Capitulo 14 – Não sou eu

—A melhor ideia que você teve foi realmente ficarmos em casa vendo filmes para comemorar as férias – Falei trazendo as duas pizzas que havíamos pedido mais uma caixa de Donuts

—Acho que não é muito seguro sairmos a noite com os último acontecimentos – Ash trouxe o engradado de cerveja e o deixou em cima da minha mesa de jantar onde eu havia deixado as pizzas – Então que filmes vamos começar a ver?

—Pode escolher vou tomar um banho – Falei jogando o controle para Ash e indo para meu quarto

Era 21 de dezembro e hoje havia sido o último dia de aula antes do recesso de final de ano, ainda não havia decidido onde passaria o natal, as coisas com a minha “família” estavam estranhas e as coisas com Tony estavam mais estranhas, do que nosso estranho normal.

Ele estava pirando!

Tomei um banho relaxante e coloquei meu moletom de pijama já indo para a sala

—Então Ash, comédia romântica para chorarmos juntos ou um terror? – Perguntei animada mas fui completamente ignorada, Ash estava vidrada na Tv

Me sentei ao lado dela curiosa e percebi o que prendia sua atenção, era sem dúvida algo que eu não queria ver de jeito nenhum.

Era o jornal das 21h

“E ocorreu a apenas algumas horas mais um ataque do terrorista que se auto denomina de Mandarim, dessa vez o ataque ocorreu em Los Angeles, California...”

—Ai meu deus, Tony – Sussurrei preocupada aumentando o volume da TV

“O ataque foi no Teatro Chinês, testemunhas afirmam que por volta de 19h da noite uma bomba explodiu no local atingindo um raio de 6 km. Bombeiros afirmam que há mais de 100 pessoas entre feridos e mortos. Uma delas é Happy Hogan, chefe de segurança das indústrias Stark e ex guarda costas do próprio Tony Stark...”

—Não pode ser... – Sussurrei em choque já procurando meu celular, eu tinha que falar com Tony

—Você o conhece Kim?

—Claro, ele que vinha me buscar sempre, você também o viu no hospital, ele estava com Pepper – Expliquei enquanto achava meu celular em uma das sacolas que havíamos trazido do mercado – Tony deve estar sem chão, preciso falar com ele

Procurei o nome rapidamente do Stark em minha agenda e logo tratei de discar, eu tinha que saber como estava Happy e principalmente se Tony estava bem

A cada toque do celular eu me sentia mais agoniada, por que Tony não atendia? Ele sempre ficava com esse celular, será que estava tendo algum problema?

Eu tinha que voar para Califórnia!

—Kim, acho que você vai querer ver isso – Chamou Ash com a voz um pouco insegura

Desliguei o celular fui até a sala, onde Ash apontava para a Tv.

Na Tv o jornal havia dado lugar ao um outro programa que eu não entendia, havia uma tela vermelha com espadas cruzadas, logo então um homem surgiu, ele possuía longos cabelos negros amarrados num rabo de cavalo na altura da nuca e uma barba negra espessa e longa.

Quem era esse cara?

“A verdadeira história do biscoito da sorte, parece chinês, soa chinês, mas na verdade é uma invenção americana, e é por isso que é oco e cheio de mentiras e deixa um gosto ruim na boca. “

Enquanto ele falava eu tinha certeza de quem ele era, era Mandarim, as imagens de destruição, atentados e revoltas ao governo americano deixavam claro quem era seu inimigo e qual era seu objetivo.

Agora eu entendia, a coisa estava mais séria do que eu pensava.

“Meus discípulos acabam de destruir outra imitação barata americana, o teatro chinês. Sr. Presidente, sei que deve ser frustrante, mas esta temporada de terror está chegando ao fim. E não se preocupe a maior delas está chegando. Sua formatura.”

A imagem de Mandarim desapareceu voltando a tela vermelha com as espadas cruzadas

—O que acabou de acontecer? – Sussurrei me sentando no sofá surpresa

—Mais um dos comunicados do Mandarim

—Ele anda fazendo muito isso?

—Algumas vezes

—Acho que as coisas estão mais sérias do que imaginamos – Falei pulando do sofá e já voltando a discar para Tony – Preciso falar com Tony, eu tenho medo do que ele pode fazer

—É tão estranho ver você preocupada com o grande e fabuloso Tony Stark parece coisa de filme – Brincou Ash – Daria até um filme isso

Abri a boca para respondê-la mas logo ouvi a voz de Tony do outro

—Kim?

—Hey Tony graças a deus que você atendeu – Falei aliviada já indo para meu quarto para falar com mais privacidade – Acabei de ver as coisas na TV, como está Happy?

Ouvi Tony suspirar cansado do outro lado e um voz cheia de culpa falar

—Ele está em coma, não sabem quando ele vai sair

—Meu Deus! Mas pode haver alguma sequela?

—Os médicos ainda não sabem é muito cedo para afirmar qualquer coisa

—Como foi que isso aconteceu? Por que Happy estava em Los Angeles? – Perguntei me sentando na cama – E como ele foi parar no meio de um atentado do Mandarim

—Eu não sei Kim, realmente não sei – Admitiu Tony com rancor em sua voz – Eu devia ter feito algo para impedir

—Não havia como você saber Tony, você não podia adivinhar onde seria o próximo ataque de Mandarim

—Eu vou pará-lo Kim, isso já foi longe demais

—Tony, Jim já está cuidando disso, confie nele. Ainda não está na hora de você voltar, Nova Iorque foi a apenas alguns meses.

—Eu estou bem Kim – Falou Tony com a voz visivelmente irritada

Talvez essa não fosse a melhor hora nem o jeito certo de ter essa conversa com Tony, talvez devesse tocar nesse assunto quando a poeira baixasse.

—E Pepper? Ela está com você?

—Pepper estava trabalhando nas indústrias aqui, nós tivemos alguns desentendimentos

—Trabalho Tony?

—Não quero falar disso

—Certo – Falei me dando por vencida – Hoje mesmo pegarei um voo para a Califórnia, vou estar ai para o Natal

—Não Kim – Falou Tony em tom de ordem – Você acabou de sofrer um atentado e ainda está se recuperando, esse não será o melhor lugar para você

—Eu já estou ótima Tony, novinha. E eu posso te ajudar em qualquer coisa que você decida

—Você quer me vigiar certo?

—Tony não é...

—Eu não preciso de uma babá

—Eu sei Tony, você precisa de uma amiga! E é isso que eu quero ser para você

Tony suspirou cansado e ficou em silêncio por alguns minutos para enfim dizer numa voz grave

—Não venha, as coisas vão ficar sérias aqui, não quero você por perto.

—Tony o que... – Mas antes que eu pudesse argumentar Tony já havia desligado na minha cara – Filho da Puta.

Disquei novamente o celular de Tony mas ele foi direto para caixa de mensagens, ele estava obviamente me impedindo de entrar em contato com ele

—O que você vai aprontar Tony? – Sussurrei enquanto brincava com o celular em minhas mãos

As coisas vão ficar feias aqui. Ele não poderia ir atrás do Mandarim sozinho certo?

Mas é claro que ele poderia, e seria exatamente o que ele faria.

—x-x

—Kim, é hora de levantar – Chamou Ash abrindo a janela do quarto – Senão você pode perder o voo, nem fez as malas ainda

—Já vou – Resmunguei me cobrindo

—Então vou tomando banho – Avisou Ash já pegando suas roupas e se dirigindo ao outro banheiro da casa

Havia pedido para Ash passar a noite comigo, precisava me distrair um pouco, Tony não atendia nem retornava as minhas ligações me deixando incrivelmente tensa e com medo do que ele poderia fazer

Me sentei na cama prendendo meu cabelo num coque e tratei de ligar novamente para Tony

—Srt. Lewis

—Jarvis? – Perguntei confusa reconhecendo a voz masculina do computador

—O Sr. Tony está ocupado no momento, mas falou que retornaria para a Srt. Em breve

—Ele está bem Jarvis?

—Os sinais vitais dele estão normais e...

—Não sei por que perguntei a um android – Resmunguei – Obrigada Jarvis

—Por nada Srt. Lewis

Desliguei o telefone e fui para o banheiro tomar banho.

Se Tony estava assim tão disposto a me evitar ele teria então que me dar explicações pessoalmente.

Desliguei o chuveiro e fui até o quarto vestindo uma calça skinny preta e uma blusa vermelha de manga comprida.

Enquanto vestia minhas botas pretas ouvi Ash vindo em minha direção

—Kim, acho que temos visitas.

Ash entrou no quarto vestindo seu pijama e com uma toalha enrolada na cabeça, mas o pior é que isso não foi o surpreendente e sim quem estava com ela

—Preciso te mostrar algo Kim – Avisou Clint entrando no quarto sem menor cerimônia.

Dei longas piscadas tentando assemelhar a imagem de um lindo loiro no meu quarto

Era realmente Clint?

—Como você tem a chave do meu apartamento? – Foi a primeira pergunta que consegui fazer.

Clint estava parado no meu quarto com uma jeans clara, uma camisa cinza claro e uma jaqueta de couro marrom

Ele estava muito bonito por sinal

—Tony me deu quando você estava no hospital - O olhei irritada mas ele apenas se virou dando um sorriso vitorioso – Por segurança é claro.

—Tony é louco! Ele não...

—É exatamente isso sobre o que vim falar

Clint apontou para a Tv do meu quarto que já estava ligada e no youtube. O olhei confusa mas ele apenas deu um play no vídeo

“Estamos aguardando a chegada de Tony Stark” Anunciou a repórter loira da bbc “Esperamos que ele nos dê sua impressão sobre o último ataque”

Mal ela acaba de falar e vejo a figura de Tony passar atrás dela, Tony estava visivelmente abatido e cabisbaixo. Vários repórteres se aglomeraram em volta do homem de ferro enquanto ele caminhava. Os mesmos o enchiam de perguntas mas Tony ignorava todas, até uma voz na multidão perguntar

“Ei Sr. Stark. Quando alguém vai matar esse cara?”

Tony que havia acabado de chegar ao seu carro se virou e retirou os seus óculos de sol demonstrando claramente toda sua irritação com aquela situação.

“É isso que quer? Aqui vai uma saudação de fim de ano que queria mandar para o Mandarim. Só não sabia como verbalizar até agora. Meu nome é Tony Stark e eu não tenho medo de você, sei que é um covarde então decidi que você morreu meu chapa, eu vou recolher seu corpo. Não há política nisso é só a velha e boa vingança, não tem pentágono, somos só você e eu, e se você, por acaso, for homem, este é o meu endereço: Malibu Point 10880, 9025. A porta estará destrancada”

Tony agarrou o aparelho celular de alguém e arremessou longe antes de entrar no carro e sair cantando pneu.

Terminando seu discurso como o verdadeiro Tony Stark

A repórter da bbc voltou a falar algo mas nem prestei atenção

—Quando foi isso Clint?

—Há duas horas.

—Ele perdeu a cabeça – Falei passando a mão no cabelo nervosa – Ele já saiu de lá?

—Não conseguimos entrar em contato com ele ainda

—Nem eu! Liguei para ele há 30 minutos no máximo, Jarvis que atendeu

—Tenho que te tirar daqui Kim – Falou Clint vindo na minha direção e me olhando preocupado – Temos que te afastar de qualquer coisa que ligue seu nome ao de Tony Stark, é perigoso demais. Ele declarou guerra ao Mandarim

—Eu preciso encontrá-lo

—Não! – Falou Clint sério – Vou te levar pra um lugar seguro bem longe de Tony

—Não posso abandoná-lo Clint, principalmente agora, Happy está em coma, ele está tendo dificuldades com Pepper e agora isso de Mandarim. Eu posso ajuda-lo estou controlan...

—Acho que podemos discutir isso depois – Cortou Clint olhando para Ash – Ash me desculpa, posso te levar até sua casa? Acredito que Kim tenha que fazer as malas

Ash me olhou confusa e depois para Clint

—Eu estou atrapalhando toda essa coisa de amigo super herói em crise ne?

—Um pouquinho – Admiti fazendo uma careta

—Estou pegando minhas coisas na sala não se preocupe, eu já entendi. Vamos lá bonitão você vai me dar uma carona para casa.

—Muito obrigada Ash, de verdade – Falei dando um abraço forte na morena

—Só não faça merda – Ela disse me dando um beijo carinhoso na bochecha – Boas Festas Kim, e pelo jeito as suas vão ser bem agitadas! – Brincou antes de voltar para a sala.

—Cuidado com o que fala – Ralhou Clint se aproximando de mim – Se ela souber demais vai ser pior para ela

—Desculpa pensei que estávamos só nos aqui

—Tudo bem. Vou leva-la em segurança pra casa dela e quando você voltar vamos sair certo? Você não pode mais ficar aqui

—Tudo bem, nada de dar em cima dela – Brinquei fazendo Clint dar um sorriso malicioso

—Sabe que prefiro as ruivas – Ele sussurrou dando um beijo na minha testa antes de sair.

Ouço os passos deles pela casa seguido pela porta do apartamento se fechando.

Me sentei na cama ainda um pouco extasiada tentando processar os últimos acontecimentos.

—O que diabos você fez Tony?

Onde Tony estava com a cabeça? Chamar um terrorista para sua própria casa? Ele não estava em perfeito juízo, eu tinha que ajuda-lo!

—Não faça mais nenhuma loucura por favor Tony! – Sussurrei já indo até um closet e tirando uma bolsa de ginástica da Nike

Ia fazer uma mala apenas com as coisas mais uteis, não estava na hora de inventar muito, além que eu esperava que esse imprevisto com Tony não durasse muito tempo.

Coloquei alguns casacos e roupas na bolsa, junto com meus documentos e algum dinheiro vivo que Tony havia deixado comigo por precaução. Coisa que nunca pensei que precisaria usar.

Eu não era muito boa em fugas mas certeza que Clint me ajudaria.

—No que se tornou minha vida – Reclamei jogando a bolsa de academia no sofá e indo até a estante da sala e tirando a garrafa do whisky mais caro de Tony junto com um copo de Cristal.

Coloquei alguns dedos da bebida e bebi de uma vez, senti toda minha garganta queimar e o estômago reclamar do álcool logo cedo.

Coloquei mais um pouco da bebida no copo quando ouvi a porta do apartamento se abri

—Manhã difícil? – Perguntou Clint deixando as chaves em cima da minha mesa de vidro

—Não sabe como – Dei um gole no whisky sentindo todo meu interior se aquecer.

Sentia que podia sair de biquíni lá fora de tanto que meu esôfago queimava.

—Texano logo cedo?

—Meu melhor amigo passou o endereço de sua casa para um terrorista, acho que posso ter um desconto.

—É então também estou precisando

Clint veio ao meu lado pegou um copo da estante e encheu quase o copo inteiro com a bebida, virando-a num gole

O olhei espantada mas ele apenas deu os ombros

—Foi um mês difícil, tive uma missão complicada – Clint suspirou e subiu a camisa mostrando as costelas roxas – Duas costelas fraturadas, estava me recuperando quando fiquei sabendo.

—Clint você tem que ficar em repouso – Falei tocando levemente nas costelas sentindo que realmente aquilo não era uma costela inteira, mas isso ainda o fez abrir uma careta e se servir de um segundo copo

—Já estive em situações piores

—Eu dirijo para o aeroporto – Falei indo até a mesa e pegando as chaves do carro de Clint

—Aeroporto? – Ele perguntou confuso matando o segundo copo de whisky – Que aeroporto?

—Não vamos para a Califórnia?

—Califórnia? Vou te levar para um lugar seguro no Iowa.

—Iowa? O que vou fazer lá?

—Ficar em segurança – Clint pegou minha bolsa já a colocando no ombro e caminhando até mim – Ficar próximo de Tony é a pior coisa para você no momento

—Tony precisa de mim ele está passando por um momento delicado – Falei enquanto via Clint se aproximar de mim com cara de poucos amigos

—Minha missão é deixar você em segurança, e isso implica em te afastar de Tony

—Clint! – Rosnei o olhando irritada – Esqueça eu não vou abandonar Tony no momento que ele mais precisa, não se faz isso com...

Minha frase foi cortada no meio pelo baque da minha bolsa sendo jogada no chão quando Clint voou em minha direção me puxando pelos cabelos e me beijando ferozmente

Senti minha barriga revirar um arrepio percorrer a espinha enquanto a travávamos uma batalha em meio de beijo, nossas línguas se entrelaçavam num ritmo feroz que me deixava sedenta por mais

Eu não estava esperando por esse beijo, bem esperando eu estava, desde meu aniversário mas não imaginava que ele faria isso agora! Mas isso não significava que eu não queria.

Puxei Clint pela jaqueta aprofundando o beijo, o fazendo me levantar pela cintura e me colocar sentada na mesa

Desci as mãos pelo seu pescoço o arranhando enquanto suas mãos passeavam livremente por debaixo da minha blusa me apertando fortemente me fazendo soltar um gemido baixo.

Nos separamos quando o ar faltou mas Clint não se afastou mantendo sua testa colada na minha e um sorriso divertido nos lábios

—Você não sabe como há meses queria fazer isso.

—Então por que demorou tanto?

Clint deu um sorriso misterioso e me puxou me tirando de cima da mesa e colocando no chão, ele se agachou para pegar a bolsa e me deu um selinho rápido se afastando

—Vamos, temos uma longa estrada pela frente.

Olhei confusa para o loiro já próximo do elevador.

Clint me enlouquecia!

—x-x

O meu destino ainda era incerto, Clint insistia em querer me levar para o Iowa, eu insistia em querer ir para a Califórnia ver Tony e apesar da falta de consenso eu já dirigia o esportivo de Clint em direção a costa Oeste sem reclamações, afinal Iowa ficava no meio do caminho para a Califórnia e isso implicava que eu tinha 22 horas para fazer mudá-lo de ideia sobre meu destino.

—Pensei que estaria bravo comigo – Comecei assim que saímos da área urbana e entramos na rodovia.

—Bravo com você? Pelo o que? – Perguntou Clint me olhando curioso

—Pelo bolo que te dei

—Bolo? Que bolo Kim?

—Que eu te dei quando você me chamou para ir pro bar com você

—Te chamei para ir pro bar? Quando?

—Há algumas semanas

—Kim você andou sonhando comigo?

—Não foi um sonho – Teimei o olhando irritada – Para de graça

—Eu não estou fazendo graça – Justificou Clint me olhando sério

Apenas bufei irritada e olhei pelo retrovisor para minha bolsa. A mesma se abriu e um envelope saiu dela e indo em direção ao colo de Clint que deu um pulo de susto

—Você podia avisar quando vai usar seus poderes – Avisou Clint olhando o envelope com curiosidade – O que é isso?

—Os bilhetes que você me mandou

—Bilhetes que eu mandei? – Falou Clint em tom de zombaria – Essa eu quero ver

Ele começou a ler os papeis que haviam dentro do envelope enquanto eu oscilava o olhar pela estrada e para sua reação, essa que mudava de divertimento a preocupação

—Quando você recebeu isso Kim? – Ele perguntou com o tom de voz visivelmente sério

—Começou assim que mudei

—Kim não sou eu

—Como assim não é você? CB, Clint Barton

—Se eu tivesse algo para lhe dizer eu diria pessoalmente não deixaria provas – Ele avisou balançando os bilhetes na mão – Eu nunca seria tão desleixado a esse ponto

—Mas você estava me vigiando na faculdade achei que era um modo de você se comunicar comigo sem atrapalhar a missão

—Te vigiando? Kim, nunca fui eu

—Como assim nunca foi você? Você disse a última vez que esteve em meu apartamento

—Eu disse que talvez fosse eu, e que se fosse não poderia te contar – Explicou Clint me olhando preocupado – Além que aquilo foi uma brincadeira com você, pra te deixar confusa

—Uma brincadeira? – Perguntei o olhando impaciente – Como sei que você não está me zoando agora?

Clint bufou irritado e apertou um botão no volante

“Piloto automático iniciado” – Anunciou uma voz no carro

Soltei as mãos do volante e me virei para ele cruzando os braços irritada

Eu já não entendia mais nada do que estava acontecendo e do que havia acontecido nos últimos meses.

Se aqueles bilhetes não fossem de Clint de quem mais seria?

—Kim, é sério. Nunca foi minha missão te vigiar. Depois do seu aniversário fui enviado para a Suiça junto com a Nat. Só voltei cinco meses depois quando eu hackei o sistema da SHIELD e descobri que você estava naquele bar e apareci. Aquela foi minha primeira semana nos Estados Unidos em meses.

Percebi pela seriedade e a preocupação com que Clint me olhava que ele estava falando sério, aquilo não era brincadeira alguma.

Então quem estava fingindo ser ele?

—Então você nunca foi o agente da SHIELD que me vigiava?

—Nunca! – Ele respondeu sério – Eu pedi a Fury mas ele disse que não podia desperdiçar um agente do meu nível e que havia coisas mais importantes no momento

—Então quem me vigiava?

—Agente Ford

—Quem é esse?

—Provavelmente você não conhece – Ele disse suspirando cansado – Além que se eu te vigiasse acha mesmo que eu deixaria você ser baleada?

—Você poderia ter ido no banheiro nesse momento – Falei apenas arrancando um sorriso leve de Clint

—Isso não aconteceria no meu turno.

—Certo, se não foi você que me mandou esses bilhetes quem foi?

—Alguém que com certeza sabia do nosso envolvimento – Ele falou enquanto brincava distraído com os bilhetes em sua mão – Alguém que sabia que eu causava algum efeito de segurança e confiança em você

—Alguém próximo então, por que a única pessoa que sabe de nós dois é a Ash – Fiquei um minuto em silêncio e olhei assustada para Clint e foi como se ele lesse meus pensamentos

—A investiguei ela nunca faria isso, nenhuma geração da família dela tem algum envolvimento suspeitos, eles são completamente normais.

—Então quem pode ser?

—A pessoa que está tentando te matar – Falou Clint olhando para um bilhete – Este bilhete você recebeu antes de ser baleada certo?

Clint levantou o bilhete que havia recebido na biblioteca no dia do atentado

—Exatamente

—Que droga Kim! – Ele rosnou rasgando o bilhete – É o assassino, ele esteve próximo a você o tempo todo. Algo me diz que ele tentou te matar mais de uma vez e você nem ao menos percebeu

O olhei assustada mas Clint apenas suspirou se acalmando e acariciou meus cabelos me tranquilizando

—Eu estou com você agora, não se preocupe a próxima vez que ele tentar algo com você eu estarei perto de você

—E o que você vai fazer?

—Matá-lo, lentamente.