Dois quilos a menos faz diferença pra minha coluna. =Ele disse e eu ri e finalmente chegamos ao outro lado da quadra. Eu desci das suas costas ainda rindo.

—Emely! Vem no banheiro comigo? -Vicky pediu assim que chegou e desceu das costas de Pedro.

—Claro. -Eu respondi indo atrás dela.

Quando chegamos ao banheiro ela arrumou o rabo de cavalo, e eu lavei as mãos. Melaine entrou logo em seguida com suas amiguinhas.

—O que eu disse sobre ficar longe do Gabriel? -Ela me encarou furiosa. Opa!

—O que? -Eu perguntei confusa. Mas que merda...

—Você tem que ficar longe dele. -Ela empinou o nariz.

—Olha aqui, você não manda em mim. E eu tô pouco me lixando pro Gabriel.

—Isso é o que você diz, loira aguada! -Ela retrucou com deboche.

Ah, não! Ela não me chamou de Loira Aguada! Ah, não! Me segura que agora a cobra vai fumar! Argh! Quem ela pensa que é? Eu vou matar essa garota...

—Loira aguada!? Eu vou te mostrar a loira aguada aqui! -Eu gritei e pulei em cima dela dando socos e tapas! E eu ainda puxei o cabelo dela! Uhuuul! Eu tô mandando bem! Ela me arranhou com aquela unha de gavião! O melhor unha de galinha, neh?

Melaine tentava me tirar de cima mas não conseguiu até que eu ouvi alguém gritar.

—Mas que diabos esta acontecendo aqui? -o Diretor gritou me fazendo parar de bater na Melaine e olha pra cima pra encarar aquela cara furiosa.

—Ops! -Eu sai de cima da Melaine e vi que as meninas estavam chocadas. Todas paralisadas com a boca num perfeito O. Inclusive Vicky. -Diretor! Então o que faz aqui? Como anda a sua vida? Faz tempo que eu não te vejo, não? Ah o senhor sabe que aqui é o banheiro feminino? -Eu dei um risinho forçado.

— Srta. Watson! Eu ouvi os gritos e vim ver o que aconteceu! E me deparo com você praticamente matando a Srta. Fourgan ? -Ele gritou. Merda. Eu tô encrencada.

—Epa! Eu não estava matando ninguém! Eu só estava ensinando a Srta. Fourgan como se luta de verdade! -Eu levantei as mãos me rendendo. Eu tô ferrada.

—Minha sala agora! -Ele gritou e eu fui na frente e Melaine me seguiu.

Assim que chegamos na sala dele eu me joguei numa das cadeiras e Melaine na outra. E ele ficou na cadeira giratória atrás da mesa.

—Podem me explicar o que aconteceu? -Ele perguntou e eu coloquei as pernas em cima da mesa dele. O que foi? Minhas pernas estão cansadas e doloridas. Bater na Melaine dói, tá? Os dois me encararam como se eu fosse retardada. -Srta.Watson! Tira os pés da minha mesa!

—Tecnicamente eu estou com as pernas mas tudo bem.... -Eu tirei rapidamente.

—Ah sim... Então Diretor, a Emely me atacou com selvageria! Ela disse que eu estava encarando ela e eu disse que não aí ela me bateu. Eu só estava tentando me defender! O Sr. viu que ela estava em cima de mim! Me batendo! Oh céus! Juro que não queria confusão com ninguém! Mas a Emely, né... -Melaine fez drama.

—Srta. Watson? O que tem em dizer ao seu favor? -Ele perguntou. Ah Merda! Ele tá acreditando nela! Porque é claro que ninguém acredita na Emely! Essa é a hora de eu mudar as coisas! Hora do meu discurso! Hora de mostrar quem manda nessa.... Opa! O que é aquilo?

—Ai, Meu Deus! Eu exclamei e apontei para o saco de bala de goma em cima da mesa do diretor. -È um saco de bala de goma! -Eu peguei o saco com tudo e comecei a comer. -Hum... Sobre o que estávamos falando mesmo? -Eu perguntei e vi Melaine e o Diretor me encararem chocados. -O que? Eu me distraí...

Maldito seja o saco de balinhas de goma! Adivinhem o que aconteceu? Oh Emely, o diretor deu uma outra oportunidade pra você se explicar e deixou você sair dessa ilesa? Resposta errada! Ele nem me deixou falar. Disse que eu era uma adolescente com problemas mentais que precisava ser corrigida. Argh! Agora eu estou de suspensão -tá isso é bom, sem ver aquele povo da escola- e de castigo em casa! Isso já não é bom!

Argh! Eu me vingarei dessa injustiça! Me vingarei do diretor e da Melaine também! E vai ser agora.... Lembram-se do meu spray nunca usado? Então, agora eu vou estrear... Leni é o nome dele.

Eu estava vestida toda de preta. Calça moletom e blusa moletom pretos. Pra ninguém me reconhecer no escuro, eu coloquei o cabelo loiro pra dentro da toca do moletom. Assim que todos estavam dormindo eu sai de casa.

Quando estava no meu jardim dei de cara com aquela coisa! Ah, merda! Tinha que ser essa praga pra fazer meus planos darem errado!

—Emely? -Gabriel perguntou confuso.

—Shhh! -Eu o puxei e fui levando ele para longe de casa. -O que você estava fazendo no meu jardim!?

—Eu vim verificar. Sou vizinho do seu pai lembra? E depois da sua briga com a Melaine você foi pra casa do seu pai, lembra? Porque a sua mãe estava furiosa, lembra? Então, eu estava na cozinha bebendo água quando vi alguém sair toda de preto. Então vim verificar.

Isso era verdade! Voltei pra casa de papai, e vou ficar aqui por um tempo. Mamãe está furiosa com a minha suspensão e com a briguinha que eu tive.

—Seu intrometido de uma figa! Agora ou eu te mato ou eu te levo comigo e te obrigo a ser cúmplice... -Eu parei pra pensar. Eu queria mata-lo mas não era bem uma coisa certa a fazer. Quer dizer, eu não planejei uma morte. Não tenho mais locais pra enterrar corpos! Muahahaha. -Tá, você vem comigo. Não posso deixar testemunhas então você vira cúmplice. -Eu peguei na mão dele e sai o puxando. Quando notei que estava segurando na mão dele soltei.

—Aonde estamos indo? -Ele perguntou andando atrás de mim.

—A escola. Aonde mais eu iria?

—Não sei! Você é Emely Watson! Tao imprevísivel.... e confusa... e... -Eu o interrompi.

—Tá, já chega! Nós estamos numa missão secreta.

—Por isso você está toda de preto?

—Pode se dizer que sim. Agora me escute. Você me dará cobertura! Se alguém aparecer corra. Sério mesmo! Não olhe pra trás. E se um de nos formos pegos nada de dedurar o outro.

—Por que sinto que estou sendo arrastado para uma de suas confusões e dessa vez ilegal? -Ele perguntou parando e ficando pra trás.

—Porque está. -Eu respondi e continuei a andar.

—E a Garota da Confusão ataca novamente! -Ele falou debochado enquanto voltava a me seguir.

Quando chegamos em frente a escola e eu tirei o Leni, meu Spray, do moletom. Gabriel arregalou os olhos.

—Mas.... O que você vai pichar? -Ele tentou soar casual e eu ri.

—O muro da escola! Dããã! -Eu revirei os olhos e sacudi o Spray. -Cobertura. -Eu falei e ele se virou pra vigiar enquanto eu pichava. "O diretor trai sua mulher com a coordenadora." Era uma mentira. Mas e idaí? È só uma pequena mentira. Que o vai deixar em maus lençóis. Ah, qualé! Ele merece.

—Oh, Emely... acho que tem gente vindo... -Gabriel me olhou desesperado.

—Merda. -Sussurrei enquanto escondia o Spray.

Quando eu ia correr já era tarde! Ah, Droga! Uma viatura parrou e dois policiais nos abordaram. Puta Merda! Agora ferrou tudo!